"Contribuciones a la Economía" es una revista 
académica con el
Número Internacional Normalizado 
de Publicaciones Seriadas 
ISSN 1696-8360
INTERPRETAÇÕES DA GLOBALIZAÇÃO E SEUS REFLEXOS NA ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
            Fabricio Quadros Borges (CV)
            
            doctorborges@bol.com.br
                Universidade da Amazônia 
           		
            
            
          
Resumo: O objetivo deste artigo é o de desenvolver possibilidades de interpretação do processo de globalização de maneira a observar seus reflexos no ambiente da Administração de empresas. A globalização é um processo dotado de transformações tecnológicas, sociais, econômicas e culturais, que envolvem o aumento da comunicação e interdependência entre os países que reúnem os mercados mundiais, sociedades e culturas. Este estudo pretende questionar de que maneira estas transformações se refletiram no ambiente da Administração de empresas. A metodologia utilizou um levantamento bibliográfico e uma análise que associou a dinâmica do processo de globalização e grandes representantes do pensamento administrativo. A investigação verificou que as modificações decorrentes do processo de globalização foram absolvidas pelos modelos gerenciais conforme as demandas organizacionais e em determinadas conjunturas.
Palavras-Chave: Globalização. Transformações  socioeconômicas. Administração de empresas.
                        
Abstract: The purpose of this article is to develop possibilities of interpretation of the process of globalization in order to observe their effects on the business administration environment. Globalization is a process with a technological, social, economic and cultural transformations that involve increased communication and interdependence among countries bringing together the world markets, societies and cultures . This study aims to question how these changes were reflected in the business administration environment. The methodology used a literature review and an analysis that linked the dynamics of globalization and great representatives of management thought. The investigation found that the changes arising from globalization were acquitted by managerial models as organizational demands at a given situation.
Keywords: Globalization. Socioeconomic  transformations. Business administration.
                        
Resumen: El propósito de este artículo es desarrollar las posibilidades de interpretación del proceso de la globalización , a fin de observar sus efectos en el medio ambiente de administración de empresas. La globalización es un proceso con las transformaciones tecnológicas, sociales, económicas y culturales que implican una mayor comunicación e interdependencia entre los países que reúnen a los mercados mundiales , las sociedades y las culturas. Este estudio tiene como objetivo cuestionar cómo se reflejan estos cambios en el entorno de administración de empresas. La metodología utilizada una revisión bibliográfica y un análisis que vincula las dinámicas de la globalización y los grandes representantes del pensamiento de gestión. La investigación encontró que los cambios derivados de la globalización fueron absueltos por los modelos de gestión como las exigencias organizativas y en uma situación dada.
Palabras Clave: Globalización. Transformaciones socioeconómicas. Administración de empresas.
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Quadros Borges, F.: "Interpretações da globalização e seus reflexos na administração de empresas" ,en Contribuciones a la Economía, febrero 2014, en www.eumed.net/ce/2014/transformazoes-socioeconomicas.html
1. INTRODUÇÃO
A  globalização é um  processo dotado  de escala tecnológico, social e cultural, que envolve o aumento da comunicação e interdependência entre os países que reúnem os mercados mundiais, sociedades e culturas (ZAMORA, 2013). Em  uma época de complexidades organizacionais, incertezas na gestão de recursos e  um ambiente mercadológico inserido neste processo de globalização, o desafio em  compreender os reflexos da globalização no ambiente da Administração  empresarial, representa um dos mais importantes compromissos científicos da  sociedade capitalista.
            A globalização compreende, na realidade, a  extensão de uma organização para ambientes gradativamente mais amplos através  do fim das economias nacionais e de uma integração cada vez maior dos mercados,  dos meios de comunicação e dos transportes (BORGES, 2001).
            O objetivo deste  artigo é o de desenvolver possibilidades de interpretação do processo de  globalização de maneira a observar seus reflexos no ambiente da Administração  de empresas. Nesta perspectiva, este estudo pretende questionar de que maneira as transformações oriundas da  globalização se refletiram no ambiente da Administração de empresas. Parte-se  da hipótese de que quando se elucidam os avanços teóricos fundamentais da  evolução da Administração à luz das realidades atuais, criam-se condições  razoáveis de interpretar os objetivos propostos pelas organizações e de  levantar subsídios para a transformação destes objetivos em ações  organizacionais por meio do planejamento, da organização, da direção, do  controle e da coordenação. 
A estrutura de apresentação deste artigo é desenhada a partir de uma discussão prática entre ideias centrais que representam grandes contribuições ao desafio de administrar organizações, tendo como pano de fundo a integração dos mercados nacionais através do contexto da globalização. Além desta introdução, o estudo ainda é composto de outras quatro partes. A estratégia metodológica, as interpretações sobre o processo de globalização, a evolução da administração e o processo de globalização, e a conclusão.
2. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
                                        
