A articulação da componente teórica da nossa reflexão com o território decorre no âmbito de uma investigação, ainda em fase inicial, centrada no Piódão e na Serra da Açor. Neste momento, é possível apresentar, de modo preliminar, alguns traços e ideias que indicam as preocupações da análise e os caminhos a trilhar no aprofundamento deste estudo de caso.
3.1 O “fim do mundo”
  O Piódão  localiza-se no concelho de Arganil e na sub-região do Pinhal Interior Norte  (Centro de Portugal). O município de Arganil, em 2001, segundo o Instituto  Nacional de Estatística (INE), apresentava uma área de 332,1 km2 e  um total de 13 623 habitantes, distribuídos de forma desigual por 18 freguesias  (figura 1). 
  A freguesia do  Piódão, no coração da Serra do Açor (entre as Serras da Estrela e da Lousã),  reflete de modo inequívoco uma das debilidades mais vincadas das áreas de  montanha que bloqueiam o desenvolvimento e limitam a competitividade  territorial: o isolamento geográfico. 
  A aldeia do  Piódão (fotografias 1 e 2), no domínio litológico do xisto (e na proximidade  das cumeadas que fazem a transição das bacias hidrográficas do Alva e do  Ceira), consolidou ao longo do tempo a imagem de um lugar inacessível e ermo, e  o estigma de uma terra inóspita, rude, escassa de recursos, e onde a população  sempre foi fortemente marcada pela luta de sobrevivência. De tal forma, que a  expressão “o fim do mundo”, embora em sentido figurativo, é elucidativa do  isolamento profundo e das difíceis condições de vida neste recanto da Serra do  Açor. 
  Ao problema  secular do isolamento, relacionado com as dificuldades impostas pela orografia,  acresce os efeitos da desvitalização demográfica, económica e social, muito  acentuada em particular desde os anos sessenta, e uma rede relacional e de  atores de baixa densidade. 
  A análise da  evolução demográfica da freguesia do Piódão, no período de 1911 a 2001 (quadro  1), permite verificar que a população conheceu um ritmo ascendente até 1960:  872 habitantes no ano de 1911, 1070 habitantes em 1940, e 1088 habitantes em  1960, apesar dos efeitos dos movimentos migratórios (externos e internos) se  fazerem sentir. Após 1960 a população decresceu em termos absolutos a um ritmo  muito acentuado: 514 residentes em 1981; 381 em 1991, e apenas 229 em 2001,  tendência que é ainda mais preocupante na perspetiva (escala) dos lugares (por  exemplo, Chãs de Égua perdeu cerca de 90% da população residente no referido  período). Portanto, entre 1960 e 2001, a população residente na freguesia do  Piódão decresceu 859 habitantes e representava menos 79% em relação ao registo  do valor máximo demográfico (1960).
  O lugar do Piódão  (sede da freguesia homónima), apesar de igualmente castigado pelo  despovoamento, tem a particularidade de ter registado o máximo demográfico em  1940 (quando foram contabilizados 292 residentes) e de constituir o lugar da  freguesia que menos população perdeu, em termos absolutos e relativos, no  último período intercensitário (76 habitantes em 1991; 65 habitantes em 2001).  É de referir ainda que o Piódão, do conjunto de lugares que compõem a  freguesia, se destaca em termos demográficos, pois concentra 28.4% da população  (em 2001 o lugar com mais população era Malhada Chã, com 81 residentes).
