ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

Carlos Gomes

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1.3 – INSTRUMENTOS AGRÍCOLAS

O uso de instrumentos agrícolas teve em algumas regiões, sobretudo montanhosas ou localizadas no interior, uma evolução muito lenta, sendo frequente o uso de instrumentos rudimentares em zonas rurais onde é muito simples a plantação, a colheita dos produtos agrícolas ou a criação de animais. As respectivas populações não sentiam necessidade de recorrerem a culturas mais trabalhosas, como é o caso dos cereais, e não aderiram facilmente à actividade agrícola. Esta situação teve inevitáveis efeitos na dinâmica do seu desenvolvimento.

A invenção da enxada possibilitou o aumento da produção, a melhoria da produtividade nos campos, revolucionou a vida rural das populações e as condições de vida dos camponeses. As primeiras enxadas eram de pedra polida ou de madeia.Com o aparecimento dos metais registou-se um importante aperfeiçoamento. Entre os instrumentos de trabalho mais usados na agricultura podem citar-se os primeiros arados, grades constituídas por uma tábua da qual saíam pregos, os toneis, pipas e cubas para o vinho e o azeite, os cabos da foice, da enxada e do martelo.

Com a introdução do arado simples, as comunidades rurais apenas podiam cultivar os solos que não fossem muito difíceis de lavrar. A relha do arado era em madeira ou em pedra, passando posteriormente à relha de ferro, que abriu possibilidades completamente novas para o cultivo de terrenos pedregosos. Outras melhorias tecnológicas foram introduzidas ao longo do tempo que permitiram o uso do arado em solos argilosos, a utilização duma aiveca para virar a terra em vez de apenas riscar um sulco e o recurso à energia animal, que estabeleceu uma ligação funcional entre a criação de animais e a agricultura. O arado semeador, além de poupar trabalho, proporcionava uma melhor distribuição das sementes. Com o arado melhorou a laboração da terra, alargou-se o sistema de rotação de cultivos, começou-se a sulcar terrenos nunca dantes cultivados e iniciou-se o uso de adubos. Utilizado desde o século IV a.n.e., continuou a ser aproveitado em pequenas explorações onde não se podia empregar um equipamento mais pesado.

A utilização do arado influenciou a divisão dos terrenos conforme se destinavam à lavoura ou a pastos. O arado desencadeou, entre outros efeitos, a passagem da propriedade comunitária à propriedade privada do solo e ao avanço da estratificação social. Os camponeses que não possuíam bois apenas podiam usar arados simples, manuseados pelo trabalho de dois homens, em terrenos fáceis de revolver. Os grandes agricultores, possuidores de várias juntas de bois de trabalho, podiam usar os arados em áreas extensas e mesmo em solos mais difíceis de revolver.

No fim do século XIII, uma pesada charrua começou a ser adoptada em substituição do arado mediterrâneo, pelo menos nas grandes propriedades. Esta charrua foi concebida para novas terras e duras. A charrua puxada a bois permitiu passar do trabalho sobre pequenas parcelas para o cultivo de zonas muito extensas.

Os agricultores egípcios utilizavam arados de madeira, em meados do II milénio a.C., puxados por uma junta de bois com o fim de trabalharem os solos húmidos e férteis do Vale do Nilo.

Na África Subsariana, século XVI, os utensílios e as técnicas agrícolas, ainda muito rudimentares e arcaicos, tinham sido herdadas de épocas remotas mantendo-se relativamente imutáveis durante séculos. Contudo, estes instrumentos tinham a vantagem de se adaptarem bem aos solos pouco consistentes.

Na Europa, até ao século XVIII, ao nível de utensílios básicos não se registaram grandes melhorias. A inovação mais importante foi a substituição das componentes de madeira pelo ferro. Porém, no início do século seguinte foram postos em prática novos inventos, designadamente máquinas de debulhar.