PLANEAMENTO TURÍSTICO EM MIRANDA DO CORVO CONTRIBUTO DE UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA

Luísa Daniela Moreira Adelino

3.3. Estratégias e planos para o Turismo em Miranda do Corvo: criar novas centralidades

 

            3.3.1 Antes de 2000

Já desde os finais da década de 70 do século XX que é notória a existência de uma preocupação com questões turísticas para o desenvolvimento do concelho de Miranda do Corvo, partilhada quer pelo poder político, quer pela população em geral. No primeiro número do jornal local “o Mirante”, datado de Abril de 1979, foi redigido um artigo referente a esta temática, o qual teve continuação na edição seguinte, e que demonstrou bem o entusiasmo que existia naquela altura em torno desta matéria.
A realidade do concelho, em termos de infra-estruturas de equipamento turístico e de lazer era de grande pobreza. Em meados da década de 80 do mesmo século, este possuía, além dos monumentos religiosos, apenas duas pequenas pensões, restaurantes, dois pubs, duas discotecas, uma piscina descoberta, um campo de ténis, um pavilhão gimnodesportivo, diversos ringues e campos de futebol, uma piscina fluvial no rio Dueça, um parque infantil na Praça José Falcão e uma biblioteca que só recentemente tinha começado a funcionar diariamente (CMMC, 1987).
Em termos de infra-estruturas não directamente ligadas ao turismo mas consideradas fundamentais para o seu desenvolvimento, salienta-se a existência de um centro de saúde, estradas em péssimo estado de conservação e a necessitar de intervenções urgentemente, falta de alguns acessos importantes e uma ligação ferroviária a necessitar de intervenções no sentido da sua modernização1 (CMMC 1987).
De forma mais ou menos rápida e eficaz vão surgindo, na segunda metade da década de 80 do século XX, inúmeras ideias e planos de projectos para o concelho, embora de carácter fragmentado, carentes de uma perspectiva global, resultado de questões imediatas e não propriamente com uma perspectiva de médio e longo prazo.
Antes de 1987 nem podemos falar de planos propriamente ditos. Os trabalhos elaborados eram denominados de projectos e consistiam essencialmente no levantamento e caracterização da situação existente, na memória descritiva do que se pretendia fazer, na enumeração e descrição dos materiais necessários para a sua execução e nas peças desenhadas.
O primeiro projecto apresentado pelo jornal acima mencionado foi terminado em 1985 e dizia respeito ao projecto de construção de um parque de campismo junto ao açude do Panão. Após a construção de um açude neste local, pretendia-se dotar o concelho com um parque de campismo, com cerca de 1 hectare. O relevo era acidentado, mas mesmo assim considerava-se que havia condições para instalar ali o parque. Como infra-estruturas de apoio previa-se os balneários, um bar/snack-bar e um restaurante, localizados na periferia do parque, para serem acessíveis quer aos campistas, quer às pessoas de fora.
No início do ano de 1987 foi anunciado o Plano Integrado de Recuperação do Cadaval e Gondramaz. Este visava o aproveitamento da área da Serra da Lousã, na área pertencente ao concelho de Miranda do Corvo, conhecida como Serra do Espinho e de Vila Nova.
            Neste plano pretendia-se a recuperação do lugar de Cadaval, com a adaptação para aldeamento turístico, a preservação da arquitectura tradicional do Gondramaz e o embelezamento da Sr.ª da Piedade de Tábuas. Também se previa a arborização de espaços envolventes com as espécies tradicionais, o lançamento de uma reserva de caça com sistemas de reprodução em cativeiro das espécies endógenas como a perdiz, o coelho, a lebre, o javali, o texugo e o repovoamento com trutas das ribeiras de Espinho e da Sr.ª da Piedade de Tábuas. Pretendia-se também dinamizar as actividades tradicionais agrícolas, especialmente a pastorícia e a agricultura e construir uma rede de estradas que garantissem a ligação entre as diversas aldeias. Esta recuperação era extensível aos concelhos de Lousã, Penela e Castanheira de Pêra, orientando assim uma reserva natural em que fosse preservado o equilíbrio ecológico.
            Em 1987 foi terminado o Plano de Turismo do Concelho, elaborado pelo Gabinete da Serra da Lousã, que se localizava junto aos Paços do Concelho. Este plano integrou todas as iniciativas de carácter turístico já iniciadas ou a iniciar no concelho, numa programação plurianual adoptada pela autarquia numa perspectiva de “gestão-objectivos-recursos”. Pretendia-se aproveitar as potencialidades do concelho, tendo em consideração os recursos envolventes2, ultrapassando, assim, alguns constrangimentos estruturais que vinham prejudicando o concelho no sector do turismo (CMMC, 1987).
            O plano tinha cinco objectivos fundamentais:

  1. Protecção do artesanato;
  2. Integração de pontos turísticos envolventes;
  3. Equipamento hoteleiro e similar;
  4. Áreas de lazer e ocupação de tempos livres;
  5. Infra-estruturas básicas mínimas de suporte ao plano.

