Paulo Augusto Ramalho de Souza (CV), Maria do Carmo Romeiro (CV) y Edrey Victor Alfaia de Castro (CV)
INTRODUÇÃO
A palavra  “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas raízes pela  história. Certas formas de turismo existem desde as mais antigas civilizações,  mas foi a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial,  que ele evoluiu, como consequência dos aspectos relacionados à produtividade  empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultante da  restauração da paz no mundo (FOURASTIÉ, 1979). Nesse período, o turismo se  restringia apenas a uma parcela da população a qual tinha disponibilidade de  tempo e de dinheiro para usufruí-lo.
                A maioria  das pessoas dos países desenvolvidos, e uma parcela significativa dos países em  desenvolvimento, tem se utilizado dessa prática constantemente. Desse modo, o  turismo já não passa a ser uma prerrogativa apenas de alguns cidadãos  privilegiados, sua existência é aceita e constitui parte integrante do estilo  de vida para um número crescente de pessoas de todo o mundo apresentando-se sob  as mais variadas formas.
                Segundo  Ignarra (2003), o fenômeno turístico está relacionado com as viagens, à visita  a um local diverso do da residência das pessoas, assim em termos históricos,  como já mencionados, ele teve início quando o homem deixou de ser sedentário e  passou a viajar principalmente motivado pela necessidade de comércio com outros  povos. É aceitável, portanto, admitir que o turismo de negócio antecedeu o de  lazer. 
                A expansão  econômica motivou as grandes viagens exploratórias dos povos antigos, que  buscavam conhecer novas terras para sua ocupação e posterior exploração. Dessa  maneira, o turismo de aventura data de milênios antes de Cristo. A motivação  religiosa, não sendo diferente, foi responsável por viagens na Idade Média por  intermédio das Cruzadas. O turismo religioso, de igual modo, data de muitos  tempos atrás. O turismo de saúde também não é um fenômeno recente, pois no  Império Romano eram comuns as viagens para visitas as termas. O turismo ligado  a prática de esportes já era registrado na civilização helênica, com a  realização dos jogos olímpicos. Observa-se, dessa maneira, que o hábito de  viajar para outras localidades por inúmeros motivos é um fenômeno antigo na  historia da humanidade.
                Assim, o crescimento  da demanda e, consequentemente, da oferta turística, e as facilidades para  viagens tornaram o mundo inteiro acessível aos viajantes ávidos por novas  experiências em regiões com recursos naturais e culturais consideráveis. Vale  ressaltar, que esse processo de construção da prática do turismo no mundo, foi  não somente devido a sua crescente importância no contexto socioeconômico  mundial, mas também, é devido a vários fatores, como os incentivos e  investimentos governamentais e privados no setor, a evolução dos meios de transporte  e de comunicação, o aumento da longevidade, entre outros.
  É nessa  perspectiva que se analisa o mercado, pois o mesmo segundo Beni (1998)  constitui um sistema de informação que permite a milhares de agentes  econômicos, produtores e consumidores, até certo ponto isolados entre si, tomar  decisões necessárias para que a sociedade toda possa alcançar as três  eficiências – atribuitiva, produtiva e distributiva. A eficiência atribuitiva  está relacionada com a decisão do que produzir com quantidade e qualidade; a  produtiva, de como produzir; e a distributiva, de quem consumir.
                Segundo  Andrade (2011), o desenvolvimento do mercado turístico proporcionado pela  melhoria dos meios de transportes, facilitou o deslocamento de um grande  contingente de pessoas em âmbito nacional e internacional de maneira rápida e  efetiva, além do desenvolvimento das tecnologias de informação, através da  Internet, que caracteriza-se como um elemento imprescindível na divulgação e  comercialização de serviços turísticos.
                A  sustentabilidade no turismo pode ser definida como a capacidade de maximização  e otimização da distribuição dos benefícios do desenvolvimento econômico,  situação em que os serviços oferecidos respeitam as condições de segurança e  garantem a conservação, manutenção, restauração e melhoria dos recursos  naturais (BENI, 2002).
