DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS DO INSTITUTO DO ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ – IESAP

Ione Vilhena Cabral
Roberto Carlos Amanajas Pena

Capítulo3
O PERFIL DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS DO INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ – IESAP

3.1 O Conceito do Processo de Avaliação da Aprendizagem na Universidade

Muito já se falou no decorrer deste ensaio sobre avaliação, vimos que existem vários tipos como, por exemplo, a mediadora, classificatória, qualitativa e a quantitativa. Por este motivo faz-se necessário, agora compreender de uma forma mais especifica como a avaliação ocorre dentro do âmbito da Educação Superior. Assim, o professor juntamente com o aluno que agora passa a ser um universitário necessita interagir dentro de um universo mais amplo e principalmente cientifico.
 Para que isso ocorra é necessário haver por parte do docente uma compreensão ampla do significado de avaliação dentro desse novo campo escolar que se apresenta para este aluno. Pois, o professor que realmente tem um objetivo para com a turma e compromisso com a mesma e com aquilo que faz escolhe certo a melhor forma de avaliar e o jeito como ele vai avaliar essa turma, uma vez que a avaliação produz mudanças na vida tanto do avaliado quanto do avaliador. Neste sentido, enfatiza Freitas (2002), que a avaliação por se tratar de um fenômeno social, tem a ver com ações, atitudes e valores dos indivíduos em diversas dimensões que se inter-relacionam.
Assim, avaliação ao longo do processo histórico passou por mudanças. Mas, sabe-se que antigamente, precisamente por volta do século XVIII, a avaliação passa a ser estruturada, pois o que setinha até então, era uma forma de seleção e medição dos indivíduos para almejar algum cargo no setor público. A respeito desse enfoque relata Freitas:

“Para mais eficaz e objetivamente dar conta dessas novas funções que lhe foram outorgadas, avaliação teve que se desenvolver tecnicamente, criando os testes escritos e o sistema de notação. Ai está uma primeira característica que colou na avaliação e com o tempo também parece pertencer à sua essência: os testes escritos com fins de medida. Como se sabe as universidades medievais praticavam apenas exercícios orais; como proposta pedagógica. Os testes escritos são uma criação da escola moderna. Sua forma escrita se liga à idéia de credibilidade pública, transparência e rigor. Ganharam tanta importância que acabaram até mesmo interferindo fortemente na definição dos currículos e das propostas pedagógicas”. (2002, p. 19)

Percebe-se então, que a forma de avaliar das universidades medievais não possuíam caráter classificatório como ocorre hoje na modernidade. A pratica desenvolvida pelos professores dessa época ultrapassavam as barreiras da objetividade, posto que o processo da aprendizagem se dava através de exercícios orais, e não através de provas escritas que minimizavam a forma de conhecimento adquirida pelo aluno. Assim, segundo Freitas:

“De um lado, os instrumentos de testes, provas e exames trouxeram mais precisão e força operacional ao sistema de medidas e de seleção. Por outro, determinaram uma concepção e uma pratica pedagógica que consistem basicamente na formulação dos deveres ou exercícios escolares e controle através dos testes. Assim, a avaliação interfere incisivamente na organização dos conteúdos e das metodologias e vai legitimando saberes, profissões e indivíduos, o que significa também produzir hierarquias de poder e privilégios. Como símbolo da legitimação de valores e privilégios sociais, os títulos e diplomas são instituídos formalmente, resultantes também eles da avaliação, e ganharam grande importância na determinação das hierarquias e na distribuição dos indivíduos nos lugares que de “direito” e por mérito individual lhes corresponderiam na sociedade”. (2002, p. 19)

 Mas, de acordo com o autor isso só ocorreu em função do crescimento das grandes cidades e da necessidade que o homem teve em distribuir os indivíduos para os diferentes ramos de empregos e cargos que a sociedade moderna criou e que precisava de mão-de-obra qualificada, daí o processo de avaliação se caracterizar principalmente como medida e seleção de algo que se quer alcançar.
Tal retrato foi possível com a criação de universidades, contrapondo tais idéias por meio de pesquisa realizada, que surgiram com o objetivo de qualificar mão-de-obra para o mercado de trabalho que cresciam largamente nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Dessa forma, é importante entender o papel e a importância dessa, que de acordo com Freitas:

