Joám Evans Pim; Óscar Crespo Argibay 
Instituto Galego de Estudos de Segurança Internacional e da Paz
evans@igesip.org | argibay@igesip.org
1. A Sociedade da Informação e do Conhecimento
Percebemos a Sociedade da Informação e do Conhecimento (em adiante, SIC) como um 
novo sistema tecnológico, económico e social. Tecnológico, porque nasceu (e 
segue a nascer onde não existia) graças à intercessão da tecnologia e se 
exporta, se perpetua, se retro-alimenta através dela. Económico, porque em si 
constitui uma economia na que o incremento da produtividade não depende do 
incremento quantitativo dos factores de produção (capital, trabalho, recursos 
naturais), mas da aplicação de conhecimentos e de informação no gerenciamento, 
na produção e na distribuição. Isto dar-se-ia tanto nos processos que afinal têm 
como resultado uns produtos, quanto nos produtos em si: o incremento da 
produtividade logra-se, essencialmente, após ter conseguido previamente vantagem 
competitiva mediante actos de inovação (novas tecnologias mais novos jeitos de 
fazer as coisas com menor investimento e esforço; melhores instrumentos para 
competir o modelo antigo), que nem sempre se correspondem com grandes progressos 
tecnológicos ou ideias novas, mas com a agregação e posta em comum de 
conhecimentos dispersos. Quando a concorrência responde tarde, possui-se 
vantagem competitiva. Social, porque a revolução tecnológica provocou mudanças 
sociais e um novo jeito de reinterpretar o nosso mundo (desde os meios de 
comunicação ao comércio, à política e, como no caso que nos ocupa, ao 
aprendizado e ao desenvolvimento). O fácil acesso à informação, o crescente e 
ilimitado intercâmbio de conhecimentos, o acesso em tempo real aos 
acontecimentos deu lugar a uma nova sociedade na que a informação e o 
conhecimento são recursos muito valiosos.
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A SIC caracteriza-se por se basear no conhecimento e nos esforços por converter 
a informação em conhecimento. Cumpre aclarar já desde o começo que informação e 
conhecimento não são termos equifuncionais. Já ao falarmos da Sociedade da 
Informação e do Conhecimento estamos a fazer esta distinção. Primeiro temos a 
informação e, a partir da sua criva, da sua análise crítica e da sua 
interrelação com outra informações (através da multidisciplinariedade e do 
multiperspectivismo), temos conhecimento (Linares, 1995).
Nesta sociedade, os conhecimentos, a sua criação e a sua propagação são um 
elemento definitório das relações entre os indivíduos com outros da sua própria 
sociedade ou de outras. Fomenta-se o intercâmbio de experiências e de 
informações; contribui-se a gerar novos conhecimentos. É um entorno propício 
para a informação, pois adquire maior valor que em épocas precedentes. Destarte, 
esta é considerada um factor clave do êxito económico. Citando Don Tapscott e 
Art Caston:
“Uma realidade apremiante do novo ambiente global é a emergência de uma nova era 
de concorrência (...) que pode surgir de jeito inesperado em quaisquer lugares. 
Isto quer dizer que as empresas já não se podem confiar no que diz respeito 
(...) das suas posições competitivas. É inevitável a restruturação das economias 
nacionais, amplamente impelida pelos adiantos na tecnologia da informação (...). 
Como consequência, a informação converteu-se num bem de capital; está-se fazendo 
similar em valor à mão de obra, aos materiais e aos recursos financeiros. (...) 
Cada [empresa] deve estar em constante inovação para competir”.
Faz-se um uso intensivo e extensivo das Tecnologias da Informação e da 
Comunicação (em adiante, TIC), pois esta nova sociedade medra e desenvolve-se 
arredor da informação (que possibilita o conhecimento) e aporta, para além de um 
aumento do consumo material e de réditos económicos, “um florescimento geral da 
criatividade intelectual humana”, em palavras de Yoheni Masuda (Masuda, 1994), 
autor da política japonesa para a SIC, onde a considerava ‘objectivo nacional’ 
japonês para o ano 2000 (Masuda, 1983)
Em geral, a Sociedade da Informação é um estado de desenvolvimento social 
caracterizado pela capacidade dos seus membros (cidadãos, empresas, 
administrações) para obterem e compartilharem quaisquer informações de jeito 
instantâneo, desde quaisquer lugares e mediante jeitos muito diversos. 
Tencionando exprimir de jeito mais veemente o que é a SIC, decidimos utilizar 
uma série de substantivos e de adjectivos que, acreditamos, dão uma ideia mais 
genérica e simples de entender (embora se percam matizes) do que estamos a 
descrever.
- Exuberância. Nesta sociedade existe uma quantidade de dados que aumenta 
diariamente em progressão geométrica. Isto não quer dizer que aumente a 
informação (ou a qualidade desta) nem tampouco o conhecimento, se bem são 
realidades intimamente ligadas.
- Omnipresença. Os novos instrumentos encontramo-los em toda a parte; estão 
presentes tanto no cenário público quanto na vida privada. Isto provoca a sua 
socialização até o ponto de que caminhamos cara a uma situação futura na que 
estarão integrados nas nossas vidas sem sermos conscientes. Quer dizer, se na 
altura somos capazes de individualizar os computadores (como os PCs de 
sobremesa), estes asinha se integrarão em todos os objectos (já o fazem nos 
telemóveis, mas também começam a aparecer ‘roupas inteligentes’ capazes de 
controlar o ritmo cardíaco transmitindo os dados ao centro médico mais próximo, 
por exemplo).
- Irradiação. Difuminam-se as barreiras geográficas. As distâncias são agora 
relativas, pois a boa parte dos recursos (económicos, informativos, pessoais) 
topam-se a um clique de nós.
- Velocidade. A comunicação, com excepção de falhas, volveu-se instantânea, em 
tempo real (apesar da distância teórica).
- Multilateralidade vs Centralidade. Há mensagens de múltiplas procedências, 
prevalecendo os conteúdos desenhados nas metrópoles culturais que, ainda, 
continuam a ser os chamados Primeiro Mundo.
- Interactividade vs Unilateralidade. Todos ou quase todos podemos ser autores 
das nossas próprias mensagens e respondermos conteúdos oferecidos por outros. 
Nas sociedades livres já não existe qualquer monopólio sobre a informação.
- Desigualdade. Em cada país (mas também entre regiões do globo) há uma fenda 
digital que separa ricos e pobres e tende a criar novas elites. Isto é provocado 
pelo desigual acesso aos recursos (económicos, educativos, etc.).
- Heterogeneidade. Coexistem conteúdos de toda índole (banais e sérios, rumor e 
rigor, etc.). O mosaico global é diferente em-linha do que fora-de-linha.
- Cidadania passiva. Existem consumidores, faltam cidadãos. Na SIC cumpre 
alfabetizar em clave digital para, entre outras questões, ajudar a saltar 
determinadas intermediações interessadas (que muitas vezes escondem ou encobrem 
uma exploração indirecta).
A SIC desenvolve-se através de quatro eixos: os utentes, as infra-estruturas, os 
conteúdos e o entorno. Os mais elementares são os primeiros, os utentes, pois 
são quem criam o resto. Sem eles, nenhuma das outras peça do sistema faz 
sentido. Trata-se de pessoas individuais ou de organizações que acedem aos 
conteúdos através das infra-estruturas. Estas constituem a ponte entre os 
utentes e os conteúdos, que na SIC são a informação, produtos ou serviços aos 
que se pode aceder sem necessidade de deslocamento físico (lembremos a nova 
filosofia: o mundo a um clique). Por último temos o entorno, os factores ou 
agentes de tipo sócio-económico que influem em quaisquer fenómenos que acontecem 
na sociedade e que afectarão poderosamente a orientação e o ritmo de implantação 
da SIC.
