DESSACRALIZAÇÃO DO SAGRADO CRISTÃO EM FRIEDRICH NIETZSCHE E RUDOLF OTTO

DESSACRALIZAÇÃO DO SAGRADO CRISTÃO EM FRIEDRICH NIETZSCHE E RUDOLF OTTO

Graça Auxiliadora Nobre Lopes (CV)
Ione Vilhena Cabral (CV)
Tatiani da Silva Cardoso (CV)
Roberto Carlos Amanajás Pena (CV)

3.7. Otto e as manifestações do sagrado

Os aspectos do numinoso citados nos tópicos anteriores a respeito do sagrado ainda não o descrevem como tal, ou seja, todas essas circunstâncias não são sinais propriamente ditos das manifestações do sagrado. Por mais que os eventos, os fatos, as pessoas que possuem predisposição para a auto-revelação interior do espírito testemunhassem tal fato ainda, assim, falta ainda uma característica para finalizar a análise de Otto, a realização da manifestação do sagrado que é a revelação exterior do divino.

“Desde a época da mais primitiva religião sempre se considerou sinal tudo aquilo que conseguisse despertar o sentimento do sagrado no ser humano, estimulá-lo, fazê-lo eclodir, isto é, todos aqueles elementos e circunstancias de que se falou acima: o terrível, o excelso, o avassalador, o assombroso e muito especialmente o misterioso e o não-entendido, o portentum e o miraculum. Mas todas essas circunstancias, como vimos, não eram sinais propriamente ditos, [...] Sua interpretação como manifestações reais do próprio sagrado foi resultado de se confundir a categoria do sagrado com algo que lhe correspondia apenas exteriormente, mais ainda não era uma “anamnese” genuína, um verdadeiro reconhecimento do sagrado em si em sua manifestação”. (OTTO, 2007, p. 180)    

Diante do exposto, verifica-se assim, que a manifestação do sagrado ainda, não revelou seu estado real, sendo que o sentimento manifestado, apenas possibilitou mostrar o lado religioso do ser. O que se tinha na realidade era a similaridade destas circunstâncias com o sagrado, sendo estas eliminadas dos níveis mais elevados da religiosidade pura.