LAZERES ATIVOS I

LAZERES ATIVOS I

Paulo Carvalho. Coordenação (CV)

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DOWNHILL URBANO EM PORTUGAL

André Roque

Paulo Carvalho

Resumo
No contexto de diversificação de ofertas e aposta no setor dos eventos desportivos, o Downhill Urbano pode assumir-se como um elemento com capacidade de geração de valor acrescentado a vários níveis nos espaços urbanos, não só pela regularidade de competições oficiais, como também pela espetacularidade deste evento desportivo e sua ligação com o património construído, acrescentando-se ainda as oportunidades de promoção territorial e turística.
No caso de Portugal, considerado o berço do Downhill Urbano, através de registos estatísticos, bibliografia especializada e trabalho de campo, pretendemos analisar a dimensão desportiva (segundo os territórios e os participantes) desta modalidade de BTT. Como principais conclusões destacamos o crescimento significativo dos praticantes deste tipo de desporto, o caráter inovador destes eventos e o seu potencial para dinamizar e projetar os territórios onde decorrem as provas.
Palavras-chave: Eventos Desportivos. Downhill. Downhill Urbano. Portugal. 

Abstract
In the context of diversification of offerings and bet on sports events sector, the Urban Downhill can be assumed as an element with value added generation capacity at various levels in urban spaces, not only by the regularity of official national competitions, as well as the spectacular nature of the sporting event and its connection with the built heritage, adding the territorial promotion and tourist opportunities. 
In the case of Portugal, considered the cradle of Urban Downhill, through statistical records, specialized bibliography and field work, we intend to analyze the sports dimension (according to the territories and participants) of the sport of mountain biking. As main conclusions we highlight the significant growth of the practitioners of this type of sports, the innovative nature of these events and their potential to streamline and design the territories where the evidence.
Keywords: Sport Events. Downhill. Urban Downhill. Portugal.

1. Eventos desportivos
       Os eventos assumem um papel fundamental nas estratégias de gestão territorial, afirmando-se como âncoras de desenvolvimento socioeconómico, produzindo em alguns casos benefícios relevantes, não só pela sua capacidade regeneradora, como também pelas oportunidades que criam e a atenção que são alvo por parte dos média e os fluxos de deslocações que são capazes de gerar (Roque, 2011).
       Num contexto genérico, os eventos podem ser de ordem cultural, de negócios ou desportivos, envolvendo em cada categoria diversos subtipos, que passam pela arte, música, tradições, religião, festivais, feiras, congressos, bem como as diferentes modalidades desportivas e suas características.
       No que diz respeito à escala, estas variam entre os megaeventos de âmbito internacional, aos de âmbito nacional, regional e local, contudo a vertente da espetacularidade do evento influencia diretamente a capacidade de atração, e o consequente alcance do evento (Roque, 2011).
       O mercado dos eventos representa um universo de grande valor designadamente junto da atividade turística, dado que, de acordo com Canton (2009: 197), “pela sua evidência e expressão os eventos passaram a fazer parte significativa na composição do produto turístico, atendendo intrinsecamente às exigências do mercado de entretenimento, lazer, conhecimento descanso e tantas outras motivações”.
            A aferição dos benefícios e problemas decorrentes da realização de eventos, na perspetiva económica, social e territorial, levou Wood (2005: 40) a propor um modelo de análise que contempla uma investigação adequada a todos os grupos de interesse envolvidos, desenvolvendo seis tipos de questionários, a saber: “Levantamento pré-evento das atitudes para a região; levantamento dos espectadores e participantes do evento (características, gastos, motivações, opiniões acerca dos benefícios e problemas associados ao evento); levantamento junto dos não-participantes (características, razões para não participar, opiniões dos benefícios e problemas do evento); levantamento junto dos negócios locais (características, efeitos do evento a curto e longo prazo no volume de negócios, opiniões dos benefícios e problemas do evento); levantamento junto dos patrocinadores e grupos da comunidade (características, efeitos do evento no envolvimento futuro, opinião dos benefícios e problemas do evento); levantamento pós-evento das atitudes para a região”.
       O produto eventos, cada vez mais, afirma-se sobretudo como um propulsor de atração no que diz respeito ao mercado turístico, o qual devido à sua flexibilidade e versatilidade, propicia a promoção de diferentes variáveis com capacidade de criação de valor, revelando-se assim como uma oportunidade de enorme potencial para o desenvolvimento turístico em espaço urbano, pois tal como Henriques (2003: 129) refere, “os eventos podem ser de naturezas várias, muito embora tendam a ser entendidos, não apenas como celebrações locais mas como acontecimentos «construídos» para atrair turistas, à medida que se lhes reconhece capacidade de captação de turistas, de melhorar o perfil da cidade, de mudar a imagem das cidades em que ocorrem, de aumentar a animação das atrações existentes, de encorajar visitas repetidas à mesma cidade de regenerar, entre outros aspetos”.