Gráfico 2. Eixos através dos que se move a SIC
Se olharmos cara atrás na história da informação, podemos distinguir quatro 
modelos sociais perfeitamente diferenciados que existiram de jeito sequencial, 
cada um deles como resultado da evolução (e, pois, substituição) do anterior. Em 
primeiro lugar, a sociedade pré-capitalista, na que informação era manuscrita 
(avisos, cartas informativas, listas de preços). Com a chegada do capitalismo, 
deram-se alguma mudanças; para além da informação escrita com carácter 
registrativo (relações, avisos, corantos) e periódica (diários, semanários, 
boletins...). A continuação da sociedade capitalista foi a sociedade industrial. 
Nela já tínhamos informação impressa (jornais) e audiovisual (discos, 
videocassetes, emissões rádio-televisivas...). Agora topamo-nos imersos na 
Sociedade da Informação e do conhecimento. A informação é multimédia 
(electrónica): jornais, boletins, bases de dados, grupos de notícias, emissões 
de rádio e televisão... em linha; formação de géneros multimédia. Resumindo, 
podemos dizer que o momento se caracteriza, a nível comunicacional, pela chamada 
‘mediamorfose’.
Já a começos da década dos ’70 do século passado se advertia o facto de que o 
sector principal da economia nos países mais desenvoltos, tanto em produção 
quanto em número de trabalhadores, deixara de ser o secundário (ou industrial) 
em detrimento do terciário (ou de serviços). Esta nova sociedade foi chamada de 
pós-industrial (Bell, 1973), caracterizada pela importância da tecnologia. Com o 
passo dos anos, a tecnologia começou a ser não apenas importante, mas a criar 
certa dependência, particularmente dos computadores e das redes informáticas, 
como fonte de mudanças económicas, políticas, sociais e culturais.
Esta evolução da sociedade cara ao sector terciário junto com o crescente valor 
do conhecimento e dependência a respeito da tecnologia recebeu diferentes nomes. 
Millan McLuhan desenvolveu o conceito da ‘aldeia global’. Negroponte (1995) fala 
de que o mundo deveio digital. Fukuyama (1999) assinala que nos últimos 
cinquenta anos se produziu uma mudança cara à ‘sociedade informática’, que tende 
a criar maior quantidade de valores como a liberdade e a igualdade. No entanto, 
nem todos os autores são tão optimistas. Por exemplo, Donald Tapscott acredita 
que transcorrem tempos turbulentos, tanto como nas revoluções significativas da 
história recente.
Seja como for, parece assisado afirmarmos que a sociedade da informação nasce 
como confluência de três fenómenos de natureza diferente: um económico, outro 
social mais um terceiro tecnológico. No plano económico, a crise económica 
sofrida pelo capitalismo nos ’70, que provocou também a crise do modelo de 
produção industrial vigente desde havia décadas. No social, entre meados dos ’50 
e fins dos ‘60 surgiram movimentos contestatários contra os autoritarismos, 
tanto no seio das sociedades comunistas europeias quanto nas democracias 
ocidentais, reclamando maiores quotas de liberdade em todos os frentes, situação 
da que emergiriam movimentos sociais até o momento inéditos (pacifismo, 
ecologismo, defesa dos direitos humanos, etc.). No plano tecnológico dera-se um 
duplo processo: de um lado, aumento exponencial das prestações das computadoras; 
do outro, nascimento das redes ou ligações entre computadores, no mesmo país 
primeiro e com outros países depois. Da confluência e evolução paralela destes 
três factores temos o germe da Sociedade da Evolução e do Conhecimento (SIC).
2. As Tecnologias da Informação e das Comunicações
As TIC definem-se como sistemas tecnológicos mediante os que se recebe, manipula 
e processa informação e que facilitam a comunicação entre dois ou mais 
interlocutores. Então, as TIC são mais que informática e computadores; são 
também redes. Também não são apenas tecnologias de emissão e difusão (como a 
televisão ou a rádio), mas também permitem uma comunicação interactiva 
(feedback) entre emissores e receptores. Portanto, as TIC concebem-se como o 
universo de dois conjuntos representados pelas tradicionais Tecnologias da 
Comunicação (TC, principalmente televisão e rádio) mais as Tecnologias da 
Informação (TI, principalmente informática e telemática). O melhor exponente das 
TIC é a internet.
A ‘fenda digital’ é geralmente definida como uma série de factores complexos que 
explicariam as diferenças existentes entre pessoas, famílias, empresas, países 
ou áreas geo-políticas de diferentes níveos sócio-económicos, com relação tanto 
às oportunidades de ter acesso às TIC quanto ao uso que se fizer delas para um 
amplo leque de actividades.
A definição não é errónea, mas limitar a problemática da fenda digital às 
dificuldades de acesso à tecnologia por parte de amplíssimos sectores da 
população mundial seria ignorar os problemas das infra-estruturas e da formação 
dos que já falámos na introdução. Quer dizer, a definição da ‘fenda digital’ 
também deve incluir a ausência de infra-estruturas que possibilitarem a extensão 
e aplicação das novas tecnologias, assim como a necessidade de formar pessoas 
capazes de as utilizar. 
Esta fenda separa pois àqueles que de facto podem usufruir as novas TIC daqueles 
que não. E o problema não fica por aí. Vários autores têm apontado para a 
ligação entre a redução da pobreza e a aplicação das TIC devido ao seu efeito 
catalítico e de arraste em áreas como o bem-estar, a educação e o mercado de 
trabalho. Mas, entendendo o desenvolvimento desde uma perspectiva holística, não 
podemos deixar de observar que o impacto das TIC sobre a economia e a redução da 
pobreza deve apoiar-se também, e sobretudo, noutras medidas. Isto é, não adianta 
proporcionar-lhe a um agricultor informação de última hora sobre os preços dos 
seus produtos se não existirem as infra-estruturas que permitam transladar os 
seus produtos ao mercado (Grace; Kenny; Qiang, 2001), pois não existe qualquer 
ligação casual entre o desenvolvimento económico e o tecnológico. Isto é assim 
porque existe a (falsa) crença de que um investimento nas TIC redundará 
automaticamente no crescimento económico. Todavia, será a existência de níveis 
sustentáveis de crescimento o que condicionará a difusão e utilização eficiente 
destas tecnologias e apenas a posteriori, se calhar, um aumento do bem-estar.
Como dizíamos, a ‘fenda digital’ separa àqueles que de facto podem usufruir as 
novas TIC daqueles que não. Isto não apenas se limita às possibilidades 
(económicas) de acesso às TIC, mas ao que tem a ver com a competência (destreza) 
para o seu uso. Aqui observamos que também existe, dentro da mesma sociedade e 
dentro de um mesmo nível económico uma dificuldade de acesso criada pela 
presença/ausência da competência que geralmente é uma barreira intergeracional 
e/ou cultural: pais/avós cujos filhos têm competência no uso das TIC, mas que 
não são capazes de as entender e/ou utilizar. Isto é uma problemática também 
complexa.
