CONSERVAÇÃO IN VITRO E EX SITU E VALORIZAÇÃO DE ENDEMISMOS IBÉRICOS DAS APIACEAE PORTUGUESAS

Ana Cristina Pessoa Tavares dos Santos

Identificação e localização dos endemismos ibéricos das Apiaceae portuguesas

Para a identificação e localização dos endemismos ibéricos das Apiaceae portuguesas foi indispensável proceder a uma caracterização clara e concisa dos 14 taxa referidos para Portugal, bem como uma revisão e confirmação da sua distribuição geográfica. Para isso, foi necessário consultar e estudar as Floras Portuguesas, Ibéricas e Europeia (Mariz, 1895; Pereira Coutinho, 1939; Tutin et al., 1968; Amaral Franco, 1974; Sampaio, 1988; Castroviejo et al., 2003) e várias publicações de taxonomia com referências às Apiaceae (Gomez-Campo et al., 1987; Aguiar, 1996; Pinto-Gomes, 1998; Mateo e Udías, 2000; Aguiar, 2001; Lopes, 2001; Silveira, 2001; Pujadas Salva, 2002a; 2003a; 2003b; 2007; Rivaz-Martinez et al., 2002; Honrado, 2003; Tauleigne Gomes et al., 2004; Almeida, 2005; Pinto-Gomes e Paiva-Ferreira, 2005; Almeida, 2006; Ribeiro, 2006; Amado, 2007; Moreno, 2008; Pinto-Gomes et al., 2008; Queiroga et al., 2008; Silva-Pando, 2008; Almeida, 2009a; 2009b). Em paralelo foi realizado um estudo do material-tipo de Herbários portugueses e espanhóis (COA - Jardín Botánico de Córdoba; COI - Instituto Botânico da Universidade de Coimbra; LISE- Estação Agronómica Nacional – Oeiras; LISI - Instituto Superior de Agronomia de Lisboa; MA- Real Jardín Botánico de Madrid, CSIC; MGC- Faculdad de Ciencias. Universidad de Málaga; PO - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto).
Reconhecidas as plantas e a sua localização geográfica procedeu-se à avaliação do estatuto de conservação para apurar um critério para o estudo dos taxa e a prioridade de ação nas saídas de campo (ver Tabela 1).
Para o reconhecimento da situação de conservação dos 14 taxaforam consultados os seguintes documentos oficiais: ALFA (2007-2010), BGCI (2010), Conselho da Europa (1977; 1983), Diretiva Habitats (1992; 1999; 2005), Euro-Med PlantBase (2006-2011), European red list of vascular plants (2011), ICN (1996; 2006a; 2006b; 2007) e ICNB (2007a; 2007b).
Para além disso analisaram-se as publicações de Gomez-Campo et al. (1987), Amado et al. (2007), Moreno (2008), Queiroga et al. (2008), Silva-Pando (2008), Corvelo (2010) e Bilz et al. (2011).
Com base nestas consultas e seguindo as descrições para os 14 taxa referidos na Flora Ibérica (Castroviejo et al., 2003), a publicação de referência mais recente, estabeleceram-se os critérios para a recolha do material vegetal. Esses critérios foram o grau de abundância e a distribuição geográfica, tendo sido definidos três grupos de distinta prioridade para a conservação (Tabela 1): grupo 1 - taxa prioritários, presentes apenas numa província portuguesa ou exclusivamente em Portugal (5 taxa); grupo 2 - presentes em 2 a 4 províncias portuguesas (5 taxa); grupo 3 - presentes em 5 ou mais províncias portuguesas (4 taxa).

Tabela 1: Endemismos ibéricos das Apiaceae portuguesas: distribuição geográfica e critérios prioritários de conservação


Taxa

Províncias

Grupo

1.Eryngium galioides

Ag, AAl, BA, BAl, BB

3

Eryngium duriaei

BA, BL, Mi, TM

2

3. Daucus carota subsp. halophilus

Ag, Bal, E

1

4. Bunium macuca subsp. macuca

AAl

1

5. Conopodium subcarneum

BA, BL, TM

2

6. Conopodium majus subsp. marizianum

Aal, Ag, BA, BAl, BB, BL, DL, E, Mi, TM

3

7. Seseli montanum subsp. peixotoanum

TM

1

8. Angelica major

BA, BB, Mi, TM

2

9. Angelica pachycarpa

E

1

10. Ferula communis subsp. catalaunica

AAl, Ag, BA, BAl, BB, BL, E, R, TM

3

11. Ferulago capillaris

BA, Mi, TM

2

12. Distichoselinum tenuifolium

Ag

1

13.Laserpitium eliasii subsp. thalictrifolium

Mi, TM

2

14. Thapsia minor

AAl, Ag, BA, BAl, BB, BL, DL, E, Mi, TM

3

Províncias ibéricas (Castroviejo et al., 2003) - Portugal: AAl - Alto Alentejo; Ag - Algarve; BA - Beira Alta; BAl - Baixo Alentejo; BB - Beira Baixa; BL - Beira Litoral; DL - Douro Litoral; E - Estremadura; Mi - Minho; R - Ribatejo; TM - Trás-os-Montes e Alto Douro.

De acordo com a Tabela 1, o grupo 1 é o prioritário e engloba os cinco taxa endémicos mais vulneráveis em Portugal continental, com uma área de distribuição mais restrita e, portanto, com prioridade para a conservação: Angelica pachycarpa (Estremadura-Ilhas Berlengas), Daucus carota subsp. halophilus (Algarve e Baixo Alentejo), Bunium macuca subsp. macuca (Alto Alentejo), Disthicoselinum tenuifolium (Algarve) e Seseli montanum subsp. peixotoanum (Trás-os-Montes).
A planificação e a calendarização para a colheita criteriosa de plantas foi dependente da sua fenologia, referenciada nas descrições e em material de herbário dos diferentes taxa.
Para a realização das colheitas, em particular nas Reservas e Parques Naturais e Nacionais, foi solicitada autorização às instituições competentes, nomeadamente, ao ICNB, que emitiu as respetivas licenças mediante indicação dos elementos adicionais necessários e solicitados para o efeito. A recolha do material vegetal, que se restringiu à parte aérea da planta com umbelas e/ou sementes, foi sempre condicionada pela abundância e representatividade dos taxa, de modo a salvaguardar as populações nativas.
As plantas silvestres foram analisadas ​in situ e elaboradas as respetivas folhas de herbário, depositadas no Herbário COI (ver anexo I).
Decorrente da confirmação in situ, ou não, da localização e abundância das plantas foram atualizados e otimizados os critérios de conservação.

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