       Canton (2009: 198) sublinha também as potencialidades inerentes ao produto eventos, ao firmar que “são vistos por governos e iniciativa privada como catalisadores para a atração de visitantes, para o aumento dos gastos médios por turistas, bem como o seu período de permanência. Eles são tidos como formadores de imagem, pois criam um perfil para os destinos posicionando-os no mercado e fornecendo-lhes uma vantagem competitiva de marketing. Além do mais, os eventos podem fornecer novidades, originalidade e mudanças, o que sustenta o interesse local em um destino e aumenta o apelo aos visitantes”.
       Portanto, os eventos estão ligados ao aumento de fluxos de visitantes, criação de benefícios económicos directos, aumento da empregabilidade e “combate” à sazonalidade do turismo, como também, promovem a imagem do território que os suporta, fomentam em muitos casos intervenções de revitalização urbana, respondem à necessidade de entretenimento dos autóctones e alimentam o orgulho público, incitam ao prolongamento da estada, e sobretudo podem criar nos consumidores o desejo de voltar, seja num evento futuro, seja num período pré ou pós-evento.
       Em relação aos eventos de cariz desportivo a espetacularidade intrínseca a determinadas modalidades produz efeitos extremamente positivos, sobretudo no que concerne à capacidade de atração, arrastando milhares de entusiastas, cativando novos amantes e promovendo experiencias únicas aos habitantes dos territórios em que se realizam os eventos (Roque, 2011).
       A componente tecnológica desempenha um papel essencial na difusão do fenómeno desportivo, seja na vertente dos transportes, seja nas novas tecnologias da informação, que permitem um acompanhamento in loco por parte dos espetadores, o que impulsiona a promoção dos locais de realização, constituindo-se deste modo como um eixo de desenvolvimento turístico. A título de curiosidade seria interessante analisar o número de procura em motores de busca online dos locais de realização dos eventos e sua localização, bem como dos serviços turísticos.
       A valorização do papel dos eventos desportivos como catalisadores de desenvolvimento levou Van de Berg, Erik Braun e Alexander Otgaar (2002: 1) a referir que “Num mundo cada vez mais globalizado e comercializado, o impacto dos eventos desportivos está a aumentar dia, após dia. Como consequência, as cidades cada vez mais estão cientes dos potenciais benefícios que podem derivar da aquisição e organização de tais eventos. De facto desportos (clubes, estádios e eventos) podem ser um instrumento para alcançar os objectivos da gestão urbana”.
       As potencialidades dos eventos desportivos e a sua difusão em espaços urbanos também é evidenciada por Henriques (2003: 129), afirmando que “os serviços desportivos, quer na forma de atividades desportivas regulares quer na de eventos, desenvolvem-se primordialmente nas cidades. A população numerosa destes espaços propicia o desenvolvimento de equipamentos desportivos e a instalação de sedes de equipas prestigiadas. As principais atividades servem para projectar o orgulho cívico, o espírito comunitário e a imagem da cidade, nomeadamente através do papel dos media”.
       Com efeito os eventos desportivos emergem como um instrumento de marketing urbano, afirmando-se como um elemento estratégico para a incrementação da capacidade de atracção de uma cidade, não devendo ser encarados como atos isolados, mas sim como parte integrante da oferta turística, no sentido de fomentar a articulação de todas as valências de uma cidade, e sua dinamização em forma de rede, dado que o público não é um elemento homogéneo, existindo interesses e motivações diferenciadas, logo a promoção turística deve ser alargada ao conjunto de todos os produtos urbanos.
       Um exemplo clássico do aproveitamento das potencialidades dos eventos desportivos, como eixo de desenvolvimento urbano a diferentes níveis, é o caso da cidade de Barcelona que no ano de 1992 foi responsável pela organização dos Jogos Olímpicos.
       As sinergias criadas por este evento foram impressionantes, pois de acordo com Berg, Braun e Otgaar (2002: 19, citando Guevara, Coller e Romani, 1995), “Os Jogos Olímpicos colocaram Barcelona no mapa como destino turístico em duas formas. Primeiramente, o projecto de renovação urbana relacionado com o evento, que aumentou a qualidade e a acessibilidade interna do produto turístico, enquanto a ampliação do aeroporto melhorou a acessibilidade externa. Em segundo lugar, o evento gerou por si só uma quantidade de publicidade enorme: potencialmente publicidade gratuita para a cidade. A cidade foi primeira página de mais de 15000 jornais por todo mundo, com uma circulação estimada de 500 milhões de cópias. Doze mil jornalistas acreditados cobriram os jogos, tendo sido não só mais do que em qualquer evento olímpico anterior, como também um record no mundo da cobertura jornalística em geral”.
       No caso concreto de Barcelona, a herança pós jogos olímpicos saldou-se como positiva, dado que o evento serviu como propulsor para a organização de outros eventos desportivos, como também um aproveitamento estratégico da imagem atrativa impulsionada pelo evento.