No que tem a ver com os fluxos comunicacionais, como já apontara há anos o 
Informe McBride, existe um desequilíbrio norte-sul. O norte (as sociedades 
ocidentais, as metrópoles económicas) é um grandíssimo emissor, por enquanto o 
sul (países em vias de desenvolvimento e Terceiro Mundo) é um grandíssimo 
receptor. Isto quer dizer que o sul é dependente do norte a nível comunicacional, 
do mesmo jeito que já o é nos planos económico e cada vez mais no cultural. Que 
resultados provoca isto?
A homogeneização da periferia a respeito do centro, réplica mimética dos modelos 
da metrópole. Neste plano, o d-learning, quanto mais surgir de ONGDs e menos de 
empresas supostamente ‘bem-intencionadas’, mais poderá fazer por ajudar os 
actores passivos a serem cada vez mais activos e menos dependentes, ensinando-lhes 
a pescar o peixe sem que lho deitem no prato.
Já então quando se começava a falar das TIC como uma poção mágica para o 
desenvolvimento económico e social nas regiões menos favorecidas, Kirkman (1999) 
perguntava-se se o chamado salto tecnológico (capacidade observada nos países em 
vias de desenvolvimento para ‘saltarem’ certas fases do processo de 
desenvolvimento tecnológico) seria factível. A única resposta válida seria 
‘talvez’.
Temos visto países da África onde se vem estendendo a utilização de telefones 
celulares e de ligações via satélite sem que previamente se chegaram a instalar 
redes de telecomunicações convencionais. Mesmo semelha que alguns países, 
precisamente por não terem (invertido em) infra-estruturas de comunicação 
‘seculares’ se incorporaram mais rapidamente à utilização das novas TIC.
Do mesmo jeito, embora existam exemplos, como a Estónia ou os ‘tigres 
asiáticos’, nos que a incorporação das TIC estimulara decisivamente o progresso 
económico e social, não se deve deixar de contextualizar esta disseminação no 
marco da expansão do capitalismo, do liberalismo económico, do imperialismo 
cultural e de modelos políticos e financeiros de corte ocidental, como 
ferramenta de ligação entre os focos de urbanização vertical dos países em vias 
de desenvolvimento e os focos de expansão capitalista.
Porém, a discussão desta problemática, por razões de espaço, ficará para uma 
outra ocasião, embora seja inelidível a pergunta de se exportar o modelo 
ocidental quando se induz a incorporação das TIC por estes países é ético, pois 
também não se pode ignorar o facto de que as multinacionais têm grande interesse 
em introduzir os seus sistemas nos países em vias de desenvolvimento (criando 
laços de dependência) sob o pretexto de aumentar as capacidades tecnológicas 
locais.
Antes de mais, e especialmente quando abordamos o campo da cooperação para o 
desenvolvimento, faz-se necessário abordar a própria definição das TIC (Tecnologias 
da Informação e da Comunicação). Generalizando, poder-se-iam descrever como 
aquelas tecnologias possibilitadoras da manipulação (no sentido mais positivo) 
de informações com a finalidade de facilitar diversas formas comunicacionais (Hamelink, 
1997).
Em ocasiões, com isto faz-se referência às tecnologias da informação em geral (incluindo 
o que nos países ocidentais são consideradas já tecnologias antigas: rádio, 
televisão, telefone, etc.) e em outras apenas à rede de redes, a Internet, e 
demais tecnologias associadas ao mundo da computação. Embora meios como a rádio 
possam ter grande utilidade para levar a cabo projectos de formação e informação 
ao incidirem sobre populações afastadas e mesmo excluídas por barreiras 
geográficas e de alfabetização, neste artigo far-se-á apenas referência ao 
segundo uso do termo TIC (comunicação), embora muitas das possibilidades para as 
que se apontará possam vir a ser igualmente válidas utilizando outras 
tecnologias ‘convencionais’ (bastem os exemplos de Radio Studio Ijambo do 
Burundi ou da rádio Kothmale no Sri Lanka dos que mais adiante falamos).
3. Conhecimento aplicado ao desenvolvimento
As TIC não deixam de ser simples ferramentas. Como tais, poderão ter ou não um 
impacto mais ou menos positivo, e mesmo negativo, em função do uso que delas se 
fizer, mas sempre inserindo-se no jogo de complexas redes sócio-institucionais e 
dos nem sempre transparentes processos políticos que as introduzem e regulam. 
Esta afirmação é tão aplicável nos países industrializados (com o seu aninhado 
Quarto Mundo, os segmentos de população mais desfavorecidas dos países 
ocidentais) quanto naqueles em vias de desenvolvimento.
Seja como for, os padrões dos processos já iniciados semelham indicar que é a 
educação um dos elementos cruciais para um óptimo e sensato aproveitamento das 
TIC. Ainda que com ritmos variáveis, certos países em vias de desenvolvimento 
vêm mostrando nos últimos anos índices espectaculares de expansão das novas 
tecnologias. Certamente, existem enormes desigualdades (que alguns mesmo acham 
insuperáveis) já não tão-só com os países industrializados, mas também entre e 
dentro dos países mais desfavorecidos, mas pouco a pouco, seja fruto de 
iniciativas próprias ou através de projectos forâneos, vão-se implantando pontos 
de acesso à Rede nestas regiões (como os telecentros latino-americanos ou os 
computadores de baixo custo desenvolvidos pela Universidade Federal de Minas 
Gerais). E a introdução e generalização de tecnologias Wi-Fi, GSM, modificações 
do XML como o IDML (International Development Markup Language; ‘Linguagem de 
Marcas para o Desenvolvimento Internacional’) ou a expansão e difusão de 
software livre e open source (Linux, por exemplo) e materiais de livre 
distribuição com licenças específicas abrem novas possibilidades a ter em conta, 
sem deixar de tomar em consideração a problemática da denominada ‘fenda 
digital’.
Então, enfrentamos por uma banda a questão do acesso (ligada à disponibilidade e 
possibilidades económicas) e da capacidade de utilização. Por outro lado, a 
questão de que os serviços e aplicações que as TIC aportarem sejam úteis e 
funcionais para as necessidades reais dos potenciais usuários, para além de 
sustentáveis no tempo. Não se trata apenas de superar barreira de (falha de) 
infra-estruturas, pois utilizadas inteligentemente podem mesmo colocar-se à 
disposição de massas iletradas em campos como a agricultura, a medicina ou a 
administração, entre outros (chegue com o exemplo da Mauritânia do que mais 
adiante falamos).
Partindo daí, as possibilidades que se apresentam para os segmentos 
alfabetizados e/ou escolarizados nos distintos níveis do sistema educativo 
semelham mais limitadas pela imaginação que pelas próprias tecnologias. De 
facto, as organizações que implementam projectos deste tipo têm calculado que, 
seja qual for o país em questão, um programa de 5.000 computadores distribuídos 
em 1.000 localizações (ONGDs, escolas, etc.) poderia, correctamente gerido, 
proporcionar formação continuada a 60.000 pessoas. Sirva como exemplo a Humanity 
Digital Library, um projecto impelido por mais de 70 organizações (entre elas, a 
ONU, a FAO e diversas universidades) que visa a distribuição de informação 
através de bibliotecas de custo reduzido. Oferece-se, entre outros produtos, um 
CD-ROM que inclui uma biblioteca com 3.000 livros básico, concebido como um 
programa de vacinação maciça contra a falha de conhecimento. Os computadores que 
forem necessários utilizar-se-iam em turmas de 32 horas durante 13 semanas por 
três pessoas sob supervisão de um monitor a gerir 10 destas máquinas.