A investigação é  classificada quanto à abordagem do problema como uma pesquisa qualitativa e  quanto ao seu gênero como um estudo teórico. É qualitativa, visto que procura  oportunizar melhor visão e compreensão (MALHOTRA, 2006) acerca do processo de globalização. É teórica na medida em que analisa  a correlação intrínseca entre a globalização e os reflexos junto a  Administração de empresas. A metodologia foi dividida  em duas etapas: coleta de dados e análise dos mesmos. 
            A coleta de dados realizou-se através de um  levantamento bibliográfico, através de livros e periódicos que abordam a  temática. O  processo de coleta assumiu duas diretrizes: o processo de globalização e a  evolução da administração a luz da globalização. 
            No  primeiro, procurou-se utilizar contribuições conceituais e abordagens formadas  por composição de aspectos e características. No segundo, foram consideradas as  correntes de  pensamento administrativo  mais integradas ao contexto globalizado. A seguir, no Quadro 1, apresentam-se  estas correntes.
Quadro 1: Abordagens do pensamento administrativo e seus principais contribuintes.
| ABORDAGEM | CONTRIBUINTES | |
| Científica | Frederick Winslow Taylor | |
| Clássica | Henri Fayol | |
| Estruturalista | Amitai Etzioni | |
| Sistêmica | Ludwig von Bertalanffy, | |
| Contingencial | Joan Woodward | |
Fonte: Elaborado pelo autor.
A  análise de dados possuiu o propósito de examinar o ambiente da Administração de  empresas a partir das transformações oriundas do processo de globalização.
                      
3.  INTERPRETAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO
                                                
            A globalização compreende um processo de  integração mundial que se baseia na liberalização econômica. Através da  extinção paulatina de barreiras tarifárias que protegem uma determinada  produção da concorrência estrangeira, os países se abrem ao fluxo internacional  de bens, serviços e capitais. Este ambiente ocasiona o crescimento das corporações  transnacionais, que exercem papel decisivo na economia internacional.
            Nesta discussão, a globalização se apresenta como  ambiente contextual, pois a mesma reúne condições de atuar sobre o espaço herdado  de tempos passados, compreendendo enfoques organizacionais construídos através  da evolução do pensamento administrativo, remodelando-os em função das novas necessidades  de mercado.
            A globalização se apresenta através de três  esferas que devem ser analisadas conjuntamente. Observe estas esferas através  do Quadro 2, a seguir:
                                  