       É igualmente importante salientar os benefícios que pode trazer para os residentes, não só as vantagens de ordem financeira, como também na satisfação das necessidades de entretenimento, e como já foi mencionado no aumento do orgulho público, da auto-estima e sentido de pertença (topofília).
       Contudo, são vários os riscos que os eventos desportivos encerram, riscos que vão desde a segurança, ao tráfego, à sobrelotação de determinadas áreas e à perturbação da vida quotidiana dos habitantes, logo de forma a extrair todas as potencialidades dos espectáculos desportivos há que delinear estratégias que contemplem a minimização dos riscos ao máximo, no sentido de garantir a sustentabilidade dos eventos, evitando deste modo efeitos contrários aos objetivos delineados aquando da aposta na realização de um determinado evento.
       Outra desvantagem transversal aos eventos desportivos, neste caso, megaeventos, prende-se com os elevados custos que a organização pode trazer, dado que em alguns casos o investimento em infraestruturas de apoio como, por exemplo, os estádios, pode causar inúmeros dissabores após o evento, isto porque, a relação custo/aproveitamento pode não ser profícua, na medida em que, a utilização futura das infra-estruturas não seja devidamente planeada, não contemplando a sua dinamização e por conseguinte, a rentabilização das mesmas. Um caso exemplificativo é o de Portugal aquando da organização do Europeu de Futebol no ano de 2004, onde o aproveitamento de uma parte dos estádios construídos para a competição não tem sido benéfica, estando alguns reduzidos a uma série de jogos, com um número de espetadores diminuto, não providenciando deste modo a sua rentabilização.

2. Do Downhill ao Downtown
            O Downhill “(…) caracteriza-se pela descida de um trilho, geralmente em zonas montanhosas, de declive acentuado, no menor tempo possível, através do recurso a uma bicicleta especificamente preparada para esse efeito. Esta modalidade representa uma das disciplinas do BTT [bicicleta de todo-o-terreno], provavelmente, a primeira modalidade de BTT a ser praticada. O BTT surge, com maior visibilidade, a partir da década de 70 [do século XX], porém, existem referências datadas de 1890, de um grupo de soldados americanos, pertencentes à 25th Infantry Regiment US Army dos Estados Unidos da América, que utilizaria bicicletas adaptadas a terrenos acidentados e nelas percorreriam grandes distâncias, com o objetivo de patrulhar esses locais (Tisue, s.d)” (Riachos, 2011: 64).
            No plano internacional, o “primeiro campeonato do mundo foi realizado em 1987 em dois continentes, nos Estados-Unidos, em Mammoth na Califórnia, e em França em Villard-des-Lans. (…) Em Portugal, esta especialidade do ciclismo surge em 1987, como elemento de preparação dos ciclistas de estrada profissional, no período preparatório. Entre 1988 e 1989 realizaram-se as primeiras provas de BTT na variante de Cross-Country, na zona de Ovar, S. João da Madeira. Ainda naquele ano e antes da formação da comissão, a Federação Portuguesa de Ciclismo realiza a primeira prova de Cross-Country, no Parque Florestal de Monsanto-Lisboa” (Ribeiro, 2012: 1).
            Nas últimas duas décadas e meia o número de praticantes de BTT (em diversas modalidades como, por exemplo, Downhill, Cross-Country, Free Ride, Maratona), quer na perspetiva de lazer e turismo, quer na vertente desportiva (competição), aumentou de forma significativa, para o qual contribuiu o reconhecimento olímpico desta modalidade, a sua afirmação no seio das federações nacionais de ciclismo e ainda o crescimento do número de provas (nacionais e internacionais) acompanhado do interesse e divulgação por parte dos meios de comunicação social.
            Como reconhece Gavinho (2010: 26), “Um dos aspetos impressionantes na evolução da BTT é sem dúvida a passagem de uma actividade recreativa restrita para um produto turístico de grande procura. Hoje a BTT é mais do que simplesmente realizar percursos com irregularidades e ultrapassar obstáculos em caminhos, trilhos ou estruturas construídas para o efeito (DECO, 2009). Estamos perante uma atividade em contínuo crescimento e evolução e que, devido às suas características, permite um melhor conhecimento das regiões e das suas riquezas naturais e culturais, sendo um produto turístico com forte potencial para o sector da animação turística em Portugal”.
            No caso do Downhill a transição dos contextos de montanha (trilhos de terra e pedra) para os cenários urbanos (percursos asfaltados e empedrados) aconteceu no início deste milénio com a realização do “1º Lisboa Downtown” (Roque, 2011), o que demonstra o pioneirismo de Portugal neste domínio.