Em termos de protecção do artesanato, a autarquia defendia três tipos de acções, nomeadamente apoiar as iniciativas privadas no sector – cooperativas ou não – que se dedicassem à produção de artesanato; criação, no município, de unidades de emprego protegido, com a parceria da Associação de Crianças Inadaptadas (ARCIL) e uma casa de exposição de artesanato, através da recuperação de um imóvel e a sua área envolvente, propriedade do Município, localizado na vila de Miranda do Corvo.
Relativamente à integração de pontos turísticos envolventes, pretendia-se a criação de roteiros e circuitos turísticos, com partida em Coimbra, visita aos pontos de interesse existentes na altura no concelho3 e nos concelhos vizinhos4.
            No que toca ao equipamento hoteleiro, a Câmara Municipal pretendia adaptar uma quinta que tinha adquirido para uma pousada. Paralelamente, também tencionava comprar a aldeia do Cadaval e adaptá-la a aldeamento turístico, aproveitando as casas serranas existentes.
            Em relação às zonas de lazer, pretendia-se a criação de uma coutada na Serra da Lousã, a criação de um centro hípico nas proximidades da aldeia do Cadaval, a adaptação da Sr.ª da Piedade a zona de lazer através da construção de uma piscina fluvial e parques de merendas, o aproveitamento das ribeiras de Espinho e Sr.ª da Piedade de Tábuas, adaptando-as a percursos de caminheiros e a actividades piscícolas, com repovoamento de trutas, a recuperação de um moinho de farinha movido a água, a recuperação de um lagar de azeite movido a água, o aproveitamento da casa do artesanato, a pavimentação de estradas, a electrificação do Cadaval e o abastecimento domiciliário de água (CMMC, 1987).
            Todas estas acções foram incluídas num programa ambicioso e previa-se estarem terminadas em 1989, com um investimento previsto de 165,500 contos (825.250 euros). A programação proposta só seria possível se a autarquia conseguisse apoios financeiros extraordinários, não previstos no seu orçamento, nomeadamente através dos fundos comunitários e nacionais5 (CMMC, 1987).
            Acreditava-se que os custos e o impacte previsto a nível local e regional, nomeadamente a criação de postos de trabalho, o repovoamento e fixação das populações nas aldeias serranas, justificariam plenamente o esforço realizado (CMMC, 1987).
            O Plano de Turismo do Concelho, além de constituir um elemento agregador de várias iniciativas do concelho, até então dispersas, também foi integrado noutros planos, de carácter mais abrangente territorialmente, nomeadamente o Plano de Recuperação Ecológica, Preservação Arquitectónica e Desenvolvimento da Serra da Lousã, igualmente realizado no Gabinete da Serra da Lousã e no Plano Director Intermunicipal da Lousã, Miranda do Corvo, Penela e Vila Nova de Poiares, realizado pelo Gabinete de Apoio Técnico (GAT) da Lousã.
Com o objectivo de desenvolver o concelho, nomeadamente em termos turísticos, podemos afirmar que este foi o primeiro grande plano turístico realizado no concelho com uma perspectiva de integração de projectos, de forma a criar um todo coerente, e que não se limitava às fronteiras de um só concelho, propondo parcerias estratégicas com outros territórios vizinhos. Também podemos afirmar que, até ao final do século XX, este foi o último plano com estas características.