            Quadro 2: Interpretações conceituais das  esferas da globalização
| ESFERA DA GLOBALIZAÇÃO | INTERPRETAÇÕES CONCEITUAIS | 
| POLÍTICA | Extensão mundial do sistema político que tem sido mais útil no reconhecimento da dignidade e da democracia. Tomando como ponto de partida que todo ser humano tem o direito de viver sob a proteção de um sistema democrático, um sistema político mundial deve ser alicerçado em uma estrutura jurídica que garanta o Estado de Direito e a separação dos três poderes: executivo, legislativo e judicial. A globalização política só faz sentido se for acompanhada por justiça global, baseado em um sistema de regras mundiais juridicamente vinculativas, resolução de conflitos e aplicação coletiva. Acredita-se que a justiça global deve ser justa, e isso não é necessariamente defendido por todas as nações e todas as pessoas na fase atual da globalização. | 
| ECONÔMICA | Processo que tende a remoção de barreiras que os países ainda mantêm à livre circulação de capitais e mercadorias. Este processo é movido notadamente por transnacionais e os centros internacionais de poder econômico como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional. A ferramenta essencial serão as novas tecnologias de comunicação, como Internet. Todo o planeta seria um mercado único, onde o livre comércio não é objetivo ou fim em si mesmo. O livre comércio deve estar dentro de um quadro de regulamentação para a redistribuição social e proteção ambiental. Produtos, serviços e investimentos movem-se através das fronteiras com o aumento da liberdade e velocidade, criando muitos benefícios econômicos para muitas pessoas e muitas nações. 
 | 
| CULTURAL | De fato, à primeira vista parece positivo que em todos os lugares do planeta pode ter acesso a fenômenos culturais que ocorrem em qualquer área geográfica: estamos a assistir o mesmo teatro em Nova York, Londres ou Tóquio. Ao mesmo tempo, podemos ter notícias de diferentes músicas do mundo, bem como os diferentes pensamentos que estão ocorrendo na aldeia global. Esta é uma situação sem precedentes na história da humanidade que permite um rico intercâmbio entre os seres humanos e culturas diferentes. Neste sentido, a presença física dos portadores de outras culturas em nossa sociedade está contribuindo para um enriquecimento definitivo de nossa própria cultura através da miscigenação. Apesar de oportunidades de enriquecimento cultural, a realidade é que, apesar de uma miscigenação marginalmente estar presente nas nossas sociedades, as nossas cidades cada vez mais se assemelham, os nossos padrões de lazer também são iguais, os nossos hábitos alimentares e vestuário seguem o mesmo padrão, com preponderância alarmante de modo de vida americano, que ameaça tornar-se a única forma de vida planetária. | 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de adaptação de Zamora (2013).
De acordo com  Zamora (2013), a natureza diferencial do desenvolvimento mundial não é um  atributo do aprofundamento da divisão internacional do trabalho (material de  suporte à globalização), está implícito na própria natureza do sistema de  acumulação capitalista global, que, por definição, pressupõe a concentração de  poder, riqueza e conhecimento em um pequeno grupo de países altamente  desenvolvidos, enquanto outros países devem ser inseridos a partir das regras  desenvolvidas pelo capital transnacional. 
            Diante dessa  realidade, os países menos desenvolvidos devem concentrar todos os seus  esforços em encontrar maneiras de utilizar, eficazmente, as vantagens que ela  pode oferecer a atual divisão internacional do trabalho, especialmente aqueles  relacionados às novas tecnologias, apesar de ser controlada pelos centros  desenvolvidos produção de conhecimento, é possível adaptar-se a condicional  regional e local (ZAMORA, 2013). 
            A globalização compreende na condição de um  nível de desenvolvimento do capitalismo, uma combinação de três aspectos  básicos que podem ser verificados através do Quadro 3: 
Quadro 3: A caracterização dos aspectos da globalização
| ASPECTOS  | CARACTERIZAÇÃO | 
|             | 
 | 
| Produtiva | 
 | 
| do Trabalho | 
 
 | 
Fonte: Gonçalves (1998).
Nesta caracterização também se deve observar  a simultaneidade destes aspectos que se apresentam nas economias capitalistas e  apresentam desafios severos para a Administração nas organizações. A seguir,  inicia-se uma abordagem que envolve importantes contribuições para o pensamento  administrativo.
            Verifica-se  que o processo de globalização tem gradualmente sofrido uma intensificação  notadamente nos anos de 1990 e 2000. Todavia, com destaca Ballestero-Alvarez (2001),  este iniciou com o surgimento do capitalismo: 
                                    
            Desde o  surgimento do capitalismo sempre existiu a tendência à internacionalização,  devido principalmente à sua essência: produzir para o mercado  objetivando o lucro e, consequentemente, a acumulação da riqueza  (BALELESTERO-ALVAREZ, 2001). 
A internacionalização  do capitalismo atinge praticamente todo o planeta e intensifica-se a tal ponto  que merece uma denominação especial, globalização, marcada basicamente pela  mundialização da produção, da circulação e do consumo, ou seja, de todo o ciclo  de reprodução do capital. Nessas condições, a eliminação das barreiras entre as  nações tornou-se uma necessidade, para que o capital pudesse fluir sem percalços  (BALLESTERO-ALVAREZ, 2001, p.29). 
            Este  processo pode ser oportunamente caracterizado através da metáfora da fábrica  global. De acordo com Ianni (2002, p.19):
“A fábrica global instala-se além  de toda e qualquer fronteira, articulando capital, tecnologia, força de  trabalho, divisão do trabalho social e outras forças produtivas. Acompanhada  pela publicidade, a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultural,  misturadas em jornais, revistas, livros, programas de rádio, emissões de  televisão, videoclipes, fax, redes de computadores e outros meios de comunicação,  informação e fabulação, dissolve fronteiras, agiliza os mercados, generaliza o  consumismo. Provoca a desterritorialização e reterritorialização das coisas,  gentes e ideias. Promove o redimensionamento de espaços e tempos.”
                                                         
