No que toca ao QCA III (Quadro Comunitário de Apoio III),  que vigorou no período entre 2000 e 2006, a grande novidade em relação aos  anteriores QCA (I e II) diz respeito à importância que adquirem os agentes de  desenvolvimento local, nomeadamente o apoio aos investimentos de interesse  municipal e intermunicipal, as Intervenções da Administração Central  regionalmente desconcentradas e as Acções Integradas de Base Territorial (AIBT),  no âmbito dos Programas Operacionais Regionais.
  Os Programas Operacionais Regionais, que correspondem ao  Eixo 4 do QCAIII, são documentos que estabelecem os quadros de referência para  a aplicação dos investimentos a co-financiar pelos Fundos Estruturais, que  serão objecto de gestão regionalizada, em conformidade com as opções  estratégicas previamente estabelecidas no Plano de Desenvolvimento Regional.
  As AIBT (no âmbito do Eixo II dos Programas Operacionais  Regionais) destinam-se, através de uma concentração de investimentos e  capacidades organizativas, a superar as dificuldades de desenvolvimento  particularmente acentuadas, a aproveitar oportunidades insuficientemente  exploradas, resultantes, umas e outras, das especificidades próprias de cada  região portuguesa. Estas apresentam como característica fundamental o facto de  agregarem numa mesma AIBT municípios com características territoriais  semelhantes, independentemente das NUTs em que os mesmos estejam inseridos  (www.qca.pt).
  Estas procuram a promoção de parcerias multisectoriais e  público-privadas de apoio ao desenvolvimento regional e local, visando o  aumento da integração das políticas públicas e a melhoria dos instrumentos de  apoio ao desenvolvimento em territórios e domínios considerados pertinentes  (www.qca.pt).
  Analisando a acção das 22 AIBT existentes no território  nacional, contamos 10 localizadas nas áreas de montanha nacionais (segundo os  critérios da Circular 10/2001 para as áreas desfavorecidas) e o investimento  total efectuado nas áreas de montanha foi de quase 420 milhões de euros, menos  de metade do total nacional.
  A AIBT que mais investimento efectuou foi a Acção Integrada  de Base Territorial do Alto Douro (com mais de 73 milhões de euros) e a que fez  menos investimento foi a Acção Integrada do Pinhal Interior, com apenas 26  milhões de euros, menos de metade do exemplo anterior.
  As acções levadas a cabo por estes agentes de  desenvolvimento local dizem respeito essencialmente à reconstrução e  recuperação de equipamentos e infra-estruturas, à valorização do potencial  endógeno, reforço da competitividade e qualificação dos territórios, reforço da  articulação dos seus actores, melhoria da qualidade visual da paisagem,  recuperação/valorização ou construção de edifícios com interesse patrimonial ou  funcional, recuperação urbanística de áreas urbanas em declínio, entre muitos  outros.
  Não se registaram, todavia, alterações apreciáveis na  ampliação e diversificação da base económica dos territórios de intervenção.  Para isso, deveria ter havido participação bastante mais expressiva e  sistemática da iniciativa privada (MAOTDR, 2008).
  Com efeito, um dos principais constrangimentos à eficácia  das AIBT residiu na insuficiente complementaridade entre investimentos públicos  e privados. Para incrementar os efeitos induzidos pela valorização territorial,  ambiental e patrimonial acima referidos, teria sido necessário o envolvimento  mais directo e intenso de privados na dinamização desses territórios (MAOTDR,  2008).
  Na óptica da intervenção nos territórios de baixa  densidade, o Programa de Iniciativa Comunitária LEADER configurou uma nova  forma de encarar/promover o desenvolvimento regional: partindo do nível  territorial, segundo uma abordagem ascendente; concebendo estratégias  territoriais de desenvolvimento integradas e de carácter piloto, centradas em  temas prioritários (Planos de Desenvolvimento Local): e criando instâncias  locais de promoção e gestão (os Grupos de Acção Local), estimulando o  aparecimento de Associações de Desenvolvimento Local, com a responsabilidade de  dinamizar o programa em zonas de intervenção específicas (MAOTDR, 2008).
  Este vector visa dar apoio a estratégias territoriais de  desenvolvimento rural, integradas de carácter piloto, definido para um  território rural e elaborado por uma parceria ampla e representativa dos  actores mais relevantes de cada território, o qual se encontra dividido em  medidas e sub-medidas. A primeira destina-se aos investimentos em acções  materiais e nela encontramos três submedidas de apoio aos investimentos e à  execução dos Planos de Desenvolvimento Local, através da elaboração de estudos  prévios e apoio aos GAL, nomeadamente despesas de funcionamento. A segunda  medida visa acções imateriais, nomeadamente a formação profissional e acções de  sensibilização direccionadas para as questões ambientais e das novas energias.  A terceira medida diz respeito à aquisição de competências, através da  elaboração de estudos prévios. Por fim, a quarta medida tem como objectivo o  apoio aos GAL, nomeadamente nas despesas de funcionamento (www.leader.pt).
