Observatorio de la Economía Latinoamericana


Revista académica de economía
con el Número Internacional Normalizado de
Publicaciones Seriadas ISSN 1696-8352

ECONOMÍA DO BRASIL

TRANSPORTE FLUVIAL DE PASSAGEIROS: LOGÍSTICA NOS PORTOS E ITINERÁRIOS DO ESTADO DO AMAZONAS





Evandro Brandão Barbosa (CV)
evandrobb@ibest.com.br
Universidade Federal do Amazonas
Adriane Pereira Prado (CV)
adrianepprado@hotmail.com
Centro Universitário Luterano de Manaus





RESUMO
O presente artigo trata do transporte fluvial de passageiros no estado do Amazonas, com abordagem na logística dos portos e itinerários. A pesquisa bibliográfica revela como a navegação fluvial tem se destacado em relação ao escoamento de produção e de deslocamento das pessoas no Estado, ao longo do tempo, porque o transporte fluvial é o principal e mais importante meio de transporte da região. No porto da Manaus Moderna, ponto inicial do fluxo da navegação dos barcos regionais, observa-se a falta de infraestrutura e as condições precárias de atendimento aos passageiros; os barcos são antigos e sujos, comercializam alimentação de higiene duvidosa. E no convés, mercadorias e pessoas ocupam o mesmo espaço, prejudicando a circulação e aumentando os riscos de acidentes pela inobservância das normas de segurança de navegação. Enfim, não oferece uma viagem confortável. Os barcos regionais ou de recreio como são conhecidos não têm suas rotas estabelecidas, param em diversas localidades para carga e descarga de pessoas e cargas; assim, atrasam a viagem, que se torna mais cansativa. Esse trabalho mostra a importância do transporte fluvial, na operacionalização dos serviços de logística nos portos e determinar o grau de dificuldade de locomoção dos passageiros entre as cidades vizinhas e o acesso à educação e à saúde; enfim, a relação desse tipo de transporte e as atividades como circulação dos passageiros, itinerários e segurança como meio de garantir o desenvolvimento econômico, respeitando as características da região. O interesse em realizar a pesquisa subordina-se à relevância do transporte fluvial na região amazônica e face à sua representatividade na compreensão do funcionamento da logística regional. E dessa forma, os resultados dessa pesquisa ora publicados serão úteis à formação de tecnólogos em logística e administradores no estado do Amazonas.

Palavras-Chave: circulação, passageiros, itinerário, segurança.

ABSTRACT
This paper deals with the river transport of passengers in the state of Amazonas, approach with the logistics in ports and itineraries. The literature reveals how IWT has excelled in the marketing production and displacement of people in the state, over time, because the river transport is the main and most important means of transportation in the region. In the port of Modern Manaus, starting point of the navigation flow of regional boats, there is a lack of infrastructure and poor conditions of service to passengers, the boats are old and dirty, market supply of dubious hygiene. And on deck, goods and people occupy the same space, impairing circulation and increasing the risk of accidents for violations of the rules of boating safety. Anyway, does not offer a comfortable ride. Regional and recreational boats as they are known have their established routes, stopping at various locations for loading and unloading of passengers and cargo, so the trip delay , which becomes tiresome. This work shows the importance of river transport in the operation of logistics services in ports and determine the degree of difficulty of movement of travelers between the neighboring cities and access to education and health, and finally, the relationship of this type of transport and activities as movement of passengers, itineraries and security as a means of ensuring economic development, respecting the characteristics of the region. The interest in conducting research is subordinate to the importance of river transport in the Amazon region and due to its representation in the understanding of the functioning of the regional logistics. And thus, the results of this research will be published sometimes useful to training in logistics technologists and administrators in the state of Amazonas.
Key words: movement, passengers, route, safety.

