CONSERVAÇÃO IN VITRO E EX SITU E VALORIZAÇÃO DE ENDEMISMOS IBÉRICOS DAS APIACEAE PORTUGUESAS

Ana Cristina Pessoa Tavares dos Santos

Enraizamento

O enraizamento dos rebentos caulinares obtidos in vitro é uma etapa essencial para o sucesso da regeneração de plantas (Németh, 1986; Bennett et al., 1994). Neste trabalho, verificou-se que o número de rebentos formadas e a taxa de formação de raízes foram suficientes para garantir a obtenção de um número considerável de plântulas enraizadas. De facto, à exceção de Angelica em que os rebentos caulinares enraizaram em meio com 0,1 mg/L de IBA, os rebentos caulinares dos outros 3 taxa puderam enraizar sem tratamento com auxina, tendo-se observado que os rebentos de Daucus enraizaram nas duas situações, em meios com e sem a auxina.
Daffallan et al. (2011) referem que a formação de raízes num meio de cultura sem auxina poderá ser devido à disponibilidade de auxina endógena nos rebentos caulinares in vitro. Este facto pode também explicar que a presença de IBA não tenha aumentado a taxa de formação de raízes. A fase de alongamento radicular é muito sensível à concentração de auxina e é inibida por elevadas concentrações desta hormona no meio de enraizamento (Baker e Wetzstein, 1994). No entanto, concentrações mais elevadas de NAA (5,0 mg/L) não foram benéficas e resultaram na formação de calos na base do explante (Daffallan et al., 2011). Noutros casos ainda, a concentração de IBA será maior que a ótima conduzindo ao decréscimo no número e no comprimento de raízes formadas por explante. Taiz e Zeiger (2002) e Chaturvedi e Razdan (2004) referiram que as raízes podem requerer uma menor concentração de auxina para crescer, porque o crescimento das raízes é fortemente inibido por níveis mais elevados, em que a auxina induz a produção de etileno, uma hormona vegetal inibidora do crescimento radicular. Na verdade, é reconhecido que o crescimento contínuo das raízes, desde a atividade pós-embrionária das células no meristema radicular, é controlado pela ação coordenada de várias fitohormonas, incluindo a auxina e o etileno (Zhao e Hasenstein, 2009) e outros compostos químicos (Pelagio-Flores et al., 2011). Ruzicka et al. (2007) concluíram ainda que o etileno aciona o local de ativação da auxina e regula o crescimento da raiz, quer pela estimulação da biossíntese da auxina quer pela modulação do transporte. Mais ainda, Baker e Wetzstein (1994) referiram que concentrações mais elevadas de auxina induzem um nível alto de metabolitos degradativos nos tecidos, bloqueando o processo regenerativo.
Contudo, foi demonstrado também que IBA é muito eficiente no processo de enraizamento em várias espécies de árvores tropicais (Chaturvedi et al., 2004; Rajeswari e Paliwal, 2008; Rai et al., 2009; Siddique e Anis, 2009; citados em Daffalla et al., 2011), havendo muitas descrições de tentativas para aumentar a taxa de rebentos enraizados pela aplicação de choques auxínicos (Gomes e Canhoto, 2009). Na verdade, o tratamento com outras concentrações de IBA e/ou outras auxinas é um procedimento de rotina usado em muitas espécies e poderá também ser explorado não só para o enraizamento de rebentos caulinares in vitro como para a produção de raízes em grande quantidade (Nandagopal e Kumari, 2007). Parece que neste processo de rizogénese a auxina atua predominantemente através da superfície de corte ou por absorção nas aberturas resultantes da excisão dos explantes (Guan e Klerk, 2000). A transferência para meio líquido é uma alternativa utilizada para a cultura de raízes, em suspensão, contudo esta técnica tem sido mal sucedida nalguns casos, como referido por Pandey et al., (2010). Esta situação poderá ser devida à produção de metabolitos que se acumularam no meio líquido exercendo um efeito inibitório no desenvolvimento da raiz, hipótese a confirmar futuramente.
No caso de Seseli, uma planta que vegeta em solos serpentínicos, na região de solos ultrabásicos de Trás-os-Montes, os rebentos caulinares só enraizaram depois de transferidos para meio MS base com o pH aumentado para 6,0-6,4. Não é claro se esta situação tem alguma relação com as condições naturais onde a planta normalmente se encontra. No entanto, como é sabido, as condições de pH condicionam o crescimento das plantas, embora os estudos sobre o efeito do pH em culturas in vitro sejam muito limitados e não permitam conclusões definitivas sobre o papel deste fator na micropropagação.
Os nossos dados também mostraram que a formação de raízes não foi condicionada pelos níveis de BA utilizado no meio de indução de Daucus (Tavares et al., 2010a). No entanto, outros autores têm apontado que as citocininas parecem interferir negativamente na formação de raízes (Ruzicka e Vujovic, 2008; van Staden et al., 2008). É possível que as concentrações utilizadas no presente estudo não sejam suficientemente elevadas para induzir esse efeito inibitório.

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