            O Downhill Urbano (DHU) consiste numa prova cronometrada, dividida em diferentes categorias de acordo com a idade dos participantes. Estas provas decorrem sobretudo nos centros históricos das cidades (figura 1), onde se articula o espaço físico com pequenas infraestruturas construídas, de modo a garantir o aumento do grau de dificuldade do circuito e consequentemente a espetacularidade da prova. Procura-se criar um circuito sinuoso, com escadarias, saltos, calçadas, ruas estreitas, com poucas retas num percurso o mais descendente possível (Roque, 2011).           
            Os ambientes escolhidos para as provas são vários, procurando-se em cada prova evidenciar elementos exclusivos, daí algumas se realizarem à noite ou articularem no circuito pequenas partes em terra com asfalto e calçadas, bem como promover uma certa rotatividade dos locais de realização das provas.
Após o “1º Lisboa DownTown” (2000) verifica-se o crescimento e a difusão espacial do Downhill Urbano. No plano internacional, embora não haja uma competição internacional ao nível de um campeonato europeu ou do mundo, têm-se registado dinâmicas positivas com a difusão da disciplina em vários países da Europa e da América Latina. Em Espanha são vários os eventos de Downhill Urbano em diferentes cidades, já com diversas edições, destacando-se por exemplo a cidade de Cáceres, a qual pela sua riqueza patrimonial (declarada Património Mundial pela UNESCO em 1986), reúne as características ideais para a realização de um evento desta natureza. Edimburgo, na Escócia, também já recebeu eventos de Downhill Urbano, realizados de dia e de noite, destacando-se o aproveitamento da variação diacrónica, no sentido evidenciar duas paisagens distintas no mesmo local. Em Inglaterra a título exemplificativo a cidade histórica de Scarborough também já recebeu provas de Downhill Urbano. Ainda na Europa, em Sarajevo a capital da Bósnia já se realizaram igualmente provas de Downhill em circuito urbano. Como podemos observar na Europa registam-se vários exemplos da realização de eventos desportivos deste género, existindo ainda em alguns países provas em contexto urbano, contudo com características distintas, onde a ligação com o património não se verifica.
Relativamente à América Latina destaca-se o Brasil, onde Downhill Urbano chegou em 2003, com a primeira descida das históricas escadas do Monte Serrat em Santos, contando já com 10 edições, evidenciando-se um percurso com grande grau de dificuldade propiciando deste modo um espetáculo único. A evolução da disciplina tem registado dinâmicas bastante interessantes neste país, existindo já uma competição oficial, a ”Copa do Brasil de Downhill Urbano” com várias etapas, todas elas realizadas em centros históricos. No âmbito da disseminação internacional do Downhill em contextos urbanos, dentro da América Latina, importa igualmente salientar a prova em Valparaíso no Chile, um evento com várias edições, onde o público vibra com um circuito de elevado nível de sinuosidade, onde a destreza dos atletas é elevada ao limite, criando-se um espetáculo onde o perigo é a imagem de marca.

3. Downhill Urbano em Portugal: dimensão desportiva
Roque (2011), com base nos “planos de atividades e orçamentos”, bem como nos “relatórios e contas” da Federação Portuguesa de Ciclismo (que congrega as modalidades de Ciclismo, BTT, BMX, Cicloturismo, Ciclismo de Pista, Ciclismo de Sala e Trial Bike), refere que em Portugal o período 2001-2006 é marcado por um crescimento do número de atletas federados praticamente em todas as vertentes desportivas de ciclismo.
Em 2006 o cicloturismo é a vertente desportiva mais representada (figura 2), com uma evolução positiva (24,2%) em relação ao ano de 2001. O ciclismo de estrada corresponde ao segundo desporto com maior número de praticantes. O BTT é a terceira vertente, com um incremento significativo do número de atletas federados (de 52,5% em relação ao ano de 2001), o que traduz o progresso das vertentes associadas à modalidade. De acordo com a Federação Portuguesa de Ciclismo, “a vertente de BTT continua com um crescimento continuo em todas as suas disciplinas [Cross Country; Downhill; Downhill Urbano]. Vertente do ciclismo atrativa, reúne cada vez mais adeptos e praticantes em Portugal, quer na competição, com um aumento significativo do número de federados e provas, quer no lazer, com a filiação crescente de «betetistas» e a legalização de grupos que passam a ser parte integrante do mundo do ciclismo (FPC, 2010: 18).
            Os dados disponíveis na Federação Portuguesa de Ciclismo demonstram o incremento do número de atletas de competição nos últimos dez anos (2001 a 2010), onde a partir de 2006 a disciplina de “Downhill Urbano” começou a contar com um circuito nacional, contribuindo desta forma para a difusão e crescimento do BTT (Roque, 2011).
            A figura 3 revela o crescimento do número de atletas federados em BTT, registando-se somente uma ligeira quebra no ano de 2004. No que concerne à evolução registada entre 2001 e 2010, o crescimento situou-se na ordem dos 185%, isto é, no intervalo de tempo considerado o número de praticantes federados em BTT de competição quase triplicou, aumentando igualmente a percentagem da vertente desportiva em relação ao total de praticantes federados para 33,9%, o que demonstra o peso que o BTT e as diferentes disciplinas alcançaram na Federação Portuguesa de Ciclismo, o que beneficia o quadro competitivo em Portugal.
