CONSERVAÇÃO IN VITRO E EX SITU E VALORIZAÇÃO DE ENDEMISMOS IBÉRICOS DAS APIACEAE PORTUGUESAS

Ana Cristina Pessoa Tavares dos Santos

Proliferação de meristemas e organogénese

Nas experiências de micropropagação, não só Daucus (Tavares et al., 2010a), como Angelica (Tavares et al., 2009-2010), Distichoselinum (Tavares et al., 2009) e Seseli (Tavares et al., 2011b) foram, pela primeira vez, propagados in vitro utilizando como explante inicial os ápices caulinares de plântulas provenientes de sementes germinadas in vitro.
Na realidade, esta técnica tem sido aplicada para a propagação de um grande número de culturas e espécies ameaçadas de extinção (Engelmann 1990; Chawla, 2002), dado que este método permite taxas de multiplicação elevadas e as plantas regeneradas são geneticamente uniformes (George e Debergh, 2008) relativamente ao explante inicial. As plântulas foram obtidas sendo clones provenientes de sementes e não clones produzidos pela cultura de plantas adultas, garantindo a diversidade genética das plântulas propagadas. A variabilidade genética é particularmente importante para a conservação de plantas já que, neste caso, o objetivo principal não é clonar um genótipo particular, mas assegurar que a diversidade genética seja mantida ou aumentada (Graudal et al., 2001).
O número médio de rebentos produzidos a partir de ápices caulinares foi baixo e semelhante em Distichoselinum e Angelica, nas concentrações de BA testadas, após uma primeira e uma segunda inoculação de 30 dias. Na verdade, nem a utilização de diferentes concentrações de BA (1 e 2 mg/L), nem uma segunda inoculação dos explantes em meios com as mesmas dosagens de BA, promoveram a produção de mais plantas in vitro em Distichoselinum e em Angelica.
Estes dados diferem dos obtidos com Daucus e Seseli,em que a média do número de gemas produzidas na segunda inoculação aumentou com o aumento da concentração de BA (0-2mg/L), tendo quase duplicado para a concentração maior de BA, observando-se resultados muito próximos nos dois taxa. Em Daucus produziram-se em média 7,9 rebentos/ápice caulinar na segunda inoculação e 4,4 rebentos/explante na primeira, enquanto que em Seseli a média dos valores correspondentes nos dois ciclos de cultura foi de 7,2 e 4,45 rebentos foliares, respetivamente.
Tem sido considerado que a formação dos órgãos foliares é um processo autónomo que não depende de fatores ambientais. Contudo, Yoshida et al. (2009) verificaram que a luz atua como um sinal morfogenético que controla o início da formação dos órgãos laterais no meristema apical, pela regulação do nível de auxinas e de citocininas. A citocinina será necessária para a proliferação do meristema e sob o efeito da luz, a auxina redireciona a produção de citocinina para a indução da proliferação do meristema na formação dos órgãos vegetais.
O papel das citocininas na proliferação de rebentos caulinares é bem conhecido (van Staden et al., 2008; Chandrika et al., 2011), o tipo e as concentrações mais eficazes variam muito em diferentes espécies e as auxinas e citocininas promovem o desenvolvimento das gemas e a regulação do crescimento vegetal (Jones et al., 2010). Este efeito pode ser atribuído à interação complexa entre os conteúdos originais dos explantes e as dosagens que são ministradas no meio de cultura, como reportado para Boscia senegalensis (Pers.) Lam. Poir., (Daffalla et al., 2011). Tal como esta espécie, a Daucus é também uma planta resistente ao stresse hídrico, nativa e exclusiva de regiões costeiras em Portugal Continental. Nas plantas adaptadas a este tipo de habitat, outros autores verificaram um aumento do conteúdo endógeno de citocininas para níveis elevados como resposta ao stresse hídrico (Zhang e Ervin, 2004). Assim, as citocininas endógenas atuam como um sistema de defesa antioxidante e diminuem os efeitos nocivos dos baixos níveis de água (Yordanov et al., 2000). Também é referido para culturas in vitro de ananás que o nível endógeno e a produção de citocininas aumenta com a formação de gemas nos tecidos de explantes de folhas cultivados in vitro na presença de NAA ou de BA no meio de cultura (Mercier et al., 2003).
O maior aumento na proliferação de rebentos que observámos na segunda inoculação do explante poderá ser explicado por variações nos níveis endógenos de citocininas ou de outras hormonas. Uma habituação à citocinina (Geneve et al., 2007), ou um aumento no número de gemas adventícias formadas a partir de organogénese pontual nos calos originados na base dos explantes, podem também ter contribuído para este incremento (Ebrahimie et al., 2006; Tawfik and Mohamed, 2006). Jones et al. (2010) demonstraram que a redução dos níveis endógenos de citocinina conduz à redução na biossíntese de auxina, sugerindo uma indução direta da citocinina na biossíntese da auxina.
As diferenças de comportamento e resposta entre os 4 taxa poderão ser explicados por variações de concentração endógena das fitohormonas em função do genótipo dos diferentes taxa. O mesmo fundamento poderá explicar que apenas em Distichoselinum tenuifolium se tenha verificado o processo de organogénese direta, com a produção de rebentos caulinares diretamente de segmentos foliares. Na verdade, após 2 meses de cultura em meios com BA 1 e 2 mg/L, a formação de rebentos caulinares foi favorecida nos meios com a maior concentração, resposta morfogenética que não se observou nos outros taxa, Daucus, Angelica e Seseli, sujeitos às mesmas condições de cultura.
Ebrahimie et al. (2007) estudaram a organogénese direta utilizando embriões de Cuminum cyminum, uma Apiaceae, verificando que este tipo de morfogénese ocorria na zona meristemática.
Uma vantagem importante da organogénese direta é a de possibilitar a estabilidade genética das plantas regeneradas, enquanto que se for por via indirectaa possibilidade de ocorrência de variação somaclonal aumenta (Tang e Guo, 2001).

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