A humanidade está  vivendo um período de transformações. O ocaso dos combustíveis fósseis e as consequências  ambientais provocadas pela queima descontrolada destes colocam em cheque a mais  usada fonte de energia da sociedade contemporânea, o petróleo. As oscilações de  seu preço advindas das intempéries políticas da Região em que estão situados os  maiores produtores também é um ponto de incerteza e insegurança que mostra que  o mundo necessita desenvolver substitutos para esse tipo de fonte de energia.  Entre as diversas alternativas energéticas da atualidade (eólica, nuclear,  solar, etc.) as oriundas de biomassa surgem como as mais promissoras,  especificamente o álcool e o biodiesel.   
  O Brasil, assim como  outros países, começou desde algum tempo a corrida para desenvolver fontes  renováveis de energia que pudessem substituir o petróleo e seus derivados.  Estes substitutos deveriam ter as seguintes características: serem renováveis,  viáveis economicamente e ambientalmente mais sustentáveis. Dentre as várias  fontes de energia renovável no país, destacam-se o setor hidroelétrico e o  bioetanol provindo, essencialmente, da cana-de-açúcar. Nas últimas décadas,  ganham relevância as fontes de energia oriundas de biomassa como as derivadas  da cana-de-açúcar, do biodiesel e outros, tendo aumentado sua participação na  matriz energética nacional.
  Recentemente, sob  patente brasileira, ganha destaque o biodiesel, que é um biocombustível obtido  comumente de óleos e gorduras de origem animal e vegetal, renovável e  biodegradável podendo substituir totalmente o diesel de origem fóssil.  Atualmente, segundo BiodieselBR (2010), este é legalmente misturado ao diesel  na porcentagem de 5% e abastece parte da frota automotiva nacional. Tal mistura  é garantida e obrigatória por lei até 2013, podendo ser aumentada  progressivamente. Essa obrigatoriedade assegura a inserção do biodiesel na  matriz energética nacional, promove e estimula o aumento da produção,  comercialização e maior participação do mesmo no cenário energético brasileiro. 
  Para se produzir o  biodiesel pode-se utilizar óleos vegetais. Fato que teve como consequência a  intensificação do cultivo de inúmeras plantas oleaginosas proporcionando  alterações na agricultura brasileira. Plantas como girassol, mamona,  pinhão-manso, dendê (palma), amendoim, dentre outras, cultivadas em pequena  escala e com diversos fins, agora podem ser amplamente cultivadas, também, com  produção voltada ao biodiesel.
            O Governo Federal incentiva a agricultura familiar a  participar da cadeia produtiva do biodiesel através do Programa Nacional de Uso  e Produção de Biodiesel – PNPB. Assim, dentro deste programa, a inclusão social  da agricultura familiar tem como objetivos gerar alternativas de emprego e estimular  que o agricultor permaneça no campo, diminuindo o êxodo rural. O PNPB promove e  subsidia a compra de matéria prima da agricultura familiar, principalmente,  daqueles que têm suas propriedades em áreas geográficas menos atraentes para  outras atividades econômicas. Neste cenário, este modelo agrícola pode vir a  ser mais próspero e sustentável deixando de ser somente uma agricultura de  auto-sobrevivência para ser auto-sustentável economicamente, ambientalmente e  socialmente. 
  O Selo Combustível Social (SCS), fornecido pelo  Ministério do Desenvolvimento Agrário foi concebido para servir de incentivador  na relação entre usineiros de biodiesel e a agricultura familiar, com a  finalidade de desenvolver e proporcionar a este último uma melhor qualidade de  vida, maior oportunidade de desenvolvimento tecnológico e de renda familiar.  Assim, constitui-se objetivo geral desta parte do livro é estudar o SCS e  verificar se este está cumprindo seu papel como propulsor do desenvolvimento  endógeno da agricultura familiar nacional. 
            Desde  a criação do PNPB e com a evolução do mercado do biodiesel o Governo Federal  legislou a fim de regulamentar este setor e ao mesmo tempo vincular o SCS, as  políticas governamentais e os incentivos destinados as Empresas de  Biodiesel.  Uma destas políticas foi o  aumento progressivo da mistura do Biodiesel ao Diesel, criando a necessidade de  promover estoque desse combustível. Naquele momento o Governo Federal escolheu  o sistema de leilões de biodiesel para assegurar o adequado funcionamento do  Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis. A Agência Nacional de Petróleo,  Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é a responsável pelos leilões de biodiesel  e pela instituição das regras de funcionamento do mesmo. Nesses leilões dão-se  a preferência as empresas que tenham SCS.