            No âmbito do BTT a Federação Portuguesa de Ciclismo procura criar sinergias não só no sentido do aumento da qualidade competitiva, como também no que concerne à divulgação e difusão destes desportos no território nacional, providenciando deste modo um aumento ao nível dos eventos desportivos. Os esforços recentes visam não só promover provas internacionais, como também expandir o calendário desportivo a todo o território nacional e sobretudo procuram incrementar a profissionalização ao nível da organização de provas, de forma a aumentar a qualidade dos campeonatos nacionais e provas internacionais (Roque, 2011).
            A análise do número de competições oficiais, que inclui o primeiro Circuito Nacional de Downhill Urbano (2006) e todas a provas do Campeonato Nacional e Taça de Portugal, permite concluir que até 2011 foram realizadas 38 provas (quadro 1). As provas predominam sobretudo entre os meses de Maio e Setembro, tendo-se realizado no período destes cinco meses 31 provas desde 2006, o que representa 81,6% em relação ao total. Este coincide com o período em que se regista maior número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros no território nacional nos últimos cinco anos, o que evidencia as potencialidades inerentes à realização de eventos desportivos no período compreendido entre Maio e Setembro, na medida em que o número de turistas tende a ser superior.
No ano de 2006 o Circuito Nacional (que marca o início das competições oficiais de Downhill Urbano em Portugal) incluiu sete etapas, realizadas em cinco cidades (Covilhã, Tomar, Portalegre, Leiria, Vila Real – estas três últimas capitais de distrito), uma vila (Vila Pouca de Aguiar) e uma aldeia histórica (Monsanto), com predomínio de territórios do interior do país (que acolheram cinco provas). O número (médio) de participantes por prova foi de 151.
No ano de 2007 surgem as duas primeiras competições de âmbito nacional de Downhill Urbano, estruturadas e regulamentadas pela Federação Portuguesa de Ciclismo, a Taça de Portugal (com diversas provas) e o Campeonato Nacional (com uma única prova), cuja organização ficou a cargo da empresa “Downstream”, tal como tinha sucedido no Circuito Nacional realizado no ano anterior.
            Relativamente à Taça de Portugal o calendário foi composto por seis etapas, não tendo sofrido grandes alterações ao nível da distribuição geográfica das provas comparativamente com o Circuito Nacional (2006), o que permite depreender que as provas realizadas em 2006 foram encaradas pelas autarquias como um elemento com capacidade para criar efeitos multiplicadores no território, isto porque, o papel dos municípios é fundamental, pois só mediante o apoio financeiro por parte das autarquias aos organizadores a realização dos eventos se torna viável. Em comparação com o ano de 2006, o número de participantes por prova foi bastante superior (191,5), conforme nota Roque (2011).
            Em 2008, o calendário competitivo foi novamente composto pela Taça de Portugal com seis provas, e o Campeonato Nacional com uma prova. A organização das provas foi entregue a duas empresas, a “Geapro” ficou com a primeira e a quarta etapa da Taça, e a “Downstream” com as restantes etapas e campeonato.
            A distribuição geográfica das provas em 2008 comparativamente com o ano anterior foi alvo de grandes alterações, tendo sido modificados todos os locais de realização à excepção da etapa de Portalegre. Esta alternância de locais pode revelar-se um elemento crucial para o Downhill Urbano, uma vez que permite apresentar novidades na competição a cada ano a par da sua difusão em território nacional, tornando-a deste modo mais competitiva e atrativa, sendo igualmente benéfico ao nível do território pois significa a oportunidade de receber os eventos em diferentes locais, promovendo assim novas potencialidades de desenvolvimento turístico em diferentes pontos do país, sobretudo ao nível da divulgação das atrações e consequente oferta turística de cada localidade.
            Em relação aos locais de realização das seis etapas da Taça de Portugal, em 2008 a competição incluiu quatro cidades (Gaia, Ourém, Guarda e Portalegre) e duas vilas (Sesimbra e Porto de Mós), o que traduz uma litoralização da competição (com apenas duas provas a decorrer no interior do país, o que representa uma diminuição de 50% do número de provas comparativamente com 2007). No que diz respeito ao número de participantes por prova em 2008, a afluência desceu consideravelmente, situando-se a média de atletas por prova em 112,6. Contudo, como será possível observar na análise aos anos posteriores a 2008, o número de atletas registado em 2007 é uma excepção, devendo-se o elevado número de atletas ao facto da competição ter sido uma novidade no panorama competitivo nacional, tendo-se registado um número de atletas bastante elevado na categoria “promoção”, classe que engloba os participantes não-federados (Roque, 2011).
