O  turismo de saúde e bem-estar, considerado na actualidade como um produto  estratégico, está umbilicalmente ligado às estâncias termais, embora estas  constituam um produto que se mantém na base da hierarquia dos destinos de  férias e à margem dos circuitos turísticos globais, e cuja reinvenção se assume  como um desafio permanente.
  Com  o objectivo de explicitar a actual dinâmica termal e definir linhas de  orientação e acção para o seu desenvolvimento, foi aplicado um inquérito por  questionário aos gestores e administradores das estâncias termais da região  Centro de Portugal, sobre a situação e as perspectivas das actividades e  espaços termais. Os principais resultados apurados revelam a necessidade de  articular as estâncias no sentido de construir um produto compósito, atractivo  e competitivo, que através da apologia na diversificação e diferenciação se  possam constituir como efectivos destinos turísticos. 
  O turismo mais do que um fenómeno económico é  igualmente um dos maiores fenómenos sociais dos tempos modernos (Sharpley et  al., 2002), se se tiver em conta que há muito que se tornaram centrais na  sociedade contemporânea componentes como lazer, descanso, férias e  tranquilidade (Santos, 2005). Tal reflectiu-se no aumento do consumo de  actividades ligadas ao lazer e ócio, na curiosidade em conhecer novos espaços e  ambientes, suscitando o incremento da procura turística e o aparecimento de  novos destinos e formas de passar o tempo (Escada, 1999). 
  Contudo, novas mudanças se têm vindo a operar  no domínio do turismo que, nas últimas duas décadas, se tem assumido como uma  indústria de experiências, onde os turistas procuram experiências únicas que  lhes proporcionem qualidades materiais e imateriais e os estimulem  emocionalmente. É neste sentido que se vem afirmando que o turista moderno é  multi-motivado pois procura satisfazer múltiplas necessidades durante a sua  viagem (Magdalini et al., 2009). Nesta linha, as alterações nos domínios da  procura, da oferta e do contexto macroeconómico têm delineado uma nova  orientação, uma nova leitura e experiências turísticas, o que exige novos  requisitos de competitividade e de diferenciação espacial para a actividade  turística onde novos (ou renovados e reinventados) produtos e destinos se  desenvolvem de modo a satisfazer os interesses cada vez mais específicos da  procura, que se baseiam nos conteúdos estratégicos de cada território,  diversificando assim uma oferta demasiado restrita e condicionada pelos destinos  tradicionais (Barros, 2004; Fonseca, 2005).
  Um dos nichos de turismo que tem emergido  como um fenómeno global, ao qual foi atribuído um crescimento potencial de 5 a  10% ao ano até 2015 e que traduz uma motivação primária e secundária de 3 e 7  milhões de viagens respectivamente, em território europeu, é o turismo de saúde  e bem-estar (Mei, 2007). Um crescimento exponencial explicado pela actual alta  propensão para viajar, principalmente por parte de pessoas mais maduras, pela  mudança de estilos de vida e pelo facto do turista se informar muito bem sobre  os destinos e buscar a componente de experiência em destinos e produtos  alternativos (Didascalou et al., 2009). 
  Em Portugal este produto está umbilicalmente  ligado às estâncias termais e actividades a elas relacionadas. Estas  correspondem a um produto turístico antigo mas que ressurge, como forma de  contornar uma marginalidade a que tinha sido votado, camuflado no segmento de  saúde e bem-estar que, embora embrionário no cenário turístico global, tem  procurado ocupar um espaço mais proeminente.
  Segundo Eleni Didascalou et al. (2009), o  turismo de saúde é uma das formas mais antigas de turismo, na sequência da  importância conferida nas civilizações clássicas. Posição igualmente assumida  por Carminda Cavaco (2005), quando se refere ao termalismo como o tipo de  actividade turística mais remota, mais consolidada e como estando nas origens  do turismo enquanto actividade criadora de lugares variados e dinâmicos que  originaram a fundação de localidades, importantes e prestigiados centros  turísticos e até grandes centros urbanos (Cunha, 2003), reforçando o importante  papel que as termas desempenharam na localização, génese, desenvolvimento local  e regional e promoção da imagem dos locais, conferindo-lhes um valor simbólico  determinante (Mangorrinha, 2000).
  Nesta linha, as termas constituem uma oferta  competitiva numa nova filosofia de ocupação de tempos livres e férias, um  espaço onde é harmoniosa a combinação entre saúde e bem-estar, lazer e turismo,  constituindo uma fórmula bastante atractiva, capaz de satisfazer argumentos  diversos como o descanso, a evasão, o recreio e bem-estar, cada vez mais  procurados na motivação turística actual e, acima de tudo, porque criam e  proporcionam um ambiente, uma atmosfera próprias, uma experiência única,  bastante apreciadas pela sociedade contemporânea (Ezaidi et al., 2007;  Didascalou et al., 2009). As termas, pelas suas características terapêuticas,  ambientais e patrimoniais, são lugares idóneos para esses objectivos, pois o  “microcosmo termal” composto por um conjunto de elementos fundamentais, desde o  equipamento balnear ao equipamento de alojamento, cultural, recreativo,  comercial e ambiental (Mangorrinha, 2000), identifica os espaços termais não só  como centros terapêuticos de cura e prevenção, mas também como centros de saúde  e bem-estar físico e psíquico, centros de recreio, lazer e actividade social (Vargas  et al., 2002).
  Em termos de destino turístico, o lugar das  termas nas escolhas dos portugueses é residual. Tendo por base os últimos  resultados conhecidos, relativos às férias dos portugueses por tipo de  ambiente, que datam de 2006, o destino termas ocupava a 5ª posição,  representando 2,5% das escolhas de quem gozou férias fora do ambiente habitual.  Valor que ascende aos 12,7%, quando considerado o ambiente preferido para os  residentes no Continente, com 15 ou mais anos, que não gozaram férias no  referido ano (Tp, 2008).
  Contudo, o turismo termal, identificado  actualmente como uma actividade transversal, assume progressivamente um papel  de relevância no contexto do turismo moderno ao mesmo tempo que constitui uma  resposta para o turista mais interessado que procura uma alternativa ao modelo  tradicional de sol e praia, o contacto com a natureza e o afastamento das  massas, cabendo às estâncias termais adaptar-se e corresponder às expectativas  deste turista contemporâneo.
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![]() 1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores)  Este  libro  es  producto del  trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER).  Libro gratis  | 
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