No Plano de Recuperação Ecológica, Preservação Arquitectónica e Desenvolvimento da Serra da Lousã, previa-se, entre outras iniciativas, um espaço de recuperação de espécies cinegéticas, nomeadamente as perdizes, através da criação de uma coutada e um centro reprodutor desta espécie6. Dada a boa receptividade das diversas entidades às propostas feitas, chegou mesmo a considerar-se a hipótese de se formalizar um proposta para se considerar a Serra da Lousã como Paisagem Protegida.
            Neste contexto, foi concluído, pelo Gabinete da Serra da Lousã, um projecto denominado por “Projecto Integrado de Desenvolvimento da Serra da Lousã – Proposta de Intervenção da Área Florestal”, onde é proposta a criação de uma zona de caça gerida pelo Estado. A continuidade dos trabalhos neste sector levou à constituição da Zona de Caça Nacional (Z.C.N.) da Serra da Lousã com 10851 hectares (PAUL, 2006).
Posteriormente, no ano de 1988, foi terminado o Plano de Recuperação do Cadaval e Sra. da Piedade de Tábuas. Neste plano pretendia-se a construção de um açude e uma área de lazer na Senhora da Piedade de Tábuas para os banhistas. Com o açude pretendia-se obter um espelho de água com dimensão suficiente no Verão e a área de lazer serviria de apoio ao açude, com casas de banho, balneários e um bar, tudo localizado numa espécie de plataforma que iria facilitar o acesso do Santuário ao açude. Relativamente à aldeia de Cadaval, que ficara desprovida de população residente, foi elaborado o levantamento do edificado e estava prevista a recuperação dos imóveis, segundo a sua traça original, para aproveitamento turístico da mesma7.
            No ano de 1989 foi apresentado o Plano de Valorização do Santuário do Senhor da Serra, alvo de muitos elogios na altura pela forma como foi estruturado. Este não previa muito mais do que a conversão de um edifício na área do Santuário em hospedaria e casas de banho públicas, com a finalidade de acolher os peregrinos que anualmente afluíam ao Senhor da Serra pela Romaria, em meados de Agosto.
            Estes projectos constituíam “uma recusa ao conservadorismo, sob uma perspectiva desenvolvimentista (…), uma filosofia de aproveitamento múltiplo dos recursos com protecção e salvaguarda dos valores arquitectónicos, ambientais e culturais” (CMMC, 1987).
            Contudo, num concelho pobre, onde a agricultura tinha uma grande importância na economia local, com fraco empreendedorismo de uma boa parte da população e com grande dependência de ajudas financeiras externas, tudo era mais difícil de concretizar. A adesão de Portugal à então CEE foi um passo decisivo que veio facilitar muito o acesso ao financiamento. Contudo os processos ainda eram efectuados de forma muito lenta e burocrática e os fundos não chegavam para suprir todas as necessidades. Além disso, há que mencionar que muitos destes projectos estavam condicionados pelos ciclos eleitorais e dependentes de quem estava no poder local e na oposição.
            No nosso entender, a urgência em suprir as carências existentes no concelho naquela altura, a fraca tradição em planeamento e ausência de iniciativas privadas foram premissas fundamentais que levaram a que muitos destes projectos não tivessem sido levados a cabo, acabando esquecidos no fundo da gaveta.
No entanto, no último decénio do século XX, apenas alguns projectos se tornaram uma realidade. Destacamos a Estalagem da Quinta do Viso; o açude e a área de lazer da Nossa Sra. da Piedade de Tábuas e a construção do Posto de Turismo, importantes recursos para o concelho, mas que não lhe deram mais visibilidade.