Quadro 1. Evolução da população da freguesia do Piódão, em 1991-2001, por lugar
| LUGAR | 1911 | 1940 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 
| Barreiros | 17 | 17 | 20 | - | - | - | 3 | 
| Chãs d'Égua | 166 | 174 | 153 | 79 | 52 | 54 | 18 | 
| Covita | 25 | 22 | 25 | - | - | - | 3 | 
| Eira da Bouça | 39 | 25 | 22 | 11 | - | - | 2 | 
| Fómea | 85 | 127 | 124 | 86 | 55 | 34 | 20 | 
| Foz d'Égua | 19 | 31 | - | 32 | 7 | 29 | 9 | 
| Malhada Chã | 114 | 178 | 229 | 195 | 170 | 148 | 81 | 
| Moinhos | - | 17 | 17 | 14 | - | - | 6 | 
| Pés Escaldados | 23 | 34 | 19 | 6 | 0 | 0 | 0 | 
| Piódão | 255 | 292 | 281 | 205 | 110 | 76 | 65 | 
| Tojo | 75 | 100 | 109 | 83 | 65 | 40 | 19 | 
| Torno | 16 | 23 | 28 | 21 | - | - | 4 | 
| Outros lugares | 38 | 30 | 10 | 29 | 55 | 4 | - | 
| TOTAL | 872 | 1070 | 1088 | 761 | 514 | 381 | 229 | 
Fonte: Censos da População, 1991-2001 (INE); Plano de Desenvolvimento do Piódão (ACFP, 2004)
Ao mesmo tempo, é  necessário considerar o envelhecimento acentuado da população residente. No  período de 1991-2001, registou-se uma erosão diferenciada dos estratos etários  principais de que resultou um duplo agravamento da composição etária: por um  lado, verificou-se uma perda acentuada da população jovem (23.6%, em 1991;  9.8%, em 2001); por outro lado, os idosos atingiram 44.1%, em 2001 (mais 18% em  relação ao ano de 1991). 
  De igual modo,  também o fenómeno migratório deixou cicatrizes profundas neste microterritório.  «Embora a emigração para o Brasil, África ou Europa tenha sido relevante (…), a  verdade é que o principal fluxo migratório dos habitantes da freguesia do  Piódão foi, quase sempre, em direção a Lisboa 1»  (ACFP, 2004: 21). 
  Estes fluxos  migratórios conduziram a «um despovoamento parcial, e não a um abandono total  das aldeias, tornando-se inevitável o estabelecimento de ligações fortes,  bipolares, entre o núcleo emigrado e o dos remanescentes» e que resistiram ao  desejo de partir, em particular nos concelhos de Góis, Arganil e Pampilhosa da  Serra (parte da chamada Beira-Serra). Através deste processo de vinculação, a  «aldeia distante se transforma numa referência emocional, ganhando uma  representação imaginária que a identifique e caracterize, por via da adoção de  um conjunto de símbolos distintivos» (TRINDADE, 1994: 102). A importância deste  processo, que marca outras regiões portuguesas de origem dos migrantes,  designadamente o interior, levou a citada autora a utilizar o termo  “micropátrias”.
  Durante as  décadas de 50 e 60 é devido às redes formais de socialização que os piodenses a  residirem em Lisboa promoviam o convívio e recebiam notícias acerca da sua  aldeia, mantendo-se e, reforçando-se assim, a ligação afetiva destes migrantes  à sua terra natal. É neste contexto, que paralelamente, surgem as primeiras  Comissões de Melhoramentos, entre outros tipos de associações, agrupadas na  “Casa da Comarca de Arganil”. Estas «coletividades tiveram um papel fundamental  na realização de importantes obras de beneficiação nas aldeias serranas,  assumindo competências que o Estado Novo negava ao poder local e municipal. A  sua intervenção baseava-se, quer na angariação de donativos entre os  associados, quer no exercício de um jogo constante de influências a diversos  níveis do poder político» (ACFP, 2004: 21). Com efeito, foi o associativismo de  interesses que permitiu dotar alguns lugares de infraestruturas básicas e assim  contribuiu para uma melhoria gradual das condições de vida na montanha. 
  Por outro lado a  intervenção pública na montanha, no âmbito da florestação estatal dos baldios,  com maior incidência a partir dos anos 30 do século XX, apesar de acompanhada  de desequilíbrios e dificuldades acentuadas do modelo agro- silvo-pastoril que  durante séculos alicerçou a economia de lugares como o Piódão, foi decisiva  para a sua abertura gradual (com a construção de estradas, a rearborização e a  regularização de linhas de água) e a mutação da sua imagem. Assim, a montanha  abandona, de forma progressiva, a conotação de espaço inóspito, degradado e  repulsivo para se transformar num quadro paisagístico mais acessível,  embelezado e capaz de despertar interesse no âmbito da utilização do tempo  livre.
3.2 Génese e evolução de um novo destino de turismo alternativo
  Apesar das  grandes dificuldades estruturais e funcionais que marcavam o quotidiano das  populações serranas, assistiu-se a uma viragem significativa na construção e  difusão da imagem da montanha e no próprio discurso sobre a montanha. 