Mas então, quando é que um país ou região está preparado para a implantação das 
TIC? A resposta não tem uma resposta simples e leva-nos de novo para o salto 
tecnológico. Quer dizer, um salto abrupto pode não ajudar na implantação destas 
tecnologias e, pior ainda, pode mesmo desfavorecê-la. Desde os alvores da 
humanidade, o processo criativo e de aprendizagem que implica o uso e 
desenvolvimento de sucessivas gerações de tecnologias deixa nas sociedades um 
sedimento homotético, em parte o chamado know-how (‘saber fazer’), que as 
capacita para ulteriores desenvolvimentos e inovações.
Por isso, esta introdução desarraigada das tecnologias (ou seja, sem ter 
existido previamente nada parecido), se não se acompanhar de processos paralelos 
de treinamento, pode atrofiar de tal forma as capacidades criativas das 
populações-alvo que o resultado a meio prazo não apenas será insustentável, mas 
também nefasto para os objectivos que se pretendiam alcançar. Um exemplo a 
seguir seria o da Estónia, que de novo ganhada a independência em 1991, encetou 
um projecto baseado no direito ao acesso à tecnologia e à informação.
Na altura, o país possui uma das mais avançadas redes comunicacionais da Europa, 
níveis elevados de alfabetização electrónica e baixos custos de conexão. Todo 
isto levou a um boom na aplicação das TIC em sectores como a Administração, as 
finanças, a educação, a sanidade ou o transporte, que ao mesmo tempo se traduziu 
num aumento considerável do nível de vida e na criação de laços intra e supra-nacionais.
O interesse crescente pelos programas de formação em-linha atribui-se, 
essencialmente, ao reconhecimento da Rede como um veículo chave na transmissão 
de informação e no estabelecimento de uma comunicação em tempo real e em 
diferido. Somado isto ao facto de que a população que acede à internet aumentou, 
os progressos técnicos (aliados à transformação de conteúdos passivos em 
dinâmicos e interactivos) constituem também factores decisivos no uso da Rede.
A aplicação de uma gama de tecnologias do aprendizado no campo do 
desenvolvimento de recursos humanos vai estreitamente ligada à melhora da 
qualidade dos sistemas, pois efectua-se uma redistribuição da oferta formativa a 
partir da demanda e atendendo a necessidades específicas. Para as instituições 
formadoras e para a sociedade em geral, as TIC oferecem experiências de 
aprendizado para quem interessar (em quaisquer lugares e momentos, de jeito 
virtual), a possibilidade de estabelecer novos jeitos de comunicação entre 
docentes e alunos e também a oportunidade de realizar progressos adaptados às 
exigências de formação das organizações e às necessidades e aptidões dos 
participantes.
Com efeito, em quaisquer projectos de cooperação, cada vez mais esta componente 
(a formação) é mais demandada. E já não falamos apenas da formação das 
populações-alvo dos projectos, mas também dos próprios cooperantes, for aplicada 
à cooperação (inculcando noções instrumentais técnicas para a implementação de 
projectos) ou tratar-se de formação de formadores. Precisamente um dos problemas 
críticos na educação para o desenvolvimento é a escassa disponibilidade de mais 
e melhores educadores, resultando as TIC uma ferramenta eficaz e económica para 
cobrir esta necessidade.
Encontrar professores qualificados que quiserem ir embora exercer a sua 
profissão em países em vias de desenvolvimento é complicado, e ainda mais 
‘retê-los’ lá, longe de suas famílias, vida e emprego habituais durante os 
períodos de tempo necessários para a obtenção de uns resultados mínimos.
Muitas pessoas simplesmente não podem assistir a aulas universitárias, pois 
perder seus trabalhos poderia implicar a morte por inanição (todos temos na 
cabeça imagens de jovens africanos ou sul-americanos que tiveram de escolher 
entre estudar ou ajudar na melhora da precária economia familiar). As 
alternativas que cá se propõem permitiriam a estas pessoas desenvolver as suas 
capacidades obtendo acesso a novas possibilidades de melhora; mesmo àqueles que 
não tiveram a oportunidade de concluir os seus estudos.
Gráfico 3. Possíveis campos de acção do d-learning
Quando se trata de levar a formação a regiões longínquas onde não existem 
escolas e outras estruturas educativas formais, as TIC têm muito a oferecer, e 
não nos referimos necessariamente aos países em vias de desenvolvimento, pois 
projectos deste tipo vêm-se implementando desde faz tempo em países com 
populações tradicionalmente dispersas como a Austrália ou o Canadá. Combinadas 
com a educação presencial, as TIC podem ser utilizadas para trasladar materiais 
e métodos pedagógicos de grande qualidade ou mesmo leccionar aulas nas que 
alunos e professor se achem em hemisférios opostos. A utilização de computadores 
nas (e para as) aulas, em qualquer lugar do mundo, tem uma série de lógicas a 
explorar de forma integral e combinada:
 Formar pessoal altamente qualificado na utilização das TIC
 Proporcionar conhecimentos básicos de informática de forma extensiva
 Utilizar as TIC para explorar as possibilidades curriculares
 Promover a incorporação de inovações no nível curricular e do papel do 
educador
 Possibilitar o acesso às fontes de informação, nomeadamente à Internet
 Promover o contacto e intercâmbio com outros centros educativos através das 
TIC
Desde os seus inícios, a Rede e seu desenvolvimento cara às formas que hoje 
conhecidas fundamentou-se no trabalho voluntário e cooperativo. Nada indica que 
agora vá deixar de desenvolver-se nesse caminho, mais bem todo o contrário. O(s) 
movimento(s) pelo software livre, embora sem estar ligados necessariamente às 
linhas das organizações não-lucrativas, vêm funcionando de forma similar, 
criando redes de ‘voluntários’ (hackers, entre outras ‘criaturas’ da Rede) a 
produzirem e oferecerem serviços, produtos, aplicações (software de uso livre) e 
conteúdos (manuais e guias). Assim, surgiram projectos de colossais dimensões 
como o GNU/Linux, um sistema operativo ‘gratuito’, livre e sustentável. Por 
outra banda, de forma similar aos movimentos de criação e desenvolvimento de 
aplicações, achamos as novas formas de distribuição de conteúdos, como as 
licenças Creative Commons ou GNU-GPL, que embora não são equifuncionais, 
geralmente se agrupam sob a denominação open source (‘recursos de graça’ ou 
‘software livre’).
Para articular estas duas componentes é preciso mais um recurso, neste caso 
humano, que além de ter carácter voluntário, isto é, não lucrativo (embora 
eventualmente seja necessário recorrer a pessoal remunerado para certas tarefas), 
deve possuir as qualificações necessárias que a labor requer. A vantagem, ou as 
possibilidades, que oferecem este tipo de plataformas reside no facto de que a 
colaboração não seja necessariamente presencial (falamos assim de e-voluntários) 
pelo que poder ser alternada com outros trabalhos ou posições que de outra forma 
excluiriam a participação. O trabalho voluntário pode facilmente assumir-se 
desde o computador pessoal doméstico ou do posto de trabalho nos tempos de lazer, 
pois apresentam-se as possibilidades de assincronia e ubiquidade (estar tempos e 
lugares diferentes de jeito simultâneo).