“Compreender a universidade é uma construção intelectual e coletiva que passa pelo conhecimento das suas diversas partes, interpretação e integração dos seus diversos e contraditórios sentidos, levando em conta não somente as dimensões internas da instituição, mas também as suas relações com o universal da ciência e dos valores, inseparavelmente do local, da comunidade, dos entornos mais próximos, do relativo e até mesmo do efêmero. A universidade tem compromisso com o universal, com os destinados da humanidade e particularmente com a ciência, bem como com a sociedade que a prove e a encarrega de formar cidadãos e profissionais competentes para o desenvolvimento humano solidário e bem fundamentado. Todo este conjunto constitui uma essencial da construção da consciência de nacionalidade e da própria nação. Neste sentido, ou seja, enquanto corresponde aos reclamos da sociedade – não simplesmente do mercado –, toda universidade deve ser publica, independente de sua natureza jurídica e de suas formas de financiamento e gestão”. (2002, p. 44)   

Assim, observa-se o papel fundamental que a universidade apresenta tanto na vida de quem faz parte dela internamente (direção, colegiado, alunos, funcionários, corpo técnico, etc.), quanto à sociedade que está ao seu entorno, posto que ela constitui, como enfatiza o autor, parte essencial da construção da consciência tanto individual quanto coletiva. Individual porque forma para o crescimento intelectual e profissional do ser. E coletivo no que tange a fazer pesquisa, logo, ciência que tragam resultados precisos para o bem estar de toda uma sociedade. Dessa forma, a avaliação deve desempenhar assim como a universidade papel primordial no que tange ao bem estar dos indivíduos, pois para Freitas:

“O caráter público da universidade produz a exigência ética da avaliação. Daí há que derivar um conceito de avaliação identificado com a responsabilidade social da universidade. Fundada nestes conceitos e tendo estas finalidades, a avaliação devera emergir de um processo construído socialmente. Deverá respeitar as diferentes culturas e os interesses políticos conflituosos dos distintos grupos e levar em conta a diversidade e a pluralidade, sem jamais perder de vista sua referencia fundamental que é a sociedade. Do ponto de vista epistemológico, ético e metodológico, a avaliação que melhor corresponde a essa concepção de universidade inscreve-se num conjunto que recebe diversas denominações, como qualitativa, naturalista, fenomenológica, democrática, participativa, das representações e sentidos, da intencionalidade educativa”. (2002, p. 46)

Deste modo, temos que a avaliação também é responsabilidade social e não uma forma de punição, medição e seleção como ocorre por parte de algumas instituições de ensino que apresentam um quadro de professores despreparados para lhe dá com o diferente e com as novas tendências. Assim, a palavra avaliação durante muito tempo foi motivo de “pânico” entre os alunos, mas hoje se percebe outra realidade com relação à ela.
Pois os professores estão bem mais flexíveis no que tange ao processo de aprendizagem dos seus alunos, tanto que de acordo com a pesquisa realizada no Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP – mas, precisamente no curso de Licenciatura em Letras os acadêmicos da referida instituição, a respeito do processo de ensino aprendizagem da avaliação na universidade.

Assim, verifica-se no gráfico que 41% dos entrevistados entende que na universidade hoje, os professores procuram trabalhar seus objetivos de forma que venha adequar os conteúdos de acordo com a realidade dos acadêmicos, ou seja, buscando uma avaliação no processo acompanhando os seus alunos de acordo com o seu desempenho diário. Mas, apesar disso, analisou-se ainda, que 26% consideram o processo de avaliação desenvolvido pelos docentes bom e que 22%, um numero bastante elevado no que tange as novas praticas avaliativas, ainda considera que o processo de avaliação se dá de forma tradicional por parte de alguns professores fator esse que já deveria ter sido superado pelos mesmos.

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