INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

Christian José Quintana Pinedo(CV)
Karyn Siebert Pinedo (CV)

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3.2.2.1 Museu de Alexandria.

Na mitologia grega, as musas eram as divindades inspiradoras das artes e das ciências. Por isso, quando criou em Alexandria o mais importante centro de ensino e pesquisa de seu tempo, o governante egípcio Ptolomeu chamou-o de Museu do “refúgio das musas”.

Ao início da Era Helenística a ciência grega aflorou como matéria independente; não mais era considerada meramente uma parte da filosofia. Embora intelectuais atenienses continuassem a se concentrar em filosofia, história e literatura, os pensadores de Alexandria enfatizavam a ciência e a matemática. O governo egípcio encorajava-os em suas pesquisas. O rei Ptolomeu II Filadelfo (308 - 246a.C) não poupou gastos com uma Universidade - construiu um museu, um zoológico e um impressionante conjunto de edificações acadêmicas. Ademais, os reis concediam privacidade e liberdade acadêmica aos intelectuais, além de não interferirem em seus estudos.

A maior biblioteca da antiguidade foi a ”Biblioteca de Alexandria” que reunia obras de todo o mundo antigo, todos os textos e documentos da época deveriam ter uma cópia ali, Calímaco um de seus diretores, organizou um índice de todos os textos do acervo e foram necessários mais de 100 papiros para catalogar tudo.

Mais de 500.000 manuscritos de caráter científico foram guardados na biblioteca do Museu, fundado no início do século III a.C . E quase todos os grandes cientistas da época trabalhavam nessa instituição, entre eles estava Euclides de Alexandria.

Uma multidão de romanos, gregos e egípcios, judeus e cristãos, escravos e homens livres andava pelas ruas de Alexandria. Situada no delta do Nilo, Alexandria era um grande centro comercial e cultural. O museu da cidade era ponto de encontro de sábios de todo o Império Romano do Oriente.

O Museu funcionava como uma universidade moderna, alguns professores dedicavam-se à pesquisa, outros eram bons administradores e uma parte destacava-se pela capacidade de ensinar, Euclides fazia parte desse último grupo. Talvez por isso, desde sua publicação em 300a.C., o livro “Elementos” teve uma repercussão tão grande no mundo científico. Durante mais de vinte séculos os homens estudaram geometria de acordo com os ensinamentos de Euclides. A geometria que se aprende na escola do Ensino Fundamental e Médio é toda baseada nos “Elementos”.

Dos treze livros que compõem a obra, nem todos são sobre geometria alguns tratam da teoria dos números inteiros e positivos e dois deles são dedicados à álgebra, só a Bíblia teve mais edições que os “Elementos”.

Durante mais de setecentos anos, cientistas de todas as partes do mundo antigo freqüentaram os grandes salões do Museu de Alexandria, transformando-o num dos maiores centros científicos de todos os tempos. Entre seus mais de 500.000 manuscritos, estavam muitos rolos que contavam toda a história da matemática, desde tempos remotos até o princípio de nossa era.

A enorme influência do museu para o desenvolvimento da ciência cessou por volta do século V , como resultado das lutas que envolveram o Império Romano do Oriente. Após a morte de Hipatia, a principal dirigente do museu, outros sábios foram mortos ou desterrados, e o próprio museu foi destruído. Mas as principais obras se conservaram, entre elas estava a “Aritmética”, uma coleção de seis livros escrita por Diofanto. Esse grande matemático viveu e trabalhou em Alexandria no século lII a.C . Não sabemos quantos livros escreveu apenas seis de sua coleção de “Aritmética” restaram.

Até aquela época, os matemáticos gregos preferiam estudar geometria, apenas Diofanto se dedicou à álgebra. A história não guardou muitos dados sobre a vida de Diofanto.

Tudo o que sabemos dele estava numa dedicatória gravada em seu túmulo, com toda a certeza escrita por Hipatia:

Caminhante! Aqui foram sepultados os restos de Diofanto. “E os números podem mostrar”.

“Oh, milagre quão longa foi sua vida (x), cuja sexta parte constituiu sua formosa infância (x/6) e mais, u duodécimo pedaço de sua vida havia transcorrido quando de pelos se cobriu seu rosto ( x/12 ) e, a sétima parte de sua existência transcorreu em um matrimonio sem filhos (x/7) passou-se um qüinqüênio, e deixou-o muito feliz o nascimento de seu primeiro filho ( 5 ) que entregou a terra seu corpo, sua formosa vida, que durou somente metade da de seu pai (x/2) . E com profundo pesar desceu à sepultura, tendo sobrevivido apenas quatro ao descenso de seu filho ( 4 ) “.

Resolvendo, descobrimos que Diofanto morreu aos 84 anos e seu filho aos 42 anos.

As obras dos matemáticos da antiguidade foram introduzidas na Europa por tradutores especiais, os copistas, na realidade, brilhantes matemáticos que se tornaram verdadeiros propagandistas destas obras. Foi através desses copistas que ficamos sabendo que Diofanto de Alexandria foi o primeiro matemático a fazer uso sistemático de abreviações nos problemas e nas operações com os números.

A ciência grega alcançou seu pináculo nos cento e cinqüenta anos iniciais da Era Helenística, entre 300 e 150 a.C. Depois disso teve início um longo e lento declínio acentuado em 46a.C. com o incêndio de grande parte da Universidade, em Alexandria, incluindo a biblioteca, e encerrando em 529 d.C. com o fechamento das portas da Academia de Atenas. Uma combinação de causas tecnológicas, políticas, econômicas e de fatores sociais levou a esse declínio.

Nada sobrou da Biblioteca de Alexandria, os papiros, os móveis, o prédio, tudo sumiu nenhum historiador descobriu com certeza como. Alguns dizem que o fogo a destruiu em 48a.C., durante uma revolta contra Júlio César, que estava em Alexandria. Outros afirmam que foi em 390a.C .

E há quem acredite que o califa Omar, em 641, mandou destruir o que restava dela. Em seu livro “A Biblioteca Desaparecida” de 1.988, o estudioso italiano Luciano Cânfora nega todas essas versões, para ele, a biblioteca foi desmontada no século III, por ordem do imperador Aureliano.