O propósito desta reflexão é ver as possibilidades das TIC no âmbito 
educacional, apresentando opções viáveis de uso destas tecnologias desde uma 
perspectiva enriquecedora, capaz de potenciar a capacidade criativa do trabalho 
docente e investigador através do uso da informática, tomando como referentes os 
objectivos pedagógicos.
Na altura, proliferam os recursos educacionais em internet, como também 
proliferam as empresas dedicadas ao desenvolvimento de software educacional. Um 
exemplo da primeira tendência são os wíkis, conteúdos modificáveis praticamente 
na sua totalidade pelos utilizadores, cujo máximo exponente é a enciclopédia de 
graça em-linha Wikipédia, com versão em várias dúzias de línguas (incluída a 
nossa, nas versões luso-brasileira e galega, com quase 100.000 entradas a 2 de 
dezembro de 2005, 85.925 da luso-brasileira face 10.400 da galega).
O primeiro dos objectivos deveria ser fomentar o desenvolvimento da capacidade 
de produção de ideias, propiciando a fluidez de expressão e a flexibilidade do 
pensamento. As ideias próprias devem-se adaptar a um estilo pessoal, quer dizer, 
deve-se potenciar a imaginação como ferramenta mais a originalidade na expressão 
do pensamento através da toma de decisões próprias. Isto não é possível se 
previamente não educarmos os sentidos, pois é graças a eles como interagimos com 
o nosso entorno. As novas tecnologias possibilitam os alunos a experimentarem 
com elementos tão diferentes entre si como o áudio, vídeo, gráficos (em 2D ou 
3D), texto ou bases-de-dados, que nem sempre têm referentes físicos ou reais.
Outro tipo de faculdades que se deveriam desenvolver e que enumeraremos de jeito 
restrito, sem entrarmos em detalhes (por questões de espaço) seriam o razoamento 
verbal (expressão oral, expressão escrita e compreensão leitora) e o razoamento 
lógico-matemático (para solucionar problemas e pensamentos abstractos, como em 
recriações 3D). Em definitiva, o aluno deve aprender a usar os seus 
conhecimentos para perceber o mundo, pois apenas percebendo-o será capaz de 
interagir com ele, transformá-lo e, somente depois, melhorá-lo.
Determinados já os objectivos, o seguinte passo é escolher as ferramentas mais 
adequadas para consegui-los do jeito mais óptimo. É preciso decidir, dentro do 
amplíssimo leque existente, que tipo de programas contribuirão melhor à 
finalidade educativa.
- Software instrucional. Está especificamente concebido como aplicação 
didáctica, pois propicia a automatização de exercícios ou de exames de 
diferentes matérias. Incluir-se-iam aqui os tutoriais (cursos de iniciação cara 
a uma actividade seguindo uma curva de aprendizado progressivo), os simuladores 
de situações reais (que reconstruem cenários de jeito virtual), o software 
enciclopédico e o software de aprendizagem de idiomas (muitas vezes de graça).
- Software de uso general. Esta denominação abrangeria software genérico como os 
processadores de texto, software de criação de imagens ou reprodutores/editores 
de áudio e sonido.
- Linguagens de autor, que permitem criar e gerir publicações electrónicas 
capazes de interagir com os utilizadores (como a criação um blogue para 
leccionar História da Arte através da inserção de conteúdo textual, imagens, 
ligação com páginas relacionadas, sugestão/consultas do alunado, etc.).
- Jogos com finalidades educativas.
- Bases-de-dados que permitem cruzar dados entre si nos mais diversos formatos 
(texto, vídeo, som...).
- Aplicações comunicacionais. Nos últimos anos, ao falarmos de tutorias em-linha 
apenas nos referíamos ao correio electrónico, listas de discussão ou fóruns. 
Agora, as tutorias e o aprendizado em-linha contam com ferramentas de apoio mais 
fortes como os blogues (que, contrariamente à maior parte das listagens de 
correio, são capazes de integrarem de jeito óptimo a multimedialidade e o 
feedback), os serviços de comunicação textual em tempo real (bate-papos como o 
popular Messenger) e até o mais recente boom provocado pela tecnologia Voz-IP 
(que embora exista desde 1998, somente se pôde popularizar em datas recentes 
graças aos progressos técnicos e ao surgimento de padrões), como o afamado Skype, 
um programa que permite conversas com voz em temo real como se de um telefone-web 
estivéssemos falando.
O objectivo geral do sistema educacional é preparar a gente para a vida, que 
dizer, dotá-la de uma bagagem de conhecimentos suficiente e potenciar a sua 
criatividade e raciocínio críticos. Mas as possibilidades das TIC obrigam-nos a 
repensar o sistema educacional para integrá-las no seu seio deste, dando-lhe, 
destarte, valor adicional. Isto permitir-nos-ia formar alunos activos e 
criadores no canto de passivos consumidores e reprodutores das palavras do 
professor.
Por suposto, também é necessário repensar o labor do docente, que não apenas se 
deveria limitar a dar aulas, mas também coordenar trabalhos em parceria de 
responsabilidade compartida; actividades de pesquisa, compreensão, avaliação e 
selecção de informação de jeito multiperspectivo e multidisciplinar que 
obrigariam a usar a inteligência mais do que a memória. A todo isto podem 
contribuir as Redes, pois permitem elaborar cursos electrónicos de jeito 
personalizado e automatizado. Graças a isto, o professor poderia tutorizar os 
trabalhos de cada aluno e adaptá-los ao próprio ritmo e aptidões deste.
Um último apontamento. Ao menos pelo momento, o livro não vai ser substituído do 
seu lugar referente no ensino. Porque? Porque o modo de pensamento importo pela 
linguagem humana é o sequencial (ou lineal), por enquanto o multimédia 
desenvolve acções em paralelo (hipertextual), complementares entre si mas sem 
sentido absoluto por separado.
Sequencial e hipertextual são diferentes jeitos de conservação e de transmissão 
do saber, mas no canto de os enfrentarmos temos de ser cônscios das 
possibilidades derivadas da exploração da sua coexistência. Por exemplo, a 
linguagem sequencial para dar as pautas teóricas e a hipertextual (multimedial 
em paralelo) para desenvolver a sua vertente prática ou para complementar a 
explicação.
Apesar de que não compete directamente ao tema aqui apresentado (o d-learning), 
acreditamos necessário fazer algumas aclarações no que atinge às normas de 
redacção web. Porque? Ao começo deste artigo afirmamos o disparate da penetração 
de algumas inovações da tecnologia em lugares onde não existia a infra-estrutura 
adequada, provocando um aproveitamento nulo dos recursos investidos. Fazendo um 
paralelismo, desde aqui queremos aproveitar para assinalar que muitos recursos 
electrónicos destinados ao aprendizado electrónico carecem da suficiente 
legibilidade como para que deles se possa tirar qualquer proveito, 
principalmente se o público-alvo não está (suficientemente) alfabetizado.
Precisamente por não ser da nossa competência estrita, apenas fazemos umas 
recomendações básicas que, na nossa opinião, deveriam cumprir os materiais que 
se quiserem considerar para o d-learning:
- Características. Concisão, páginas de curta extensão (máximo 4 scrolls), 
linhas pouco extensas (máximo 60 caracteres), uso da linguagem comum (não é o 
mesmo que vulgar!), simplicidade sintáctica. Aproveitar o hipertexto não apenas 
para complementar informação, mas também para fragmentar o texto através de 
nodos e ligações.
