CONSERVAÇÃO IN VITRO E EX SITU E VALORIZAÇÃO DE ENDEMISMOS IBÉRICOS DAS APIACEAE PORTUGUESAS

Ana Cristina Pessoa Tavares dos Santos

Atividades biológicas

Muitos óleos essenciais e seus constituintes revelam bioatividades e têm por isso aplicação na saúde humana e animal, desde atividade antimicrobiana, antiespasmódica, anti-inflamatória, anticonvulsivante, antioxidante, biocida e até anticancerígena (Edris, 2007; Bakkali et al., 2008; Hemaiswarrya et al., 2008; Gutierrez et al., 2009; Zuzarte et al., 2011).
As moléculas bioativas existentes nas espécies vegetais ocorrem como metabolitos secundários, não contribuindo diretamente para o metabolismo básico das plantas, mas, como anteriormente referido, desempenham um papel fundamental na defesa das mesmas, contra herbívoros, doenças e pragas, auxiliando à sobrevivência das espécies (Cox, 1990).
A atividade antimicrobiana é um das mais estudadas e mais reportada para os óleos essenciais. Esta atividade está, geralmente, associada à presença de pequenas moléculas oxigenadas, capazes de estabelecer pontes de hidrogénio, exemplos do timol, do carvacrol, do eugenol, do lianalol, do geraniol, ou do geranial. Geralmente atuam por modificações da membrana externa dos microrganismos e por inibição de enzimas da cadeia respiratória, comprometendo o equilíbrio energético da célula (Proença-da-Cunha, 2005).
A eficácia na inibição do desenvolvimento de bactérias Gram- e Gram+, de leveduras e de fungos filamentosos, incluindo por vezes estirpes usualmente resistentes aos antibióticos convencionais, tem motivado o interesse para a avaliação e caracterização de atividade antimicrobiana de óleos essenciais sobre diversos microrganismos (Proença-da-Cunha, 2005; Machado, 2010). Os dermatófitos são classificados como espécies geofílicas, zoofílicos e antropofílicas de acordo com seu habitat principal, e espécies do género Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton são responsáveis por infeções comuns da pele, geralmente chamadas dermatofitoses ou micoses. Em 2008, o Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) aprovou um método de referência (M38-A) como um teste de suscetibilidade antifúngica de fungos filamentosos e outros foram posteriormente disponibilizados e têm sido aplicados para avaliar a capacidade antifúngica, pela avaliação da concentração mínima inibitórias (CMI) e da concentração mínima letal (CML) (Zuzarte et al., 2011).
Resultados sobre a atividade antibacteriana, antifúngica, antiviral e anti-helmíntica de óleos essenciais foram objeto de estudo e atualização recentes (Machado, 2010).
Vários trabalhos reportam importante atividade antimicrobiana nas famílias Apiaceae, Lamiaceae e Verbenaceae (Di Pasqua et al., 2005). Também plantas como a canela, cravo, gerânio, limão, lima, laranja e alecrim apresentaram efeito inibitório significativo relativamente a bactérias Gram- e Gram+ (Prabuseenivasan et al., 2006). A atividade antiviral dos componentes principais do óleo essencial de Melaleuca alternifolia (Myrtaceae) (terpineno-4-ol, α-terpineno, β-terpineno, p-cimeno, terpinolene e α-terpineol) foi atribuída, principalmente, a terpinen-4-ol, o composto que se revelou mais ativo (Garozzo et al., 2009).
Resultados sobre o efeito dos OEs em espécies de Leishmania demonstraram que Cymbopogon citratus, Juniperus oxycedrus, Lavandula luisieri e Thymus capitellatus possuem atividade anti-Leishmania com potencial aplicação ao tratamento da leishmaniose; também apresentaram significativa atividade anti-Giardia os OEs de Thymbra capitata, Origanum virens, Syzygium aromaticum e Cymbopogon citratus (Machado, 2010). Outros resultados sobre a atividade anti-helmíntica dos óleos essenciais de Cymbopogon martinii, Cymbopogon schoenanthus (Poaceae) e Mentha piperita (Lamiaceae), avaliados em quatro diferentes testes in vitro, demonstraram que o óleo essencial de C. schoenanthus pode ser um candidato interessante para o controlo de nemátodos (Katiki et al., 2011).
A atividade antifúngica dos óleos essenciais tem sido demonstrada em diferentes famílias botânicas (Bansod e Rai, 2008; Zuzarte et al., 2009; Machado, 2010) e tem sido avaliada contra diferentes estirpes de fungos, como por exemplo: leveduras (Candida albicans, Candida tropicalis, Candida krusei, Candida guillermondii, Candida parapsilosis, Cryptococcus neoformans), dermatófitos(Trichophyton rubrum, Trichophyton mentagrophytes, Microsporum canis, Microsporum gypseum, Epidermophyton floccosum)e Aspergillus spp.(Aspergillus niger, Aspergillus fumigatus e Aspergillus flavus).
Um estudo de uma Apiaceae, Smyrnium olusatrum, utilizando estas estirpes de fungos, demonstrou ser particularmente ativo contra Cryptococcus neoformans e estirpes de dermatófitos (Marongiu et al., 2012).
      Muitas espécies, incluindo algumas muito usadas na medicina tradicional, nunca foram objeto de estudos fitoquímicos nem de avaliações de atividades biológicas, pelo que este tipo de estudos se revela de grande importância podendo contribuir para a valorização destas espécies. Considerando que algumas espécies estão em vias de extinção, a perda dessa biodiversidade pode representar também o desaparecimento definitivo de alguns compostos com potencial atividade biológica.

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