            Em âmbito  geral, o processo de globalização compreende uma fase de desenvolvimento do  sistema capitalista, cujas características como a desestatização das economias,  a desregulamentação dos mercados, alterações nos processos de trabalho, a  partir de modificações tecnológicas, financeiras, culturais e sociais. 
            No  entanto, Amartya Sen (2001) evidencia, que a globalização, com o capitalismo  contemporâneo dos países ocidentais da Europa e América do Norte tem imposto  regras nas relações comerciais e globais que oprimem os mais pobres do mundo e  se preocupa muito mais com a expansão das relações de mercado do que com a  democracia, a educação elementar ou as oportunidades sociais dos setores  subalternos. E há ainda o conflito permanente entre os poderes econômicos que  estimulam a integração global e as forças políticas que defendem as fronteiras  do Estado-nação.
            A  globalização apresenta em sua dinâmica transformadora características definidas  a seguir por Castells (2002):
As novas tecnologias da  informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentalidade. A  comunicação através do computador gera um vasto desdobramento de comunidades  virtuais; introduziu-se uma nova forma de relação entre economia, Estado e  sociedade em um sistema de geometria variável, em função da capacidade de  certas atividades funcionarem em tempo real; no mundo de fluxos globais de  riqueza, de poder e de imagens, a busca da identidade coletiva ou individual,  atribuída ou construída, transforma-se na fonte fundamental de significado  social; a tendência social e política são a construção da ação social e da  política, em torno das identidades primárias, assim estão atribuídas ou  enraizadas na história e na geografia ou são de recente construção na busca do  significado e espiritualidade; as primeiras etapas históricas das sociedades  informatizadas parecem caracterizar-se pelo pré-eminência da identidade como  princípio organizativo; a identidade está transformando-se na principal e às  vezes única fonte de significado em um período histórico caracterizado por uma  ampla desestruturação das organizações, deslegitimação das instituições,  desaparecimento dos principais movimentos sociais e expressões culturais  efêmeras; o Estado exerce papel importante na relação entre tecnologia e  sociedade, uma vez que detém, desencadeia ou dirige a inovação tecnológica; a  capacidade ou falta de capacidade das sociedades para dominar a tecnologia e em  particular as que são estrategicamente decisivas em cada período histórico,  define em boa parte seu destino; o mundo é verdadeiramente multicultural e  interdependente que somente podemos compreender e mudar a partir de uma  perspectiva plural que articule identidade cultural, interconexão global e  política multidimensional. 
                                                                                                     
