INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

Christian José Quintana Pinedo(CV)
Karyn Siebert Pinedo (CV)

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2.3 A CIÊNCIA E A FILOSOFIA

No seu começo, a ciência estava ligada à filosofia, sendo o filósofo o sábio que refletia sobre todos os setores da indagação humana. Na ordem de saber estipulada por Platão, o homem começa a conhecer pela forma perfeita da opinião, depois passa ao grau mais avançado da ciência, para só então ser capaz de atingir o nível mais alto do saber filosófico [21].

A filosofia se distingue da ciência pelo modo como aborda seu objetivo: em todos os setores do conhecimento e da ação, a filosofia está presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos desse conhecimento e desse agir.

Então, por exemplo, se a física ou a química se denominam ciência e usam determinado método, não é da alçada do próprio físico ou do químico saber o que é ciência, o que distingue esse conhecimento de outros, o que é método, qual a sua validade, e assim por diante.

Dentre as ciências, pode-se atribuir um atraso à revolução científica no campo da Química. Alguns filósofos gregos deram grande contribuição para que posteriormente a Química se desenvolvesse. Abaixo estão relacionados os mais importantes, tanto pela sua atitude filosófica quanto por sua contribuição à ciência.

O problema da existência de um princípio unitário para todas as coisas já está contido implicitamente na Teogonia de Hesíodo. Nesta obra o poeta procura coordenar toda a realidade, estabelecendo que uma coisa procede de outra: é uma lei à qual estão sujeitos também os deuses. A construção de Hesíodo permanece, porém, profundamente impregnada de elementos míticos (todo o mundo mitológico da religião grega está presente nela) e não chega ao princípio supremo de todas as coisas porque segundo o autor, todo está sujeito ao vir-a-ser, à geração e à corrupção.

Os primeiros pensadores que dão expressão filosófica ao problema da existência de uma causa suprema de todas as coisas são os filósofos jônicos: Tales, Anaximandro, Anaxímedes, todos eles de Mileto, na Ásia Menor, às margens do mar Egeu.

2.3.1 Tales de Mileto (650 a.C. - 560 a.C.)

A filosofia nasceu não na Grécia propriamente dita, mas nas colônias gregas do Oriente e do Ocidente, a saber, na Jônia e na Magna Grécia. Cerca de 624 a.C., em Mileto, nasceu Tales, o pai da filosofia grega e de toda a filosofia ocidental.

Tales era foi astrônomo e matemático, foi o primeiro filósofo grego conhecido. Suas idéias sobreviveram pelos escritos dos outros, como Aristóteles. Tales abordava assuntos através do qual podia aferir e racionalizar sobre eles - uma abordagem bem diferente da tradição grega de explanações direcionadas por mitos sobrenaturais; por isso é tido como o primeiro filósofo do Ocidente. Ele tentava explicar a multiplicação das coisas do mundo.

Segundo ele, tudo partia de uma única realidade e ele escolheu a água como o elemento primordial, de onde tudo se derivava. Baseou-se na idéia de que a água é transformada em ar por evaporação e em sólido por congelamento. Isso fez com que filósofos posteriores a ele também buscassem explicações para os fenômenos naturais, numa linha de ação onde cada vez surgiam mais teorias relacionadas à Química para explicar esses fenômenos.

Pelo que se sabe, tales foi o primeiro pensador que se pôs expressa e sistematicamente a pergunta:

“Qual é a causa última, o princípio supremo das coisas?”

A pergunta justificava-se pelo fato de que, apesar da aparente diversidade, há em todas as coisas algo em comum: em todas as coisas observáveis encontra-se água, terra, ar e fogo. Tales foi também o introdutor da geometria na Grécia; Diógenes Laércio narra que Tales morreu ao cair em uma cisterna enquanto observava os astros. Sua escola de pensamento é chamada Jônica.