O turismo assume-se, atualmente, como uma atividade preponderante no seio da economia dos países proporcionando dinâmicas desenvolvimentistas às mais diversas escalas, da local à nacional. Reconhecida pelo seu progresso e amplitude rápida, as suas incidências espaciais têm gerado novas reflexões (CRAVIDÃO e CUNHA, 1991). Há muito que lhe são reconhecidas virtudes e efeitos económicos, sociais e territoriais, tanto nos locais recetores como emissores, estando-lhe inerente o efeito multiplicador de sinergias diretas, indiretas e induzidas noutros setores económicos (MANGORRINHA, 2000).
Segundo CAVACO (2005a), o termalismo é porventura o tipo de atividade turística mais remota, mais consolidada e está nas origens do turismo enquanto atividade criadora de lugares variados e dinâmicos. Não raras as vezes a identificação e valorização de fontes minero-medicinais traçou um caminho de desenvolvimento nalgumas regiões, sobretudo mais rurais e interiores, onde surgiu todo um complexo de equipamentos como balneários, campos desportivos, hotéis, casinos, salas de dança, canto, cinema, teatro, restaurantes, casas de chá, estabelecimentos comerciais…., que originaram mesmo a fundação das próprias localidades, importantes e prestigiados centros turísticos e até grandes centros urbanos (CUNHA, 2003), reforçando o importante papel que as termas desempenharam na localização, génese, desenvolvimento e promoção da imagem dos locais, conferindo-lhes desta feita, uma forma específica, um tanto ou quanto elaborada e cuidada, muito atenta aos pormenores e, um valor simbólico determinante (MANGORRINHA, op. cit.).
Contudo, o espaço termal é um universo complexo, tanto pode proporcionar desenvolvimento como declínio de uma região, mas é incontestável o papel que desempenhou e continua a desempenhar no desenvolvimento local e regional, não só pelas receitas e atração de atividades complementares que contribuem para a diversificação do tecido económico das regiões, mas também pela criação de postos de trabalho para a população local e na potencialização dos recursos endógenos da região envolvente, assim como na indução de fluxos turísticos, termais e não termais, contribuindo para atenuar desequilíbrios aos mais diversos níveis.
Lazer, descanso, férias e tranquilidade são componentes da vida moderna cada vez mais idolatradas na sociedade contemporânea, ganhando um estatuto primordial em oposição ao desgaste inerente à rotina que teima em se instalar, ao stress quotidiano imposto pelo ritmo laboral (SANTOS, 2005) e também pelo ritmo societal. Desta feita, lazer e turismo têm nas últimas décadas, sofrido alterações na sua forma de serem encarados e vividos, resultantes de profundas mudanças operadas a diversos níveis.
O aumento do nível de vida das populações, do período de lazer e da importância atribuída ao mesmo, refletiu-se no aumento do consumo de atividades ligadas ao lazer e ócio, tal como na curiosidade em conhecer novos espaços e ambientes, facto que suscita o incremento da procura turística e o aparecimento de novos destinos e formas de passar o tempo (ESCADA, 1999).
A propensão para a prática generalizada de férias na sequência dos novos hábitos suscitados por modas e gostos que se vão impondo contribuíram para a alteração do panorama turístico tanto nacional como internacional. Como tal, emergiram nos últimos anos uma variedade de novas modalidades turísticas ligadas ao património natural e arquitetónico, à cultura, ao mundo rural, ao espaço natural, associados à memória e simbolismo dos lugares e dos povos, numa tentativa de fugir ao déjà vu demasiado gasto dos destinos turísticos tradicionais, “afirmam-se várias modas para novas clientelas”(CAVACO, 2006: 339), uns reconfiguram-se, outros são criados de raiz. A tendência centra-se agora na procura de lugares mais recônditos, mais pessoais, que mantenham as suas características originais, diferentes da realidade com a qual se contacta no dia a dia.
A emergência de uma nova fase do turismo, que assume novas características de acordo com o novo paradigma da economia globalizada, é acompanhada por mudanças acentuadas nos domínios da procura, dos imputs do processo produtivo, da gestão da atividade e do contexto macroeconómico (FONSECA, 2005). Trata-se de uma nova orientação que exige novos requisitos de competitividade e de diferenciação espacial para a atividade turística onde os conteúdos de cada território se afiguram como fatores de competitividade estratégicos.
Assim, na era da globalização, e face à mudança de mentalidades e gostos da sociedade, emerge o primado pela diferença num contexto de concorrência e competitividade surgindo a “nova era do turismo”estruturada pela segmentação, flexibilização e integração diagonal, que se opõe à massificação, sugerindo um tipo de turismo mais segmentado, mais alternativo e mais ligeiro que toma em consideração os gostos e necessidades dos novos nichos de mercado (BARROS, 2004; FONSECA, op. cit.), que têm vindo a influenciar a valorização de recursos culturais e naturais, induzindo a delineação de novos produtos de turismo por forma a responder a segmentos específicos da procura turística (CARVALHO, 2006). Segmentos esses, que ganham destaque no panorama turístico nacional diversificando assim uma oferta demasiado restrita e condicionada pelos destinos tradicionais, destacando-se o turismo de natureza, o turismo desportivo, o turismo cultural, o turismo científico e tecnológico, o turismo orientado para a afirmação social e prestigiante (cruzeiros por exemplo), o turismo de saúde, entre outros (CAVACO, 2005b).
Em relação ao termalismo, a sua abrangência conceptual e o seu significado têm surgido de forma adaptada às novas exigências dos mercados e sociedades, começando a ser identificada como uma atividade dotada de uma perspetiva transversal não se reduzindo apenas à vertente medicinal ou curativa, mas também associada às dimensões de estilos de vida saudáveis, incluindo a preventiva, lúdica e de bem-estar, rebuscando pois o sentido original da sua criação e importância nas civilizações clássicas.
Nesta linha, as termas constituem uma oferta competitiva numa nova filosofia de ocupação de tempos livres e férias, um espaço onde é harmoniosa a combinação entre saúde e turismo, constituindo uma fórmula bastante atrativa, capaz de satisfazer argumentos como o descanso e bem-estar, cada vez mais procurados na motivação turística atual. As termas, pelas suas características terapêuticas, ambientais e patrimoniais, são lugares idóneos para esses objetivos, já que o “microcosmo termal” de MANGORRINHA (op. cit.), composto por um conjunto de elementos fundamentais, desde o equipamento balnear (balneário, buvette, piscina, hospital) ao equipamento de alojamento, cultural, recreativo, comercial e ambiental, identificam os espaços termais não só como centros terapêuticos de cura e prevenção, mas também como centros de saúde e bem-estar físico e psíquico e centros de recreio e lazer.
O turismo termal assume progressivamente um papel de relevância no contexto do turismo moderno ao mesmo tempo que constitui uma resposta para o turista que procura uma alternativa ao binómio sol/mar, o contacto com a natureza e o afastamento das massas, cabendo às estâncias termais adaptar-se a um novo turista.
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