            Diante  desta breve abordagem a respeito das interpretações sobre o processo de  globalização, apresenta-se a seguir uma discussão mais específica que versa  sobre a evolução da administração junto ao processo de globalização dos  mercados. 
4. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO E O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO
Neste item, apresenta-se uma breve análise da  evolução do pensamento administrativo nas organizações a luz das transformações  impostas pelo processo de globalização. Assim, aborda-se a globalização no  panorama do sistema capitalista e vincula-se este processo às ênfases observadas  nas principais correntes na evolução do pensamento administrativo.   
            O economista alemão Karl Marx, em meados do  século XIX, afirmava que o capitalismo punha no lugar da autossuficiência e do  isolamento das nações uma circulação universal, uma interdependência geral dos  países; em decorrência, o capitalismo tendia a anular o espaço por meio do  tempo, isto é, a reduzir a um mínimo tempo tomado pelo movimento de um lugar a  outro. Neste momento pergunta-se: anular o espaço por meio do tempo, da  contração do tempo, não seria exatamente a tendência à intensificação dos meios  de comunicação informatizados? Se a globalização é um termo que designa o fim  das economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios  de comunicação e dos transportes, Marx não teria previsto o que chamamos hoje  de globalização dos mercados?
            Diante de uma reflexão mais ousada, talvez  Marx tivesse encontrado inspiração nas contribuições dos Economistas Liberais  no século XVIII. Segundo George Jr. (1974), as ideias básicas dos Economistas Liberais  constituem os germes iniciais do pensamento administrativo de nossos dias. Adam  Smith, economista escocês, um dos mais eminentes teóricos da Economia Clássica,  já visualizava o princípio da especialização dos operários em uma manufatura de  agulhas e já enfatizava a necessidade de se racionalizar a produção, seria a  chamada Divisão do Trabalho (BORGES, 2001).
            A abordagem mais detalhada do trabalho  através do estudo dos tempos e movimentos proporcionou uma reordenação dos procedimentos  nas indústrias, e a Divisão do Trabalho compreende neste contexto uma decorrência  na tentativa de elevar a produção através das tarefas, principal desafio da  época. Foi justamente esta ênfase nas tarefas que fundamentou a Escola da  Administração Científica a partir dos esforços de Frederick Taylor. Seus  trabalhos abrangem um sistema de normas voltadas para o controle dos movimentos  do homem e da máquina no processo de produção, incluindo propostas de pagamento  pelo desempenho dos operários.
            Neste panorama, Henry Ford, um dos precursores  da Administração Científica, formula um conjunto de métodos de racionalização  da produção, que se dedicava a produzir um tipo de produto, através de uma  estrutura verticalizada de produção, chegando a dominar não apenas as  matérias-primas, mas até o transporte de seus produtos. O trabalho era altamente  especializado, com cada operário realizando apenas um tipo de tarefa.  Entretanto, não admitia especialistas em Administração nem queria pessoas  formadas em universidades no seu quadro de funcionários (BORGES, 2001).
            A divisão mecanicista do trabalho, vista como  mola propulsora do sistema, foi o fator principal de condução equivocada dos  clássicos no desenvolvimento da Administração como ciência. Quando se reporta à  atualidade e procura-se contextualizar esta discussão teórica, observa-se que a  globalização é um processo pelo qual o espaço mundial adquire unidade. Esta  unidade representou desde o início da segunda metade do século XX, uma necessidade  para a visualização das organizações. A ênfase antes atribuída às tarefas cedia  lugar à estrutura; estava-se diante da Teoria Estruturalista da Administração.
            A definição de Estrutura equivale à análise interna  de uma totalidade em seus elementos constitutivos e suas relações entre si;  além do seu aspecto totalizante, o estruturalismo é fundamentalmente  comparativo (VIET, 1967). O Estruturalismo está voltado para o todo e com o relacionamento  das partes na construção do todo. Neste sentido, o Estruturalismo destaca a  questão da interação dos grupos sociais dentro de uma organização e focaliza o  estudo desta interação em relação ao conjunto das organizações no ambiente da  sociedade, como uma unidade. 
            O estruturalismo seria mais um método de  análise, que consiste em construir modelos explicativos de realidade, chamados  estruturas (SALATIEL, 2008). Conforme o autor, por estrutura entende-se um sistema  abstrato em que seus elementos são interdependentes e que permite, verificando-se  os fatos e relacionando diferenças, de maneira a descrever sua ordem.
