CONSERVAÇÃO IN VITRO E EX SITU E VALORIZAÇÃO DE ENDEMISMOS IBÉRICOS DAS APIACEAE PORTUGUESAS

Ana Cristina Pessoa Tavares dos Santos

Aclimatação e conservação ex situ e in situ

As plantas dos quatro taxa, obtidas quer pela proliferação de gemas axilares ou por embriogénese somática foram aclimatadas com sucesso e estão integradas nas coleções do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. No entanto, as plantas produzidas por embriogénese apresentavam-se, no geral, mais finas e menos vigorosas do que as produzidas pela proliferação de meristemas. Talvez a exposição à BA explique a maior biomassa das plantas originadas neste meio de cultura relativamente às plantas produzidas por embriogénese, sob a ação de 2,4-D. Na verdade, tem sido observado que plantas derivadas de cultura in vitro sob a ação de citocininas se apresentam mais vigorosas do que as plantas resultantes de reprodução vegetativa convencional (Lin et al., 2007). Também os meristemas apicais contêm menor contaminação endofítica e são mais vigorosos durante a fase inicial de crescimento rápido (Aazami, 2010).
Esta tecnologia permite reduzir a pressão sobre as populações selvagens possibilitando mais estudos sustentáveis deste taxon e a avaliação da sua diversidade genética, através de marcadores moleculares, e o estudo e a comparação entre os óleos essenciais de plantas produzidas in vitro e colhidas no campo.
A morfologia das plântulas produzidas in vitro por embriogénese somática e por proliferação de rebentos é idêntica à das plantas silvestres, nos 4 taxa testados; de referir, no entanto que, a Daucus apresentava maior porte, maior altura, menor tamanho das umbelas e maior desenvolvimento das folhas quando cultivada em condições ex situ. Talvez esta situação possa ser explicada pelas condições edafoclimáticas ex situ, de Coimbra, serem mais amenas relativamente ao cabo S. Vicente. Neste habitat, de onde a planta é nativa, as condições são mais extremas, de mais secura, maior salinidade, temperatura e vento, que obrigará a planta a adaptar a sua morfologia em função do ambiente mais agreste.
Seseli, apesar de vegetar em solo de rochas ultrabásicas, apresentou uma morfologia in vitro idêntica à das plantas nativas, e respondeu bem, quer ao meio de cultura in vitro, com pH de 6,2-6,4, quer nas culturas em viveiro do jardim botânico. Embora esteja no primeiro ano da instalação nos viveiros do jardim, o Seseli já floriu e frutificou uma planta nos canteiros da escola médica, resultante da micropropagação pela cultura de ápices caulinares. Tudo indica que o grupo de plantas resultante da micropropagação por embriogénese somática e atualmente no viveiro, para o ano completa o ciclo de vida, com a produção de flores e sementes viáveis, à semelhança do que se observou nos outros dois taxa instalados ex situ no jardim botânico (Daucus e Angelica). Distichoselinum foi já integrado na escola médica pela propagação por organogénese, estando plantas micropropagadas por embriogénese somática, em fase de floração avançada, começando a formar-se os primeiros frutos, no viveiro do jardim botânico
Foi igualmente bem sucedida a adaptação de Daucus in situ, no habitat natural, Cabo S. Vicente, demostrando assim o potencial desta metodologia para a sua conservação. Pelo contrário, fatores não diretamente relacionados com a metodologia para a instalação da plantas na ilha Berlenga, provenientes de embriogénese de Angelica, condicionaram o sucesso da transferência.
Na fase de aclimatação em estufa, e em exterior dos quatro taxa testados, apenas variou o tempo de instalação das diferentes plantas, sendo Daucus a planta mais facilmente adaptável e mais rápida a completar o ciclo de vida e Seseli a mais difícil pelo tempo que demorou a desenvolver-se in vitro. Certamente estas características refletem as das plantas em habitat natural: a floração de Daucus começa em abril e termina em junho no Cabo S.Vicente; a floração de Angelica começa em maio e termina em junho; a floração de Distichoselinum começa em junho e termina em agosto em Moncarapacho, em Loulé; a floração de Seseli começa em setembro e termina em outubro no Samil e Alimonde, em Bragança. De referir ainda que dos quatro taxa, Daucus é a única bienal – floresce apenas no segundo ano do ciclo de vida, tal como verificado nos ensaios com as plantas micropropagadas e in situ bem como nas plantas micropropagadas e instaladas no jardim botânico. Os outros três taxa são plantas rizomatosas, pelo que vivazes, podendo cada planta vegetar anualmente. A referida característica da Daucus apresenta uma desvantagem, pela consequente menor taxa de sobrevivência e, também por isso, a maior exigência em cuidados de preservação. Por outro lado, talvez explique a rápida resposta in vitro quando comparada com as Apiaceae estudadas, sendo a Daucus carota um modelo comummente utilizado e desde longa data (Reinert, 1958; Steward et al., 1958).
Mais uma vez se reconhece que o conhecimento do ciclo de vida e das condições edafoclimáticas do habitat natural são aspetos muito importante para entender e poder gerir com maior eficácia as condições, os resultados e as aplicações das culturas in vitro.
A conservação ex situ completou-se ainda com a integração de sementes de onze taxa conforme referimos na Tabela 8 e em bancos de sementes nacionais e internacionais, como o Millenium Seed Bank.

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