INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

Christian José Quintana Pinedo(CV)
Karyn Siebert Pinedo (CV)

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1.2 COMO ESTUDAR FILOSOFIA

Eis alguns conselhos sobre o estudo da filosofia. Espero que sejam úteis, sobretudo para os estudantes, do ensino superior [7].

Em primeiro lugar, é preciso perceber que não se pode começar o estudo da filosofia lendo os textos dos grandes filósofos, tal como não se começa a aprender atletismo competindo na maratona, nem se aprende a pintar olhando para os quadros de Picasso.

É preciso ler primeiro outros livros, que nos introduzem a filosofia. Na Biblioteca Virtual podem-se encontrar alguns desses livros introdutórios. Infelizmente, as maiorias deles não estão traduzidas para português.

Na Filosofia Aberta publiquei “Que Quer Dizer Tudo Isto?”, “Elementos Básicos de Filosofia”, duas boas introduções à filosofia, cuja leitura é compensadora e que constituirão talvez o melhor começo para quem não lê inglês, juntamente com “Os Problemas da Filosofia”, de Bertrand Russell. Em português há ainda “A Cultura da Subtileza”, do M. S. Lourenço (1.995), que apesar de ser um pouco mais avançado é ainda indicado como leitura introdutória (o livro teve origem num programa de rádio da Antena 2 cujo objetivo era, precisamente, divulgar a filosofia junto do público leigo).

Alguns clássicos de filosofia, pela sua clareza, são particularmente recomendáveis para os iniciantes. Depois de ler os livros de introdução acima, aconselho como primeira leitura as Meditações sobre a Filosofia Primeira, de Descartes (trad. de Gustavo de Fraga, Livraria Almedina, várias ed.). A longa introdução e as muitas notas do tradutor devem ser ignoradas nas primeiras leituras (e são, sobretudo de caráter histórico e não filosófico). O texto de Descartes não exige quaisquer conhecimentos de filosofia para que possa ser razoavelmente compreendido, não faz 20 citações em cada página a 30 autores diferentes, não usa uma terminologia barroca e - pasme-se - oferece à nossa compreensão crítica argumentos e teorias claramente expostos e cuidadosamente formulados.

O mesmo acontece com o Tratado do Conhecimento Humano, de Berkeley e com alguns diálogos de Platão, como o êutifron. Ler Platão é um bocadinho confuso porque os diálogos estão cheios de referências históricas e culturais que não só não se percebem como são muitas vezes completamente irrelevantes para a discussão filosófica em causa. Isto faz com que o leitor possa se perder, dispersando a sua atenção em aspectos histórico-culturais, muito interessantes em vários aspectos, mas irrelevantes filosoficamente. No entanto, se seguir as indicações seguintes, conseguirá talvez concentrar a sua atenção no que é realmente importante do ponto de vista filosófico.