  É visando  à sustentabilidade do turismo, mas precisamente a sustentabilidade dos empregos  gerados pela prática turística que se faz necessário de acordo com Drucker  (1986), uma sociedade empreendedora, na qual a inovação e o empreendimento  sejam normais, estáveis e contínuos. Corroborando com o mesmo pensamento, Souza  e Anjos (2012) afirma que os empreendimentos são os grandes responsáveis pelo  desenvolvimento econômico, sendo capazes de modificar a ordem econômica  existente pela introdução de novos produtos ou serviços, pela concepção de  novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.  Para tanto, a sustentabilidade dos empreendimentos e, por conseguinte, a dos  empregos precisam ser traçados em um plano estratégico e contínuo.
                A prática  do empreendedorismo aliado ao turismo pode gerar riqueza, trabalho e melhoria  da qualidade de vida da população local. Assim, no município de Parintins, onde  o turismo movimenta milhões de reais devido a Festa Folclórica dos Bois  Garantido e Caprichoso, o espírito empreendedor foi despertado nos agentes  locais e atraindo conseqüentemente atenção de investidores (SICTUR, 2009).  É com base nessas premissas que se busca  verificar e diagnosticar como o empreendedorismo pode, em parceria com o  turismo, organizar e auxiliar os empreendimentos de A&B – alimentos e  bebidas, existentes no Município de Parintins a se auto-sustentar e sustentar  os empregos que por ele são disponibilizados a população local. Sendo esse, o  questionamento a ser respondido por esse trabalho. Para tal, esta pesquisa teve  por objetivo analisar como a prática empreendedora no setor de Alimentos e  Bebidas, contribui para uma melhor geração de emprego e renda da população  local.
            METODOLOGIA
                Quanto aos  fins, a pesquisa será descritiva, que de acordo com Vergara (2010) expõe  características de determinada população ou de determinado fenômeno podendo  estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Esta  característica se da em virtude da pesquisa objetivar entender a dinâmica dos  empreendimentos locais voltados para o setor de Alimentos e Bebidas. 
                A pesquisa  terá uma abordagem qualitativa, a qual foram analisadas questões particulares à  subjetividade e caracterização dos estabelecimentos, pois se trata de uma  realidade que não pode simplesmente ser quantificada frente às relações de  trabalho do setor local, com um universo de significados, crenças, valores que  correspondem a um conjunto profundo de relações, de processos e fenômenos que  não podem ser reduzidos, apenas, em variáveis (OLIVEIRA, 2001).
                O universo  da amostra foi delimitado para aplicação de 10 questionários a 10  estabelecimentos na área de A&B, já que se trata de um estudo realizado com  estabelecimentos que fazem parte da indústria do turismo. Os questionários  foram divididos em 03 blocos tais como: Caracterização dos Agentes, A Atividade  Turística e o Empreendedorismo no Setor A&B. 
                Vale  ressaltar que os dados coletados foram analisados levando em conta o contexto  socioeconômico a qual se submetem os envolvidos na questão, ressaltando-se a  utilização de meios que mais se aproximassem com a realidade de modo que se  detivessem elementos realmente indicadores da conjuntura total da questão neste  abordada (VERGARA, 2009). Os dados foram analisados de forma qualitativa traves  da técnica de analise de conteúdo, sendo os mesmo organizados em etapas. O  cruzamento das variáveis conhecidas com as os principais fatores de influência  para que se tivesse uma precisão satisfatória no resultado da investigação.
DIMENSÕES  ECONÔMICAS E MULTIPLICADORES DO TURISMO
                O turismo  é constituído por um conjunto de prestadores de serviços que possuem grande  impacto na economia mundial e, consequentemente, local.  É um complexo de serviços e produtos  fornecidos para satisfazer a procura dos consumidores, das empresas e do setor  público no que respeita a viagens dentro e fora do país. Está amplamente  descentralizado e interligado com a economia devido à mobilidade e à variedade  das necessidades dos turistas e devido ao fato de os produtos e serviços  relacionados com o turismo serem comprados antes, durante e até após a viagem.