RESUMEN
En este trabajo se aborda el transporte fluvial de pasajeros en el estado de Amazonas, el enfoque de la logística en los puertos e itinerarios. La literatura revela cómo TVN se ha destacado en la producción de la comercialización y el desplazamiento de personas en el estado, con el tiempo, debido a que el transporte fluvial es el principal y el más importante medio de transporte en la región. En el puerto de Manaus Moderna, punto del flujo de navegación de los barcos regionales de partida, hay una falta de infraestructura y las malas condiciones de servicio a los pasajeros, los barcos son viejos y sucios, la oferta del mercado de dudosa higiene. Y en la cubierta, los bienes y las personas ocupan el mismo espacio, impidiendo la circulación y aumenta el riesgo de accidentes por violaciones de las normas de seguridad en la navegación. De todos modos, no ofrece una conducción cómoda. Barcos regionales y recreativas como se les conoce tienen sus rutas establecidas, parando en varios lugares de carga y descarga de pasajeros y carga, por lo que el retardo de ida, que se convierte en tedioso. Este trabajo muestra la importancia del transporte fluvial en el funcionamiento de los servicios de logística en los puertos y determinar el grado de dificultad del tráfico de viajeros entre las ciudades vecinas y el acceso a la educación y la salud y, por último, la relación de este tipo de transporte y las actividades como el movimiento de pasajeros, itinerarios y la seguridad como un medio para asegurar el desarrollo económico, respetando las características de la región. El interés en la realización de investigaciones está subordinada a la importancia del transporte fluvial en la región amazónica y debido a su representación en la comprensión del funcionamiento de la logística regional. Y por lo tanto, los resultados de esta investigación serán publicados para la formación en logística tecnólogos y administradores en el estado de Amazonas.
Palabras clave: movimiento, los pasajeros, la ruta, la seguridad.

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Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Brandão Barbosa, E. y Pereira Prado, A.: "Transporte fluvial de passageiros: logística nos portos e itinerários do estado do Amazonas", en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 194, 2014. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/14/transporte-fluvial.hmtl


Introdução
O transporte é a movimentação de pessoas e mercadorias que se deslocam de um lugar para outro, com a utilização de determinado meio. O transporte possui as seguintes modalidades: rodoviário, ferroviário, aéreo, dutoviário e aquaviário.
Atualmente o transporte mais utilizado no Brasil é o rodoviário, devido à construção e utilização de rodovias que possibilitam o transporte mais rápido e mais eficiente, embora mantenha nível elevado de emissão de dióxido de carbono para a atmosfera. Porém, no estado do Amazonas predomina o transporte aquaviário, e esta modalidade de transporte utiliza os rios, igarapés, furos e lagoas como vias de ligação entre localidades, estados, oceanos e países.
A utilização dos rios como vias de transporte na navegação fluvial sempre foi uma realidade na história do estado do Amazonas; no passado, as embarcações eram movidas a vapor, mas desenvolvimento tecnológico de máquinas e comunicações possibilitaram a evolução das embarcações e a redução do tempo das viagens de pessoas e cargas. Do barco a vapor para o motor de explosão e ainda a navegação por instrumentos de alta tecnologia aumentaram não apenas a navegabilidade, mas também maior capacidade de transporte e maior segurança.
O transporte fluvial no Amazonas tem uma importância socioeconômica bastante significativa para toda a região, gerando emprego, renda e continuidade do transporte de passageiros e carga. Vale ressaltar que o transporte fluvial é o responsável pelo transporte de maioria dos passageiros e da carga no interior do estado do Amazonas; diferentemente de outros estados brasileiros que utilizam o transporte rodoviário com maior frequência.
O Transporte fluvial de passageiros no estado do Amazonas é secular, mas a sua logística portuária e nos itinerários ainda apresenta problemas. Neste artigo, procurou-se responder à seguinte pergunta: quais os principais entraves do transporte de passageiros no estado do Amazonas? Como resposta, pode-se apresentar a falta de segurança e de infraestrutura dos barcos, portos e itinerários. O objetivo dessa pesquisa, portanto, é revelar respostas para a pergunta apresentada. Os resultados dessa pesquisa são relevantes para a aprendizagem de estudantes nas áreas de logística e administração na Amazônia.

2. A contextualização da pesquisa
Para o desenvolvimento desse trabalho procurou-se primeiramente observar, estudar e pesquisar as práticas realizadas no ambiente estudado, como o embarque e o desembarque de cargas e passageiros no transporte fluvial no estado do Amazonas. A principal área de estudo foi o porto da Manaus Moderna, pois é onde ocorre o maior fluxo de partidas e chegadas de embarcações, que fazem a ligação entre a capital do estado do Amazonas e o interior do estado, bem como entre a capital do Amazonas e as localidades de outros estados amazônicos. Durante a pesquisa, observou-se in loco as condições de funcionamento do transporte fluvial, sua importância e as condições de infraestrutura nos portos e nas embarcações.

