CONSERVAÇÃO IN VITRO E EX SITU E VALORIZAÇÃO DE ENDEMISMOS IBÉRICOS DAS APIACEAE PORTUGUESAS

Ana Cristina Pessoa Tavares dos Santos

Daucus carota subsp. halophilus

A caraterização e a atividade antifúngica do óleo essencial de Daucus carota subsp. halophilus foram pela primeira vez analisadas neste trabalho (Tavares et al., 2008).
No que respeita ao óleo obtido das umbelas de Daucus carota subsp halophilus observou-se uma grande variabilidade na composição química do óleo durante a ontogénese, particularmente na quantidade de elemicina que aumenta significativamente com a maturação das umbelas (5,9% vs. 31,0%). Resultados semelhantes foram obtidos para o óleo de Daucus carota da Córsega (Gonny et al., 2004) em que o conteúdo em fenilpropanóides, particularmente o de E-metilisoeugenol, aumentou significativamente nas umbelas maduras. A partir desses resultados, podemos inferir que em Daucus carota os fenilpropanóides ocorrem em maior quantidade durante a fase de amadurecimento das sementes.
O óleo obtido das umbelas maduras de Daucus carota subsp. halophilus é diferente dos óleos obtidos de outras subespécies de Daucus carota nativas de Portugal (conforme desenvolvemos na seção 3.3.5.1.) e de outras subespécies presentes noutros países.
Por exemplo, o óleo da subespécie cultivada, Daucus carota subsp. sativus, na China, tem carotol e α-pineno (Wu et al., 2006) e o óleo das sementes de Daucus carota subsp. gummifer em Espanha caracteriza-se por ter teores elevados de acetato de geranilo (Pinilla et al., 1995).
Os óleos das sementes da subsp. maximus do Líbano têm metilisoeugenol, α-bisaboleno e α-asarona como principais componentes (Saad et al., 1995).
O óleo obtido a partir das umbelas com frutos de plantas silvestres de Daucus carota subsp. carota na Polónia (Góra et al., 2002; Staniszewska et al., 2005) e Lituânia (Mockute e Nivinskiene, 2004) foi caracterizado por altos teores α-pineno e sabineno. O constituinte principal do óleo das umbelas floridas e maduras de Daucus carota L. subsp. carota na Sardenha é o β-bisaboleno (17,6-51,0%) e 11-α-(H)-himachal-4-en-1-β-ol (9,0-21,6%); os óleos de amostras portuguesas desta subespécie caracterizam-se por terem acetato de geranilo (5,2-65,0%) e α-pineno (3,5-37,9%) como principais compostos (Maxia et al., 2009). Mais recentemente Marzouki et al. (2010) analisaram os óleos de umbelas de D. carota em dois locais diferentes na Tunísia. Encontraram como principais componentes o sabineno (12,0-14,5%), 1-selineno-(7,4-8,6) e 11-α-(H)-himachal-4-en-1-β-ol (12,7-17,4%) na localidade de Sejnane, enquanto que os óleos de Tunis foram predominantemente constituídos por carotol (48,0-55,7%) e elemicina (31,5-35,3%).
A maioria dos trabalhos em Daucus carota não menciona a subespécie, pelo que alguma da variabilidade química encontrada pode dever-se ao facto de não se tratar do mesmo taxon, bem como pelas plantas não terem sido colhidas todas no mesmo estádio vegetativo.
Tendo em conta que a taxonomia de Daucus carota é bastante complexa, a ausência de indicação da subespécie em estudo pode por em causa os resultados obtidos.
No que respeita aos resultados por nós obtidos com taxa nativos de Portugal, podemos concluir que as quantidades elevadas de elemicina nos óleos das sementes de Daucus carota subsp. halophiluspermite distingui-los das outras subespécies.
Os óleos essenciais são conhecidos por possuir atividade antimicrobiana contra um amplo espectro de microrganismos e os óleos de algumas subespécies de Daucus carota provaram ter atividade antibacteriana (Kilibarda et al., 1996; Staniszewska et al., 2005; Rossi et al., 2007a; 2007 b; Marzouki et al., 2010). Os nossos resultados demonstraram que o óleo de Daucus carota subsp. halophilus apresentou atividade antifúngica eficaz contra dermatófitos, sendo o óleo rico em elemicina nas umbelas maduras provenientes do Cabo de S. Vicente e Arrifana, o mais ativo com valores de CMI e CML que variam de 0,16-0,64 µL/mL. Numa outra publicação, a elemicina revelou também uma marcada atividade antimicrobiana contra Campylobacter jejuni (Rossi et al., 2007a).
Variações das percentagens dos principais componentes de óleos essenciais e também da sua atividade antimicrobiana, em função do estado de maturação da planta e da localização geográfica foram observados em diferentes fase de maturação das umbelas de Smyrnium olusatrum em Portugal e Itália (Marongiu et al., 2012), bem como nos óleos das umbelas de D. carota subsp. carota em duas localidades da Tunísia (Marzouki et al., 2010).
Estes resultados, mostram que estes taxa apresentam interessantes atividades antimicrobianas, o que justifica o uso tradicional destas plantas, sendo, no entanto, necessário uma investigação mais aprofundada para avaliar a adequação dessas propriedades antifúngicas em aplicações práticas.
Observações de cortes histológicos do pedicelo das flores in vitro mostraram canais secretores associados com os feixes fibrovasculares em linha radial com os feixes condutores apresentando camadas de células concêntricas a envolver o lúmen. As características histológicas destas estruturas secretoras formadas in vitro são típicas das Apiaceae para a produção e circulação dos óleos essenciais (Corsi e Biaci 1998; Veter, 2004), sendo assim a morfologia in vitro semelhante à das plantas nativas.
A avaliação da composição química do óleo das umbelas maduras das plantas micropropagadas, instaladas nos viveiros do jardim botânico, revelou ser muito semelhante ao óleo das plantas nativas. Resultados idênticos foram reportados para outras plantas aromáticas também propagadas in vitro (Zuzarte et al., 2010).

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