                O turismo  transformou-se em uma indústria, já que se trata de uma combinação de  atividades, serviços de transporte, instalações, lojas diversas, serviços de  alimentação e hospedagem, equipamentos de lazer e outros que atenda ao turista  (consumidor) quando está fora da sua residência habitual (PETROCCI, 1998).
                Além da relevante  participação no PIB, o turismo é grande gerador de empregos, segundo o WTTC -  Conselho Mundial de Viagens e Turismo/World Travel and Tourism Council (2008),  o setor de turismo emprega diretamente cerca de 234 milhões de pessoas no mundo  e em 2007 manifestou um crescimento de 4,2% em suas atividades. É hoje uma  indústria que movimenta em torno de 720 milhões de turistas ao redor do mundo,  o equivalente à cifra de US$ 4,5 trilhões, e é responsável por 192 milhões de  empregos gerados no mundo, que representa cerca de 10% da força de trabalho  mundial (WORLD TRAVEL AND TOURISM COUNCIL, 2008).
                No Brasil,  a indústria do turismo movimentou, em 2008, cerca de R$ 132 bilhões – o  equivalente a 6,2% do PIB nacional. Também foi responsável por 5,9% (5,5  milhões) do total de empregos – 1 a cada 17 postos de trabalho criados –  exercendo uma alta de 5,5% em relação a 2007. Ainda de acordo com WTTC (2008),  o Brasil ocupa hoje o 14° lugar no ranking de maior economia turística e  apresenta um dos maiores potenciais mundiais de crescimento.
                O efeito  multiplicador da atividade turística é uma conseqüência positiva para o  desenvolvimento local e/ou regional, uma vez que não é apenas o núcleo receptor  que se beneficia. Qualquer cidade pode se beneficiar do turismo mesmo não tendo  a presença do turista no município. Basta que o município, que não tenha a  presença do turista, seja fornecedor de bens que serão consumidos pelos  turistas, como produtos artesanais, industriais, agrícolas, alimentícios,  mão-de-obra, etc.
                Essa  atividade tem sua importância voltada para algumas características  particulares. Devido o produto turístico ser constituído por um conjunto enorme  de diferentes serviços, o mesmo possui um grande número de fornecedores onde é  em razão desses fornecedores e da intensiva utilização da mão-de-obra que o  turismo possui um fator de multiplicação de renda muito elevado. Segundo  Ignarra (2003) no setor turístico são utilizados os seguintes multiplicadores  econômicos:
Ainda  segundo o autor, em estudo desenvolvido pela Fundação Instituto de Pesquisas  Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe-USP), calculou-se um  multiplicador de 1,8 para o turismo das regiões Norte e Nordeste do Brasil.  Isto significa dizer que R$ 100,00 gastos por um turista naquelas regiões  acabam se transformando em R$ 180,00 pela circulação desses recursos na  economia. Esse multiplicador está relacionado com a propensão a importar da  localidade que, quanto maior for, menor será o multiplicador de renda.
                Perante o  efeito multiplicador da atividade turística, concluímos que esta pode  representar uma excelente alternativa para o desenvolvimento local e/ou  regional de maneira a preservar a identidade local, conservar os patrimônios  (natural e cultural) e dinamizar a economia das cidades. Lembrando, que para  que uma localidade seja turística não basta possuir atrativos. É necessário que  a localidade além de atrativos, disponha de um amálgama de serviços de acesso e  infra-estrutura. Sendo assim, alguns municípios precisam se contentar em  fornecer subsídios para que atividade ocorra na região.
                O turismo  por sua característica de unir todos os segmentos econômicos é multiplicador de  empresas, em especial as micro, pequenas e médias, tornando-se um campo favorável  para o empreendedorismo, possibilitando a abertura de negócios nas  características e habilidades do empreendedor.
                Empreendedorismo  como diferencial na indústria do turismo.