  Os tipos de metodologia  utilizados para realizar esta primeira parte foram: a exploratória, a  descritiva e a explicativa. Exploratória por ser necessário ter uma visão  panorâmica ou mais abrangente do SCS e do relacionamento entre agricultor  familiar e produtores de biodiesel. Descritiva por estabelecer relações entre  as diversas variáveis técnicas, econômicas, sociais e ambientais dos atores  envolvidos. Este tipo de pesquisa visa identificar estruturas, formas, funções  e contextos. Explicativa por buscar mostras dos fatos contributivos da relação  e atuação desses atores na cadeia do biodiesel e na execução das exigências  para obtenção do SCS. Os procedimentos de coletas de dados, tanto qualitativos  quanto quantitativos, foram realizados a partir de dois tipos básicos propostos  para este estudo: bibliográfico e documental. A delimitação temporal do estudo  corresponde ao período de criação, implantação e reestruturação do SCS no  governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva (Lula). Porém, o período foi  flexibilizado para retroceder a fatos históricos anteriores, para entender a  dinâmica do desenvolvimento e evolução do biodiesel no Brasil. 
  Parte-se da premissa que  a sustentabilidade sócio-econômico-ambiental da produção do biodiesel e de seus  insumos passa pelo conceito do desenvolvimento endógeno, traduzindo-se como  local. O desenvolvimento endógeno para ser efetivo não só precisa que o produto  seja vendido com uma maior agregação de valor, como também dê sua contribuição  para o desenvolvimento da comunidade em que se insere. Neste trabalho a  comunidade é representada pela sociedade brasileira e pretende-se saber se o  instrumento de desenvolvimento endógeno e propulsor da relação produtor de  biodiesel, agricultor familiar e sociedade é o SCS.  Por conseguinte, a estratégia desse tipo de  desenvolvimento propõe, além de desenvolver os aspectos produtivos (agrários,  industriais e de serviços), potencializar também as dimensões socioculturais  que afetam o bem-estar da sociedade. 
  Os dados para este  trabalho foram coletados a partir de Instituições Federais como, por exemplo:  MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), MDA (Ministério do  Desenvolvimento Agrário), ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e  Biocombustíveis), CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), BNDES (Banco  Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Consultou-se, também, dados de  empresas estatais e privadas ligadas ao setor de biocombustíveis como, por  exemplo: Petrobrás, Brasil Ecodiesel, Granol, Biocapital. Assim, utilizou-se  dos seguintes meios eletrônicos ou não, para acessar essas fontes  bibliográficas e os dados, como internet, revistas científicas, dissertações,  teses e livros. 
  Para conceituar e  compreender melhor o Desenvolvimento Endógeno ou local foram utilizadas as ideias  e definições dos seguintes autores: Sergio Boisier; Cristovam Buarque; Vásquez  Barquero; Amaral Filho e outros. Para conceituar o desenvolvimento de uma nação  ou povo, de uma maneira geral, baseou-se nos seguintes autores: Mioto e  Barbosa; Celso Furtado; Boisier; Gonçalves e outros.
  Para descrever,  relacionar e explicar o desenvolvimento e conceitos sobre energia, fontes de energia,  biodiesel, SCS e agricultura familiar, baseou-se, além da consulta de textos  oficiais, em autores de livros, artigos científicos e palestras. Pode-se citar  como exemplo: Goldemberg e Lucon; Tolmasquim; Guerra; Bajay; Januzzi;  Russomano; Sachs; Abramovay e Magalhães; Veiga; Wanderley.
  A primeira parte deste livro analisa se o SCS  esta cumprindo sua função social, que lhe foi destinada na época da instituição  do PNPB. Esta foi organizada para abordar a fundamentação teórica que permeia o  tema discutido como: desenvolvimento endógeno, fontes de energia e meio  ambiente e o papel do Estado nas políticas energéticas. Realizou-se  uma análise de conceitos sobre biodiesel, o  SCS e a agricultura familiar e suas relações. Contudo, procurou-se discutir  dados relacionados aos temas estudados propondo sugestões.
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![]() 1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores)  Este  libro  es  producto del  trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER).  Libro gratis  | 
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