PROCESSOS DE MUDANÇA, TURISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL: AS ALDEIAS DO XISTO DO CONCELHO DE GÓIS E O PAPEL DA LOUSITÂNEA

PROCESSOS DE MUDANÇA, TURISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL: AS ALDEIAS DO XISTO DO CONCELHO DE GÓIS E O PAPEL DA LOUSITÂNEA

Luiz Rodolfo Simões Alves (CV)
Universidade de Coimbra

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Análise exploratória ao número de visitantes às Aldeias do Xisto do concelho de Góis e às infraestruturas geridas pela Lousitânea

Após a apresentação da forma de organização, dos espaços de gestão e das valências da Lousitânea importa, nesta fase, procurar quantificar o número de visitantes às Aldeias do Xisto do concelho de Góis.
Em primeiro lugar, é evidente que, na grande maioria dos casos, não estamos perante turistas, na verdadeira aceção do conceito, porque a maior parte das pessoas que visita estas aldeias fá-lo “de passagem”, não permanecendo 24 horas fora da sua residência habitual e não utilizando meios de alojamento turístico, com exceção das que pernoitam na Casa da Comareira ou em algumas das outras unidades de alojamento existentes nestes micro territórios.
    Começamos, então, pela análise ao número de pessoas que pernoitaram, desde 2007 até 2012, na Casa da Comareira1 , unidade de turismo em espaço rural, instalada na Aldeia do Xisto da Comareira.
Durante o período de tempo em análise (cinco anos), a referida unidade teve um total de 184 reservas, ao qual corresponde um total de 444 pessoas e de 408 noites, sendo que, no que concerne às variações anuais dos três indicadores (representados pela Figura 132), podemos constatar que, no global, entre 2007 e 2012, foi no ano de 2010 que se registou o maior número de pessoas e reservas, sendo que o ano de 2009 foi o que registou o maior número de noites. Verifica-se, ainda, um decréscimo significativo entre 2007 e 2008 ao qual sucede um aumento significativo entre 2008 e 2009 subsistindo até 2010, ano a partir do qual o número total de noites, pessoas e reservas baixou significativamente até valores pouco acima daqueles que foram registados no ano de 2008. Em termos médios, a Casa da Comareira registou, nestes cinco anos em análise, uma média de 3,1 reservas por mês, as quais correspondem 7,4 pessoas e 6,8 noites, em média por mês.
Relativamente aos meses com maior procura, destaque para os meses de verão/outono (com maior destaque para julho, agosto e outubro) relacionado com o período mais comum de férias (e no caso de outubro com uma forte associação do período “pós-férias” muito marcado pela procura de fins de semana para a prática de atividades relacionadas com a natureza e para a procura de um maior relaxamento, na sequência de um primeiro período de férias em locais com uma procura mais massificada) e para dezembro, explicado pela procura destas unidades para a passagem de ano. Nos restantes meses, destaque ainda para a procura de alojamento em fevereiro (relacionado com as festividades de Entrudo desenvolvidas nestas Aldeias do Xisto) ou para abril (coincidente com o período de férias relacionados com a Páscoa). Quer nestes dois casos quer nos restantes meses do ano (com exceção dos meses de junho, julho, agosto e setembro), predomina a procura da Casa da Comareira para períodos de dois dias no máximo coincidentes com o fim de semana (salvo raras exceções) (Figura 133).
Já no que diz respeito à unidade de alojamento mais “requisitada” destaque para o Ninho da Coruja (aquela com maior capacidade por ter a possibilidade de instalar até 4 camas, ao contrário das outras duas unidades de alojamento que, apenas, possuem a capacidade de uma cama e que, por sua vez, são mais procuradas por casais) seguindo-se, por maior número de reservas, a Toca da Raposa e o Prado do Corço (Figura 134). 
No que concerne à origem geográfica dos turistas alojados na Casa da Comareira é evidente a supremacia do mercado interno (com exceção de uma reserva feita por um grupo oriundo de Espanha, mais propriamente de Madrid, constituído por 6 pessoas e com uma estadia de 7 noites).  