            De acordo com Dosse (2007) o estruturalismo  constitui-se em um movimento de pensamento, uma nova maneira de relação com o  mundo. A corrente teórica estruturalista ganhou força nas décadas seguintes, sobretudo  no período de 1950 e 1960, em oposição ao existencialismo de Jean-Paul Sartre,  teoria preponderante ao longo dos anos de 1940 e também de 1950, tendo como um  de seus princípios o enfrentamento da razão, hegemônica naquele momento,  alijando o sujeito do lugar privilegiado que ele ocupava (DOSSE, 2007).
            Para Ribeiro (2004), o foco do estruturalismo  era o estudo da organização em sentido amplo e integral, de maneira  a considerar a totalidades dos fatos com interferência interna e externa, e direcionando-os  a uma análise comparativa. Assim, o estudo reconhece que fenômenos  organizacionais se interligam, interpenetram e interagem de maneira que  qualquer alteração verificada em um determinado setor da organização afeta todos  os outros setores (RIBEIRO, 2004). 
            O caráter de unidade, atribuído às organizações,  foi paulatinamente se transferindo para a totalidade do mercado mundial em  virtude de uma necessidade integradora das relações comerciais. Este contexto  era justamente o que o biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy precisava para  elaborar a Teoria Geral dos Sistemas. Segundo esta Teoria, os sistemas não podem  ser compreendidos apenas pela análise separada e exclusiva de cada uma de suas  partes. Assim, baseiam-se na compreensão da dependência recíproca de todas as  disciplinas e da necessidade de sua integração (BORGES, 2001).
            Desta maneira, entende-se o porquê dos vários  ramos do conhecimento passaram a tratar os seus objetivos de estudo propriamente  como sistemas. O contexto da globalização da economia demanda uma integração  dos agentes econômicos dentro de uma realidade competitiva de mercado, o que requer  a necessidade de uma concepção mais real dos meandros de todas as atividades  para que se possa melhor avaliá-las dentro de uma conjuntura moderna e dinâmica  como a que vivemos. Por isso, os trabalhos de pesquisa e de desenvolvimento  organizacional estão recorrendo aos estudos da abordagem sistêmica como suporte  e referência para melhor atender as demandas destes agentes econômicos através de  uma interpretação mais aprimorada dos objetivos organizacionais.
            Os administradores neste contexto  sistêmico necessita lidar com desafios e dentro de um sistema social que não  podem controlar. Isto não os exime da responsabilidade de dar orientação à  organização. Conforme Assunção (2003), a visão da estabilidade e da  flexibilidade de um sistema social como consequência de seu equilíbrio dinâmico  sugere uma estratégia correspondente de solução de conflitos. Em toda  organização e como na sociedade, invariavelmente surgem conflitos e  contradições que podem ser solucionados em benefício de um ou de outro lado.  Assim, de acordo com Assunção (2003), é preciso estabilidade e mudança, de  ordem e liberdade, de tradição e inovação, de planejamento e laissez-faire. 
            O administrador de orientação  sistêmica sabe que as contradições dentro de uma organização são sinais de  variedade e vitalidade, e dessa forma contribuem para a viabilidade do sistema.  Sem conflitos, não pode haver desenvolvimento algum (ASSUNÇÃO, 2003). Ele  precisa levar em conta os dois termos de uma contradição, sabendo que ambos  serão importantes, dependendo do contexto. Não tentará solucionar os conflitos  inevitáveis por meio de decisões rígidas, mais sim equilibrando dinamicamente  os dois lados (ASSUNÇÃO, 2003).
            Todavia, a velocidade da mudança e os desafios  do mundo globalizado demonstram uma necessidade de considerar circunstâncias; estávamos  diante da abordagem contingencial da Administração. Nesta, não se alcançaria a  eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional.  Assim, não existiria uma forma única e mais indicada para administrar metas variadas  das organizações dentro de um ambiente variado. Ao estudar este variado  ambiente, a socióloga industrial inglesa, Joan Woodward, concluiu que o desenho  organizacional é afetado pela tecnologia utilizada pela organização. A tecnologia,  ao permear toda a atividade industrial e participar de todo tipo de atividade  humana, em todos os campos de atuação, evidencia cada vez mais que as  organizações utilizam alguma forma de tecnologia para alcançar seus objetivos através  da realização de tarefas (BORGES, 2001).
            A origem de todo este panorama global reside  em um processo muito antigo, que continua a se expandir. A globalização não é um  fenômeno recente, e a geografia política e econômica do mundo em que se vive é  fruto deste processo. O ponto de partida deste processo, que remonta às grandes  navegações europeias dos séculos XV e XVI e é abordado por Karl Marx no século  XIX, a partir de análises preliminares, se depara nos anos de 1990 com o surgimento  da era da informação, graças ao grande impacto provocado pelo desenvolvimento tecnológico  e pela tecnologia da informação.
