O TURISMO DE SAÚDE E BEM-ESTAR

Susana Maria Pereira da Silva

Análise SWOT de cada estância termal


A análise individual pormenorizada realizada a cada uma das 11 estâncias localizadas no território do TCP permitiu descortinar e especificar um conjunto de fatores tangíveis e intangíveis traduzidos nos principais pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças, com impacto ao nível da competitividade entre as próprias e no seio da atividade turística, e ao nível da rentabilidade destes estabelecimentos termais, que justificam e pesam cada vez mais nas opções dos mercados da procura.
 Esta análise, para além de permitir verificar alguns fatores restritos a cada realidade (quadros 33 a 43), possibilitou igualmente descortinar padrões e associações entre as mesmas através da transversalidade em relação a determinados fatores.
As águas minerais com características medicinais constituem o ponto forte nuclear destacando-se como o fator tangível mais importante. Neste âmbito, refere-se as características térmicas das águas, em 9 das 11 termas, onde S. Pedro do Sul constitui o exemplo do melhor aproveitamento em seu benefício e da própria comunidade.
  No entanto, existem outros fatores que conferem a determinadas estâncias uma maior competitividade relativamente a outras. Falamos de infraestruturas e equipamentos modernos, no caso de S. Pedro do Sul (figura 18) e Monfortinho, fruto de intervenções operadas num passado recente mas que se transformam rapidamente no principal constrangimento quando se trata de estâncias como Vale da Mó (figura 19) ou Ladeira de Envendos, que são as que apresentam uma estrutura tanto termal como turística mais débil, resumindo-se quase em exclusivo ao próprio balneário ou à fonte termal.
A localização e envolvência natural e paisagística, comum à maioria das estâncias deste conjunto, assumem particular relevância na senda dos fatores intangíveis mais importantes à atividade turística, nomeadamente do segmento de saúde e bem-estar, por partilharem valores como o bem-estar, a harmonia, o sossego, a calma, a paz. Assim, o facto de se localizarem em ambiências naturais, nomeadamente nas margens de rios como Alcafache, Sangemil (figura 20) ou S. Pedro do Sul, inseridas em parques como a Curia (figura 21) ou nas encostas de elevações montanhosas como o Luso, Vale da Mó ou Felgueira, constitui um elemento fundamental na diferenciação e atratividade destes destinos termais.
Intrinsecamente relacionado com a paisagem e património natural está o património construído que, por via da harmonia que é estabelecida entre os traços da paisagem e traça arquitetónica, bela e elegante, dos edifícios, a maior parte remanescentes da belle époque dos finais do século XIX, inícios do século XX, constitui um dos elementos intangíveis fortes que as estâncias termais dispõem.
Dos exemplos de arte nova na Curia ou S. Pedro do Sul (figuras 22 e 23) a outros que, mesmo sem estilo arquitetónico definido, constituem exemplos elegantes dos edifícios de outrora (figuras 24 e 25), cujas linhas nos aguçam e despertam o imaginário assim como nos conseguem transportar para os tempos áureos, dinâmicos e cintilantes das estâncias termais.
As oportunidades identificadas neste território são cruciais na transformação deste conjunto de pontos fortes em efetivos elementos de competitividade, a partir dos quais, se deverá tirar o máximo partido. Demonstrou-se, embora de forma sucinta, que os territórios onde se localizam as estâncias termais são patrimonialmente ricos e diversificados (natural, cultural e historicamente), constituindo ferramentas essenciais à construção de um produto compósito capaz de despertar no turista a motivação necessária para o eleger como o seu destino turístico. Neste sentido, os grandes centros urbanos desta região, Aveiro, Coimbra, Viseu e Castelo Branco, constituem referências âncora importantíssimas.
Ainda ao nível das oportunidades, salientam-se como preponderantes o conjunto das várias intervenções que estão programadas e que têm sido levadas a cabo, embora ainda que de forma residual e pouco visível, através de diversos planos e programas de desenvolvimento territoriais, onde se destaca o PROVERE – Valorização das Estâncias Termais do Centro, como uma oportunidade de mudança, de requalificação e revitalização não só das estruturas físicas como da atividade, e de suprimir muitas das vulnerabilidades e fragilidades que ao longo dos anos se têm vindo a acumular e agudizar.