No contexto da procura interna há uma clara predominância da proveniência de pessoas oriundas do litoral e de centros urbanos de Portugal Continental, com uma percentagem muito forte de três pólos (Região da Grande Lisboa, com maior preponderância dos concelhos de Lisboa, Sintra, Oeiras e Amadora; Região Centro-Litoral, com ênfase para os municípios de Cantanhede, Coimbra, Figueira da Foz, Leiria e Vagos; e Região do Grande Porto, com maior peso do Porto, Matosinhos, Póvoa de Varzim e Vila do Conde). Ainda no contexto de litoral destaque para Portimão e Faro e, no caso de outros centros urbanos, realce, também, para Santarém, Sesimbra e Torres Vedras. Relevância ainda para outros concelhos, os únicos inseridos em posições geográficas relativamente mais afastadas da faixa litoral, como sejam os casos de Vinhais, Paços de Ferreira e Covilhã (Figura 135).
Em relação ao número de noites (em percentagem) do total de noites registadas no período de 2007 a 2012 são, como sucede no número de pessoas a pernoitar na Casa da Comareira, os concelhos de Lisboa (30 a 40% do total), Sintra (6 a 20% do total), Oeiras, Porto e Cascais (4 a 5% do total) aqueles que têm uma maior peso na percentagem total de noites de turistas nesta unidade de turismo em espaço rural (Figura 136).
No que diz respeito aos registos de visitantes que percorrem as Aldeias do Xisto do concelho de Góis2 , podemos constatar que, numa primeira análise (e embora tenhamos como referência apenas um período de dois anos), houve um crescimento de 802 visitantes entre 2011 e 2012 (ou seja, de 3915 visitantes no ano de 2011 para 4717 visitantes em 2012), o que corresponde a um aumento de 20,49%.
Com um valor médio de 10,73 visitantes por dia, no ano de 2011, e de 12,96 visitantes por dia, em 2012, são os meses de Verão aqueles em que se registam o maior volume de visitantes às Aldeias do Xisto do concelho de Góis (julho e agosto), registando-se, porém, um período relativamente homogéneo de visitantes entre os meses de maio e outubro (Figura 137).
A realização de várias atividades organizadas pela Lousitânea nestas aldeias (como já tivemos oportunidade de constatar) associadas à existência de um percurso pedestre que faz a ligação entre as quatro Aldeias do Xisto de Góis (PR1 GOI) e ao elevado número de praticantes de BTT nesta região (e sendo estas atividades práticas bastante comuns na contemporaneidade) em conjunto com as “outras” visitas (ou seja, aquelas em que o principal objetivo não é a participação ou em atividades da Lousitânea ou para a realização de práticas desportivas), tornam o total de visitantes a estes micro territórios muito interessante, ainda para mais se tivermos em consideração o número total de habitantes destas quatro aldeias (que não chega aos 20 residentes).
Nessas “outras” visitas, designadas anteriormente, podemos incluir vários pontos de interesses nestes lugares, como sejam o património cultural e natural, os vários Núcleos do Ecomuseu Tradições do Xisto, a Loja das Aldeias do Xisto (com ponto de venda de produtos artesanais e agroalimentares oriundos do território abrangido pela Rede das Aldeias do Xisto, mas também com um bar de apoio imprescindível no topo da Serra), entre outros. 
