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AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL: UM ESTUDO DE CASO NO NORDESTE BRASILEIRO

Cid Olival Feitosa


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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As modificações ocorridas nos processos produtivos, desde os anos 1970 e 1980, aliadas ao declínio de regiões fortemente industrializadas e a rápida ascensão econômica de novas regiões chamam a atenção para o “local” como novo cenário econômico, político e social, exigindo um novo direcionamento de estratégias públicas e privadas em relação aos diversos espaços territoriais.

Neste cenário, surgem novas experiências de desenvolvimento econômico regional, os distritos industriais, que priorizam os aspectos intangíveis (capital social, conhecimento, P & D) da produção e dedicam especial atenção às pequenas e médias empresas, na geração de emprego e renda para a população.

As firmas localizadas nesses novos espaços, especificamente as pequenas e médias empresas, devem se organizar em redes e desenvolver avançados sistemas de integração, baseados na cooperação, na solidariedade e na valorização do esforço coletivo, pois quando as firmas trabalham em conjunto apresentam mais chances de sucesso, em um ambiente competitivo e em constantes mudanças tecnológicas, do que se estivessem operando isoladamente no mercado.

A experiência internacional baseada nos distritos industriais da Terceira Itália e os conceitos de novos espaços industriais possibilitam a formulação de novas políticas de desenvolvimento regional. Essa experiência sugere que os distritos industriais são ambientes favoráveis ao desenvolvimento industrial, pois apresentam externalidades positivas, possibilitam o acúmulo e a concentração de competências tecnológicas e conhecimentos ligados à comercialização e estimulam o funcionamento das firmas em redes de cooperação, nas quais a capacidade produtiva pode ser encontrada na forma de especializações complementares.

No entanto, observa-se que as políticas de incentivo às pequenas e médias empresas no Brasil podem ir além de alternativas para a geração de emprego e renda para parcelas marginais da população. Ao invés da preocupação em atrair grandes empresas através da renúncia fiscal e tributária por parte de estados e municípios, estas políticas podem e devem ser pensadas não somente como alternativas possíveis de superação das dificuldades econômicas e sociais mas, sobretudo, como eixo fundamental e estratégico para o desenvolvimento econômico local.

Assim, as políticas regionais devem criar um ambiente favorável à atração de investimentos, havendo perfeita sintonia entre as ações do governo e as atividades do distrito industrial, de modo a garantir sinergias coletivas, que propiciem o aumento da capacidade de inovação e de introdução de novas tecnologias, incluindo parcerias entre governos, comunidade e agentes produtivos.

No caso de Tobias Barreto, a cidade apresenta as pré-condições necessárias para o desenvolvimento de um distrito industrial seguindo o modelo italiano, com amplo número de pequenas e médias empresas, sedimentadas na tradição dos artigos de confecção e bordado, porém existem alguns problemas a serem enfrentados.

O primeiro grande problema é evitar a migração das empresas de Tobias Barreto para a Bahia, atraídas por tarifas de ICMS mais baixas. O produtor/empresário deve conscientizar-se da importância da sua permanência no local para o desenvolvimento da região. Para que isso seja possível deve haver um trabalho intenso de conscientização do empresariado local, visto que este é o grande responsável pelo sucesso ou insucesso do empreendimento.

No que diz respeito a coletividade das empresas a região apresenta carências, principalmente em relação à natureza e abrangência dos vínculos cooperativos entre as firmas. Apesar dos espaços de confiança já existentes entre os produtores de Tobias Barreto, essas experiências precisam ser intensificadas, para que o município possa dar um salto de qualidade nos seus produtos, inserindo-se em mercados mais competitivos e valorizados.

Neste sentido, a cooperação interfirmas facilitaria aos produtores melhores ganhos de escala, utilização de tecnologias de produtos e processos, qualificação dos trabalhadores e gestores, maior preparo para comercialização e melhor acesso a serviços e aquisições de matérias-primas e insumos. Além disso, é necessário, também, que toda a cadeia produtiva seja competitiva. Não adianta ter uma grande empresa que possui alto grau de eficiência se as demais empresas responsáveis pelo suprimento e manutenção do produto também não forem eficientes.

Na região de Tobias Barreto deve-se estimular a competitividade da região através da qualificação da mão-de-obra, tratamento com o meio ambiente, diferenciação dos produtos etc. Deve-se, também, resolver problemas urbanísticos da Feira da Coruja; melhorar a contabilidade de custos dos produtos, para que os empresários possam saber como determinar o preço de mercado; implementar um controle de qualidade dos produtos; prestar serviços eficientes e constantes de manutenção dos equipamentos, além de informatizar os micro e pequenos empreendimentos.

Todos esses fatores, juntamente com a criação e desenvolvimento de economias de aglomeração e externalidades positivas, são fundamentais para a geração de competitividade das firmas.

Outro fator crucial para o desenvolvimento do distrito industrial de Tobias Barreto é a organização da sociedade local, para a criação de parcerias, ou seja, mobilização política e social para solucionar os problemas comuns, através de acordos com entidades e instituições envolvidas com o desenvolvimento econômico. É notório que qualquer empreendimento necessita de recursos financeiros, para que as atividades sejam desenvolvidas. Entretanto, verifica-se que, em muitos casos, o insucesso de um empreendimento acontece não apenas pela falta de dinheiro, mas pela incapacidade dos empresários em manter uma ampla rede de contatos e parceiros potenciais.

Por fim, a expectativa de que o intercâmbio possa agregar melhorias ao Pólo de Confecções e Bordados em diversos setores abre novas oportunidades de mercado. Assim, mesmo não havendo, ainda, um ambiente suficientemente articulado, no tocante aos elos da cadeia e da infra-estrutura tecnológica, financeira, política, mercadológica e gerencial observa-se um grande interesse por parte das diversas instituições do Estado e da comunidade local para a adoção de uma nova forma de organização produtiva para o Pólo de Confecções e Bordados, seguindo o modelo de Distritos Industriais Italianos.

Como foi mencionado anteriormente, existe muito a se fazer na região para desenvolver um distrito industrial nos moldes italianos. Apesar das pré-condições existentes no município faz-se necessário aumentar as relações de cooperação, promover maior acesso ao crédito às pequenas e médias empresas e aumentar a competitividade das firmas, com a melhoria da qualidade dos produtos, qualificação dos trabalhadores, inovação tecnológica, entre outros, para criação e fortalecimento de uma marca local. Tudo isso será possível com a efetiva participação dos diversos atores locais e da capacidade das instituições para a promoção do desenvolvimento local, permitindo retirar o município de Tobias Barreto de uma situação negativa para uma situação positiva de desenvolvimento.


 

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