- Processo de estruturação. Definir o foco da informação, recompilar o material 
estritamente necessário (texto, imagens, infografias, vídeo ou hiperligações), 
elaboração de um breve resumo ao começo de cada texto (também seria idóneo um 
esquema), clara identificação dos elementos interactivos, fragmentação da 
informação em nodos lógicos seguindo o chunking (uma parágrafo, uma ideia), uso 
inteligente da tipografia (identificando títulos e blocos de informação com 
golpes de vista).
- Escrita em capas. Resumo conciso do tema, versão estendida dos aspectos 
complexos, fragmentação do texto em unidades independentes (como já dissemos: um 
parágrafo, uma ideia), ligar para recursos análogos, estabelecer propostas de 
interacção para o usuário.
Gráfico 4. Distribuição das capas
Estas recomendações acreditamo-las acertadas, pois na altura a informação web 
segue a ser textual quase num 90%. Ainda, determinadas circunstâncias fazem 
necessária uma redacção no meio internet diferente de no papel. Por exemplo, no 
ecrã a leitura é mais lenta (de média, arredor de um 30%), para além de se 
produzir um notável cansaço ocular (que se pode reduzir com um uso inteligente 
da tipografia). A máxima a seguir, no que atinge à redacção web, teria de ser 
“MENOS É MAIS”.
4. Vantagens da formação em-linha
Embora com abismais desajustes, os países em vias de desenvolvimento vão-se 
fazendo cada vez mais permeáveis à introdução das novas Tecnologias da 
Informação e da Comunicação (TIC), seguindo as pautas globalizadoras cara a uma 
situação de glocalidade (global+local). Tal penetração tem demonstrado a sua 
vertente mais disparatada com agentes ocidentais (ou ocidentalizadores) tentando 
introduzir computadores em aldeias do Terceiro Mundo sem água nem electricidade.
Seja como for, tudo parece indicar que as TIC gerarão nesses países os mesmos 
problemas que já provocaram na Europa, particularmente nos seus sistemas 
educativos, e isto por mor das pressões políticas e sociais existentes. Do mesmo 
jeito que não se podem introduzir tecnologias quando não existem as infra-estruturas 
básicas, também não adianta implantá-las se não vierem acompanhadas de uma 
verdadeira formação (nomeadamente em matéria de formação de formadores) que 
possibilitar a sua valorização e aplicação real. Noutras palavras, como tirar 
proveito das TIC sem se terem criado as infra-estruturas que lhes permitirem 
funcionar e sem se terem formado pessoas capazes de as empregar?
No entanto, ante um panorama minimamente favorável, as possibilidades das TIC em 
campos como a educação para o desenvolvimento são alentadoras. Nos últimos 
tempos, a aplicação das novas tecnologias na educação a distância tem provocado 
grandes sucessos e abrindo novas possibilidades, aparecendo o que se viria a 
chamar e-learning. Cumpriria perceber este conceito como aquela forma de 
aprendizado complementar ou substitutivo das aulas tradicionais.
A formação em-linha pode supor uma drástica redução de custos (evitando 
deslocamentos, alojamentos, materiais impressos, etc.) o qual, somado à 
possibilidade de recorrer a um voluntariado virtual altamente qualificado e 
materiais docentes de uso livre, resulta num modelo flexível e economicamente 
sustentável para a gestão de conhecimentos, aplanando hierarquias e 
descentralizando responsabilidades.
Gráfico 1. O d-learning como ensino ‘livre’
Cada vez mais, os processos educacionais situam-se fora dos sistemas 
tradicionais (ou formais) de ensino através da implantação de metodologias de 
aprendizagem a distância tecnologicamente mediadas. Quando se trata de 
implementar programas cujo alvo principal se situa nos países em vias de 
desenvolvimento, e não só, devem-se ter em conta critérios como o acesso, a 
qualidade e custos, pois uma componente mal planificada pode ter um impacto 
fulminantemente negativo no conjunto do projecto, limitando consideravelmente 
suas possibilidades de acesso e êxito final. As actuais infra-estruturas e 
metodologias educativas simplesmente não estão à altura das necessidades, reptos 
e desafios da nova ‘aldeia global’, na que é preciso e urgente incrementar o 
acesso à educação. O d-learning, neste sentido, aúna as características 
atribuíveis ao e-learning (formação/ensino electrónico), mas também aquilo 
referente a projectos de cooperação e de ajuda ao desenvolvimento.
5. D-learning: novos reptos, novas possibilidades
Seguindo os aspectos supracitados, as plataformas de aprendizado em-linha 
baseadas em software livre e sustentável combinadas com conteúdos de livre 
acesso e recursos humanos voluntários assentariam as bases dos projectos 
educativos que viemos a denominar d-learning ou aprendizado para o 
desenvolvimento.
As vantagens não são apenas as visíveis a simples vista, como o baixo custo 
permitido pelo software livre e outros elementos com licenças gratuitas. A 
utilização deste tipo de programas e sistemas evitam, tal e como aconteceria de 
utilizar aplicações baixo licença ‘tradicional’, o estabelecimento de ligações 
de dependência com as empresas programadoras (habitualmente multinacionais) e o 
consequente impacto negativo sobre a economia. A possibilidade de ter acesso ao 
código fonte das aplicações para modificá-las e adaptá-las a umas necessidades 
específicas fomenta ademais o desenvolvimento endógeno dos sectores de 
programação autóctones.
Na era da informação, a formação transformou-se numa necessidade e, neste 
contexto, as novas tecnologias fornecem a oportunidade de aceder não apenas a 
uma educação convencional mas outras possibilidades de desenvolvimento pessoal e 
profissional além do ensino tradicional. Assim, falar da utilidade das TIC na 
educação a distância já soa a velho, mesmo porque desde seus inícios se têm 
utilizado habitualmente meios como a rádio e a televisão e, hoje, a Internet, 
que se está a manifestar de forma patente como um oceano de possibilidades nesse 
campo. Mas, quando falamos de projectos d-learning devem-se ter em conta uma 
série de factores:
 Centrar-se na educação, não na tecnologia
 Desenvolver projectos com a massa tecnológica crítica
 Formar e aperfeiçoar a capacidade de uso das TIC dos educadores
 Garantir o correcto monitorizamento das actividades
 Incentivar a integração e apoio comunitário
 Pensar de jeito sustentável
Entre as características básicas que oferta a rede para a formação em-linha 
estão a acessibilidade (superando barreiras cronotópicas) assim como novos 
modelos de aprendizagem e de docência nos que os ‘educadores’ são mais 
‘facilitadores’ do que ‘instrutores’ no sentido mais tradicional (Peña, 2001). A 
isso devemos acrescentar a drástica redução de custos (evitando deslocamentos, 
alojamentos, materiais impressos, etc.) que, somada à possibilidade de recorrer 
a um voluntariado virtual altamente qualificado e materiais docentes de uso 
livre, resulta num modelo flexível e economicamente sustentável para o 
gerenciamento de conhecimentos, aplanando hierarquias e descentralizando 
responsabilidades.