2.1 A importância do transporte fluvial de passageiros no estado do Amazonas
A navegação fluvial na Amazônia tem um grande significado, desde quando somente os indígenas viviam nessa região. Para atender suas necessidades de transporte, os indígenas utilizavam os materiais disponíveis na natureza para fabricação do seu meio de transporte que flutuasse nos rios, como exemplo os troncos das árvores, tendo como objetivo transportar pessoas, alimentos e outros tipos de cargas; assim fabricavam canoas e balsas de madeira. Com a chegada dos europeus na região, o crescimento da população e da economia, houve a necessidade de construir embarcações apropriadas para transportar pessoas e cargas em maior volume, pois os navegantes estrangeiros utilizavam essas embarcações para navegarem nos rios com objetivo de conhecer a Amazônia, enquanto os indígenas utilizavam canoas para realizar suas atividades conforme esclarece Barbosa (2013, p. 30):

Essas embarcações serviam de transporte aos indígenas para a realização de suas atividades de sobrevivência e de defesa e ataque durante as “guerras”; porém como a freqüência presença de viajantes estrangeiros na Amazônia, as canoas também foram utilizadas como embarcações de apoio às expedições realizadas; às vezes tripuladas somente por indígenas ou somente por não indígenas; ou ainda por tripulação mista, onde estrangeiros e indígenas poderiam navegar em uma mesma canoa. Essa navegação tem um significado singular na navegação e no transporte fluvial na Amazônia.

A canoa representou um importante meio de transporte para os indígenas, assim como outras embarcações representaram para os estrangeiros, tendo esses tipos de embarcações uma importância significativa para o transporte de pessoas e cargas no estado do Amazonas. É importante ressaltar que esse tipo de transporte representa um meio de se locomover entre a capital e o interior do Amazonas. No entanto, as embarcações representam o único meio de transportar pessoas e cargas dentro da região, tanto para fins econômicos ou meio de sobrevivência dos ribeirinhos. Sem as embarcações, a população do interior não conseguiria ter acesso à capital Manaus; portanto, as embarcações têm uma característica peculiar, que é o transporte de passageiros e cargas ao mesmo tempo, a navegação fluvial na Amazônia era motivada pelas necessidades de deslocamento de pessoas e de cargas (BARBOSA, 2013, p. 47).
Quando o comércio no Amazonas começou a se expandir, houve a necessidade de priorizar o transporte fluvial entre a capital e o interior, ficando clara a importância da navegação entre os vários municípios, pois a região possui a maior bacia hidrográfica do mundo; houve a necessidade de acompanhar o crescimento e desenvolvimento tanto do comércio quanto da navegação.
As dificuldades do transporte fluvial na região Amazônica têm forte influência na morosidade do crescimento econômico da região, tendo em vista a falta de infraestrutura e os entraves logísticos, tanto nos portos, como dentro das embarcações. Para que haja mudanças positivas nesse cenário é importante identificar os gargalos nos serviços de logística do transporte de passageiros no estado do Amazonas. Entretanto, as embarcações são o principal meio de transporte na maioria das comunidades do interior do estado do Amazonas, tendo uma grande importância na vida das pessoas que utilizam esse meio de transporte para fazer suas viagens e realizar suas práticas sociais. Sem a navegação fluvial na Amazônia seria muito mais difícil viver e produzir.

Seria impossível viver e produzir na Amazônia se a região não fosse dotada de meios de transporte e navegação, que permitissem o tráfego de pessoas e produtos. Felizmente, graças ao ciclo da borracha, foi possível investir na construção de infraestrutura de portos e na compra de embarcações que, partindo de Belém e Manaus, percorriam quase todos os rios da região, viabilizando, assim, a produção regional. (BENCHIMOL, 1995, p.3)

Fica claro, que a navegação fluvial na região é secular e tornou-se essencial na vida dos habitantes locais, que necessitam desse meio de transporte para sua locomoção, sendo uma necessidade básica da população ribeirinha. No entanto, existem gargalos que dificultam o serviço de logística desse modal de transporte, de forma que além de ser o responsável pela mais baixa emissão de dióxido de carbono, também participe da elevação da qualidade de vida da população amazônica.
Os gargalos que interferem nos serviços de logística no transporte de passageiros para o interior do Amazonas são:

A despeito dessas dificuldades, que causam serviços de baixa qualidade na navegação fluvial, o transporte pelos rios da Amazônia continua interligando capitais amazônicas, localidades e regiões, muito mais pelo destemor de empresários e trabalhadores do setor do que pelas políticas públicas das três esferas governamentais.