“Tudo leva a crer que o desenvolvimento econômico seja uma função do grau de empreendedorismo de uma comunidade. As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento precisam de empreendedores que as aproveitem e que, através de sua liderança, capacidade e de seu perfil, disparem e coordenem o processo de desenvolvimento, cujas raízes estão, sobretudo em valores culturais, na forma de ver o mundo. O empreendedor cria e aloca valores para indivíduos e para a sociedade, ou seja, é fator de inovação tecnológica e crescimento econômico” (DOLABELA, 1999, p. 30).
 De  acordo com a citação supra pode-se verificar a importância do empreendedorismo  como fator fundamental para o desenvolvimento de uma localidade. As aplicações  do empreendedorismo em conjunto com a atividade do turismo apresentam grandes  resultados para as iniciativas públicas e privadas. O setor passa a crescer  mais rápido, sendo os empreendedores os principais agentes da mudança  econômica, pois são eles que geram, disseminam e aplicam as inovações. Os  empreendedores ao identificarem as potenciais oportunidades de negócios e assumirem  os riscos de investimentos, expandem as fronteiras das atividades econômicas.  Mesmo que muitos não tenham sucesso, é a sua existência que faz com que uma  sociedade tenha constante geração de novos produtos e serviços.
                O  trabalho integrado entre o turismo e empreendedorismo busca soluções de  desenvolvimento e cria novas propostas para a atividade turística. Utilizando  das escolas, organizações, comunidades, como atores de envolvimento, estimulam  o espírito empreendedor e possibilita o desenvolvimento sustentável de  habilidades empreendedoras e empresariais no ramo do turismo.
                Em  sua gênese, o empreendedorismo pode ser considerado uma revolução silenciosa  que marcará o século XXI tão quanto a Revolução Industrial marcou o século XX.  Isso se deve a transformações nos processos ocorridos no mundo, ou seja, com o  advento da globalização o que provocou mudanças na economia, nos meios de  produção e serviços surgindo assim, novas oportunidades de negócios.  Diferenciando do pensamento empírico do passado onde o conhecimento não era  formal.
                Segundo  Dornelas (2008, p. 22) o empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e  processos que, em conjunto, levam a transformação de idéias em oportunidades  com o intuito de estabelecer negócios de sucesso. Empreendedor (entrepreneur)  tem origem francesa é quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo  [...] (HISRISH, 1986). Assim, a definição de empreendedor apresentada tem como  base Schumpeter (1949) que diz “o empreendedor é aquele que quebra a ordem  corrente e inova, criando mercado com uma oportunidade identificada. 
                A partir da década de 1980, começaram a surgir pesquisas enfocando o  empreendedorismo e a geração de empregos. Anteriormente o termo empreendedor  era praticamente desconhecido e a criação de pequenas empresas era limitado, em  função do ambiente político e econômico nada propício do país (DORNELAS, 2001). 
                Apesar de  não se igualar às grandes potências industriais, o Brasil alcançou um nível de  desenvolvimento industrial considerável, podendo caracterizá-lo como um país  industrializado. O número de empresas brasileiras "e outras organizações  ativas formais" cresceu 2,7% em 2007 em comparação com o ano anterior, com  a criação de 115 mil novos negócios, segundo IBGE (2009). Em 2007, segundo o  levantamento, havia 4,4 milhões de empresas no Brasil, que empregavam 42,6  milhões de pessoas.
                No Amazonas, o  empreendedor, ao mesmo tempo em que é fruto do desenvolvimento econômico social  é também contribuinte deste desenvolvimento. A busca de soluções para a  potencialização do empreendedorismo cria a necessidade de pontes entre as  empresas, instituições de ensino e pesquisa, organizações governamentais e  comunidades, e entre estes e o mercado, objetivando estimular o espírito  empreendedor e revitalizar atitudes e comportamentos necessários para  desencadear negócios viáveis e inovadores, por meio de um modelo de  desenvolvimento regional-sustentável. No Estado, os principais incentivadores  do empreendedorismo são o SEBRAE e AFEAM atraindo os pequenos projetos em  desenvolvimento para alavancar a economia.