Na impossibilidade de analisar a proveniência geográfica dos visitantes a estes lugares (por inexistência de dados que o permitam) diz-nos a experiência trazida pelo trabalho de campo efetuado (mas também o contacto com vários visitantes) que a maioria das pessoas que visita estas aldeias é de nacionalidade portuguesa, existindo, ainda um número muito interessante (de largas dezenas) de visitantes oriundos de vários países europeus (com o Reino Unido, Bélgica, Holanda, Alemanha e Espanha, entre os mais representativos), e com alguns grupos (menos frequentes) de brasileiros e norte-americanos. Um outro “nicho” interessante é o número de visitantes que fazem parte da diáspora portuguesa no estrangeiro atraída, nos seus períodos de férias em Portugal, pelas várias reportagens difundidas pelos órgãos de comunicação social nos seus países de residência, em que a Rede das Aldeias do Xisto tem sido uma temática assídua, sobretudo em reportagens televisivas, emitidas pelas televisões a operar no mercado nacional e com serviço de emissão internacional (especialmente criado para a diáspora portuguesa espalhada pelo mundo). 
     Passando, agora, a analisar as visitas realizadas aos vários Núcleos do Ecomuseu Tradições do Xisto importa, numa primeira leitura, fazer uma breve nota explicativa ao conteúdo dos dados disponibilizados para análise. Tal como sucede com o registo de visitantes à Loja das Aldeias do Xisto, para os vários Núcleos do Ecomuseu Tradições do Xisto, o registo de entradas apenas começou a ser efetuado no ano de 2011, pelo que só temos dois anos disponíveis para análise nesta investigação. Por outro, relativamente ao Núcleo Sede do Ecomuseu, devido ao facto de este apenas ter sido inaugurado no final de 2012 não há ainda registo do número de visitantes para análise. Por fim, no que concerne ao Núcleo Asinino, pelo facto de este ter sido inaugurado em julho de 2012 apenas temos dados para análise referentes ao último semestre do respetivo ano de entrada em funcionamento do referido Núcleo.    
No que diz respeito ao número de visitas ao Núcleo da Maternidade de Árvores, há alguns detalhes que importa salientar. Em primeiro lugar, que a grande maioria das visitas a este espaço acontece num contexto de grupo (raras vezes sucede a nível individual), sendo que, desse total, um pouco mais de metade, corresponde a grupos que fazem visitas as estas aldeias de forma organizada e com contacto prévio com a Lousitânea, nomeadamente grupos de empresa, escuteiros e grupos escolares.
O número de visitantes para os dois anos em causa (Figura 138), revela que existe uma variação positiva de 164 visitantes ao Núcleo da Maternidade de Árvores entre 2011 e 2012, variação esta que corresponde a um aumento de 26,37% (de 458 visitantes em 2011, para 622 visitantes em 2012), com uma média de 1,25 visitantes por dia em 2011 e de 1,70 visitantes por ano em 2012.
À semelhança do que se sucede com os restantes espaços, em que há registos do número de visitantes, é nos meses de verão que se verifica o maior número de visitas ao Núcleo de Maternidade de Árvores (junho e julho).
Ao visitar este Núcleo, uma das possibilidades é efetuar o apadrinhamento de uma planta (mediante um custo de 15 euros). Os dados referentes às fichas de apadrinhamento, permitem fazer a análise da proveniência geográfica dos “padrinhos” e, consequentemente, de parte dos visitantes deste espaço (ou pelo menos daqueles que efetuaram um apadrinhamento). A cartografia resultante do levantamento dos dados permite-nos identificar, de forma clara, quatro pólos geográficos que abarcam a totalidade dos 68 apadrinhamentos registados: Região da Grande Lisboa; Região Centro-Litoral; Região do Grande Porto (estes três em Portugal Continental) e Centro da Europa.
Esmiuçando os dados obtidos, numa análise mais refinada, podemos concluir que, no contexto nacional, são os concelhos de Lisboa, Sintra, Amadora, Oeiras e Cascais aqueles que detêm o maior número de apadrinhamentos de árvores (16 em Lisboa e 4 a 6 nos restantes municípios) (Figura 139). Relativamente aos apadrinhamentos concretizados por visitantes de nacionalidade estrangeira (Suíça, com 3 apadrinhamentos, e Holanda e Bélgica, cada um destes países com um apadrinhamento realizado), importa salientar que, todos estes casos correspondem a grupos organizados que chegaram a estas aldeias por prestação de serviço da empresa TransSerrano 3.