2.2 Infraestrutura Portuária

A infraestrutura portuária, tanto na capital como no interior do Amazonas, apresenta deficiências no acesso dos passageiros e cargas, circulação de pessoas e segurança, principalmente no que diz respeito aos terminais de cargas e passageiros. Observa-se um cenário cheio de problemas que precisa de uma solução. Hoje, tanto o embarque quanto o desembarque dos passageiros são feitos no mesmo terminal destinado à movimentação de cargas. Ao falar sobre a navegação e transporte na Amazônia, Benchimol (1995) escreve:

O descaso pela navegação fluvial é tão grande, que os “motores de linha”, “barcos de recreio, chatas, alvarengas, batelões e balsas, que chegam ou partem para o interior, não tem sequer- em Manaus- um porto especial, onde possam atracar e desembarcar os passageiros e cargas e, por isso, buscam desesperadamente uma vaga ou “estacionamento” na beira de um igarapé, ou no antigo “roadway” da Manaus Harbour. Na época das vazantes, quando o rio fica muito longe do beiradão, os pobres carregadores são submetidos a um verdadeiro suplício, transformados em verdadeiras bestas de carga, transportam dezenas de cachos de banana às costas, ou paneiros e sacas de farinha, feijão, milho e arroz na cabeça. Os pobres passageiros, carregando as suas bagagens, tiram os sapatos e com crianças ao colo, percorrem um grande estirão de lama, buracos e grotões, até alcançar o barranco alto na beirada dos rios (p.17).

Com a falta de terminais especializados surgem portos clandestinos, barcos que atracam em barrancos onde são feitos embarque e desembarque de cargas e passageiros de forma precária e insegura, pondo em risco a vida de todos. Esse tipo de cenário ainda se faz presente no Amazonas, por isso é importante que haja projetos que viabilizem a construção de terminais adequados para a locomoção de cargas e de passageiros.
A estrutura dos portos localizados no interior do estado do Amazonas é precária, necessitando de investimento do poder público. E importante frisar que esses portos localizados no interior não precisam ser de grande porte, mas necessitam de segurança em todo seu entorno; apenas como exemplo, na Figura 1 demonstra-se o tipo de dificuldade que os passageiros enfrentam para embarcar nos barcos ancorados nesse local.
Para que os usuários tenham facilidade de acesso às embarcações, é necessário que as estruturas portuárias ofereçam condições que possibilite esse acesso, não somente para os passageiros, mas também para os carregadores que exercem essa atividade há bastante tempo nos portos. Segundo a ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) é preciso que os terminais apresentem, sob a ótica operacional, estruturas necessárias para facilitar a circulação de todos os usuários que dependem desse transporte direto ou indiretamente.
A infraestrutura dos portos deve oferecer facilidade no embarque e desembarque dos passageiros, dispondo de serviços necessários para seus usuários. Muitos desses usuários utilizam o transporte fluvial para o próprio transporte e também para o transporte de cargas de grande e pequeno porte para os municípios vizinhos.
Especificamente na cidade de Manaus, os usuários do transporte fluvial têm dificuldades até mesmo em relação ao estacionamento do porto, onde o espaço é escasso, onde não existe segurança e organização. Um fato importante que se verificou durante a pesquisa de campo, foi a falta de lixeiras, telefones públicos, boxes regularizados para venda de passagens e balcão de informações com profissional treinado para orientar os usuários sobre a saída e chegada das embarcações.
A Figura 2 mostra as dificuldades de acesso às embarcações na época da vazante, embora na época da cheia o cenário das margens dos rios também represente dificuldades de embarque e desembarque.
A infraestrutura precária dos portos fluviais do estado do Amazonas está exposta para todos que têm interesse em conhecer essa realidade. Devido à inadequada infraestrutura dos portos e dos itinerários, todas as pessoas que utilizam os serviços de transporte das embarcações direta ou indiretamente, sofrem com a situação atual dos terminais, portos e itinerários fluviais do estado do Amazonas.
O porto de cargas e passageiros da Feira da Panair, localizado no bairro Colônia Oliveira Machado, Zona Sul de Manaus, é um porto importante de escoamento de produção agrícola e pescados vindos dos municípios vizinhos de Manaus. É nesse porto onde ocorre o desembarque, comercialização e distribuição de todo o pescado que chega de várias regiões do Amazonas, para abastecer os mercados, feiras e a população da cidade.
A realização de uma análise mais acurada sobre o ambiente do porto da Feira do Panair revela as condições precárias, sem organização e segurança, sofrendo pela falta de infraestrutura e investimentos em todo o seu entorno. Fica evidente a desordem e a sujeira do local infestado por urubus atraídos pelos restos de peixes jogados no chão, sem nenhuma preocupação com o ambiente sem lixeiras e esgoto a céu aberto; não existe saneamento básico adequado, as pranchas feitas de madeiras erguidas no porto e entre os barcos, evidenciando uma infraestrutura precária, e oferecendo perigo constante aos passageiros. Na Figura 3, pode-se observar com mais clareza essa realidade no porto da Feira da Panair.
O porto da Panair, portanto, apresenta-se como um local precário em vários aspectos; desde o seu entorno até às estruturas onde são realizadas as atividades de comercialização e de distribuição de peixes; não existem condições adequadas de higiene e de segurança.