  É nesse contexto que  surge o empreendedorismo como diferencial na indústria do turismo, pois a  atividade do turismo é vista como oportunidade de negócio. Tal situação no  obriga a pensar como devemos agir para fazer este negócio ter lucratividade e  ao mesmo tempo sustentabilidade sociocultural e ambiental de forma duradoura. A  cada dia cresce o número de empresas turísticas em vários municípios do Brasil,  identificados como potenciais turísticos.   Para que essas empresas possam proporcionar qualidade de vida, geração  de renda, riquezas e trabalho para as comunidades surge o empreendedorismo como  uma das soluções.
                Uma forma de  identificar maneiras de desempenhar o empreendedorismo no turismo é a  identificação de oportunidades. Segundo Dornelas (2008) saber se uma  oportunidade realmente é tentadora não é fácil, pois nela estão envolvidos  vários fatores, entre eles o conhecimento do assunto ou ramo de atividade em  que a oportunidade está inserida, seu mercado, os diferenciais competitivos do  produto/serviço para empresas etc. O empreendedor deve avaliar a oportunidade  que tem em mãos para evitar despender tempo e recursos em uma idéia que talvez  não agregue tanto valor ao negócio nascente ou já criado.
                O empreendedorismo no  turismo aparece, atualmente, de um lado como um caminho contra o desemprego no  setor e, por outro lado, o mercado tem se tornado competitivo e o consumidor,  cada vez mais exigente, vem obrigando a uma profissionalização que antes não  existia. O profissional do turismo, mais que qualquer outro, pelos setores em  que trabalha, precisa ser ético, responsável, engajado e buscar a  sustentabilidade nas suas ações, sempre com visões empreendedoras. É através  deste profissional de valor que a indústria turística poderá obter alcançar a  competitividade no setor.
“(...) competitividade do turismo é a capacidade dos agentes de interferir nas atividades do turismo de interferir em um país, região ou zona turística, para atingir suas metas acima da média do setor de uma forma sustentada e sustentável, o que pode ser alcançado por concessões lucrativamente financiadas acima da média do setor, e por ganhos sociais e ambientais como consequência de intervenções de organizações e instituições públicas, além de obter a máxima satisfação do turista. Assim, o objetivo último da competitividade é atender da melhor forma possível às expectativas de todos os agentes que participam na atividade de turismo” (Silva, 2004, p. 374).
Por tanto, o turismo empreendedor é capaz de turbinar tudo aquilo que a própria atividade econômica oferece. Assim, na busca por talentos empreendedores e pelo despertar do empreendedorismo nas pessoas por meio das capacitações poderá diminuir consideravelmente os problemas sociais e econômicos do país, onde todos terão uma chance de ter seu trabalho e renda.
RESULTADOS  E DISCUSSÕES          
                O Amazonas  possui uma diversidade de segmentos do turismo, tais como Turismo de Base  Comunitária, Ecoturismo, Turismo Arqueológico, Turismo de Aventura,  Etnoturismo, Turismo Rural na Agricultura Familiar – TRAF, Turismo Cultural,  Turismo Religioso, Turismo de Eventos entre outros, através do Programa de  Regionalização do Turismo, dividiram o Estado em Pólos Turísticos, abordando em  cada um, os municípios integrantes e os seus respectivos segmentos do turismo  desenvolvidos no pólo, como demonstra o Quadro 4 – Pólos Turísticos do Estado  do Amazonas (ANDRADE, 2011):
Quadro 4 - Pólos Turísticos do Estado do Amazonas
Nome dos Pólos  | 
                  Turísticos  | 
                  Municípios Integrantes Segmento do Turismo  | 
                
Pólo Rio    Negro e  | 
                  Barcelos*,    Autazes, Careiro,  | 
                  Turismo    de Pesca; Observação de Peixe Ornamental; Turismo Arqueológico; Turismo de    Festas Populares; Observação de Pássaros; Turismo de Festas  | 
                
Pólo    Manaus/ Encontro  | 
                  Manaus*  | 
                  Turismo de Natureza; Ecoturismo; Turismo Náutico; Turismo Arqueológico; Turismo de Aventura; Pesca Esportiva; Turismo Religioso; Turismo de Eventos; Turismo Cultural; Gastronômico.  | 
                
Pólo Saterê/ Tucandeira  | 
                  Parintins*,    Nhamundá,  | 
                  Turismo Cultural, Turismo de Eventos; Histórico, Turismo Religioso e TRAF.  | 
                
*Município-sede  do Pólo Turístico.
