PROCESSOS DE MUDANÇA, TURISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL: AS ALDEIAS DO XISTO DO CONCELHO DE GÓIS E O PAPEL DA LOUSITÂNEA

PROCESSOS DE MUDANÇA, TURISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL: AS ALDEIAS DO XISTO DO CONCELHO DE GÓIS E O PAPEL DA LOUSITÂNEA

Luiz Rodolfo Simões Alves (CV)
Universidade de Coimbra

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Ecomuseu Tradições do Xisto

À Lousitânea cabe, também, a criação, gestão e dinamização do Ecomuseu Tradições do Xisto (Figura 119), nas Aldeias do Xisto do concelho de Góis, organizado em vários núcleos: cinco relacionados com o património cultural e etnográfico e dois vocacionados para o património natural e com a conservação da natureza.
Relativamente aos núcleos que integram conteúdos ao nível do património cultural e etnográfico do Ecomuseu Tradições do Xisto importa referir:
Núcleo Sede do Ecomuseu Tradições do Xisto (Aigra Nova) (Figura 120 e Figura 121) – resulta de numa candidatura ao PRODER medida 3.2.1 e está instalado num imóvel de propriedade da Câmara Municipal de Góis (protocolado em 25 de Janeiro de 2011 com a Lousitânea e valido por períodos de 10 anos, até janeiro de 2021), sendo a “porta de entrada” do espaço museológico vivo das Aldeias do Xisto de Góis. Está dividido em 4 áreas temáticas de abordagem: Introdução aos Serranos (os povos destas aldeias); Programa e Rede das Aldeias do Xisto; Aldeias do Xisto do concelho de Góis; e seis temáticas/ciclos: Mel, Milho, Castanha, Hortas Tradicionais, Festas e Tradições e Caprinicultura. Incluí ainda um espaço de exposições temporárias, com expositores gráficos, com imagem e vídeo das tradições vivas desta região.
Núcleo Asinino (Aigra Nova) – Núcleo atualmente com três burros mirandeses que tem como objetivo a recriação dos espaços de currais tradicionais e de potenciar passeios pedestres com burros (Figura 122 e Figura 123). Durante o ano de 2013 está prevista a chegada de mais dois animais a esta pequena reserva, de uma espécie protegida e em vias de extinção. Trata-se de uma parceria com a AEPGA - Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino de Miranda do Douro. Os imóveis foram cedidos gratuitamente por dois habitantes locais.
Núcleo do Forno e Alambique da Família Claro (Aigra Velha) – espaço recuperado no âmbito do projeto Eco-Arq, uma parceria da ADXTUR com a Câmara Municipal de Góis (Figura 124 e Figura 125). O imóvel é pertença da família Claro e foi elaborado um protocolo de colaboração entre a família, a Lousitânea e a Câmara Municipal de Góis, a 4 de novembro de 2012, protocolo válido por 10 anos, estando em vigor até novembro de 2022. Este Núcleo é dedicado ao fabrico de broa de milho e centeio e à confeção de aguardente.
Núcleo das Hortas Tradicionais – a Courela das Agostinhas (Aigra Nova) – espaço cedido pelos habitantes locais e que funciona como núcleo e como horta pedagógica (Figura 126). Neste espaço, para além da componente pedagógica, destaque ainda para a produção de alimentos hortícolas, entre outros, que servem de base para a confeção das refeições aos visitantes que contactam, previamente, a Associação para o efeito.
O Ecomuseu envolve ainda outros núcleos interpretativos que ainda não estão intervencionados: a casa serrana e o capril tradicional; o palheiro e eira tradicional; a fonte dos namorados; o forno e alambique na Aigra Nova; o capril e palheiro tradicional na Aigra Velha; o núcleo do vinho na Comareira; e os núcleos do forno e alambique, do núcleo museológico da aldeia, do centro etno-arqueológico, dos moinhos de água e o núcleo interpretativo dos Penedos de Góis na aldeia da Pena. Estes núcleos serão sinalizados e intervencionados com a colaboração dos técnicos da Lousitânea, da autarquia e da junta de freguesia e com o envolvimento da população local. Como objetivo geral, a Associação pretende implementar as visitas autónomas ou guiadas ao Ecomuseu com 1500 visitantes por ano e a dinamização de programas temáticos com um total de 500 participantes por ano.
Relativamente aos núcleos que integram conteúdos ao nível do património natural e da conservação da natureza, inseridos no Ecomuseu Tradições do Xisto há a enunciar:
Núcleo da Maternidade das Árvores (Aigra Nova) – Núcleo de educação ambiental e viveiro de espécies arbóreas e arbustivas autóctones (Figura 127 e Figura 128). A Maternidade das Árvores está instalada num terreno na Aigra Nova, cedido gratuitamente por um habitante local. Dispõe de milhares de árvores e arbustos cujo destino são essencialmente as plantações na área da Rede Natura 2000 da Serra da Lousã ou noutros espaços, quando solicitados por parceiros locais (Figura 129). A Lousitânea, desde a entrada em funcionamento da Maternidade de Árvores já disponibilizou cerca de 12.000 árvores e arbustos, para posterior plantação, quer a título individual quer através de atividades e iniciativas de plantação desenvolvidas pela Associação. Uma área importante da gestão da Maternidade corresponde aos apadrinhamentos de árvores por pessoas, a título individual ou coletivo, que apoiam com 15€ (por apadrinhamento) a manutenção e crescimento da sua árvore.
A Maternidade das Árvores, é um dos projetos mais inovadores da Lousitânea. Este espaço tem dois objetivos. O primeiro, está relacionado com a produção e reprodução de árvores e arbustos autóctones para, posteriormente, serem replantados na Serra da Lousã, espécies essas que são raras ou que estão em vias de extinção. O segundo objetivo, está diretamente ligado à educação ambiental, ou seja, a Maternidade das Árvores pretende assumir-se como um exemplo, através de um programa de educação ambiental para todas as idades, através de ateliers relacionados com a plantação, reprodução e conhecimento das árvores autóctones, observação e interpretação de fauna e flora, entre outros ateliers e oficinas. A Maternidade está organizada de acordo com os seguintes espaços: inseminação; incubadora; sala de partos; berçário; creche; farmácia; ervanária e exame final.
Este núcleo foi inaugurado a 2 de abril de 2008 tendo, posteriormente, sido alvo de uma requalificação aprofundada, acabando por ser reinaugurado a 5 de junho de 012.
Núcleo de Interpretação Ambiental (Aigra Nova) – Núcleo de Interpretação Ambiental da Rede Natura 2000 da Serra da Lousã, instalado num imóvel contíguo à Loja das Aldeias do Xisto e ao Núcleo Sede do Ecomuseu (Figura 130 e Figura 131). No 1º piso, possui a área destinada ao referido Núcleo, com painéis informativos divididos por vários temas representativos dos principais elementos da Serra da Lousã, a nível ambiental: fauna; flora; geologia; paleontologia; clima; Rede Natura 2000; espécies invasoras. Este Núcleo foi inaugurado a 17 de junho de 2011. A Lousitânea perspetiva uma média de visitas de 500 pessoas por ano, o que irá resultar numa receita de cerca de 500€. No rés-do-chão do edifício encontra-se o armazém e lavandaria. Este imóvel foi cedido por um particular.