No que diz respeito aos conteúdos, partimos por uma banda da existência de uma 
quantidade significativa de recursos na Rede que, junto com outros novos, devem 
ser adaptados aos entornos de aprendizado virtuais desde as perspectivas 
metodológicas, curriculares, técnicas, etc. Pense-se, por exemplo, nas próprias 
comunicações deste evento (I Simpósio de Outono sobre Resolução Pacífica de 
Conflitos, celebrado o 5 de Dezembro de 2005 em Rianxo, Galiza), disponíveis em 
formato digital e que poderiam, sem grandes complicações, fundamentar um curso 
básico em-linha sobre as possibilidades do terceiro sector. Obviamente, o labor 
a realizar é extenso, mas os avanços também são importantes, nomeadamente, como 
já se indicou, nas novas fórmulas de distribuição livre. Da mesma forma que 
falamos de conteúdos livres, os voluntários virtuais vêm a ser contentores e 
veiculadores de conhecimento livres, se bem no momento actual a tradição de 
trabalho neste campo é ainda muito reduzida.
O desenvolvimento e aprofundamento nas linhas gerais expostas nesta comunicação 
poderia dar lugar ao modelo de d-learning proposto, que aplicado ao âmbito da 
cooperação poderia dar pé a: actividades de formação interactivas e viáveis nos 
países em vias de desenvolvimento; aprendizado baseado na experiência real de 
expertos fomentando as capacidades de actuação; facilitar intercâmbios 
transregionais superando restrições cronotópicas e facilitar acesso aos mais 
avançados conhecimentos em matérias de relevância.
Gráfico 6. A e-Cooperação
6. Casuística aproximativa
Este epígrafe pretende explicitar uma série de exemplos significativos do que se 
comentou anteriormente ou se estão a implementar por todo o mundo em eidos como 
a educação, a sanidade, a agricultura, o comércio, o turismo, o governo ou a 
Resolução de conflitos. Pela preocupação que desata, dedicaremos um espaço 
considerável para dar a conhecer projectos no âmbito higénico-sanitário.
Com efeito, o da saúde é um dos problemas mais importantes dos países do chamado 
Terceiro Mundo, onde milheiros de pessoas morrem todos os dias por males de 
doada solução, mas que a escasseza de possibilidades ou a ausência de informação 
não conseguem combater.
Em Camboja, uma pequena aldeia chamada Robib serviu de campo de experimentação 
para um amplo leque de aplicações como o comércio electrónico, uso escolar de 
computadores e, como no caso que nos ocupa, da telemedicina. Em fevereiro de 
2001 desenhou-se um procedimento no que uma enfermeira mais um técnico se 
deslocavam uma vez ao mês desde Phnom Penh com uma câmara digital. Quando a 
enfermeira não conseguia fazer por si o diagnóstico, o técnico atirava 
fotografias que se enviavam por internet (disponível através de uma ligação por 
satélite na escola local) para a Partners Telemedicine, uma ONG dos EUA com 
colaboradores na escola de medicina de Harvard e no General Hospital de 
Massachusetts, onde se realizava um diagnóstico e se indicava o tratamento 
recomendado.
Na Índia, por exemplo, o sistema de saúde primária é através dos Centros 
Primários de Saúde, atendidos por enfermeiras auxiliares e com uma cobertura 
média de 5.000 pessoas. O seu problema, que diariamente devem atender um enorme 
número de pessoas e o pessoal consome a maior parte do seu tempo elaborando 
informes e mantendo registos. Para paliar esta situação nasceu o ‘Projecto 
Cuidado da Saúde na Índia’ (India Health Care Project). No marco dele, capacitou-se 
o pessoal no uso de PDAs especialmente desenvolvidas para um público semi-alfabetizado. 
Com o uso destas ferramentas, não apenas se reduziu entre o 40 e o 60% o tempo 
para as tarefas anteriormente mencionadas, mas também melhoram a qualidade mais 
o rigor da informação processada, pois as PDAs ajudavam a gerar e gerir 
calendários de turmas de trabalho, periodização de campanhas de vacinação, etc.
Na mesma linha está o programa MARA, siglas em inglês de ‘Traçando um Mapa do 
Risco da Malária na África’ (Mapping Malaria Risk in Africa). A malária é uma 
enfermidade com especial incidência no continente africano (concentra o 90% dos 
casos a nível mundial). O projecto pretende recolher informação que permitir a 
implementação e planeamento racional de estratégias de controle e de prevenção 
da malária seguindo três directrizes: reunir dados de distribuição, 
periodicidade e endemicidad para traçar o risco de presença desta patologia no 
continente; disseminar informação em formatos acessíveis entre os actores-chave 
e desenvolver um sistema de informação geográfica (SIG ou GIS em inglês) que 
permita integrar séries de dados sobre incidência e sobre condições ambientais 
para gerar mapas com o material recompilado.
Também na agricultura se implementaram as novas possibilidades. No Senegal, por 
exemplo, proporcionou-se aos produtores acesso a telemóveis com tecnologia WAP 
que lhes permitia obter informação em tempo real sobre os preços dos seus 
produtos nos mercados de Dakar. Embora se tratasse mormente de pessoas 
iletradas, asinha conseguiram manejar de jeito fluído essa tecnologia que lhes 
possibilitou negociar de jeito mais efectivo com os intermediários (lembremos: a 
informação é poder), dos que antes dependiam para obter esta informação.
À sua vez, na Faculdade de Agricultura da Mauritânia, implementou-se um outro 
sistema de informação agrícola que proporciona conselhos práticos para o cultivo 
da batata aos campesinhos analfabetos do rural. Destarte, desenhou-se um jogo de 
ícones para representar as práticas agrícolas tradicionais junto com ficheiros 
de áudio nas línguas locais. Disto resultou uma aplicação informática com 
informação de utilidade que pode ser manejado de jeito simples por população 
iletrada.
Na linha educacional e de formação destacam outra série de projectos. O mais 
antigo é Telesecundaria, criado em México no 1968, que desde aquela altura levou 
a educação secundária àquelas zonas rurais mexicanas onde dificilmente se 
poderiam instalar centros tradicionais. O programa baseou-se em emissões de 
televisão através do satélite governamental Solidaridad 1. O sucesso provocou a 
extensão o sinal a outros países através de um acordo de cooperação assinado em 
1996 (Panamá, 1996; Costa Rica, 1997; Guatemala, Honduras e o Salvador, 1998).
Um projecto análogos implementou-se em Honduras. No seu caso foi uma rádio para 
aqueles jovens que desistiram de completar a sua formação académica no ensino 
tradicional. Devido ao seu relativo sucesso, estendeu-se a sua oferta aos níveis 
avançados. Provou ser mais económico que a educação tradicional, embora não 
melhores resultados. Pela sua parte, em Chile iniciou-se no 1993 o plano piloto 
Enlaces, cuja pretensão era a de criar uma rede de telecomunicações entre 100 
escolas primárias, se bem a finais de 1995 já se superaram as espectativas ao 
ligar mais de 180 centros de ensino primário e de secundária. A partir daí deu-se 
o salto para converter a iniciativa em programa de alcance nacional.
Também noutros âmbitos menos evidentes foram aproveitadas as enormes 
possibilidades TIC. O programa Kiskaya empregou-se em Haiti e na República 
Dominicana para estabelecer um turismo alternativo e sustível criando por 
internet canais promocionais e de comercialização, permitindo a comunicação 
directa entre consumidores e organizadores, procurando ao mesmo tempo 
sensibilizar sobre o impacto do turismo. Os três piares do projecto são: 
comércio, trabalho cooperativo e promoção/marketing através de um portal web.