                Fonte:  Andrade (2011)
Assim,  pode-se perceber a importância que Parintins possui como município-sede do Pólo  Turístico Saterê/ Tucandeira e indutor do turismo regional, valorizando o  turismo histórico, turismo cultural, de eventos e o turismo regional de  agricultura familiar, aproveitando as potencialidades da atividade como um  atrativo turístico. 
                O  município de Parintins é composto aproximadamente por 68.066 hab. na área  urbana e 38.000 hab. na área rural, fazendo um total de 106.066 habitantes  (IBGE, 2010). Parintins está situada à margem direita do Rio Amazonas, na  micro-região 7 do médio Amazonas, distante 390 Km em linha reta e 420 Km por  via Fluvial da cidade de Manaus, latitude sul 2°39’10’’ e longitude oeste de  56°45’25’’, com uma altitude de 27 metros em relação ao nível do mar e uma área  municipal de 5.952.333 Km2, conforme resolução nº 05 de 10 de outubro de 2002  do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (ANDRADE, 2011).  Nesse contexto se configura como a segunda maior cidade do Estado e um dos  pontos turísticos mais importantes da Amazônia (SAUNIER, 2003). Trata-se de um  dos principais Patrimônios Culturais e Festivais da América Latina devido ao  Festival Folclórico de Parintins.
                Durante a  pesquisa foi constatado que os estabelecimentos de A&B em Parintins  compõe-se, em sua maioria, de bares, lanchonetes e churrascaria. É com base  nesses setores que o trabalho foi realizado. A veracidade dos resultados  analisados foi baseada no questionário aplicado em cada estabelecimento, os  quais foram respondidos pelos próprios proprietários durante a análise.  Entretanto, os dados obtidos na entrevista foram constatados ou não com as  observações realizadas nas visitas feitas pelo pesquisador aos  estabelecimentos.
                Os  estabelecimentos caracterizam-se por empreendimentos familiares e estruturas  organizacionais verticalizadas, com todas as ações centradas na figura do  proprietário. Em relação às contribuições ou objetivos que os estabelecimentos  desenvolvem para o turismo em Parintins consiste na geração de emprego,  expansão do setor gastronômico regional, a prestação de serviços de  alimentação. Dos 10 empreendimentos onde foi realizada a pesquisa, verificou-se  que 05 deles atuam no mercado de 01 a 03 anos totalizando 50%, enquanto que 03  deles atuam no mercado de 03 a 05 anos totalizando 30%. Verificou-se também que  apenas 01 estabelecimento atua no mercado de 08 a 10 anos e 01 estabelecimento  atua acima de 10 anos no mercado, totalizando cada um 10% do total da amostra.
Com  relação ao número de funcionários, 07 estabelecimentos possuem de 01 a 05  funcionários totalizando 70% da amostra enquanto que apenas 03 deles, possuem  de 05 a 10 funcionários, 30%. Em todos os estabelecimentos pesquisados a  predominância sexual é o feminino pelo fato de melhor atender a clientela e  atrair maior púbico. 
   Os  estabelecimentos que disponibilizam serviços de A&B pesquisadas não possuem  recursos humanos qualificados na área de turismo e, em sua maioria, não  participam de cursos profissionalizantes. Isso demonstra certa falta de  iniciativa dos empresários e colaboradores para o aperfeiçoamento e atualização  profissional. Com a participação nesses cursos, algumas inovações  organizacionais poderiam ocorrer, tais como: melhorias no atendimento ao  cliente, conhecimentos de uma língua estrangeira, o valor que o cliente tem  para o empreendimento, o rompimento de visões tradicionalistas de  gestão, entre outras.