  As entidades  políticas e os meios intelectuais começam a ver a montanha como um conjunto de  potencialidades (novos recursos) que, ao mesmo tempo, são cada vez mais  valorizadas pela atividade turística emergente. 
  O processo de  construção e dinamização do turismo em Arganil teve na Comissão de Iniciativa e  Turismo uma das suas primeiras referências. Instituída no final de 1929, na  sequência do Decreto 17304 (publicado no Diário do Governo nº 204, I Série, de  5 de setembro de 1929), esta Comissão desenvolveu algumas atividades de  promoção turística do concelho, em articulação com as comissões de  melhoramentos locais. Apesar de o derradeiro registo oficial da Comissão, em  livro próprio, não exceder 1939, e sendo necessário aprofundar o conhecimento  da sua intervenção através de outras fontes (designadamente as Atas das Sessões  Camarárias) bem como as iniciativas de outras entidades/atores, é certo que as  primeiras preocupações e intervenções incidiram no Santuário do Monte Alto. 
  A partir de  meados do século XX, a montanha começa a despertar algum interesse como recurso  para o turismo, no alinhamento do que já se referiu. Através das notícias  publicadas na imprensa regional, depreende-se a intenção de convidar a  sociedade a percorrer os novos caminhos da montanha e a desfrutar os seus  panoramas, embora sem incutir a ideia de visitar povoados serranos como o  Piódão, seja pela dificuldade em aceder ao local (que só foi ligado ao mundo,  por estrada, no alvor dos anos 70), seja por outros motivos.
  Porém, a ambição  turística ganha maior expressão a partir da década de 70. De modo resumido,  podemos referir que, nas últimas três décadas, uma sequência de acontecimentos  encadeados, com o envolvimento de entidades públicas, privadas e associativas,  marcaram a transição funcional e a mutação da imagem deste lugar de montanha,  nomeadamente: 
  – A classificação  do Piódão como Imóvel de Interesse Público (1978); 
  – O Plano de  Desenvolvimento e Requalificação da Aldeia do Piódão (Câmara Municipal de  Arganil, 1986?); 
  – O Programa das  Aldeias Históricas de Portugal (Quadro Comunitário de Apoio II, 1994-1999);
  – As Ações  Inovadoras de Dinamização das Aldeias (Programa Operacional da Região Centro,  2000-2006);
  – O Plano de Ação  Integrada para a Freguesia do Piódão (Associação de Compartes da Freguesia do  Piódão), lançado em 2004 e atualmente em execução, através de parcerias com  diversas entidades. 
  Neste quadro de  construção do Piódão turístico, destacamos o Programa das Aldeias Históricas de  Portugal que pretendeu integrar objetivos patrimoniais, económicos e sociais  numa estratégia de desenvolvimento que visou, igualmente, objetivos turísticos.  As linhas de ação do PAHP foram direcionadas para as infraestruturas básicas, a  salvaguarda e valorização do património (através de intervenções ao nível das  fachadas e coberturas das estruturas edificadas), a promoção e divulgação do  território e a animação das economias locais (CCRC, 2002).
  Esta iniciativa  nacional, lançada no âmbito do QCA II, com continuidade no QCA III (através do  Programa Operacional da Região Centro), abrangeu uma dezena de lugares  (Almeida, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha,  Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão e Sortelha), em 1994-1999, a que  se juntaram mais dois (Belmonte e Trancoso), em 2000-2006 (figura 2). 
  O investimento  total realizado até 2004, aproxima-se de 40 milhões de euros, dos quais 67.2%  dizem respeito ao QCA II. 
  Em relação à  tipologia de promotores, até 2002, destacam-se as câmaras municipais que foram  responsáveis por quase 65% do investimento total e 63% dos projetos realizados. 
  Contudo, o  investimento por aldeia é desigual repartindo-se segundo o intervalo de  variação de 1,4 milhões de euros (Castelo Mendo) a 8 milhões de euros (Linhares  da Beira). No caso do Piódão, o investimento total, segundo elementos de 2002,  foi de 5,5 milhões de euros, distribuído por 71 intervenções. Destacam-se os  equipamentos turísticos (o exemplo mais relevante é a Estalagem do INATEL, com  3,8 milhões de euros – fotografia 3); as infraestruturas básicas (1,4 milhões  de euros) e a recuperação de fachadas e coberturas (174 mil euros). 