            No ano de 2009, o calendário competitivo não sofreu qualquer alteração mantendo-se as seis provas para a “Taça de Portugal” e uma para o “Campeonato Nacional”. No que concerne à distribuição geográfica das provas houve novamente alterações em relação ao ano anterior, tendo surgido duas novas etapas Viseu e Pinhel, em detrimento de Ourém e Gaia, o que permitiu um equilíbrio entre o interior e o litoral. No que concerne ao número de participantes por prova, em 2009 regista-se novamente uma descida na afluência de atletas às provas, situando-se a média de participantes por prova nos 98.
Em 2010, surgem algumas alterações ao nível do calendário competitivo, quer no contexto geográfico, quer no número de provas. A principal mudança reside na diminuição do número de provas da Taça de Portugal de seis para cinco. A organização das cinco etapas da Taça de Portugal ficou novamente, na totalidade, a cargo da empresa “Downstream”.
Ao nível da distribuição geográfica destaque para a realização de uma prova no distrito de Faro (Vila do Bispo), e a saída da etapa de Portalegre do calendário, cidade que recebia uma prova oficial de Downhill Urbano, desde a criação do circuito em 2006. A nível geográfico a competição desenrolou-se em duas cidades, capitais de distrito (Viseu, Guarda), e três vilas (Sesimbra, Vila do Bispo e Porto de Mós). Em relação ao ano de 2009, verifica-se novamente uma litoralização da competição. Como já foi referido, a rotatividade de territórios na realização das etapas da Taça de Portugal da vertente desportiva, revela-se como um elemento de grande importância, permitindo a diferentes locais obter um evento desportivo diferente, com grande potencial para a divulgação das potencialidades turísticas de cada território, além do mais a inovação competitiva também é um elemento de valor para o Downhill Urbano, que deve sempre ser encarado como um tónico da atração do evento, quer para atletas, quer para os espetadores. Em relação ao número de participantes por prova manteve-se o cenário de descida: a média situou-se nos 68,8 participantes por prova, o número mais baixo desde o desenvolvimento do domínio oficial nas provas de Downhill Urbano em Portugal.
            O Campeonato Nacional de Downhill Urbano, como já foi referido, nasce no ano de 2007, assumindo-se como uma competição oficial da Federação Portuguesa de Ciclismo. Em relação à Taça de Portugal, a competição apresenta algumas diferenças estruturais, pois embora as características dos percursos sejam similares, o Campeonato Nacional é composto somente por uma prova anual. A organização das provas, mediante a coordenação da Federação, entre 2007 e 2009 ficou a cargo da empresa “Downstream”, tendo em 2010 a organização ficado a cargo do “Bike Clube de Coimbra”.
            A distribuição geográfica das provas revela que as quatro edições (2007-2010) foram realizadas em locais diferentes, a saber: Porto (2007), Pinhel (2008), Pombal (2009), Coimbra (2010), confirmando-se deste modo a rotatividade de locais no domínio das competições de “Downhill Urbano”. No caso do Porto e Coimbra a riqueza histórica de ambos os locais, aliada ao espaço físico, proporciona provas mais próximas do “Lisboa Downtown”. Portanto a competição não incluiu territórios a sul do Tejo (como aconteceu em larga medida com as provas da Taça de Portugal). O número de participantes nestas quatro edições do campeonato apresenta oscilações significativas (entre os 97, da edição de 2008, e os 238 participantes, da edição de 2010) (Roque, 2011).
Em 2011 o Campeonato Nacional de Downhill Urbano decorreu em Penela e em 2012 o figurino das provas sofreu alterações face ao do período anterior, com a redução do número de provas da Taça (para quatro, a saber: Penacova, Mértola, Belas e Coimbra) e o fim do Campeonato de Portugal de Downhill Urbano.
       Em síntese, importa sublinhar que as competições oficiais da Federação Portuguesa de Ciclismo, na vertente de Downhill Urbano, conseguiram afirmar-se e difundir-se no país, e apresentam potencial para se assumirem como um elemento capaz de criar valor junto do território, a par da capacidade de promoção de uma vertente desportiva com génese em Portugal.
       No período de apenas cinco anos (2006/2010) registou-se um total de 34 provas, referentes às competições oficiais da Federação Portuguesa de Ciclismo, dividas pelo Circuito Nacional de Downhill Urbano (2006), a Taça de Portugal e o Campeonato Nacional. As competições desenrolaram-se num total de 11 distritos de Portugal continental (figura 4), tendo 9 capitais de distrito recebido pelo menos uma prova, percorreram-se 12 cidades diferentes, 4 vilas e uma aldeia histórica. A distribuição territorial das 34 provas entre 2006 e 2010 evidencia uma rotatividade ao nível da realização das provas, surgindo novos locais a cada ano, fomentando assim a oportunidade a diferentes territórios de aproveitarem as potencialidades do Downhill Urbano.