Os principais problemas que estas estâncias apresentam são partilhados entre elas especificamente ao nível estrutural, organizacional e de integração com os diversos segmentos do cluster, e também ao nível promocional. O problema estrutural mais evidente na maioria das estâncias é a desadequação da estrutura física dos balneários e dos equipamentos às novas valências, ou seja, a falta de uma separação física entre a prática de termalismo clássico e o de saúde e bem-estar.
Salienta-se igualmente os constrangimentos verificados ao nível das estruturas e equipamentos de apoio à atividade turística como o setor da hotelaria, onde em algumas prolifera o alojamento informal e desqualificado assim como a degradação dos edifícios (figuras 26 e 27), da restauração e do comércio, na maioria desqualificados e desadequados, na estrutura e produtos comercializados (figuras 28 e 29), e da animação turística, principalmente nas estâncias mais isoladas territorialmente e menos dinâmicas em termos de frequência, o que acaba por ser um fator justificativo desta mesma carência.
Neste território verificam-se situações de efetiva inexistência destes elementos o que inviabiliza o desenvolvimento da atividade turística em estâncias como Vale da Mó, Ladeira de Envendos, Sangemil, Carvalhal, Cavaca e Alcafache.
A deficiente organização e integração dos elementos do cluster têm inviabilizado o desenvolvimento de um produto compósito que seja capaz de satisfazer as necessidades turísticas de um público cada vez mais exigente.
 No campo das ameaças, regista-se o perigo de incêndios florestais, comum a praticamente todas as estâncias termais, tendo em conta que a maioria dos estabelecimentos está rodeado por uma componente florestal bastante forte onde predominam espécies exóticas, com destaque para o eucalipto e a acácia (figuras 30 e 31). Esta ameaça não raras as vezes já se tornou uma realidade.
Ainda neste âmbito, é essencial não se subestimar o facto de existir um leque de estâncias termais, o que se insere no pólo Dão-Lafões, cuja proximidade física pode não constituir uma oportunidade no campo da concorrência saudável e necessária à elevação dos padrões de qualidade, mas sim, uma ameaça real à sobrevivência das estâncias se a convivência entre as mesmas não for pautada por valores de complementaridade e de integração de oferta, e acima de tudo, de diferenciação para que não se corra o risco de sobreposições e anulações de umas face a outras. 
Como já referimos, as estâncias de Vale da Mó e Ladeira de Envendos são as que apresentam uma estrutura mais frágil, sendo a primeira bastante rudimentar, podendo até incorrer num processo gradual de perda de afluência e consequente decadência. Noutra abordagem em termos de decadência encontram-se as estâncias termais da Curia, S. Pedro do Sul, Carvalhal, Sangemil, Felgueira e Alcafache (figuras 32 a 37), que em comum com as restantes têm o facto de serem detentoras de um vasto espólio de valores patrimoniais, nomeadamente no âmbito do património construído, o que constitui por si só um ponto forte, como já foi referido anteriormente.
Contudo, em quase todas, há exemplos da degradação e alienação deste mesmo património, votados à ruína há vários anos, constituindo por isso um ponto fraco ao nível da imagem da estância, que em alguns casos, é tão avançada que ameaça ruir e desaparecer. E, neste sentido, não desaparece só o elemento físico e material, mas tudo o que cada um deles representa em termos de valores intangíveis, a história, a cultura e a vivência, impossíveis de recuperar.
Com base no que está previsto e nos discursos dos gestores/administradores das estâncias termais, a tendência é para que as vulnerabilidades, principalmente ao nível estrutural, que ainda se verificam e que em muitos casos comprometem a sustentabilidade e rentabilidade da atividade termal e turística, sejam contornadas e suprimidas e as oportunidades sejam encaradas como um meio privilegiado de maximização das vantagens transformando-os em fatores de diferenciação e concomitantemente de competitividade.

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