            As ênfases passaram a pautar-se na qualidade,  na produtividade, na competitividade, no cliente e na globalização. A chegada  da era da informação trouxe um novo contexto e uma avalanche de problemas para  as organizações; a velocidade e a intensidade das mudanças foram além do que se  previa (CHIAVENATO, 2000).
            Diante deste contexto, questiona-se qual o  caminho que tomará esta discussão, no que tange seus objetivos quanto à criação  de condições razoáveis de interpretação de objetivos organizacionais e quanto  aos subsídios para a formulação de ações organizacionais mais eficazes? Henry  Ford talvez tomasse a iniciativa de reduzir os estoques ao mínimo, fazendo com que  seus produtos fossem pagos à empresa antes de vencido o prazo de pagamento da matéria-prima. 
            Adam Smith, possivelmente jamais pudesse  prever que na atualidade sua divisão do trabalho estivesse muito mais  comprometida com o planejamento intencional para intensificar a realização de  objetivos – como talvez viessem a sugerir os estruturalistas quanto à solução questionada  – que com a especialização de tarefas isoladamente. Joan Woodword talvez  defendesse a ideia de uma produção contínua, a partir de um processamento  padronizado e disposto linearmente, com tecnologia intensiva e pessoal especializado.  Este cenário proporcionaria uma produção mais previsível, sequencial e  compatível com os desafios da globalização.
            Este desafio apresenta como consequência para  a Administração das organizações: a administração da incerteza (CHIAVENATO, 2000).  As modificações aceleradas, o crescimento das organizações, a concorrência  travada por estas organizações, o desenvolvimento tecnológico, os fenômenos econômicos  da inflação e a internacionalização das atividades, exigem novas formas e  modelos de organização, que segundo este autor, devem buscar uma mentalidade  compatível com os novos desafios do mercado atual. Contudo, hoje verifica-se que  a solução reside em medidas extremas e rápidas para a busca da sobrevivência e  da excelência. Fala-se aqui dos modismos da Administração, como: “a melhoria contínua”,  “a qualidade total”, “o benchmarking”, “a reengenharia”, entre outras.
            De qualquer forma, muitas sementes destas  chamadas “soluções emergentes” podem ser comparadas às possíveis ações  organizacionais de grandes precursores das teorias administrativas aqui  mencionadas. Assim, verifica-se que a tarefa da Administração, que é a de  interpretar e alcançar objetivos compreende um processo de gerenciamento de  recursos empresariais, de acordo com ênfases que melhor atendem as demandas  organizacionais em um determinado momento e em uma determinada conjuntura, que  só poderá ser compreendida a partir do conhecimento de todos os seus meandros e  especificidades locacionais de mercado.
5. CONCLUSÃO
Na tentativa em desenvolver  condições de entendimento do processo de globalização de maneira a identificar  seus reflexos no ambiente organizacional da administração de empresas, esta  investigação questionou  de que maneira as transformações decorrentes da globalização interferiram no âmbito da  Administração empresarial. 
            O estudo verificou que as modificações decorrentes do  processo de globalização foram absolvidas pelos modelos gerenciais conforme as  demandas organizacionais e em determinadas conjunturas. Na  medida em que a globalização compreende um processo de integração mundial que  se baseia na liberalização econômica, onde as nações se inserem ao fluxo internacional  de bens, serviços e capitais. Este panorama ocasiona o crescimento das  corporações transnacionais, que assumem papel relevante na economia  internacional.
            Verificou ainda, que  o processo de globalização, na condição de fase de  desenvolvimento do sistema capitalista, apresentou características como a  desestatização das economias, a desregulamentação dos mercados, alterações nos  processos de trabalho, a partir de modificações tecnológicas, financeiras,  culturais e sociais.
            Estas  modificações ocasionaram a necessidade de que a administração de empresas  articulassm alternativas de resposta e muitas delas fundamentadas a partir de  ênfases do pensamento administrativo.
            O estudo  ainda permitiu uma reflexão que possibilitou uma conversa entre a realidade  global verificada e a lógica de pensamento das principais correntes de  pensamento da ciência da administração. Este esforço procurou também despertar  o interesse de novas pesquisas que estejam direcionadas ao objeto de estudo da  administração, isto é, as organizações, de maneira a interpretar o processo de  globalização e a criar condições de posicionamento destas organizações diante  deste nível de desenvolvimento do sistema capitalista.  
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