Trataremos das regras de L'Hospital que permitem calcular limites da forma:
, , 0. , - , 00, , 1
Propriedade 6.8 Teorema de Cauchy.
Sejam as funções reais f(x) e g(x) , tais que:
a) Sejam contínuas no intervalo [a, b] .}
b) Sejam deriváveis em (a, b) .}
c) g'(x) 0 x (a, b)
então, existe pelo menos um ponto c (a, b) tal que: = .
Demonstração
Observe que g(a) g(b) para o caso g(a) = g(b) cumpriria as condições do teorema de Rolle (Propriedade 5.20); isto implicaria que existe c (a, b) tal que g'(c) = 0 contrário à hipótese.
Seja k = , então
f(b) - f(a) = k(g(b) - g(a)) (6.3)
Considere-se a função auxiliar F(x) = f(x) - f(a) - k(g(x) - g(a)) para todo x [a, b] ; então F é contínua em [a, b], F é derivável em (a, b) e F(b) = F(a) = 0 ; logo F satisfaz as condições do Teorema de Rolle, portanto existe c (a, b) tal que F'(c) = 0 .
Sendo F'(x) = f'(x) - kg'(x), então F'(c) = f'(c) - kg'(c) = 0 e como g'(c) 0 c (a, b), k = . Portanto, em (6.3) tem-se = .
Propriedade 6.9. Primeira regra de L'Hospital.
Se as funções f, g : R R são:
a) Contínuas no intervalo [a, a+h], h > 0 ;
b) deriváveis em (a, a+h) ;
c) g'(x) 0 x (a, a+h) ;
d) f(a) = g(a) = 0 ;
e) = L ou = .
então = = L ou .
Demonstração
Observe que g'(x) 0 x (a, a+h) . Aplicando o T.V.M. à função g no intervalo [a, a+h] tem-se que existe onde c (a, x) tal que g(x) - g(a) = (x- a)g'(c) ; as hipóteses (c) e (d) implicam g(x) = (x - a)g'(c) 0 .
Para x (a, a+h) considere o quociente e como por hipótese f(a) = g(a) = 0 , o teorema de Cauchy (Propriedade 6.7) permite escrever = = para a < d < x .
Observando que, quando x a+ , então d a+ , da hipótese (e) segue:
= = = = L ou .
Observação 6.7
Se as condições da Propriedade (6.8) são verificadas num intervalo [a-h, a] ou [a-h, a+h] , a Propriedade (6.8) é verdadeira quando x a- ou x a
Propriedade 6.10
Se as condições (a), (b) e (c) da Propriedade (6.8) são verificadas num intervalo [ , ) ou (-, - ] e f(x) = g(x) = 0 ou f(x) = g(x) = 0 , então = ou = sempre que o limite do segundo membro exista.
Demonstração
Se x + , considerando x = 1/t as duas funções f(1/t) e g(1/t) têm limite zero quando t 0+ .
Definindo f(1/t) = g(1/t) = 0 para t = 0 , obtém-se duas funções contínuas no intervalo [0, h] que verificam as condições da Propriedade (6.8).
Aplicando esta Propriedade (6.8):
= = = = = = .
De modo similar mostra-se quando t - .
Propriedade 6.11
Se f'(a) = g'(a) = 0 e f' e g' satisfazem as condições da Propriedade (6.8), então: = = .
Demonstração
Exercício para o leitor.
Observação 6.8
Se não existe o limite de quando x a , então não podemos concluir que não existe o limite de .
Exemplo 6.28
Sejam as funções g(x) = sen x e f(x) =
Calculando o limite: = = . = 0 .
Por outro lado, = não existe.
Propriedade 6.12 Segunda regra de L'Hospital.
Se as funções f, g : R R são:
a) Contínuas no intervalo (a, a+h], h > 0 ;
b) deriváveis em (a, a+h) ;
c) g'(x) 0 x (a, a+h) ;
d) f(x) = g(x) = ;
e) f(a) = g(a) = 0 ;
f) = L ou
então = = L ou .
Demonstração
Exercício para o leitor.
Exemplo 6.29
Calcular os seguintes limites:
(a) (b)
Solução (a)
É da forma , logo = = = -
Solução (b)
É da forma , logo = = este último limite não existe, porém = = 1 .
Observação 6.9
i) Aplicando o T.V.M. mostra-se que, se f(x) = e g(x) = , então .f'(x) = e g'(x) = , isto significa que num certo subconjunto de D(f) é indeterminado quando x a . Não obstante o quociente pode permitir simplificações que não permite (Exemplo 6.29 –(a))
ii) Para a forma verificam-se as propriedades análogas aos da forma .
iii) Na forma é necessário considerar que, se não tem limite quando x \to a , não podemos concluir que não tenha limite (Exemplo 6.29 –(b))
Exemplo 6.30
Calcular .
Solução
Quando x 3 , o limite tende para , como as condições da regra de L'Hospital (Propriedade 6.8) são satisfeitas, então: = = 2 .
Portanto, = 2 .
Exemplo 6.31
Calcular .
Solução
O limite é da forma , aplicando a regra de L'Hospital tem-se: = =.
Este último limite novamente é da forma , aplicando novamente a Propriedade (6.8) tem-se:
= 2. Portanto, = 2.
Exemplo 6.32
Calcular .
Solução
Este limite é da forma , aplicando duas vezes a regra de L'Hospital tem-se:
= = = - .
Portanto, = -
Exemplo 6.33
Calcular .
Solução
Se x 0+ , este limite é da forma , então = = , observe que se continuamos com o processo não poderemos evitar a indeterminação.
Por outro lado escrevendo, = este último limite é da forma . Aplicando a regra de L'Hospital, = = = 0 .
Se x 0- , tem-se = . = (- )(+) = -
Portanto o limite não existe.
Exemplo 6.34
Calcular .
Solução
É da forma , então = = = -1 .
Portanto = -1 .
Exemplo 6.35
Calcular .
Solução
O limite é da forma , logo = = cos2x=1.
Portanto = 1 .
Exemplo 6.36
Calcular .
Solução
O limite é da forma , das identidades trigonométricas segue-se :
= [ ] = [ ]. [ ] = (-1) [ ]
A aplicando a regra de L'Hospital segue: [ ] = [ ] = -3.
Portanto = (-1)(-3) = 3 .
Exemplo 6.37
Calcular , n N.
Solução
Como n N e o limite é da forma , aplicando a regra de L'Hospital sucessivamente n vezes, tem-se : = = 0 .
Portanto, = 0 .
Exemplo 6.38
Determine o seguinte limite : , r Q}-N, r > 0.
Solução
O limite é da forma , como r é um número real positivo, existe n N tal que n-1 < r < n . Aplicando a regra de L'Hospital sucessivamente n vezes tem-se:
= = 0, pois, (r - n) < 0 . Este resultado mostra que, quando x + o limite da exponencial ex é infinito de “ordem maior que qualquer potência de x “.
Portanto, = 0 .
Exemplo 6.39
Calcular , r N, r > 0.
Solução
O limite é da forma , aplicando a regra de L'Hospital tem-se:
= = = 0 .
O resultado mostra que, quando x + a função Ln x é infinito de “ordem inferior de x^r”', para r > 0 . Portanto, = 0.
6.3.1 Formas Indeterminadas Redutíveis à Forma ou
As regras de L'Hospital aplicam-se à forma ou ; porém as formas indeterminadas: 0. , - , 00, 0 e 1; podem ser transformadas para forma ou .