                Como pode-se verificar, dos estabelecimentos  pesquisados, 07 deles, dizem-se ter influência no ramo (70%), isso pelo fato de  possuirem clientes considerados fiéis aos produtos e sentirem-se bem com o tipo  de atendimento que lhes é oferecido. 03 deles, dizem-se não ter tanta  influência (30%). No entanto, se formos verificar melhor, a influência no ramo  não somente diz respeito a essas qualidades, mas como os estabelecimentos podem  influenciar na vida econômica da cidade, através de reivindicações de melhorias  na infra-estrutura, nas politicas públicas adotadas e etc. 
                Os estabelecimentos pesquisados não utilizam  nenhuma norma especifica para atuar no mercado. Apenas possuem o alvará de  funcionamento que lhe é dado pela prefeitura da cidade e são fiscalizados pela  vigilância sanitária a qual valida suas práticas. 
                Com  relação às políticas governamentais, a maioria dos estabelecimentos avaliou  como positiva a atuação do governo federal em função de vários fatores, tais  como: a Política Nacional do Turismo que vem sendo implementada desde 2003, a  partir da reorganização institucional federal que fez surgir o Ministério do  Turismo, responsável pela estruturação do Programa de Regionalização do Turismo  - PRT. Em contrapartida, a minoria afirma que o governo federal ainda é muito  ausente no que diz respeito à elevada carga tributária nos serviços turísticos. 
                Da mesma  forma, é interessante percebemos que a maioria considera grande a atuação do  governo estadual na promoção das políticas de desenvolvimento do turismo,  através das pesquisas de demanda turística nos pólos turísticos que tem como  objetivo fornecer um panorama preliminar do perfil da visitação na região. Além  disso, foi relatado o forte apoio que a esfera estadual proporciona a alguns  eventos turísticos da cidade. Por outro lado, alguns afirmaram que o governo  estadual apresenta pouca atuação no cenário turístico regional.
                A esfera  municipal é considerada de pouca atuação na promoção de políticas de  desenvolvimento do turismo, em função das necessidades de melhorias da  infra-estrutura turística, ausência de revitalização dos patrimônios históricos  do município, a falta de envolvimento da prefeitura com algumas associações  ligadas ao turismo, falta maior divulgação das ações de turismo local entre  outras. No entanto, alguns estabelecimentos avaliaram como positiva a atuação  do município, devido às pesquisas de demanda turística do Carnailha, a inserção  de Parintins nos 65 destinos indutores do turismo regional, a criação do  Conselho Municipal de Turismo – COMTUR etc. 
Os empreendedores foram questionados sobre quais políticas governamentais que poderiam contribuir para o aumento da eficiência competitiva do estabelecimento. Assim, como mostra o gráfico 04 acima, pode-se perceber que dos estabelecimentos pesquisados 28% disseram que crédito e financiamento na área poderiam aumentar a eficiência do estabelecimento, assim como a capacitação do RH no ramo (24%). 20% disseram o que poderiam contribuir seria o apoio e consultoria, 16% seriam os incentivos fiscais e 12% o acesso à informação.
Com relação aos programas/instituições de  apoio que o estabelecimento tem relacionamento/participacao ou pode vir a ter,  verificou-se que dos pesquisados 25% tem relacionamento ou se relacionariam com  o SENAC - O  Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial que é uma importante instituição que  atua com o objetivo de qualificar a mão-de-obra local para o mercado de  trabalho. Atualmente, o SENAC Parintins oferece os principais cursos:  Informática Básica em Ambiente Windows, Aplicativos Gráficos (Corel Draw, Adobe  Photoshop), Inglês Básico, Desenvolvimento de Profissional p/ Supermercado,  Relações Humanas, Boas Práticas na Manipulação de Alimentos, Cozinheiro Básico,  Café Regional, Guia em turismo, Recepcionista em meios de hospedagem,  Camareira.
