Os percursos pedestres, caminhos preparados para a prática do pedestrianismo, no contexto das actividades de lazer de ar livre, tal como o número de interessados na prática desta actividade, conheceram nos últimos anos um importante impulso em Portugal.
Neste contexto, os percursos pedestres assumem importância como forma de complementar a experiência do turista num determinado destino, ao constituírem mais uma oferta de actividade em que o turista pode participar, mas também podem assumir o papel principal no produto turístico e constituírem a razão da deslocação ao destino (Tovar, 2010).
Em Portugal, existem percursos pedestres homologados e é crescente o número de actividades de pedestrianismo oferecidas por diversas entidades, com destaque para a preferência pelas áreas de montanha e de elevado interesse natural, e também existe um relevante conjunto de operadores (nacionais e estrangeiros) especializados na oferta de produtos de turismo de passeio pedestre (através de modalidades, destinos e duração variável).
Grande parte dos programas organizados por empresas portuguesas corresponde a programas de 1 dia, sendo escassa, em comparação com o que oferecem os operadores estrangeiros, a oferta de programas com duração superior a 4 dias, o que revela um sub-aproveitamento da oportunidade de oferecer programas de turismo de passeio pedestre estruturados.
Destacam-se as regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo, quando se consideram os programas de 1 dia. A apreciação de programas com duração superior, confere a importância da região Norte, e faz sobressair também as regiões da Madeira, Algarve, Alentejo e Centro, como principais destinos de turismo de passeio pedestre em Portugal.
No que diz respeito a destinos mais específicos, destacam-se as áreas protegidas (parque nacional e parques naturais), em todas as regiões do país, o Douro, no Norte, e as Aldeias Históricas e Aldeias do Xisto, no Centro.
O território Aldeias do Xisto é um destino turístico recente. Até há poucos anos, a generalidade das aldeias estava muito degradada, os acessos eram comprometedores e a oferta de alojamento e outros serviços turísticos era quase inexistente.
Hoje, resultante de melhorias nas acessibilidades e da intervenção realizada no âmbito da “Acção Integrada de Base Territorial do Pinhal Interior” (Programa Operacional da Região Centro de Portugal, 2000-2006), nomeadamente do Programa das Aldeias do Xisto, com o envolvimento e a articulação de entidades públicas, privadas e associativas, a região oferece condições para o desenvolvimento de produtos de turismo de passeio pedestre, como o atestam os exemplos observados nesta investigação.
A par da existência de um interessante conjunto percursos pedestres, definidos e sinalizados de acordo com as normas e recomendações existentes, e da disponibilidade de informação detalhada sobre eles, as características físicas e culturais do território, a oferta de alojamento turístico, a oferta de gastronomia tradicional da região, o programa de animação das aldeias, a existência de serviços de passeios pedestres guiados, a existência de lojas de venda de produtos locais e, ainda a promoção de tudo isto sob uma única marca, a marca Aldeias do Xisto, gerida por uma associação que congrega interesses públicos e privados, são factores que contribuem para a afirmação deste território como destino turístico vocacionado para produtos de turismo de natureza, com destaque para o turismo de passeio pedestre.
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