INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

Christian José Quintana Pinedo(CV)
Karyn Siebert Pinedo (CV)

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3.5 GIORDANO BRUNO: A METAFÍSICA DO INFINITO

3.5.1 O sacrifício pelo livre pensar.

Filipe Bruno nasceu em Nola, Itália, em 1548 [10]. O nome com que ficou conhecido, Giordano, lhe foi dado quando, ainda muito jovem, ingressou no convento de São Domingos, onde foi ordenado sacerdote, em 1572 . Mente inquieta e muito independente, Bruno teve sérios problemas com seus superiores ainda quando estudante no convento. Sabemos que já em 1.567 um processo foi instaurado contra ele, por insubordinação, mas Bruno já granjeara admiração por seus dotes intelectuais, o que possibilitou a suspensão do processo.

Era tão séria a largueza de visão de Bruno quanto aos defeitos do pensamento intelectual de sua época, que em 1576 teve de fugir de Nápoles para Roma devido à perseguições de toda espécie e, depois, para a Suíça, onde freqüentou ambientes calvinistas, que logo abandonaria julgando o pensamento teológico dos protestantes tão restrito quanto o dos católicos.

A partir de 1579, Bruno passa a viver na França, onde atraiu as simpatias de Henrique III. Em meados da década seguinte, Bruno vai para a Inglaterra. Mas logo ele entra em atrito com os docentes de Oxford. Vai, então, depois de um curto período de retorno à França, para a Alemanha luterana. Após um período de vivência no meio dos seguidores de Lutero (de onde seria expulso posteriormente), Bruno parte para Frankfurt, onde publica sua trilogia de poemas latinos. Recebe um convite (que lhe seria fatal) para ensinar a arte da memória ao nobre (na verdade, um interesseiro) veneziano João Mocenigno. Assim, selando seu destino, Bruno parte para a Itália em 1591.

No mesmo ano, Mocenigno (que esperava aprender as artes da magia com Bruno) denuncia o mestre ao Santo Ofício. No ano seguinte, começa o dramático processo contra Bruno, que se conclui com sua retratação. Em 1593 , é transferido para Roma, onde é submetido a novo processo. Depois de extenuantes e desumanas tentativas de convencê-lo a retratar-se de algumas de suas teses mais básicas e revolucionárias pelo método inquisitorial, Bruno é, por fim, condenado à morte na fogueira, em 16 fevereiro de 1600.

Giordano Bruno morreu sem renegar seus pontos de vista filosófico-religiosos. Sua morte acabou por causar um forte impacto pela liberdade de pensamento em toda a Europa culta. Como diz A. Guzzo:

“Assim, morto, ele se apresenta pedindo que sua filosofia viva. E, desse modo, seu pedido foi atendido: o seu julgamento se reabriu, a consciência italiana recorreu do processo e, antes de mais nada, acabou por incriminar aqueles que o haviam matado”.