No campo da prevenção ou resolução de conflitos e de mantimento da paz (objectivos 
que figuram nos pressupostos fundacionais do Instituto Galego de Estudos de 
Segurança Internacional e da Paz) destaca o projecto Radio Studio Ijambo, na 
região africada nos Grandes Lagos (Hagos, 2001). Lembramos as matanças de 1994 
em Ruanda? Naquela altura, a RTML (Radio-Television Libre des Milles Collines) 
tivera um notável papel à hora de fomentar o ódio e a violência. Ratio Studio 
Ijambo, que na língua quirundi quer dizer “palavras sábias”, instalou-se em 1995 
no vizinho Burundi para produzir uma grelha de programação para hutus e tutsis 
com 15 horas semanais de notícias, actualidade, programação cultural e de 
entretenimento que podia alcançar 12 milhões de ouvintes.
As aplicações da rádio parecem ainda hoje muitas, e mais o serão com o avance da 
digitalização e a extensão e popularização da rádio digital (meio de informação 
idóneo para populações iletradas... e não só!). No Sri Lanka podemos falar do 
projecto Radio Comunitária Kothmale. Trata-se de um exemplo de utilização deste 
meio como interface entre as comunidades rurais e a Rede de redes. Se bem não é 
uma rádio digital in strictu sensu, a internet é um elemento que subjaz. Os 
ouvintes podem enviar perguntas ou inquietações aos locutores para que estes 
tencionem responder após pesquisarem em-linha, ‘traduzindo’ os resultados para 
linguagem coloquial. Deste jeito facilita-se o acesso a conhecimentos que doutra 
forma seriam inacessíveis.
O Instituto Tecnológico de Massachusetts está a desenhar um projecto de 
computador portátil de baixo custo, o 100$ Laptot. Algumas das suas 
especificações técnicas são: compatibilidade com redes inalâmbricas (internet 
sem fios, wi-fi), vários portos USB, processador a 500 Mhz, 1 GB de memória 
flash (o tamanho da memória é muito reduzido, mas ao substituir o disco rígido 
consegue optimizar o prezo final) e 1 megapíxel de resolução do ecrã. Como 
curiosidade, a bateria destas máquinas recarregar-se-ia de jeito manual com uma 
manivela, o que permite estabelecer esta tecnologia em zonas rurais sem conexão 
a redes eléctricas. Com efeito, não se trata de uma máquina comparável em 
potência e prestações às que possamos ver qualquer um de nós nas nossas lojas de 
informática (de facto, a potência do processador é equiparável à de PCs com mais 
de cinco anos de vida), mas decerto que para a finalidade com a que foram 
concebidos serão úteis. Porquê portáteis e não PCs? Se bem alguns dos 
componentes do PC são mais baratos, a mobilidade é um factor importante. A 
redução do prezo (que se prevê que ainda possa ser maior) consegui-se utilizando 
componentes electrónicos reciclados, não pretendendo prestações excessivas e 
eliminando a gordura que supõem muitos componentes secundários infra-utilizados 
e instalando componentes genéricos a nível de tarjeta de vídeo e de sonido (que, 
após o processador, muitas vezes são o hardware mais caro). Note-se que o 
projecto em si não pode ser apenas a fabricação destes ordenadores; mas estes o 
primeiro, as ferramentas, cara a ulteriores programas (sobretudo ao serem 
portáteis, compatíveis com wi-fi e não dependerem de redes eléctricas).
7. A responsabilidade das Administrações
Igual que já acontecera quando a expansão de anteriores tecnologias da 
comunicação (telefonia, rádio, televisão, etc.), as Administrações têm uma 
grande responsabilidade no que tem a ver com a implementação das TIC quanto no 
ritmo ou jeitos com o que esta se faz. Isto é algo inerente a quaisquer modelos 
de regulação sectorial, e pode dar pé a situações muito heterogéneas. Por 
exemplo, na Espanha ou no Brasil, os seus modelos televisivos foram definidos 
por ditaduras militares, onde o Estado tomava um férreo controle sobre a 
comunicação, monopolizando-a. Por enquanto, no Japão ou nos EUA a situação foi 
justamente a contrária.
No momento actual, nas sociedades ocidentais produz-se um recuo provisório do 
Estado. Mas, além disso, mesmo na situação actual, de retirada do Estado, este 
desempenha um papel activo crucial, responsável que é pela designação dos 
actores que serão privilegiados e daqueles que perderão no processo chamado de 
desregulação que, na verdade, é um processo de transregulação, quer dizer, a 
faculdade de regular não desaparece do Estado para ser cedida a terceiros 
agentes, mas delega-a, pelo que ele assume, de facto, a responsabilidade pelo 
sucesso ou o fracasso do processo.
Por esta razão, o estudo das políticas públicas é fundamental para entender o 
verdadeiro sentido das transformações actuais. E aqui, mais uma vez, de nada 
serve a diferenciação público/privado. Também neste caso, o estudo dos 
movimentos concretos e dos impactos específicos das acções e das omissões é 
condição prévia para a formulação de hipóteses sobre o futuro.
8. Conclusões
Seria ingénuo pensar na internet e nas TIC como a solução mágica para as 
dificuldades que atrancam o caminho das organizações sem ânimo de lucro que 
trabalham para beneficiar os cidadãos do chamado Terceiro Mundo. Como já vimos, 
o leque de possibilidades que oferece a tecnologia é muito grande e muito 
heterogéneo, e apenas se está a explorar uma porção ínfima. Por esta razão é que 
cumpre aprofundar no conhecimento e na utilização efectiva das sinergias criadas 
pelo trabalho em-linha, e dar a máxima difusão possível a projectos que doutro 
jeito ficariam estancados pela falta de apoio (económico, logístico, humano, 
etc.) externo ou que morreriam no esquecimento sem que nunca mais se pudesse 
aprender da sua experiência.
Dentro das múltiplas possibilidades que oferece a digitalização, a formação 
constitui mais uma componente a desenvolver de jeito progressivo e natural. Isto 
far-se-ia dentro da lógica de intercâmbio e de interacção que fundamenta a 
própria arquitectura de redes. Tampouco podemos pensar no d-learning apenas como 
uma alternativa económica para a implementação de projectos de educação para o 
desenvolvimento, pois nem é de graça nem é tão económico: embora seja adaptável 
às economias de escala, precisa recursos humanos, materiais e monetários como 
quaisquer outros projectos. Se o sucesso de diferentes projectos de d-learning 
foi limitado deveu-se, fundamentalmente, a estas carências.
O d-learning nem é nem pode ser substitutivo das escolas, dos liceus e das 
universidades, mas um recurso para quem não dispõem de acesso a estas 
instituições e adaptando sempre estas iniciativas às necessidades e dificuldades 
da sociedade ou território onde se quiser implementar um projecto desta natureza 
que conta com muitas eivas, mas também com um número enorme de vantagens para 
poder superá-las. São estes e outros aspectos os que devem ser analisados com 
detalhe e rigor com vistas a uma futura aplicação prática do d-learning, um 
jeito de agir que se deve de enfrentar a muitos reptos, mas que já demonstrou 
muitas possibilidades.
Não somos ingénuos; sabemos das dificuldades e problemas que desta utilização se 
podem derivar, sobretudo éticos: é lícito o benefício empresarial (p. ex., para 
fabricantes de hardware) que está detrás de muitas iniciativas de d-learning? 
Respondemos nós: seria preferível não fazer nada? Em nenhum dos dois casos somos 
ingénuos e sabemos que nem tudo é branco ou preto. A falta de nada melhor, por 
enquanto, por aqui fica a nossa proposta.
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