  Os GAL são organismos intermédios de gestão, que actuam em  territórios de pequena dimensão e de carácter rural, formando um conjunto  homogéneo do ponto de vista físico (geográfico), económico e social. Estes  estão organizados entre entidades públicas e privadas que entre si, acordaram  uma estratégia comum de intervenção para o território, consubstanciada num  Plano de Desenvolvimento Local (PDL) (www.leader.pt).
  Analisando a totalidade do investimento aprovado por estes  dois agentes de desenvolvimento local (AIBT e GAL), verificamos que foram  investidos quase 600 milhões de euros nas áreas de montanha, em acções  variadas.
  No que concerne mais especificamente à dinamização  empresarial, o LEADER+ apoiou a realização de investimentos (com um nível  máximo de despesas elegíveis por projecto até 200.000 euros), de natureza  produtiva, corpóreos ou incorpóreos, consistindo, nomeadamente, na criação,  estabelecimento e adaptação/modernização de unidades produtoras de bens e  serviços de pequena e média dimensão (MAOTDR, 2008).
  Vários projectos contribuíram para a melhoria da capacidade  competitiva de alguns territórios, nomeadamente para uma maior atractividade  face ao exterior (MAOTDR, 2008).
  Os principais efeitos sociais induzidos pelas AIBT e  LEADER+, embora ainda não totalmente monitorizáveis, são variados e incidiram  nas condições de vida das populações, na textura institucional e na  empregabilidade.
  Contudo, além destes agentes existem outros, tais como as  autarquias e juntas de freguesia, agentes privados e associações e para  proceder à contabilização de todos investimentos financiados, seria muito  difícil conseguir a informação pretendida.
  A concretização de vários projectos permitiu às populações  acederem a equipamentos colectivos de que não dispunham, terem melhores  acessibilidades, usufruírem de melhores condições para a prática de actividades  lúdico-desportivas, etc. Muitos dos projectos permitiram colmatar problemas ao  nível do saneamento básico e tratamento de águas residuais e das condições  físicas de edifícios de habitação e de elevado valor patrimonial, além de terem  permitido a melhoria/substituição de redes de água, gás, iluminação,  sinalização, acessibilidades e telecomunicações.
  No contexto das actuais políticas públicas (2007-2013)  existem instrumentos de apoio variados, que abrem novas perspectivas de  intervenção nos territórios de baixa densidade, nomeadamente os inseridos em  ambiente de montanha.
  Destacamos os Programas Operacionais Temáticos  (co-financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – FEDER, pelo  Fundo Social Europeu – FSE, e pelo Fundo de Coesão), os Programas Operacionais  (PO) Regionais (co-financiados pelo FEDER), os Programas de Valorização  Económica de Recursos Endógenos (PROVERE), no âmbito do Quadro de Referência  Estratégico Nacional (QREN) e o Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER), no  âmbito do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER).
  Os programas operacionais temáticos reflectem as  significativas modificações introduzidas nos novos regulamentos comunitários  dos fundos estruturais e de coesão, face aos anteriores períodos de  programação, evidenciadas pela introdução de regras de programação mono-fundo1 e mono-objectivo2 e  pela convergência entre os fundos estruturais e de coesão em matéria de  programação plurianual.
  A convergência entre os fundos estruturais e o fundo de  coesão em matéria de programação conjunta do FEDER e do Fundo de Coesão em  programas operacionais de abrangência territorial nacional (sendo que cada eixo  prioritário é financiado apenas por um fundo).
  Os Programas Operacionais Regionais são instrumentos  estruturados territorialmente de âmbito regional, de acordo com as NUTS II e  co-financiados pelo FEDER.
  Os PROVERE, inseridos nas Estratégias de Valorização  Económica de Base Territorial, são um dos quatro tipos de estratégia de  eficiência colectiva previstos. São um instrumento especificamente destinado  aos territórios com menores oportunidades de desenvolvimento por causa de uma  baixa densidade – populacional, institucional, de actividade económica, etc. –  pretendendo estimular iniciativas dos agentes económicos orientados para a  melhoria da competitividade territorial de áreas de baixa densidade que visem  dar valor económico a recursos endógenos e tendencialmente inimitáveis do  território: recursos naturais, património histórico, saberes tradicionais, etc.  (www.qren.pt).
