 
                A cultura de tecidos vegetais in  vitro pode definir-se como a tecnologia para a cultura de células, tecidos  ou órgãos isolados de uma planta, utilizando meios artificiais em condições  assépticas. As secções ou porções que se separam da planta designam-se  explantes e a planta dadora, planta-mãe. 
  A micropropagação é o termo geral que descreve o conjunto de técnicas  utilizadas para a clonagem de plantas in  vitro (Lynch, 1999). A clonagem pode conseguir-se por uma de três vias. O  procedimento mais simples consiste na proliferação de meristemas que já existem  no explante original (ápice caulinar ou segmentos nodais) (Tavares et al., 1996). Uma segunda metodologia  consiste na indução, de novo, de  meristemas caulinares a partir dos quais se desenvolve um rebento caulinar que  necessita depois de ser enraizado para se obter uma planta. Este processo é  vulgarmente conhecido como organogénese (Tang, 2000). Finalmente, a clonagem  pode também ser conseguida pela formação de embriões somáticos morfologicamente  similares aos embriões zigóticos, uma técnica conhecida como embriogénese  somática (Reinert, 1958; Stewart et al.,  1958; Engelman, 2004; George e Debergh, 2008).
  Todas estas ferramentas são instrumentos laboratoriais importantes para a identificação dos taxa, permitindo a certificação da espécie, passo  essencial para  qualquer trabalho  científico, que assume maior relevância em estratégias de conservação da  biodiversidade, com espécies endémicas, de características  edafoclimáticas muito particulares e que são restritas a habitats muito limitados (Qiu etal., 2004).
  A variabilidade  induzida nas plantas produzidas pela cultura in vitro não é, necessariamente, um fator negativo; ao constituir  fator de maior diversidade genética nas plantas micropropagadas aumentará as  possibilidades de uma melhor adaptação a um leque mais amplo e variável de  condições naturais.
  É importante reconhecer que a integração efetiva da  biotecnologia nos programas de conservação requer uma cooperação multi e  interdisciplinar clara (Bennson, 1999). 
  Um exemplo de sucesso na aplicação das técnicas de propagação in vitro à conservação de plantas é o  trabalho desenvolvido nos jardins botânicos (Clemente et al., 2012; Crespi et al.,  2012) como acontece em Kew, Reino  Unido, nos Royal Botanic Gardens, em  que a unidade de micropropagação mantém mais de 3.000 taxa procedentes de todo o mundo (RBGK, 2012), a maioria das quais  são espécies ameaçadas. Também no Kings  Park & Botanic Garden (Perth, Áustrália), especializado na conservação  da flora ameaçada, foram desenvolvidas técnicas para a micropropagação de mais de  200 espécies de 33 famílias de plantas australianas (Sarasan et al., 2006). No entanto, este esforço  global é ainda muito limitado pois os dados mostram que cerca de 40% das  espécies ameaçadas preservadas em jardins botânicos se encontram apenas num só jardim,  o de Kew (Sharrock e Jones, 2011).
  O grande número de publicações sobre os estudos de  micropropagação na família das Apiaceae (Umbelliferae) reflete a importância desta família,  caracterizada por um grande número de taxa,  em que é notória a percentagem de espécies raras e produtoras de compostos  bioativos (Ekiert,  2000).
  A micropropagação de espécies desta família tem  sido utilizada desde longa data. Na realidade, Daucus carota foi  a espécie pioneira utilizada no processo de embriogénese somática (Reinert,  1958; Stewart et al., 1958) e até  hoje se mantém o interesse na micropapagação deste taxon (Imani et al.,  2001; Eeva et al., 2003; Pant et al., 2005; Kikuchi et al., 2006; Manandhar,  2007; Karuppusamy  e Pullaiah, 2007; Pant e Manandhar, 2007; Kiełkowska e Adamus, 2010), bem como de outras Apiaceae, pertencentes a  géneros tão diversificados como Thapsia (Jager et al., 1993; Makunga, 2003; 2005; Nokwanda et al., 2005), Ferula (Iranshhi et al., 2006), Eryngium (Ignacimuthu et  al., 1999; Martin, 2004; Khoshbakht et al., 2007), Angelica (Tsay  e Huang, 1998) e Bunium (Grewal, 1996). 
  A  cultura in vitro tem evoluído  bastante nos últimos anos, permitindo o desenvolvimento de técnicas de  micropropagação em que o ciclo de floração das espécies é controlado in vitro, sendo geralmente mais curto,  relativamente ao tempo necessário para se iniciar a floração em condições  naturais (Franklin et al., 2011). Esta situação pode ser  muito vantajosa, nomeadamente no estudo dos fatores ambientais, químicos e  fisiológicos que intervêm no processo da floração, de grande interesse  botânico, mas ainda pouco compreendido noutras espécies para além das espécies modelo  (Franklin et al., 2011; Yadav e Singh, 2011).
  O  estabelecimento de ciclos de floração in  vitro tem ocorrido a partir de processos de embriogénese somática ou de  organogénese, e é induzido pela ação de diferentes reguladores de crescimento  (PGRs), nomeadamente as citocininas e as auxinas (Vu et al., 2006; Zhang, 2007; Yadav e Singh, 2011). É também  conhecido o efeito promotor da sacarose e das giberelinas na taxa de indução de  floração in vitro de diferentes  espécies (Vu et al., 2006). Por esta via, é  possível a aplicação de protocolos eficientes para o estudo da fisiologia da  floração bem como para a compreensão dos mecanismos moleculares subjacentes a  este tipo de morfogénese (Lin et al., 2005; Samuoliene et al., 2008; van Staden et al., 2008;Franklin et al., 2011; Huang et al., 2011). 
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