A requalificação  da aldeia e a sua promoção no mercado turístico nacional e internacional, no  âmbito do PAHP e do PORC, induziu efeitos positivos na evolução do número de  visitantes (figura 3), em particular no período de 2001 a 2003, segundo dados  recolhidos no posto de turismo local. Ao invés, verifica-se uma redução muito  significativa do número de visitantes da aldeia, desde 2003 até 2006: de quase  18000 para cerca de 9500 (valor mais reduzido desde 1999 – que corresponde ao  primeiro ano completo de recolha de informação estatística), situação que pode  estar relacionada com a criação e divulgação de destinos turísticos  alternativos (como, por exemplo, as Aldeias do Xisto), a diminuição da  intensidade da promoção turística das Aldeias Históricas, e outros motivos que  só o aprofundamento da investigação poderá revelar. Por outro lado, ainda  segundo a mesma fonte (Câmara Municipal de Arganil), o perfil do visitante  traduz uma preponderância da nacionalidade portuguesa (cerca de 90% do total). 
  A concluir,  importa sublinhar que o município de Arganil (tal como o Fundão) configura uma  ponte (imaginária) entre as Aldeias Históricas e as Aldeias do Xisto2  (figura 2), o que sugere uma outra questão: a articulação ou desarticulação de  programas com objetivos semelhantes e a importância das redes na construção e  projeção de iniciativas de desenvolvimento. 
  Como nota final,  salientamos a pertinência de investigar o papel do turismo, na ligação aos  recursos ecoculturais, para a promoção do desenvolvimento sustentado de lugares  de montanha. No caso do Piódão, os eixos vertebradores da investigação, que  pretendemos aprofundar nos próximos meses, enfatizam as políticas, instrumentos  e atores de turistificação, assim como os efeitos sócio-territoriais da atividade  turística.
  rEFERÊNCIAS
  ACFP (2004): Plano de Ação Integrada para a  Freguesia do Piódão. Arganil, Associação de Compartes da Freguesia do  Piódão.
  ASHWORTH, G. & LARKHAM, P. (1994): Building a New Heritage.Tourism, Culture and Identity in the New Europe.  London, Routledge.
  BARROS, J. (2004): A Projeção  do Quotidiano no Turismo e no Lazer. Lisboa, Instituto  Superior de Ciências Sociais e  Políticas.
  BOURA, I. (2006): “Património e mobilização  das comunidades locais: das aldeias históricas aos contratos de aldeia”. Cadernos  de Geografia, nº 21/23, pp. 115-126.
  BURNAY, M. J. (2006): “O  Turismo Sustentável e o Turismo de Natureza”. Revista  Turismo e Desenvolvimento, nº 6, pp. 167-179
  BUTLER,  R., HALL, C. & JENKINS, J. (1998): Tourism  and recreation in rural areas. Chichester, John Wiley  & Sons.
  CARVALHO, P. (2005): Património cultural e trajetórias de  desenvolvimento em áreas de montanha. O exemplo da Serra da Lousã.  Dissertação de doutoramento em Geografia apresentada à FLUC, Coimbra.
  CARVALHO, P. (2006): “Turismo cultural,  património e políticas públicas em contextos rurais de baixa densidade”. In  SANTOS, G., VIEIRA, R. & MENDES, M. (Eds.): Atas do Congresso de Turismo Cultural, Território e  Identidades. Leiria, Instituto  Politécnico de Leiria.
  CARVALHO, P. (2007-a): “Questionando as  trajetórias e as perspetivas de desenvolvimento das áreas de montanha em  Portugal – entre marginalização e integração territorial”. In VALENÇA, M. &  MOURA, G. (Eds.): Globalização e Marginalidade. Natal, Editora da  Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pp. 935-946.
  CARVALHO, Paulo (2007-b): “Património  cultural, ordenamento e desenvolvimento: uma nova visão e valorização do  território”. Cadernos de Geografia, nº 24/25 (em publicação).