2.3 Segurança e Fiscalização nas Embarcações

O estudo do transporte fluvial no Amazonas é uma necessidade. Nos barcos de transporte misto (passageiros e cargas) como são conhecidos, não existe segurança, pois, no mesmo convés são acomodados cargas e passageiros, podendo causar acidentes e desconforto durante a viagem. Fica evidente a falta de organização dentro das embarcações, pois não existe espaço delimitado para os passageiros armarem suas redes e acomodar suas bagagens; além disso, falta higiene nos banheiros e também na cozinha, onde são preparadas as refeições oferecidas aos passageiros; o atendimento dispensado aos passageiros não proporciona a satisfação das necessidades apresentadas. A Figura 7 mostra as condições de acomodação de passageiros em uma embarcação regional, onde as redes armadas no convés ocupam todo o espaço.
Apesar das exigências dos órgãos responsáveis pela segurança no tráfego das embarcações, muitas ainda fazem transportes de cargas e passageiros sem a obediência integral às normas legais.
2.4 A Logística no Porto da Manaus Moderna

O porto da Manaus Moderna foi construído em meados do século XX, localizado na orla fluvial da cidade de Manaus, próximo ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa, e também próximo ao Roadway; encontra-se em um ponto bastante estratégico bem no centro da cidade; é um dos portos mais importantes para o embarque e desembarque de cargas e passageiros, e o ponto de partida e de destino da navegação dos barcos conhecidos como recreios ou regionais.
As embarcações ficam ancoradas nas balsas de propriedade particular, mas essa infraestrutura é precária em todo seu entorno. As embarcações que atracam no porto da Manaus Moderna são geralmente de médio e pequeno porte, a principal característica dessas embarcações é o fato de transportarem passageiros e cargas ao mesmo tempo.
No porto da Manaus Moderna foi possível constatar que o mesmo é caracterizado pela infraestrutura precária, prejudicando as atividades portuárias; existe um fluxo intenso de carregadores, passageiros e comerciantes que dividem o mesmo espaço no porto, sujeitos ao mesmo baixo nível de segurança.
O porto é um local de entrada e saída de pessoas que chegam e que vão para o interior do Amazonas; pessoas que seguem para a capital Manaus, levando sua produção regional (macaxeira, banana, farinha, laranja etc.), que irá abastecer as feiras e mercados da cidade; os comerciantes que vão a Manaus fazer suas compras utilizam o porto da Manaus Moderna também para embarcar mercadorias compradas na capital, que irão abastecer as mercearias localizadas em várias partes da região, mas apesar de tantas dificuldades, o interiorano da região sempre buscou os meios e formas de transportar o que produz de acordo com a criatividade de cada um, usando os mais variados tipos de embarcações ao seu dispor, subordinando-se aos perigos dos rios (ANTONACCIO, ?, p. 87)
É importante compreender como funciona essa interação com os donos dos barcos; de um lado ocorre o abastecimento do comércio local com produtos regionais, do outro lado realiza-se o envio de produtos de vários gêneros que lá não são produzidos. Muitas vezes os próprios comerciantes atacadistas de Manaus embarcam as mercadorias encomendadas, as quais seguem para outros municípios utilizando esse porto, pois, além de ser estrategicamente bem localizado, as taxas cobradas são mais baixas, diferentemente das taxas cobradas para as embarcações ancoradas no porto Roadway.
A maioria dos passageiros prefere o porto da Manaus Moderna para embarque desembarque de passageiros e cargas. Um dos fatores a ser considerado é o preço cobrado pelas passagens nas embarcações que atracam nesse porto; geralmente as passagens são vendidas pelos agenciadores que ficam na orla do porto, ou podem ser compradas diretamente com os armadores (donos dos barcos). Outro fator é a facilidade no embarque de cargas e de passageiros, que é feito com mais agilidade e não tem cobrança de taxas pelo volume da carga, por isso explica-se esse intenso fluxo de passageiros e cargas.
Em visita ao porto da Manaus Moderna pode-se observar a ausência dos equipamentos de transporte e de movimentação de cargas; sem esses equipamentos os esforços dos carregadores para transportar as cargas durante o embarque e o desembarque são maiores; verificou-se também que a rampa de acesso às embarcações é bastante escorregadia, podendo causar vários acidentes de trabalho. A Figura 5 mostra a rampa de acesso às embarcações.
Para que a logística de serviços de transporte de passageiros funcione com eficiência, há necessidade de investimentos em equipamentos de segurança; sem esses investimentos, esse porto que é tão necessário para o escoamento de mercadorias e transporte de passageiros continuará em situação delicada.
O desenvolvimento logístico nesse porto só irá acontecer quando existir uma ação conjunta de todos os participantes, governo, proprietários de balsas e donos de embarcações, pois existe um grande gargalo nesse desenvolvimento que é o alto custo logístico. Conforme explica Barbosa (2013):

