ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

Carlos Gomes

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3.3 – MATÉRIAS-PRIMAS

Os recursos naturais só são considerados matérias-primas depois de já terem sofrido uma modificação mediante um trabalho anterior. Os filões de minério, a argila, a terra virgem, a floresta, os animais ou plantas a domesticar, são objectos de trabalho dados pela Natureza que só adquirem a categoria de matérias-primas após serem submetidos a alterações ou deslocações desencadeadas pelo trabalho.

Toda a matéria-prima é objecto de trabalho, mas nem todo o objecto de trabalho é matéria-prima. Com excepção das actividades cujo objecto de trabalho é dado pela natureza, todos os ramos de actividade produtiva tratam de objectos que já são matérias-primas. As matérias-primas adquirem, com a intervenção do trabalho, uma característica activa económica.

Uma matéria-prima pode ser de consumo imediato ou entrar num processo produtivo tornando-se matéria-prima dum novo produto. Neste caso terá de percorrer todo um processo faseado em que figura sempre modificada e funcionando de novo como matéria-prima até ao processo de trabalho final. Pode integrar-se durante o processo de criação dum novo produto e perder a sua figura anterior, ou entrar apenas como matéria auxiliar na sua formação.

Nas estruturas económicas senhoriais os recursos naturais faziam parte dos territórios dominiais e, como tal, pertenciam aos soberanos, à nobreza, às instituições religiosas ou aos chefes tribais. Em geral, encontravam-se sobre a alçada senhorial as jazidas de minérios, o mesmo acontecendo, em parte, com outras substâncias como a argila ou as madeiras das matas existentes nos seus domínios. A sua utilização pelos produtores implicava o pagamento de tributos sob a forma de renda ou outras modalidades. Por vezes, algumas matérias-primas escapavam à posse dominial, sendo obtidas directamente pelos produtores ou adquiridas através de transacções comerciais.

Com o desenvolvimento das trocas o incremento do acesso às matérias-primas tornou-se inevitável. Para procurar e transportar a matérias-primas fixaram-se rotas marítimas, fluviais e terrestres, sobretudo durante o modo de produção mercantil. A aquisição de matérias-primas e o seu fornecimento à indústria tornou-se numa ocupação específica de mercadores e comerciantes.

A introdução da máquina e o desencadear da industrialização, durante o processo de formação do modo de produção capitalista, provocaram um aumento intenso da procura de matérias-primas, que envolveu todos os continentes. Algumas regiões, dominadas pelos países colonizadores da Europa Ocidental, foram por isso coagidas a produzir algodão, lã, juta, cana-de-açúcar e outros produtos.