SAÚDE DO TRABALHADOR: UMA ANÁLISE SOBRE A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO HOSPITAL OPHIR LOYOLA EM BELÉM-PA

SAÚDE DO TRABALHADOR: UMA ANÁLISE SOBRE A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO HOSPITAL OPHIR LOYOLA EM BELÉM-PA

Maria Estrela Costa de Sousa (CV)
Marcelo Santos Chaves
(CV)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A sociedade atual vivencia o avanço tecnológico, a flexibilização do trabalho e as novas regras de organização do trabalho as quais trouxeram mudanças para as diferentes áreas profissionais. Nesse contexto, a precarização e a subalternização do trabalho são alguns dos efeitos da nova ordem do mercado mundializado. Nestes termos, a profissão do serviço social vem responder as novas demandas dos conflitos decorrentes dessa nova ordem mundial. Como afirma Yazbek (1998) à questão social se apregoa na insegurança do trabalho assalariado e na penalização do trabalhador. Assim, o trabalhador para se inserir no mercado de trabalho precisa buscar novas habilidades e qualificações para dar conta das funções e serviços nesse universo globalizado.
Em busca de apreender como os profissionais da assistência social vivenciam as mutações do trabalho e, ao mesmo tempo, como isto repercute na temática da saúde do trabalhador é que se realizou pesquisa de campo no Hospital Ophir Loyola, partindo da discussão sobre a relação saúde x trabalho. Diante dessa abordagem o presente trabalho de conclusão de curso foi elaborado em três capítulos. Para obter os dados necessários à discussão proposta recorreu-se às clínicas: Cabeça e Pescoço, Cirurgia Abdominal, Urologia, Mastologia e Ginecologia, as quais possibilitaram o cotejamento entre a discussão teórica e as informações selecionadas nas planilhas sobre os pacientes e nas entrevistas realizadas com os profissionais, as quais foram catalogadas e passaram a dar suporte às interpretações.  
O primeiro capítulo faz referência à saúde do trabalhador, sendo tratado a priori os conceitos de saúde e de trabalho, posteriormente delineou-se uma síntese sobre a evolução histórica deste conceito na medicina do trabalho até o presente momento. Ainda nesse capítulo é mencionada a questão das doenças relacionadas ao trabalho e também à inserção do assistente social, nesse novo contexto da sociedade globalizada, perpassando pela formação da profissão e as mudanças ocorridas ao logo dos anos.
A maneira como o profissional está inserido nessa nova divisão do trabalho chega ser um desafio agir eticamente no seu fazer profissional. Isto é observado a partir dos serviços prestados aos usuários, principalmente quando se fala em um contexto institucional em que é um espaço hierarquizado e burocrático que, muita das vezes, cinde as ações do profissional. Nesse espaço hierarquizado, muitas vezes, acaba impedindo que sejam desenvolvidas ações afirmativas em relação às diversas questões que emergem no processo de atendimento do profissional.
O segundo capítulo é descrito, também em caráter sintético, a história do Hospital Ophir Loyola desde a formação do Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Pará ao surgimento do Hospital dos Servidores do Estado. Trata-se dos acontecimentos que se considera mais relevantes para o crescimento e ampliação do mesmo; também apresenta alguns dados sobre o Hospital Ophir Loyola nos dias de hoje. É apresentado ainda o surgimento do serviço social e a sua inserção no hospital até os dias atuais. Sendo importante frisar que o assistente social foi e é um profissional muito importante na viabilização e dinamização dos serviços oferecidos no hospital. Apresenta ainda o resultado dos dados coletados de modo descritivo e a demonstração por meio de tabelas e gráficos para quantificar os atendimentos ambulatoriais das assistentes sociais, referenciando as cinco clínicas que serviram de referências para as análises sobre as variáveis: sexo, estado civil, regiões e média de idade dos pacientes.
Finalmente o terceiro capítulo traz reflexões sobre os impactos que a dinâmica do trabalho das assistentes sociais tem refletido na saúde das mesmas. Neste capítulo pode-se perceber o quanto às mesmas possui envolvimento no seu ambiente de trabalho, viabilizando consultas e internações, no sentido de garantir direitos. Com os dados das entrevistas às profissionais do serviço social que trabalham no hospital mostram, a partir dos dados, que elas têm consciência dos problemas decorrentes de suas atividades profissionais, bem como das mudanças decorrentes da relação profissional x usuário.
Assim, o levantamento de dados proporcionou apreender que através do trabalho o ser humano produz e satisfaz as suas necessidades, mas é preciso que o mesmo não venha ocasionar danos à saúde do profissional, tendo em vista que a relação entre saúde e trabalho necessita de harmonia o suficiente para a pessoa se sentir feliz no que desenvolve. O trabalho para além da jornada tornou-se como afirma Fonseca (2005) uma prática institucionalizada, pois atende os interesses da pessoa que exerce tal atividade, para o servidor é um meio de ampliar seu ganho mensal e para o administrador constitui a redução de gastos com a ampliação do quadro funcional.
Diante dessa concepção, ao final da pesquisa pôde-se concluir que o trabalho tende a afetar a saúde do trabalhador de alguma forma, tendo em vista, que o mesmo ocasiona estresse, ansiedade etc., e que o mesmo não pode ser desvinculado de um contexto maior relacionado ao meio ambiente, a saúde e as relações pessoais. Com essa afirmação foi constatado que o atendimento ambulatorial das assistentes sociais é intenso, devido o número de pessoas atendidas e, ao mesmo tempo, aos problemas trazidos pelos usuários, o que vem ocasionar outras demandas para as profissionais do serviço social.

Foi ainda verificado que o número de internações nas clínicas é intenso e que esse processo demanda o trabalho do assistente social novas habilidades profissionais. Todas as atividades realizadas pelas profissionais, tanto no ambulatório quanto nas clínicas exigiam e exige doação de tempo, o que muitas vezes vai além da carga horária do profissional, enfatizando que isso acontece devido o interesse da profissional em realizar sua prática. Com a aplicação dos questionários obteve-se o perfil das profissionais e os dados funcionais das mesmas na instituição, a partir do qual foi possível fazer um quadro comparativo, através das entrevistas com as profissionais pode-se ainda confirmar as atividades desenvolvidas, ou seja, como o trabalho das assistentes sociais influencia na saúde das mesmas. Em suma, o trabalho é uma forma de subsistência, mas precisa ser realizado de maneira não agressiva para garantir qualidade de vida do trabalhador e para que o mesmo não se sinta infeliz.