PROCESSOS DE MUDANÇA, TURISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL: AS ALDEIAS DO XISTO DO CONCELHO DE GÓIS E O PAPEL DA LOUSITÂNEA

PROCESSOS DE MUDANÇA, TURISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL: AS ALDEIAS DO XISTO DO CONCELHO DE GÓIS E O PAPEL DA LOUSITÂNEA

Luiz Rodolfo Simões Alves (CV)
Universidade de Coimbra

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Aspetos sociais

Neste quarto ponto, destinado a uma análise dos aspetos sociais do concelho de Góis importa identificar as principais caraterísticas neste domínio e fazer o balanço dos principais aspetos a nível social e perceber a sua evolução recente.

Emprego e desemprego

A taxa de atividade, na última década intercensitária, sofreu uma evolução significativa no concelho de Góis, registando uma variação de cerca de -3%. No entanto, comparando os valores da taxa de atividade em 2011 com os do Pinhal Interior Norte, da Região Centro e de Portugal Continental, observa-se que o concelho apresenta ainda o valor mais baixo. De salientar ainda que existe uma diferença de cerca de 10% entre a taxa de atividade verificada em indivíduos do sexo masculino e de sexo feminino, com as mulheres a terem a taxa de atividade mais reduzida (Figura 58).
Em relação à taxa de desemprego, em 2011, rondava os 9,7% no concelho de Góis, valor relativamente abaixo dos registados na NUT III Pinhal Interior Norte (10,9%) e na Região Centro (11%), e significativamente abaixo do verificado em Portugal Continental (13,2%). Este fenómeno afetava fundamentalmente os ativos do sexo feminino em todas as escalas de análise (Figura 59). Analisando a evolução da taxa de desemprego no concelho de Góis no período intercensitário verifica-se um aumento muito significativo da taxa de desemprego (para quase o dobro do registado em 2001), inserindo na mesma tendência de aumento brutal da taxa de desemprego nos últimos dez anos em Portugal, relevando os problemas económicos, financeiros e sociais dos territórios e dos seus habitantes.
O desemprego centra-se com maior incidência no escalão etário dos 35-54 anos, seguido do escalão etário dos 20-34 anos. Importa ainda salientar o crescimento significativo de pessoas que se encontram à procura do primeiro emprego, o que confere especial importância ao aumento do desemprego jovem no concelho de Góis. Relativamente às habilitações literárias, o maior número de desempregados têm como escolaridade o 1.º e 2.º ciclos do ensino básico, destacando-se, ainda, o aumento de desempregos com formação ao nível do ensino superior.

Envelhecimento

Como já vimos neste trabalho, a análise da estrutura etária da população, revela um coeficiente de dependência excessivo (aproximadamente 49% da população encontra-se em idade não ativa), essencialmente baseado na elevada percentagem da população com idade superior a 65 anos (cerca de 34%), uma das mais elevadas do Pinhal Interior Norte. Este cenário indica um problema acentuado de rejuvenescimento populacional, evidente na distribuição dos quantitativos populacionais nos diferentes grupos etários.
O índice de envelhecimento aumentou nas principais unidades territoriais (em que a análise interessa para o concelho em causa) (Figura 60), com a particularidade de ser muito elevado em Góis, onde, no ano 2011, alcançou o valor de 310,3%, ou seja, por cada jovem, existem em média, três idosos (Tabela 15).
O concelho de Góis enquadra-se nos territórios designados por “territórios envelhecidos e despovoados”.

Qualificação dos recursos humanos

Como é sabido, o grau de instrução da população é um fator determinante para o desenvolvimento económico e social. Neste contexto, entre 2001 e 2011, registou-se, no concelho de Góis, uma diminuição de cerca de 7,3 pontos percentuais na taxa de analfabetismo, passando de 17,6% para 10,3%, conforme se pode constatar na Figura 61. Já para o período de 1991 para 2011, ou seja, em vinte anos, o concelho de Góis reduziu a sua taxa de analfabetismo em 11,3%, o que se revela significativo, acompanhando o padrão de redução verificado em todas as unidades territoriais representadas na Figura 61, pese embora ainda esteja bastante acima da média nacional neste indicador.
A análise da distribuição da população por nível de ensino em 2011 (Figura 62) mostra a predominância do nível de instrução primário, com cerca de 42,5%, seguido pelo grupo da população com instrução básica de 2º ciclo, com 14,9%, e em terceiro lugar a população com ensino secundário, com aproximadamente 12,6%. O total de população com o ensino superior representava apenas 6,1%, valor distante da média nacional mas bastante acima do registado em 2001 no concelho de Góis (2,6%).
No entanto, comparando os cenários de 1991 e 2001, assistiu-se a uma diminuição muito significativa do peso relativo da população sem nível de ensino, uma ligeira diminuição de população com o 1º e 2º ciclos do ensino básico, e a um aumento significativo da população com o ensino superior.