Os altos custos logísticos na Amazônia indicam a necessidade de políticas estaduais e municipais nas áreas da construção naval, de estruturas portuárias e de vias fluviais. A ausência de clareza nas decisões dos poderes públicos nessas áreas impede os investimentos privados mais significativos, em razão da baixa expectativa de retorno do capital a ser investido na área. Em relação à ampliação de portos já existentes e a construção de novos portos, tecnologicamente adequados para a logística na Amazônia, a estrutura portuária deve ser pensada como um empreendimento gerador de crescimento econômico (p.149).

A dificuldade de utilização desse porto, por falta de infraestrutura, reflete-se na organização atual no embarque e desembarque de cargas e passageiros, onde ficam evidentes a desordem, a insegurança, a infraestrutura inadequada e a falta de manutenção das balsas disponíveis no porto da Manaus Moderna.
Dessa forma, fica claro, a importância da manutenção, preservação e investimento nesse porto, que é caracterizado pelo caos urbano e falta de infraestrutura que dificulta o desenvolvimento econômico prejudicando o direito de ir e vir da população.

2.5 A Funcionalidade das Balsas Atracadas no Porto da Manaus Moderna

O porto da Manaus Moderna é composto por três balsas atracadas para o acesso às embarcações; essas balsas são conhecidas popularmente como “Balsa Amarela ou do Pescado”, “Balsa do Boizão” e “Balsa do Produtor”; para que as balsas fiquem atracadas nesse porto é preciso que os seus proprietários paguem um valor referente ao licenciamento das mesmas junto à Capitania dos Portos.
As balsas funcionam como cais, onde circulam pessoas, vendedores de verduras, ambulantes e carregadores, sobre essas balsas também existem pequenos comércios, lanches e pequenas barracas de venda de alimentos. Como essas balsas são de propriedade privada, cobra-se uma taxa de cada usuário que utiliza o espaço para exercer suas atividades comerciais; dos comerciantes é cobrada a taxa semanal; dos carregadores de bagagens é cobrada uma taxa diária, pagando essa taxa eles têm acesso às embarcações. No entanto, os barcos que atracam nas balsas, pagam um determinado valor, de acordo com o tamanho das embarcações, o valor cobrado da diária varia de R$ 40,00 (quarenta reais) a R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais).
Existe uma grande movimentação de embarcações nas balsas do porto da Manaus Moderna, originárias de vários municípios do Amazonas; um intenso fluxo de passageiros que preferem embarcar nesse porto, onde os preços das passagens são mais baixos, e onde não se paga taxas por limites de bagagens. Essa três balsas servem de atracadouros para os barcos regionais, de casco de madeira. Nesses barcos de viagens acontecem embarque e desembarque de passageiros e cargas, utilizando as balsas como ligação entre as embarcações e a terra firme. Cada embarcação costuma utilizar o mesmo local junto à balsa; dependendo do município de origem dos barcos, já existe a balsa certa para aportar e assim a sua localização torna-se mais facilitada.
O fato de existir uma intensa movimentação de barcos, passageiros, comerciantes e carregadores que pagam por usar o espaço para desempenharem suas atividades comerciais, logo, é correto afirmar que existe um lucro significativo com as taxas cobradas. Esse lucro, segundo os administradores das balsas, é revertido para a manutenção das mesmas (CODE, 2011). Entretanto, pode-se observar que as estruturas das balsas encontram-se enferrujadas; as pranchas de madeiras erguidas para dar acesso a terra firme são precárias; em uma das balsas observam-se os fios de energia elétrica expostos, podendo causar acidentes graves, porque o fluxo de pessoas é muito intenso naquele local.
A Figura 6 mostra uma balsa atracada no porto da Manaus Moderna, onde é possível identificar barracas que comercializam diferentes produtos; ao fundo da figura existe uma embarcação atracada à balsa.

