POTENCIAL DE USO EM RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Yvens Ely Martins Cordeiro

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 IMPORTÂNCIA DA ÁGUA PARA OS VEGETAIS

A água é o principal constituinte do tecido vegetal, representando aproximadamente 50 % da massa fresca nas plantas lenhosas e cerca de 80 a 95 % nas plantas herbáceas, sendo necessária como reagente no metabolismo vegetal, transporte e translocação de solutos, na turgescência celular, na abertura e fechamento dos estômatos e na penetração do sistema radicular (TAIZ e ZEIGER, 2009). A água é ainda responsável pela forma e estrutura dos órgãos e essencial para o crescimento e desenvolvimento das culturas (Larcher, 2004), sejam elas anuais ou perenes (CARLESSO e SANTOS, 1999).
De todos os recursos de que as plantas necessitam para crescer e funcionar, a água é o mais abundante e, ao mesmo tempo, com freqüência, o mais limitante. A prática de irrigação de culturas reflete o fato de que a água é um recurso-chave que limita a produtividade agrícola. A disponibilidade de água, da mesma forma, limita a produtividade de ecossistemas vegetais, levando a diferenças marcantes no tipo de vegetação que se desenvolve ao longo de gradientes de precipitação (KERBAURY, 2009).
As plantas utilizam água em grandes quantidades. Essa tremenda “sede” é uma conseqüência direta da absorção por difusão de CO2 para fotossíntese. A maior parte (~97%) da água absorvida pelas raízes é transportada pela planta e evaporada das superfícies foliares. Tal perda de água denomina-se transpiração. Por outro lado, apenas uma pequena quantidade de água absorvida pelas raízes permanece na planta para suprir o crescimento (~2%), ser usada na fotossíntese ou em outros processos metabólicos (~1%) (TAIZ e ZEIGER, 2009).
Tanto a água utilizada pelas plantas nas suas funções vitais quanto a que é perdida para a atmosfera por transpiração provém do solo. As plantas absorvem água do solo pelas raízes e translocam até as folhas, onde é perdida para atmosfera, estabelecendo uma coluna contínua de água no sistema solo-planta-atmosfera, obedecendo a um gradiente decrescente de Yw. A absorção de água pelas plantas só ocorre se houver um gradiente favorável de Yw entre solos e raízes. Em um solo perdendo água permanentemente por evapotranspiração durante o dia, as plantas terão dificuldades crescentes de retirar água para balancear a perdida por transpiração, levando a uma perda de pressão de turgor ou murchamento. No entanto,com a quase total interrupção de transpiração á noite o turgor das plantas poderá ser recuperado (KERBAURY, 2009).
Para as atividades bioquímicas do protoplasma não é importante a quantidade de água nele existente, mas sim o estado termodinâmico da água. Pois a disponibilidade de água é expressa como o potencial hídrico de um sistema aquoso (células, compartimentos celulares e solução externa), tendo por referência o potencial da água pura, e isto significa quanto menor o potencial hídrico do sistema considerado, menor será também a disponibilidade de água nesse sistema (LARCHER, 2004).

2.2 TOLERÂNCIA À SECA

Quando a falta de água ocorre no solo, devido a um período sem chuvas prolongado, denominamos esse período de seca. Um estresse causado pela seca, gradualmente intensificado, pode ser também resultado da absorção inadequada de água pelas plantas que crescem em solos muito rasos, incapazes de proporcionar um desenvolvimento pleno para o sistema radicular (LARCHER, 2006).
As plantas lenhosas podem apresentar uma variedade de respostas de aclimatação metabólicas e comportamentais à seca que inclui acumulação de compostos osmoreguladores
(açúcares, aminoácidos, hormônios e etc.), mudanças na área foliar total e no sistema radicular, mudanças no sistema de endomembranas, no ciclo de divisões celulares. Todas essas respostas ajudam as plantas a tolerarem períodos mais longos de estresse hídrico. As plantas sob a circunstância de seca sobrevivem fazendo um auto balanço entre a manutenção do turgor e a redução da perda de água. Os mecanismos de tolerância à seca são: a manutenção do turgor com o ajuste osmótico (um processo que induz o acúmulo dos solutos na célula), aumento na elasticidade na célula e diminuição no tamanho da célula e na tolerância à dessecação pela resistência protoplásmica (MITRA, 2001).
Estudos realizados sobre estresse hídrico demonstraram que os hormônios desempenham um importante papel importante na percepção de estímulos desfavoráveis do meio ambiente e na geração de respostas adequadas que garantam a sobrevivência das plantas. Entre os hormônios mais estudados em plantas submetidas ao déficit hídrico, o ácido abscísico (ABA) é reconhecido em carências hídricas no solo, pois o mesmo é produzido em altas concentrações, atuando como um sinal positivo, sendo transportado da raiz para a parte aérea através do xilema, promovendo o fechamento estomático, evitando desta forma a perda de água por transpiração. Entretanto, a imposição do estresse hídrico não resulta sempre em um aumento rápido no teor de ABA no sistema radicular. O estresse pode resultar numa maior sensibilidade dos tecidos ao ABA e/ou numa redistribuição ou síntese de hormônio nas folhas. O aumento de ABA nas folhas é geralmente independente, pelo menos no início do estresse, de sua concentração na seiva do xilema (KERBAURY, 2009).
Os efeitos do ABA na proteção ao estresse hídrico são exercidos principalmente através da indução de expressão de genes que codificam a síntese de proteínas com função de evitar as perdas de água e restaurar os danos celulares. Dentre estas, incluem-se as proteínas envolvidas no metabolismo da sacarose e da prolina, as proteínas de transporte, como os canais de íons, e as proteínas envolvidas em degradações e em processos de reparo, como as proteases (KERBAURY, 2009; CORDEIRO et al, 2009).
A tolerância à seca em plantas não é uma mecanismo simples, mas sim um complexo de adaptações que trabalham em conjunto ou isoladamente para evitar ou tolerar períodos longos de déficit hídrico. Portanto, períodos de seca tornam limitante a produtividade das plantas sempre que a deficiência hídrica é suficiente para interferir na assimilação de carbono e produção de fotoassimilados (TAIZ e ZEIGER, 2009; CORDEIRO et al, 2009).

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