ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

Carlos Gomes

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4.3 – BOLSAS

Começou a chamar-se bolsa a todo o lugar onde se reuniam comerciantes e homens de negócios para efectuarem as suas transacções. Nas bolsas de mercadorias, denominadas também bolsas de comércio, começaram a fixar-se preços e a negociar-se matérias-primas e produtos de base, em geral, objecto de transacções internacionais, como por exemplo: café, cacau, açúcar, algodão, cereais, metais não ferrosos, etc. Trata-se de estabelecimentos públicos onde se reúnem comerciantes, agentes de comércio e corretores para concertarem ou cumprirem operações de comércio sobre bens e serviços. Determinavam cotações de troca de mercadorias, dos transportes por terra e mar, dos fretes, dos seguros, etc. O comércio em larga escala de mercadorias fungíveis assumiu um carácter especulativo. A diferenciação entre feiras e bolsas surge conforme a especulação financeira se foi impondo desvinculando-se da contratação sobre as mercadorias.

A bolsa de valores torna-se um mercado público organizado e especializado onde se fixam preços, pela confrontação da oferta e da procura, e onde são efectuadas as operações de compra e venda de valores mobiliários lançados pelos seus emissores ou propostos pelos seus detentores. A primeira bolsa de valores foi inaugurada em Antuérpia no ano de 1531. Aí se ajustaram numerosos empréstimos e operações financeiras, negócios puramente especulativos; nasceram as primeiras manifestações do mercado de prémios de seguros marítimos e de vida; tiveram origem os jogos de azar como a moderna lotaria. O desenvolvimento de companhias por acções originou o mercado de fundos e valores. Foram cotadas as primeiras acções, em 1610, da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Quando a Companhia das Índias Ocidentais lançou uma grande emissão para pressionar o mercado, desenfreou-se a especulação e nasceu o jogo de alta e da baixa, característica da moderna técnica bolsista.

Além das acções, cotavam-se na Bolsa obrigações do Estado, provinciais ou municipais. O recurso contínuo ao crédito por parte dos Estados, facilitou a aplicação de capitais à possibilidade de especulação, plenamente autorizada, que originou a criação de bolsas mundiais de crédito público.

Na Europa, durante o séc. XVI, foi instituída a primeira bolsa de capitais no porto de Antuérpia. Em Amesterdam, existia no século XVII uma bolsa geral de mercadorias, câmbios e valores e uma especial para os cereais, onde se fixavam os preços desta mercadoria vital. A grandeza económica e política da Inglaterra baseou-se precisamente na especulação bolsista, que expandiu o mercado de capitais.