       Embora a distribuição espacial das provas se traduza em dinâmicas extremamente positivas, assiste-se a uma certa concentração das provas a norte do Tejo, contabilizando-se, a título exemplificativo, somente uma prova realizada no distrito de Faro, sendo que Évora e Beja não registaram qualquer prova oficial de Downhill Urbano entre 2006 e 2010. De igual modo, as regiões autónomas da Madeira e Açores também não receberam provas oficiais, contudo em ambas as regiões já se realizaram e realizam provas da vertente desportiva em causa, contudo, de cariz não-oficial.
Relativamente aos participantes nas provas oficiais da Federação Portuguesa de Ciclismo não se verifica uma regularidade no que diz respeito ao número de inscritos, registando-se em 2006 e 2007 um número superior comparativamente com os anos seguintes, evidenciando-se não só um cenário de quebra entre 2008 e 2010, como também as diferenças entre as provas são assinaláveis, podendo em certa medida o facto de muitos dos atletas de BTT participarem em mais que uma disciplina desportiva, o que se traduz num calendário competitivo bastante preenchido, a par do apelo pela novidade competitiva nos dois primeiros anos da criação dos circuitos oficiais (2006/2007).
       No contexto de análise das provas oficiais de Downhill Urbano, importa igualmente evidenciar o “Troféu DHX”, uma vez que, embora não seja uma competição da Federação Portuguesa de Ciclismo, está incluído no calendário oficial da instituição.
O “Troféu DHX” é uma competição organizada pela empresa “Geapro”, sendo igualmente importante salientar que algumas provas de Downhill deste troféu já integraram calendário oficial da Union Cycliste Internationale. A sua criação data de 2006, caracteriza-se por um conjunto de provas em que os atletas vão acumulando pontos e prémios a cada etapa, obtendo o vencedor no final do troféu um prémio extremamente aliciante, o qual nos últimos anos tem sido o pagamento total da participação do atleta numa prova do campeonato do mundo de Downhill.
       A importância desta competição insere-se na valorização das potencialidades que os eventos de Downhill Urbano podem providenciar aos núcleos urbanos, na medida em que o “Troféu DHX” a partir do ano 2008 passou a desenrolar-se em dois ambientes distintos, mais concretamente, a competição em terra e em espaço urbano, acrescentando deste modo provas da disciplina de Downhill Urbano ao calendário de competição oficial, providenciando assim um número superior de eventos deste género ao território nacional.
       No ano de 2008, o troféu contou com quatro provas de Downhill Urbano, realizadas na cidade da Guarda, Gaia, Viseu e na vila de Óbidos. As duas primeiras, como no ano em causa a empresa “Geapro” ficou responsável pela organização de duas provas da Taça de Portugal de Downhill Urbano, as provas foram anexadas ao troféu. Neste conjunto de provas destaca-se a vila de Óbidos e toda a riqueza do seu centro histórico como um novo território a receber um evento deste género. No que concerne ao número de participantes as etapas de Óbidos e Viseu, registaram respectivamente 48 e 78 atletas.
       Já no ano de 2009 o troféu teve novamente quatro etapas realizadas em contexto urbano, tendo as provas sido distribuídas pela cidade da Covilhã, Guarda, Gaia e Viseu. Tal como no ano anterior em 2009 a “Geapro” obteve a realização de duas provas da taça, tendo agregado ao troféu as etapas da Guarda e Viseu (figura 19). As provas não agregadas à Taça de Portugal registaram uma afluência interessante de participantes, tendo a prova da Covilhã obtido 86 participantes e Gaia 81.
       No que diz respeito ao ano de 2010 o regulamento do troféu previa a realização de cinco provas de Downhill Urbano, com o local de realização de duas etapas por definir e três etapas a realizar em Torres Vedras, na Covilhã e em Viseu. Contudo, só se verificou a realização da etapa de Torres Vedras, tendo sido canceladas as provas restantes, devendo-se o motivo de cancelamento, ao que foi possível apurar, à falta de apoios. Embora, os objectivos do troféu não tenham sido alcançados, salienta-se a realização de uma prova num novo território (Torres Vedras), numa cidade com um centro histórico com grande riqueza patrimonial, onde se destaca a existência de um castelo, o que mais uma vez evidencia a relação entre o património histórico e as provas de Downhill Urbano, nesta prova o número de participantes registado foi de 86, um número a ter em conta, na medida em que nas provas da Taça de Portugal a média de participantes foi de 68,8 (Roque, 2011).
       Uma das singularidades do “Troféu DHX” que deve ser realçada, prende-se com a sua capacidade de difusão da disciplina de Downhill Urbano, na medida em que a criação em Fevereiro de 2011 do magazine “Off Limits”, o qual integra a grelha de programação do canal “Sportv 3”, permite deste modo uma oportunidade extremamente importante para o desenvolvimento e divulgação da disciplina desportiva em causa, bem como dos locais de realização das provas da competição. Neste sentido, o magazine “Off Limits” pode vir a afirmar-se como um veículo de promoção por excelência, na medida em que, ao que foi possível apurar, mediante negociação será possível a transmissão de 60 minutos em directo de uma prova para um canal nacional, estando ainda assegurada a realização de um programa com o tempo máximo de 20 minutos, com quatro a sete repetições semanais para Portugal e ainda mais quatro a seis repetições, igualmente semanais, para África Estados Unidos e Canadá.       