3.3.2. Depois de 2000

Só na primeira década do novo milénio é que podemos falar em concretizações propriamente ditas. De facto, a recuperação da aldeia do Gondramaz, no âmbito do Programa das Aldeias do Xisto, é que pode ser considerada como a primeira alavanca para o concelho em termos turísticos, que veio permitir que este ganhasse mais visibilidade.
O “Programa das Aldeias do Xisto” é um “projecto-âncora” da Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) que envolve 24 lugares serranos – cerca de metade na Serra da Lousã – repartidos por catorze municípios (Arganil; Castelo Branco; Figueiró dos Vinhos, Fundão; Góis; Lousã; Miranda do Corvo; Oleiros; Pampilhosa da Serra; Penela; Proença-a-Nova; Sertã; Vila de Rei e Vila Velha de Ródão) das sub-regiões do Pinhal Interior Norte e Sul, Beira Interior Sul e Cova da Beira.
Os objectivos desta iniciativa são os da requalificação e infra-estruturação de um conjunto de aldeias serranas; preservar a sua identidade; melhorar as condições e a qualidade de vida das populações; estimular a auto-estima dos habitantes; promover as suas potencialidades (originais e excepcionais) e potenciar a sua valia pela sua integração numa rede de percursos (CARVALHO, 2005). O potencial reside essencialmente nos recursos patrimoniais, paisagísticos e culturais endógenos que, por falta de manutenção e divulgação, poderão correr o risco de se degradar e serem progressivamente abandonados. Assim, para além das acções eminentemente materiais, o projecto contempla a realização de iniciativas no sentido de promover o produto turístico (PEREIRA, 2006).
Neste contexto, houve um conjunto de critérios de selecção da aprovação das candidaturas das aldeias ao Programa das Aldeias do Xisto, tais como: “enquadramento em espaços vincadamente regionais; enquadramento em ambiente de montanha ou média montanha (dos 500 aos 900 metros de altitude); dominância da arquitectura rural tradicional local, com utilização de materiais construtivos, técnicas de construção, volumetrias, cores e ordenamento do aglomerado, característicos da região; aglomerados que utilizam recursos locais (pedra e madeira) como principal material construtivo; aglomerados não completamente abandonados pelos seus habitantes, mas reocupados por outros que mantêm as suas actividades tradicionais; predomínio da primeira habitação; componente de alojamento turístico que não representa mais de 25% das residências existentes; enquadramento na rede de percursos global” (CCRC, s/d). De igual modo, foram definidas “preferências” em relação aos “aglomerados em que o material de construção seja, predominantemente, o xisto e/ou quartzito, e também a desejável existência de imóveis para serviços (ponto de informação, valência museológica, alojamento turístico, venda de produtos locais” (idem cit. em CARVALHO, 2005).
As intervenções em curso nestas aldeias pretendiam assim melhorar a qualidade de vida dos seus residentes, conservar a aldeia como um património cultural e promover as actividades económicas locais (locais de alojamento ou de restauração, comércio de produtos locais, animação turística (PEREIRA, 2006).
            Um objectivo do Programa das Aldeias de Xisto (PAX) é criar, na sua área de intervenção, uma marca que identifique e promova este território, com base no xisto, o substrato rochoso predominante.
            Um outro componente reside no facto de contemplar o investimento nas pessoas, ou seja, através da medida II.8 (Fundo Social Europeu - FSE) do Programa Operacional Regional do Centro, está a efectuar-se uma aposta na qualificação dos residentes e nos agentes de cada aldeia (PEREIRA, 2006).
            Segundo a autora, é evidente que a dinâmica introduzida pelo investimento público tem motivado a iniciativa privada, de tal forma que já vamos encontrando hoje pequenos empreendimentos turísticos, de alojamento, de restauração e de desporto aventura, totalmente imbuídos no espírito das Aldeias de Xisto, onde se proporciona uma oferta diferenciada.
            Através do Sistema de Incentivos para iniciativas privadas, surgiram novas actividades económicas, no seio de investidores particulares, onde se assistiu a uma adesão quer de residentes, quer de não residentes (PEREIRA, 2006).
A aldeia do Gondramaz é a única iniciativa que, inserida numa rede, não se esgota nas fronteiras físicas de um concelho. De facto esta aldeia, localizada na Serra da Lousã, a qual é repartida por vários concelhos e que constitui uma importante atracção turística local para os amantes da natureza e da aventura, juntamente com as restantes 23 aldeias do xisto, contraria a tendência geral de espartilhamento do território que tem vindo a acontecer desde há algumas décadas.
            Depois do virar do milénio, outros projectos, por exemplo a Quinta da Paiva, foram ou estão a ser levados a cabo, constituindo a generalidade de recursos turísticos actualmente existentes no concelho.


1 Nesta altura diversas autarquias da região estavam a pressionar a Administração Central no sentido da criação de uma ligação ferroviária entre Miranda do Corvo e Tomar, projecto considerado prioritário para a região (CMMC, 1987). Essa ligação ferroviária nunca chegou a ser executada.

2 Por exemplo as Ruínas de Conímbriga, a Cidade de Coimbra, a Sr.ª  da Piedade da Lousã e o Castelo de Penela.

3 Santuário do Senhor da Serra, Igreja do Convento de Semide, artesãos do Barro Vermelho do Carapinhal, Casa Mãe da obra do Padre Américo, Igreja Matriz de Miranda do Corvo e Vila Nova (Serra da Lousã).

4 Lousã, Senhora da Piedade da Lousã, barragem da Louçaínha – Espinhal, Conímbriga, Condeixa, Castelo e igrejas de Penela.

5 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA), Programa Específico para o Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa (PEDAP), Programação de Acção Florestal da Direcção Geral das Florestas (P.A.F.), Secretaria de Estado do Turismo, Secretaria de Estado do Ambiente, nomeadamente o Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza.

6 Segundo o referido jornal, os concelhos de Penela e Lousã decidiram associar-se ao concelho de Miranda do Corvo, combinando reuniões e ocorreram deslocações ao concelho de representantes de entidades como a Circunscrição Florestal de Coimbra, o Clube de Caçadores e o Serviço Nacional de Parques.

7 Este projecto que tinha sido pedido inicialmente pela Câmara Municipal, em 1979, ao GAT da Lousã, só foi concretizado cerca de uma década mais tarde por um gabinete de arquitectura. Foram lançados os concursos para a execução da obra mas este plano mas, tal como os anteriores, acabou fechado numa gaveta, pois a sua execução era excessivamente onerosa e a autarquia não possuía, na altura, os fundos necessários para a sua execução.

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