Ainda na senda da análise realizada aos apadrinhamentos de árvores no Núcleo da Maternidade de Árvores importa referir e destacar que, de um total de 68 apadrinhamentos, 53, ou seja, 77,94% foram feitos por pessoas a título individual, sendo que, os restantes 15 apadrinhamentos, ou seja 22,06%, correspondem a apadrinhamentos feitos por pessoas a título coletivo. Dentro dos que foram realizados por grupos podemos subdividi-los, ainda, por tipo de grupo, sendo que, desses 15 apadrinhamentos, 9 foram feitos por grupos de empresas, 3 por grupos de escuteiros e os restantes 3 por outros grupos (escolas, juntas de freguesia e grupos de amigos).
Relativamente às árvores apadrinhadas, não é possível estabelecer um padrão de “preferência” os visitantes tendem a apadrinhar as plantas mais conhecidas ou mediáticas, por um lado, e aquelas que estão mais ameaçadas no habitat desta região, sendo que as plantas mais requisitadas para o efeito são o Castanheiro (Castanea sativa), o Azevinho (Ilex aquifolium), o Pinheiro Manso (Pinus pinea), o Azereiro (Prunnus lusitanica), e o Carvalho Alvarinho (Quercus robur).
Analisando o número de visitas realizadas ao Núcleo de Interpretação Ambiental (Figura 140), há alguns detalhes que importa, numa primeira fase, salientar. Em primeiro lugar, referir que a grande parte das visitas a este espaço (mais de 99%) acontece num contexto de grupo (raras vezes sucede a título individual) e, desse total, muito mais de metade corresponde a grupos que fazem visitas as estas aldeias de forma organizada e com contacto prévio com a Lousitânea, nomeadamente grupos de empresa, escuteiros e grupos escolares.
No que concerne ao número de visitantes para os dois anos tidos como período de referência, podemos constatar, logo à partida, a variação existente, no total de visitantes ao Núcleo da Maternidade de Árvores entre 2011 e 2012, é muito pouca, de apenas 4 pessoas, variando de 453 visitantes em 2011 para 457 visitantes em 2012, com uma média de 1,24 visitantes por dia em 2011 e de 1,25 visitantes por ano em 2012.
À semelhança do que se sucede com os restantes espaços, em há registos do número de visitantes, é nos meses de verão que se verifica o maior número de visitas ao Núcleo de Interpretação Ambiental (junho e julho).
Em relação ao número de visitas ao Núcleo Asinino das Aldeias do Xisto (Figura 141), importa começar por salientar que, pelo facto de este espaço ter sido inaugurado em julho de 2012, apenas temos dados para análise referentes ao último semestre do respectivo ano de entrada em funcionamento deste Núcleo integrante do Ecomuseu Tradições do Xisto.    
            Ao contrário do que sucede nos Núcleos analisados anteriormente, no Núcleo Asinino (pelo facto de ser de livre acesso, até ao gradeamento, e de não ser necessário a companhia de um funcionário da Lousitânea para poder visitar os três asnos que habitam neste espaço4 ), a proporção entre visitas em grupo e visitas a título individual é muito semelhante (com ligeira vantagem para as efetuadas em grupo). Porém, é no seio dos grupos escolares que este Núcleo cativa mais atenções (certamente pela afeição e pela curiosidade, muito vincada, que as crianças têm por estes animais).
Analisando o número de visitantes para o semestre de 2012, sobre o qual existe disponibilidade de dados, podemos constatar, logo à partida, o “efeito novidade” provocado pela inauguração e chegada dos dois burros mirandeses (no mês de julho), sendo que, nos restantes meses do ano, se verifica uma redução progressiva do número de visitantes, com excepção de um pequeno “pico” em outubro. Para os seis meses em questão verificou-se uma afluência de 494 visitantes a este espaço, o que se traduz numa média de 2,68 visitantes por dia, no segundo semestre de 2012.