A possibilidade de transmissão internacional, com a particularidade de expandir a difusão deste género de eventos desportivos em dois continentes diferentes, aumenta exponencialmente a importância do troféu e oportunidades adjacentes, as quais não devem ser ignoradas aquando da realização das provas, uma vez que estamos perante uma ocasião singular de promover não só os territórios e toda a sua paisagem urbana onde se realizam as provas, como divulgar e promover toda a espectacularidade de um evento como Downhill Urbano, através de um meio de comunicação com uma capacidade de alcance absolutamente extraordinária.

4. Conclusão
O desporto encontra-se em mutação constante, surgindo novas dimensões, contextos e formas de praticar e em certa medida estas dinâmicas vão ao encontro com a génese e evolução do Downhill Urbano, na medida em que, até à entrada no novo milénio o ambiente do Downhill resumia-se às condições naturais das montanhas aliadas a pequenas modificações antrópicas nos percursos, com o objetivo de aumentar o grau de dificuldade e consequente espetacularidade das provas.
A grande mudança no seio do Downhill surgeaquando da transposição dos percursos da montanha para a cidade, o que está na origem do Downhill Urbano. No caso de Portugal a empresa “Extreme Conteúdos”, é a grande responsável por esta nova dimensão no Downhill, através da organização do primeiro “Lisboa Downtown”, no ano 2000. Esta disciplina do ciclismo procura aliar as características do espaço urbano a uma prova deste género. O local escolhido foi o histórico Bairro de Alfama, criando-se um circuito descendente, com início no Castelo de S. Jorge até ao Largo do Terreiro do Trigo. O aproveitamento das ruas estreitas, túneis e escadarias permitiram a criação de um circuito vertiginoso, com a capacidade de fazer vibrar quer os praticantes, quer os espectadores (Roque, 2011).
O crescimento internacional do Downhill Urbano tem vindo a registar sinais bastante positivos, que demonstram o impacto deste género de eventos, e por conseguinte o espetáculo promovido em estreita ligação com elementos históricos dos espaços urbanos. O desenvolvimento da disciplina em diversos países reflete todas as suas potencialidades. Neste sentido, cada vez mais emerge a necessidade de criar um circuito ou uma competição de cariz internacional, de forma a consolidar a evolução da disciplina, na medida em que uma competição internacional poderá fomentar efeitos extremamente positivos ao nível dos territórios, tal como acontece com outras modalidades. Deste modo, a criação de um circuito similar ao “Red Bull Air Race”, realizado em grandes centros urbanos de diferentes países, salvaguardando a ligação entre um desporto radical e o património histórico dos contextos urbanos certamente lograria a criação de oportunidades de desenvolvimento ímpares.
            Em Portugal as dinâmicas de crescimento registadas no desporto federado em Portugal, no que diz respeito aos praticantes federados, com um aumento exponencial de 53,2% entre 2001 e 2009, espelham o interesse pelos desportos e o aumento da competitividade e espetáculos desportivos em território nacional. Paralelamente a análise à evolução dos praticantes federados no seio da Federação Portuguesa de Ciclismo evidencia tendências bastante positivas no âmbito do Downhill Urbano, dado que o número de praticantes federados em BTT entre 2001 e 2010 registou um crescimento impressionante, na ordem dos 185% (Roque, 2011).
            No que diz respeito à distribuição geográfica das provas oficiais de Downhill Urbano pelo território nacional desde 2006 até 2012, no conjunto de 42 provas realizadas, é evidente um certo equilíbrio da distribuição de provas entre o interior e o litoral, para além da difusão das potencialidades deste género de eventos um pouco por todo o país, o que revela também a sua importância estratégica na promoção das valências turísticas dos territórios.
            Ainda ao nível dos territórios, sublinha-se a necessidade de salvaguardar as características do Downhill Urbano, neste sentido deve-se optar pela escolha de locais em que o circuito promova riqueza patrimonial do local de realização da prova, deste modo, a título exemplificativo, cidades como Lisboa, Porto, Coimbra, Guarda e Covilhã, podem ser consideradas “modelos”, pela simbiose perfeita entre o espetáculo desportivo e o património do centro histórico.
            As recentes dificuldades de apoio e a sua repercussão ao nível da redução do número de provas nacionais e mesmo a não inclusão de provas no calendário oficial da Federação Portuguesa Ciclismo em 2013 (embora decorram provas de âmbito regional e local) é uma oportunidade para repensar e relançar a dimensão nacional e internacional do Downhill Urbano em Portugal.

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