INFLAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE RENDA. Uma abordagem computacional a partir do software Gretl

INFLAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE RENDA. Uma abordagem computacional a partir do software Gretl

Marcelo Santos Chaves (CV)
José Luiz Ferreira Fonseca
Fernando Cardoso De Matos
Heriberto Wagner Amanajás Pena

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

Volver al índice

CAPITULO I – REFERENCIAL TEÓRICO


1. O USO DE TECNOLOGIAS NA PRÁTICA DE ENSINO DA MATEMÁTICA


A utilização de tecnologias na educação básica está intensamente presente no discurso educacional oficial, e via de regra, vem sendo incorporado a retórica de professoresda educação básica (FROTA, 2010).Neste sentido, cabe demarcar o entendimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PNC) para o ensino médio, ondeexpõe as novas diretrizes para o ensino de matemática ressaltando sua função disciplinar na discussão de temas de mérito da ciência e tecnologia, além de evidenciar a interconexão estabelecida tecnologia e matemática:

- perceber o papel desempenhado pelo conhecimento matemático no desenvolvimento da tecnologia e a complexa relação entre ciência e tecnologia ao longo da história;
- acompanhar criticamente o desenvolvimento tecnológico contemporâneo, tomando contato com os avanços das novas tecnologias nas diferentes áreas do conhecimento para se posicionar frente às questões de nossa atualidade. (BRASIL, 2002, p. 117-118).

Em que pese as preconizações do PCN, Frota (2010) afirma que avanços na passagem da normativa curricular para a prática concreta em sala de aula ainda são incipientes e insatisfatórios. De acordo com a autora, a principal queixa dos educadores brasileiros é a dificuldade nas escolasde acesso à tecnologia. Inexistem dados nacionais disponíveis sobre o número de calculadoras, computadorese de outrosequipamentos computacionais por escolas. A titulo de ilustração de tal dificuldade, Becker (2001) afirmar que nos Estados Unidos da América (EUA), apesar da elevada proporção 1 (um) computador para cada 4 (quatro) alunos,a utilização de computadores para fins educativos nas ciências ou matemática é ainda baixo.
Face a este cenário estrutural desfavorável, Frota (2010), infere entretanto, um elemento positivo capaz de colaborar para difusão efetiva do uso de tecnologias na pratica de ensino. Trata-se de Matematizar a Tecnologia, que consiste em uma concepção de uso da tecnologia que:

pode ser incorporada à educação matemática, não como recurso ou ferramenta material ou simbólica, mas como um objeto curricular de matemática valioso em si e por si mesmo. Ela se torna objeto de estudo matemático e objetivo do estudo da matemática. O primeiro nível consiste num entendimento de matematizar a tecnologia enquanto fonte de temas matemáticos. Nesse nível reconhece-se que há muito conhecimento matemático incorporado aos objetos tecnológicos e processos tecnológicos. Assim, o esforço do ensino e do estudo deve se concentrar no desvelar da matemática subjacente e incorporada a cada objeto ou processo tecnológico.(FROTA, 2010, p. 09).

A titulo de ilustração desta concepção, Frota (2010) menciona exemplos de temas possíveis como: que matemática está agregada a construção de um relógio digital?Que matemática permite a identificação de uma impressão digital? Que matemática possibilita o funcionamento de um sistema de GPS? Que matemática torna possível uma tomografia computadorizada ou a telefonia celular?Ou seja, no entendimento da autora, trata-se de desvelar a matemática que está em plena ação nos processos e objetos tecnológicos fazem-se presentes em no nosso cotidiano. Tal fato sugere observar a matemática como um elemento participe da realidade social na qual estamos inseridos. Para a autora, essa matemática pouco difere da matemática que habitualmente estudamos, mas ela é especialmente trabalhada e adaptada para permitir expressar certos modelos e ilustrar certas situações.
Sob outra perspectiva empírica, Gravina (1998) avalia que criar e explorar o modelo de um dado fenômeno, seja este natural ou social, é uma experiência igualmente importante no processo de aprendizagem da matemática em ambientes informatizados. E para corroborar com sua ótica, a mesma resgata o juízo de Ogborn (1997), segundo o qual:

Quando se constroem modelos começa-se a pensar matematicamente. A análise de um o modelo matemático, pode levar a compreensão de conceitos profundos, como por exemplo a noção fundamental de taxa de variação...A criação de modelos é o início do pensamento puramente teórico sobre o funcionamento das coisas.(OGBORN, 1997 apud GRAVINA, 1998, p. 12).

Em softwares com recursos de modelagem os alunos idealizam modelos a partir da feição dada por expressões quantitativas (equações diferenciais, taxas de variação, funções) e de relações entre as variáveis que expressam um fenômeno ou processo (GRAVINA, 1998). A característica dominante da modelagem neste sentido é a manipulação, explicitação e compreensão das afinidades entre as variáveis que controlam o fenômeno (ou processo) observado, sendo o feedback visual oferecido pela software um recurso fundamental para a construção de ideias, como a defendidas pelos economistas no tocante aos fenômenos Inflaçãoe Concentração de Renda.
Para Gravina (1998) o recurso de simulação torna possível a prática de experimentos envolvendo conceitos e definições mais avançados. Neste particular, a especificidade e complexidade analítica do modelo fica a cargo do software utilizado, e os alunos exploram qualitativamente as interações e relações matemáticas que se identificam no dinamismo do desenho de forma visual. Nesta exploração qualitativa não há receios com a dedução das relações matemáticas analíticas. Este tipo de abordagem computacional possibilita que o aluno, mesmo sem grande entendimento matemática, explore fenômenos matemáticos de naturezacomplexa, mas que sob a ótica puramente qualitativa são elementos germinais e embrionários de ideias matemáticas, como por exemplo as simulações de crescimento de uma dada população, onde tal interatividade computacional possibilitará uma melhor abordagem sobre o estudo de taxas de crescimento e funções exponenciais.