À semelhança do que se sucede com os restantes espaços, em há registos do número de visitantes, é de crer que será nos meses de verão que se irá verifica o maior número de visitas ao Núcleo Asinino.
Uma das outras formas de divulgação, de estabelecimento de redes de cooperação e de contactos bem como de financiamento da Lousitânea é a filiação de pessoas (a título individual) a partir de um sistema de sócios, que pagam uma cota anual de 15 Euros, e que se constitui não só como uma fonte de receita para a associação mas, também, como um ótimo “veículo de transmissão” e de divulgação da Lousitânea, das suas atividades, do território bem como de todo o Projeto e dos territórios integrantes e abrangidos pelo Programa das Aldeias do Xisto.
Dissecando os dados referentes ao local de residência dos 126 sócios que, à data de janeiro de 2013, compõem a Lousitânea podemos, logo numa primeira análise, depreender que 98,41% do total de sócios (124) são portugueses a residir em Portugal Continental, sendo que, por outro lado, os restantes 1,59% do total de sócios (2) correspondem a portugueses a viver no estrangeiro, mais concretamente no Reino Unido (Londres), tendo estes dois sócios uma relação de proximidade a esta Associação por consequência de ligação de parentesco aos fundadores da mesma (Figura 142).
Uma análise com maior pormenor e detalhe, os dados referentes aos sócios da Lousitânea a residir em território nacional, permite depreender que, muito à semelhança da cartografia apresentada para outros dados, anteriormente, existem três pólos bem vincados no que concerne à distribuição geográfica dos sócios: Grande Lisboa, Região Centro e Grande Porto (embora este último com muito menos peso do que em outros dados já apresentados e discutidos).    
Dos concelhos com maior representatividade no total de sócios da associação podemos destacar Góis (com 30 sócios, ou seja, 23,81% do total), de tal maneira que este valor reflete, de forma muito vincada, a importância de a sede da Lousitânea ser no concelho de Góis; Lisboa (com 19 sócios, correspondentes a 15,08% do número total de sócios), muito por influência das redes de contacto pessoais, familiares e de outros vínculos existentes entre parte dos fundadores e de colaboradores da Lousitânea, com uma ligação muito forte à capital; Amadora (12 sócios, equivalente a 9,52% do total), e que, tal como sucede com o caso de Lisboa expressa, de forma muito marcada os vínculos e as redes de contacto existentes com este território por influência de ser o local de origem de um dos colaboradores da Associação; destaque também, para um peso relativo no total de sócios para municípios como Sintra e Coimbra; e, por fim, os casos muito particulares dos concelhos da Lousã (13 sócios), Castanheira de Pera (4 sócios) e Figueiró dos Vinhos (1 sócio), que surgem com alguma importância, por um lado pela proximidade da ligação comum entre todos eles (a Serra da Lousã), mas também por serem alguns dos territórios abrangidos pelo âmbito de atuação da Lousitânea. No caso do total de sócios cuja sua proveniência geográfica são municípios integrados na Serra da Lousã (incluindo Góis nesta análise, embora já tenha sido analisado de forma isolada) o peso destes, no número total de sócios da Lousitânea é de 38,10%, ou seja de 48 sócios, o que se torna bastante relevante para a análise em questão. Na grande maioria dos restantes casos, a “explicação” da distribuição geográfica do número de sócios é concedida pelas redes de proximidade à atuação da Lousitânea, ou seja, de pessoas que já tiveram e continuam a ter ligações relacionais com a associação, quer seja por serem frequentadores assíduos da Casa de Campo da Comareira, ou por participarem, também de forma continuada, nas múltiplas atividades desenvolvidas pela Associação, correspondendo, no fundo, a múltiplos visitantes que, após uma primeira visita e contacto com a Lousitânea e as Aldeias do Xisto do concelho de Góis, voltaram (e voltam) a estes territórios de forma repetida e consequente, pretendendo uma ligação mais física e materializada, que ultrapasse “a simples visita”, entendo também esta filiação como uma forma de reconhecer o trabalho desenvolvido pela Lousitânea e de a poder auxiliar (com um contributo monetário – pagamento de cotas) nas suas áreas de atuação.

