PLANEAMENTO TURÍSTICO EM MIRANDA DO CORVO CONTRIBUTO DE UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA

Luísa Daniela Moreira Adelino

3.2.2. … aos produtos turísticos

            Conforme refere RUSCHMANN (1997), o produto turístico é formado por “um conjunto de bens e serviços unidos por relações de interação e interdependência que o tornam extremamente complexo em suas singularidades e o distinguem dos bens industrializados e do comercio, como também dos demais tipos de serviços”. Porém compreende-se serviço como “um ato ou desempenho oferecido por uma parte à outra. Embora o processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho é essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade de nenhum dos fatores de produção” (LOVELOCK e WRIGHT, 2002, cit. em OLIVEIRA, 2009).
            Nesta acepção, podemos afirmar que em termos de produtos, o concelho de Miranda do Corvo é bem mais pobre e menos variado. As únicas iniciativas que podemos considerar que englobam um conjunto mais variado de recursos, nomeadamente a marcação prévia, o transporte, a visitação de vários recursos e o pagamento dos serviços requisitados, apresentando assim um maior grau de complexidade, são as rotas turísticas.
A Rota dos Escritores, constituída com parceria entre a Câmara Municipal e a CCDR, que começa na sede de concelho, passa pelo Gondramaz e Cadaval, pela Senhora da Piedade de Tábuas e segue para Semide onde se visitam a Igreja Matriz, o Atelier Alambique e o Santuário do Senhor da Serra.
A Rota da Chanfana tem trinta quilómetros de extensão e nela pretende-se seguir os passos essenciais na confecção da chanfana. Tem início na Quinta da Paiva, segue-se para Lamas onde se podem observar as vinhas. Depois, em Semide aprecia-se o Mosteiro, onde se confeccionava a chanfana e, por fim, na localidade do Senhor da Serra apreciam-se as belas paisagens.
A Rota do Gondramaz tem início na vila de Miranda do Corvo e termina no Gondramaz, via Cadaixo. Esta é uma aldeia relativamente pequena onde grande parte da estrutura edificada é habitação, que respeita a tipologia tradicional das casas serranas (em que o rés-do-chão se destina ao gado e o andar superior à habitação propriamente dita).
Gondramaz não possui serviço de visitas guiadas mas, no âmbito da Rota das Aldeias de Xisto, estão a ser formados “animadores da aldeia” com o objectivo de existirem pessoas que recebam os visitantes, lhes forneçam informações e dinamizem actividades.
A Rota de Vila Nova compreende um percurso pedestre na Serra de Vila Nova, inserido no Programa AGRIS. Realizado entre a localidade de Vila Nova e Nossa Senhora da Piedade de Tábuas, este percurso pretende mostrar as infra-estruturas das áreas rurais, nomeadamente as azenhas, o património natural e a paisagem envolvente.
O Percurso de Xisto Acessível do Gondramaz é o primeiro percurso deste género na Rede das Aldeias de Xisto. Começa na estrada municipal de acesso ao Gondramaz, na envolvente desta aldeia, e termina ao fundo da sua rua principal.
Com apenas cerca de 500 metros de extensão, este percurso encontra-se perfeitamente adaptado para as pessoas com dificuldades de deslocação e visuais, com níveis de dificuldade reduzidos ao máximo.
Todo ele está devidamente sinalizado, apresenta no chão um corredor especial com as placas de xisto dispostas de forma diferente das envolventes e em locais estratégicos o piso adquire uma configuração diferente, além que de não existem quaisquer degraus em toda a sua extensão e a largura do percurso é sempre considerável.
Assim as pessoas invisuais não se perderão e quando sentirem o piso diferente nesses locais estratégicos saberão que essas diferenças correspondem a um ponto de paragem. Por alguns minutos as pessoas poderão ouvir as gravações das explicações de uma guia guardadas num pequeno leitor de Mp3 efectuadas especificamente para esse fim e obterem assim informações sobre tudo o que as rodeia.
O Percurso Pedestre do Gondramaz tem uma grande extensão e é tem uma elevada exigência, ligando as aldeias do Gondramaz e do Espinho, passando ao largo da aldeia do Galhardo. Neste percurso os caminhantes penetram na floresta, sem qualquer contacto com a humanidade e, por vezes, até sem rede de telemóvel!
Nele é possível apreciar a beleza natural junto ao Penedo dos Corvos, junto às cascatas da Ribeira de Espinho, atravessar essa mesma ribeira, encontrar áreas de castanheiros e nalgumas partes sentir o perfume a louro no ar, proveniente de um aglomerado de loureiros localizado ali perto.
Periodicamente também se realizam pequenas caminhadas pela vila de Miranda do Corvo, na denominada Rota dos Encantos da Vila. Neste percurso extenso, porém de fraco grau de dificuldade, as pessoas podem praticar a modalidade da caminhada e simultaneamente conhecer um pouco mais da história e dos segredos de variadas marcas de património existentes.
Na aldeia do Gondramaz existe actualmente um centro de BTT e desta partem pelo menos nove percursos de BTT, terminam quatro de downhill e passa um de free-ride.
Com extensões que variam entre os quatro quilómetros e os setenta e quatro, os percursos de BTT apresentam níveis de dificuldade muito variados, desde o nível fácil, caracterizado por existência de um piso rijo, largura superior a um metro, poucos obstáculos, declives inferiores a 15%, altura dos obstáculos/saltos inferior a um metro de altura e com alternativas ao salto para os mais medrosos, até ao nível muito difícil, bastante técnico e só para praticantes com bastante experiência, caracterizado por declives máximos superiores a 20%, obstáculos não evitáveis com altura superior a um metro e meio, sem alternativas e piso imprevisível.
Os trilhos de downhill começam na “Torre 9” e terminam junto à entrada da aldeia do Gondramaz.
O praticante pode ainda descobrir um trilho de free-ride mais longo do que os anteriores, com cerca de nove quilómetros de extensão.
Os amantes das bicicletas e da Serra da Lousã encontram assim na aldeia do Gondramaz bastantes formas de se divertirem e viverem emoções fortes.
Esporadicamente também são realizadas caminhadas um pouco por todo o concelho, com especial incidência na parte da Serra, quer apenas dentro do concelho, quer ligando pontos dentro e fora do concelho. Estas caminhadas tanto são da organização da Câmara Municipal como de empresas de animação.
Verificamos assim uma relativa pobreza de produtos turísticos, em contraste com os recursos, no concelho de Miranda do Corvo. Este facto denuncia assim a falta de uma visão estratégica, integradora dos diferentes recursos que têm vindo a ser criados ao longo das últimas décadas no concelho.

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