A oferta turística de Miranda do Corvo, para além dos recursos e produtos já referidos, pode crescer e diversificar-se nos próximos anos. Esta situação resulta de um conjunto de projectos (já apresentados e em fase de concurso e/ou execução) que podem ser concretizados a curto/médio prazo.
Para melhor se distinguir esses projectos, optámos por dividi-los em duas categorias distintas: as “parcerias público-privadas”, nas quais se procura que o investimento decorra não só a capitais públicos, mas também privados, no sentido de se complementarem e obterem mais sucesso, e as iniciativas públicas, nas quais são investidos apenas capitais públicos (Adelino, 2010).
Paulo Carvalho
Figura 3: Cadaval Cimeiro (Abril de 2010)
Em termos de “parcerias público-privadas”, destacamos as aldeias de Cadaval Cimeiro (figura 3) e Cadaval Fundeiro. Das 46 casas abandonadas e em profundo estado de degradação foram adquiridas até ao momento 38 por uma empresa privada que tem intenção de comprar as restantes.
O Projecto “Aldeia Houses & Resort, Recantos de Xisto” prevê a recuperação destas duas aldeias, a valorização das suas características arquitectónicas, a recuperação das habitações, dos caminhos, das fontes, dos cursos de água naturais, do conceito de aldeia serrana e do conceito de vivência na aldeia. Neste projecto está prevista também a criação de um moinho de água para restauração e a realização de eventos específicos, tais como exposições, moda, biblioteca, música, workshops, entre outros. Além destas infra-estruturas, está prevista a criação de uma represa biológica para apoio ao moinho e a outras actividades de lazer. Pretende-se a implementação do conceito eco-friendly, através da utilização de fontes de energia alternativas, tais como a energia solar, a energia eólica e o biogás, além da utilização da represa biológica e o aproveitamento das linhas de água existentes (Adelino, 2010).
Nestes lugares de montanha, despovoados e abandonados, é evidente a ausência de infra-estruturas básicas (energia eléctrica, rede de comunicações, água canalizada e saneamento) e as limitações em matéria de acessos viários (os únicos caminhos de acesso são florestais). A colaboração da Câmara Municipal de Miranda do Corvo será decisiva no sentido de resolver estes problemas, através de acções concretas tais como a pavimentação do acesso desde a estrada municipal do Gondramaz (obra já concretizada em 2010), a execução das redes de infra-estruturas básicas e de arruamentos com aproveitamento e recuperação dos lajedos de pavimento existentes, e ainda o possível apoio para a requalificação exterior dos edifícios, nomeadamente as fachadas, coberturas e caixilharias.
Na envolvente do Cadaval Fundeiro, a Câmara Municipal prevê a construção de pequenos apoios para a realização de actividades artísticas. Na área de intervenção existe também a intenção de criar um museu representativo da “vida” nas aldeias de xisto e um espaço de mercearia e de artesanato para a comercialização e exposição dos produtos do campo e da floresta.
A área de intervenção será de 250 mil metros quadrados de terrenos rústicos entre as duas aldeias e na envolvente das mesmas. Prevê-se também a recuperação paisagística dos terrenos, a manutenção e implementação da floresta, a recuperação de hortas e pomares, a manutenção da fauna existente e a recuperação de espécies autóctones, e a criação de um sistema de emergência automático (por exemplo de rega) para combater os incêndios em todo o perímetro da intervenção.
É necessário explicar que o quadro paisagístico que envolve as aldeias está muito alterado. O efeito conjugado de diversos factores como o abandono dos antigos terrenos de cultivo e de exploração florestal, os incêndios florestais, a invasão de espécies arbustivas e subarbustivas, e sobretudo a plantação desordenada e intensiva de espécies de crescimento rápido como o eucalipto (que domina de forma esmagadora a paisagem), representa um problema incontornável e significa que as intervenções serão muito exigentes e onerosas (para além das eventuais dificuldades relacionadas com a titularidade das propriedades).
O prazo previsto para a execução deste projecto é de 24 meses e prevê também apoios de comunicação e marketing, através da imprensa, da internet, entre outros.
Outro investimento, resultante de uma “parceria público-privada”, decorrerá na Quinta do Mouro (Lomba do Rei), na freguesia de Vila Nova, e será constituído por um empreendimento de alojamento turístico de pequena escala, na modalidade de hospedagem de Turismo em Espaço Rural (vertente de Agro-Turismo), o qual terá como finalidade proporcionar uma oferta de alojamento e de actividades de lazer, promovidas pelos seus responsáveis ou por terceiros, como complemento à actividade de produção/transformação de produtos agrícolas biológicos (já certificados), bem como a disponibilização do espaço a terceiros para a realização e transformação dos produtos agrícolas.