1  No que concerne aos dados obtidos junto da Lousitânea, que gere a Casa da Comareira, importa salientar que, nos registos feitos em papel, há um enorme défice de organização e diversas incoerências no preenchimento das fichas de reserva (nomeadamente no que diz respeito à proveniência dos turistas, pois em 16 reservas não há registo da origem geográfica) o que, evidentemente, torna esta análise menos rigorosa e completa. Por outro lado, importa ainda referir que, após a análise de todas a fichas disponibilizadas, ficou a sensação de que os resultados apresentados devem ser considerados por defeito, devido ao facto de algumas entradas na Casa da Comareira não terão sido registadas devidamente nas fichas de reserva.  

2 A este respeito importa, em primeiro lugar, referir que o registo é efetuado na Loja das Aldeias do Xisto da Aigra Nova pelo que, nem todas as visitas às outras aldeias possam estar aqui plasmadas. Porém, como praticamente a totalidade das pessoas que visitam o núcleo de Aldeias do Xisto do concelho de Góis percorrem sempre as 4 aldeias (salvo raríssimas exceções, pelo que, os dados aqui apresentados serão bastantes reais e muito próximos do verdadeiro número total de visitantes). Importa também referir que, a Lousitânea, apenas começou a efetuar este registo no ano de 2011, pelo que, nesta investigação, apenas poderemos analisar os valores de visitantes correspondentes aos anos de 2011 e 2012.

3 A TransSerrano Lda., sediada em Góis, foi constituída a 16 de agosto de 1999, tendo como objetivo que o seu público-alvo deixe a cidade e parta à descoberta da região da Beira Serra, conhecendo a sua cultura ou desenvolvendo atividades de desporto aventura. Tendo conseguido cerca de nove mil participantes em 2006, a TransSerrano tem um impacto indireto significativo na economia local nomeadamente ao nível da restauração, hotelaria e produtos de artesanato.
Atualmente, as atividades dividem-se em três áreas importantes: escolas, desporto aventura e turismo sénior. A área das escolas inclui a realização de oficinas, colónias de férias ou jogos como a caça ao tesouro e representa cerca de 30% dos rendimentos da empresa. O desporto aventura, que inclui atividades como canoagem, canyoning, caminhadas, paintball, BTT, escalada, rapel, slide, montanhismo ou passeios guiados de jipe, constitui o segmento principal e representa 50 por cento da faturação. Em crescimento acentuado encontra-se o turismo sénior, que atingiu 20 por cento dos rendimentos da empresa, através de atividades como a Rota do Azeite de Góis, Rota da Chanfana, ou Oficina do Queijo. Tendo começado a trabalhar com operadores estrangeiros (Bélgica e Holanda) a empresa conseguiu já ter cerca de 5 % da sua faturação oriunda destes países.
Através do apoio do Programa Aldeias de Xisto contemplou-se a aquisição de jipes, parede de escalada, material para escalada, rapel, slide ou canyoning. Em 2003 a TransSerrano foi declarada de interesse para o turismo pela Direcção Geral do Turismo e obteve o alvará nº 24/2003 para o exercício da atividade de animação turística. Também possui o alvará nº 231 do Instituto Português da Juventude, que permite realizar colónias de férias, bem como os alvarás de licenciamento para a realização das descidas de canoa nos rios Mondego, Alva, Ceira, Vouga, Zêzere e Tejo.
Como perspetivas futuras, a empresa pretende aumentar o seu grau de reconhecimento a nível nacional e internacional, diversificando os seus mercados e desenvolvendo as atividades em diferentes locais. A empresa procura estabelecer um leque alargado de parcerias que potenciem ao máximo as suas atividades.

4 Facto que também condiciona a contabilização total de visitantes que, na realidade, visitam o Núcleo Asinino das Aldeias do Xisto.