As balsas atracadas no porto da Manaus Moderna têm a função de interligar as embarcações à terra firme; servem como ponte e porto flutuantes; na vazante e na cheia do rio Negro, as balsas acompanham o nível das águas e continuam nas suas funções.

3. Considerações Finais

A navegação fluvial no estado do Amazonas é uma parte essencial na vida dos passageiros, que a utilizam para o transporte de passageiros e de cargas; a navegação fluvial é uma necessidade básica para as populações do interior da Amazônia, e no interior do estado do Amazonas não é diferente. Respeitar a relação das pessoas com os rios na Amazônia representa o reconhecimento da cidadania.
O estado do Amazonas está localizado na Amazônia Ocidental, uma região que necessita de um sistema de navegação adequado, devido às grandes distâncias internas entre os seus municípios; as interligações dos municípios e das comunidades com as grandes cidades são feitas por via fluvial, embora na cheia e na vazante as dificuldades aumentem para a navegação fluvial. Em alguns lugares a navegação é o principal transporte responsável pela locomoção de pessoas, mercadorias e pelo turismo na região.
Entre as necessidades de melhoria nas condições portuárias e de itinerários da navegação fluvial no estado do Amazonas estão: a. construção de estrutura portuária adequada às características geográficas e ao regime das águas dos rios, de modo a priorizar a acessibilidade para o embarque e desembarque de pessoas; b. fiscalização do transporte fluvial, para garantia da segurança dos seus usuários; c. investimento na infraestrutura das embarcações; d. sinalização dos itinerários; capacitação das tripulações.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTAQ. Agência Nacional de Transportes Aquaviários: Caracterização da Oferta e da Demanda do Transporte Fluvial de Passageiros na Região Amazônica. Relatório Executivo, 2013. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br>. Acesso em: 11 set. 2013.

ANTONACCIO, Gaitano Laertes Pereira. Notas Históricas da Economia do Amazonas Ensaio. Manaus: Autor (?) Gráfica Galvão.

BARBOSA, Evandro Brandão. A Navegação Fluvial na Amazônia: berço, infância e adolescência. Manaus: Autor, 2013.

BENCHIMOL, Samuel. Navegação e Transporte na Amazônia. Manaus- Edição Julho-1995

DAVID, Robert Carvalho de Azevedo. A Dinâmica do Transporte Fluvial de Passageiros no Estado do Amazonas, 2010. Dissertação Universidade Federal do Amazonas, Programa de Pós-Graduação Mestre em Geografia. Disponível em: <http://www.ppgg.ufam.edu.br/attachments/article/38/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20robert%20carvalho%20de%20azevedo%20david.pdf>. Acesso em: 16 set. 2013.

MEDEIROS, Juliana Terezinha da Silva. O Transporte Fluvial e o Direito à Dignidade da Pessoa Humana na Amazônia, 2012. Dissertação (Mestrado) Universidade do Estado do Amazonas, Programa de Pós-Graduação em Direito, 2012. Disponível em: <http://www.pos.uea.edu.br/data/area/titulado/download/30-7.pdf>. Acesso em: 28 ago.2013.

GOMES, Maria Milene de Souza. O Mundo do Trabalho no Cais do Porto da Manaus Moderna: O Carregador de bagagens, e o Trabalho Precário. Code 2011. (Mestrado) Universidade Federal do Amazonas- UFAM, Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, 2011. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/code2011/chamada2011/pdf/area2/area2-artigo1pdf-> Acesso em: 16 set. 2013

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