Os serviços/produtos a fornecer estarão relacionados essencialmente com hospedagem e dormidas com pequeno-almoço; visitas em veículos todo-o-terreno ou através de percursos pedestres a diversos locais de interesse turístico da região; aluguer de bicicletas; prestação de serviços de reserva em estabelecimentos de restauração e de aluguer de viaturas; aluguer de espaços para promoção de diversos eventos, tais como baptizados, casamentos, jantares de grupo, entre outros, por empresas do ramo; realização de reuniões, colóquios e outros eventos do género; produção, transformação e comercialização de produtos agrícolas biológicos certificados; aluguer de espaços para embalagem ou confecção de produtos com origem agrícola. Na parte do investimento público deste projecto está prevista a melhoria dos acessos públicos ao empreendimento.
No que toca ao investimento proveniente de financiamento exclusivamente público destacamos as intervenções nos espaços públicos da aldeia do Gondramaz, nomeadamente a requalificação do centro de BTT. Existe a intenção de criar mais percursos pedestres e equestres a partir da aldeia, prevendo-se acções de limpeza, sinalização e homologação dos trilhos (Adelino, 2010).
Pretende-se, assim, construir uma rede de percursos pedestres, equestres e de BTT na variante de downhill e cross-country, e a ligação à Grande Rota do Xisto, complementando o trabalho já realizado em termos de percursos.
Os percursos de cross-country possibilitarão a ligação a outras partes do concelho com interesse turístico, tais como o centro histórico de Miranda do Corvo, Semide, Senhor da Serra e praia fluvial de Segade.
Com a implementação dos percursos equestres abrir-se-á uma vertente turística que possibilitará a interligação das Aldeias de Xisto com o Centro Hípico da Quinta da Paiva e o complexo envolvente.
Actualmente a Câmara Municipal está a elaborar o Plano de Aldeia do Galhardo. Pretende-se apresentar uma candidatura aos fundos comunitários para se efectuarem intervenções na aldeia semelhantes às que se efectuaram na aldeia do Gondramaz, nomeadamente infra-estruturas básicas, arranjo de espaços públicos e recuperação das fachadas/coberturas dos edifícios, com a finalidade de integrar esta aldeia na Rede das Aldeias de Xisto.
Para além destes projectos, também estão previstos investimentos em espaços verdes. Pretende-se a criação, na Alameda das Moitas, localizada na vila de Miranda do Corvo, do Jardim da Paz, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Estratégico que aponta Miranda do Corvo como uma Comunidade Saudável e Solidária.
Localizado numa área natural, junto a uma linha de água protegida, trata-se de um projecto que promoverá a requalificação ambiental e do património natural, promovendo o desenvolvimento integrado do turismo e das áreas ambientais, nomeadamente através da limpeza e manutenção de linhas de água, da escolha cuidada de espécies vegetais e a utilização de energias renováveis/alternativas.
A este jardim pretende associar-se o tema da Paz, através da homenagem a figuras que se destacaram pela defesa da Paz e do Bem, tais como Prémios Nobel e outros (Martin Luther King, Ghandi, Padre Américo – fundador da Casa do Gaiato, com instalações em Miranda do Corvo –, entre outros).
Este espaço propiciará a utilização e requalificação de um espaço actualmente em grande parte abandonado, criando assim uma área requalificada e reabilitada e, por fim, dotará Miranda do Corvo de uma área ao ar livre capaz de potenciar o turismo e de estrategicamente se associar aos projectos turísticos da Rede das Aldeias de Xisto e da região de Coimbra (Adelino, 2010). Por último, uma nota sobre a intenção (da Câmara Municipal) de construir a Casa do Design e do Artesão (no núcleo histórico da vila de Miranda do Corvo, servindo de centro de estudos e desenvolvimento, de atelier para workshops e exposições e de apoio aos artesãos locais) e a Casa das Artes, no sentido de promover e estimular a actividade criativa e de inovação, e apoiar e complementar as actividades turísticas a desenvolver no concelho e na sub-região, acolhendo, por exemplo, exposições e workshops dedicados ao turismo de natureza, às aldeias de xisto, à investigação sobre a Serra da Lousã, e oferecendo um calendário de eventos culturais capaz de fixar e atrair visitantes ao território.
E ainda uma referência aos objectivos de requalificação do centro histórico de Miranda do Corvo e espaço envolvente da igreja matriz, incluindo a recuperação da torre e cisterna do antigo castelo de Miranda do Corvo (que domina a vila e permite desfrutar a paisagem envolvente), estes últimos eventualmente no âmbito da Rede Urbana dos Castelos e Muralhas Medievais do Mondego (que vai apoiar a construção da Casa do Design e do Artesão). Através de uma parceria entre os municípios de Coimbra, Figueira da Foz, Penela, Soure, Pombal, Lousã, Miranda do Corvo e Montemor-o-Velho, a Universidade de Coimbra e a Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal, vai ser possível investir cerca de 10 milhões de euros (comparticipados pelo Programa Operacional Mais Centro, 2007-2013) em acções de valorização do território e requalificação das áreas envolventes aos castelos e muralhas das várias vilas e cidades da rede.
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1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores) Este libro es producto del trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER). Libro gratis |
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