  CAVACO, C. (2006): “O turismo e as novas  dinâmicas territoriais”. In MEDEIROS, C. (Coord): Geografia de Portugal,  vol. III. Lisboa, Círculo de Leitores, pp. 367-427.
  CRAVIDÃO, F. (2006): “Turismo e Cultura: dos  itinerários ao lugar dos lugares”. In FONSECA, M. L. (Coord.): Desenvolvimento  e Território: espaços rurais pós-agrícolas e novos lugares de turismo e lazer.  Lisboa, Centro de Estudos Geográficos, pp. 269-278.
  CCRC (1999): Programas das Aldeias  Históricas de Portugal. Coimbra,  Comissão de Coordenação da Região Centro, 2ª edição.
  CCRC (2001): Programa Operacional da Região Centro: 2000-2006. Coimbra, Comissão  de Coordenação da Região Centro.
  CCRC  (2002): Aldeias Históricas de Portugal. Um Património com Futuro,  Comissão de Coordenação da Região Centro, Coimbra.
  CMA (1986?): Plano de Desenvolvimento e  Requalificação da Aldeia do Piódão. Arganil, Câmara Municipal de Arganil/Gabinete Técnico  Local.
  GRAÇA, L. (2003):  “Montanha: prioridades e políticas”. In PORTELA, J. & CALDAS, J. C.  (Orgs.): Portugal Chão. Lisboa, Celta  Editora, pp. 373-385.
  INSKEEP, E. (1991): Tourism Planning. An integrated and  Sustainable Development Approach, New York, Van Nostrand Reinhold.
  HALL,  D., ROBERTS, L. & MITCHELL, M. (2003): New  Directions in Rural Tourism. Aldershot,  Ashgate.
  MCGETTIGAN, F. (2005):  “Uma Análise do Turismo Cultural e a sua relação do Lugares de Peregrinação”.  In ITP (Ed.): Novos Consumos. Novos Produtos. Encontro Técnico 2003. Livro  de Atas. Lisboa, Instituto de Turismo de Portugal (ITP), pp. 127-146.
  MESSNER, R. (2001): El decálogo de las montañas (In http://ww.desnivel.com; consulta em  3/6/2001).
  MORENO, L. (1999): “A serra do Açor e o  Piódão: refúgios de uma ruralidade recriada”. In CAVACO, C. (Coord.): Desenvolvimento Rural. Desafio e Utopia.  Lisboa, CEG, pp. 395-413.
  SERAFIM, M.  (2005): “Contributo do LEADER+ para as áreas de montanha”. In Pessoas e  Lugares. Jornal de Animação da Rede Portuguesa LEADER+, Lisboa, II série, nº 28, p. 3.
  TRINDADE, M. B. (1986): “Do rural ao urbano: o  associativismo como estratégia de sobrevivência”. Análise Social, vol.  XXII (91), pp. 313-330.
  TRINDADE, M. B. (1994): “As micropátrias do  interior português”. Arganília (Revista Cultural da Beira Serra), nº 3,  pp. 95-124. 
  PNPG (2003): Proposta de Manifesto do  Congresso Nacional Desenvolvimento Sustentável em Áreas de Montanha. Parque  Nacional da Peneda-Gerês, Câmara Municipal de Terras de Bouro e Associação de  Municípios das Regiões do PNPG.
  1   Após a II Guerra  Mundial, a importância das Minas da Panasqueira enquanto polo empregador da  região decaiu de modo significativo, atirando a população serrana “para os trabalhos  violentos e mal pagos na estiva, na construção naval ou na lota. 
     Mais tarde, nos anos setenta, a  pequena restauração constitui-se como alternativa a esse emprego braçal” (ACFP, op. cit.). 
2 O PAX, na mesma linha do Programa das Aldeias Históricas de Portugal, pretendeu requalificar um conjunto de microterritórios serranos (em geral desvitalizados do ponto de vista económico, social e demográfico) com o objetivo de constituir uma rede de sítios de interesse turístico. Apresenta, no entanto, particularidades em relação ao PAHP, nomeadamente ao nível da metodologia de seleção e candidatura dos lugares, número de lugares envolvidos no programa (vinte e três), financiamento (cerca de 11 milhões de euros de investimento até ao início de 2006), entre outros.