  Com este instrumento, pretende-se concretizar programas de  acção, construídos em parceria e enquadrados em estratégias de desenvolvimento  de médio e longo prazo, que contribuam de forma decisiva para o reforço da base  económica e para o aumento da atractividade dos territórios-alvo (www.qren.pt).
  Serão considerados como PROVERE os programas de acção cujos  projectos-âncora e impactes mais relevantes, em termos de uso do território, de  emprego e de rendimento gerado, se localizem em territórios exteriores às Áreas  Metropolitanas de Lisboa e Porto e fora dos centros urbanos de nível regional  ou superior, definidos nos Planos Regionais de Ordenamento do Território  (PROT), e de centros urbanos de níveis inferiores com mais de 20 mil ou mais  habitantes (www.qren.pt).
  O PRODER é um instrumento estratégico e financeiro de apoio  ao desenvolvimento rural do continente, decorrente do Plano Estratégico  Nacional de Desenvolvimento Rural, que define as orientações fundamentais para  a utilização nacional do FEADER, a estratégia nacional para o desenvolvimento  rural escolhida em função das orientações estratégicas comunitárias, visa a  concretização dos seguintes objectivos:
A estes objectivos estratégicos acrescem ainda  objectivos de carácter transversal, como sejam, o reforço da coesão territorial  e social, e a promoção da eficácia da intervenção dos agentes públicos, privados  e associativos na gestão sectorial e territorial (www.proder.pt).
  As actuações que se pretendem levar a cabo no  PRODER encontram-se agrupadas por Subprogramas e estes por medidas (www.proder.pt).
  Estes programas representam um conjunto de  importantes novas oportunidades para os territórios de baixa densidade  inseridos em áreas de montanha.
  A intervenção em territórios de montanha, face às suas  especificidades físicas e socioeconómicas, deve ter um carácter flexível e  solidário, capaz de mobilizar a comunidade e de satisfazer e assegurar as  necessidades da população em termos de serviços, equipamentos e  infra-estruturas (FERNANDES, 2010).
  O leque de programas europeus que podem servir de  financiamento a iniciativas nas áreas de montanha é muito vasto e os promotores  também são muitos. Esta situação leva a que os vários programas com incidência  na montanha não se articulem da melhor forma (CRISTÓVÃO, 2007).
  Além disso, o facto de um mesmo território ser alvo de  intervenções de entidades variadas, com financiamentos limitados, as quais  traçam os seus próprios objectivos para o mesmo, provoca uma forte  desarticulação nesse mesmo território, em vez de o desenvolver, que era o  objectivo inicial. Por fim, muitas das acções são levadas a cabo, por exemplo  no sentido de recuperar infra-estruturas, e construções que no fundo são marcas  da identidade dos territórios mas que não são contemplados na perspectiva de  finalidade turística, o que demonstra uma falta de planeamento nesta área.
  Seria, portanto, fundamental estabelecer um diálogo  permanente entre as diferentes entidades, para que todos juntos pudessem definir  a melhor estratégia para desenvolver a área em que os mesmos se localizam, de  forma a promover a coesão dos territórios. As intervenções, com grande impacte  ao nível local, acabam muitas vezes por não terem visibilidade ao nível regional  e até mesmo ao nível nacional, fruto da falta de uma visão estratégica comum,  quer por parte de muitos agentes de desenvolvimento local, quer mesmo das políticas  ao nível nacional, que não promovem a articulação dos investimentos.
      1 A regra de programação mono-fundo determina que cada programa  operacional é apenas objecto de apoio financeiro por um fundo estrutural (FEDER  ou FSE), excepcionando-se desta regra o Fundo de Coesão e sem prejuízo da  adopção do mecanismo de flexibilidade correspondente à possibilidade de cada um  dos fundos estruturais poder co-financiar investimentos e acções de  desenvolvimento enquadrados nas tipologias de intervenção do outro fundo  estrutural, no limite de 10% das dotações financeiras atribuídas por eixo. 
2 A regra de programação mono-objectivo determina que cada programa operacional é apenas integrado num objectivo da política de coesão comunitária para 2007-2013 (salvo decisão em contrário acordada entre a Comissão e o Estado-Membro), sendo pela primeira vez impostas em Portugal diferenciações muito significativas entre as regiões (NUTS II).
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![]() 1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores)  Este  libro  es  producto del  trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER).  Libro gratis  | 
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