                Dos  entrevistados, 20% têm relacionamento ou se relacionariam com o SEBRAE ou a  SICTUR. O Serviço Brasileiro  de Apoio à Micro e Pequena Empresa – SEBRAE é uma instituição federal, com  quatro anos de atividades no município de Parintins. A instituição já contribuiu  significativamente para o desenvolvimento do turismo em Parintins, com a  efetiva participação das reuniões do Projeto dos 65 destinos indutores do  turismo regional; a formalização dos empreendedores individuais; e a  capacitação através de cursos e consultorias. O SEBRAE é uma instituição que  articula e impacta no desenvolvimento do turismo, através da legalização dos  empreendimentos que comercializam produtos e prestam serviços turísticos e o  envolvimento da mesma com a Embratur e Amazonastur, formalização de projetos. A  Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo da Prefeitura Municipal de  Parintins – SICTUR é uma instituição integrada à Administração Direta Municipal  e foi criada no ano de 2001. A SICTUR é uma instituição articulada com os  demais segmentos, tais como: associações, cooperativas, iniciativa privada,  instituições federais e estaduais entre outras. Uma das importantes ações da  SICTUR foi à criação do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo, instituído pela  Lei Municipal no 483/2010. O COMTUR é formado por representantes de  instituições do poder público municipal, iniciativa privada, Instituições de  Ensino Superior e Técnico, associações folclóricas e sistema S (SEBRAE, SENAI,  SENAC, SESC, SESI e SENAR).
                15% dos  entrevistados têm relacionamento ou se relacionariam com o SENAI – Serviço  Nacional de Aprendizagem Industrial. Criado em 1942, por iniciativa do  empresariado do setor, o SENAI é hoje um dos mais importantes pólos nacionais  de geração e difusão de conhecimento aplicado ao desenvolvimento industrial.  Parte integrante do Sistema Confederação Nacional da Indústria - CNI e  Federações das Indústrias dos estados -, o SENAI apóia 28 áreas industriais por  meio da formação de recursos humanos e da prestação de serviços como  assistência ao setor produtivo, serviços de laboratório, pesquisa aplicada e  informação tecnológica. Graças à flexibilidade de sua estrutura, o SENAI é o  maior complexo de educação profissional da América Latina. Diretamente ligados  a um Departamento Nacional, 27 Departamentos Regionais levam seus programas,  projetos e atividades a todo o território nacional, oferecendo atendimento  adequado às diferentes necessidades locais e contribuindo para o fortalecimento  da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável do País. Sua missão é  promover a educação profissional e tecnológica, a inovação e a transferência de  tecnologias industriais, contribuindo para elevar a competitividade da  indústria brasileira.
                10% dos  entrevistados têm relacionamento ou se relacionariam com o COOPINARTES -  Cooperativa Parintinense de Arte, Turismo, Esporte e Lazer, criada há um ano e  composta por 20 cooperados. Atua com os objetivos de promover eventos e  realizar projetos de turismo para as comunidades locais. A COOPINARTES está  totalmente envolvida em fóruns, eventos e discussões acerca do turismo local. A  instituição ainda possui recursos humanos qualificados na área de turismo e  ainda participa de cursos de Guia de Turismo promovidos pelo SENAC e do curso  de especialização em Turismo e Desenvolvimento Local pela UEA. Com a  participação nesses cursos e eventos, algumas inovações foram visualizadas,  tais como: melhoria na organização administrativa e na qualificação  profissional dos cooperados.
                E 5% dos  entrevistados têm relacionamento ou se relacionariam com as IES ou com o CETAM.  As Instituições de Ensino Superior – IES, tais como: a Universidade do Estado  do Amazonas – UEA é uma instituição pública estadual recente, com 10 anos de  atuação na comunidade parintinense. Possui diversos cursos nas áreas de  licenciatura, direito, ciências econômicas, e principalmente, o curso de  Tecnologia em Gestão de Turismo e o curso de especialização em Turismo e  Desenvolvimento Local, em parceria com a Escola Superior de Artes e Turismo –  ESAT/ UEA, em Manaus. A instituição objetiva qualificar a mão-de-obra local e  formar cidadãos críticos perante a realidade. E a Universidade Federal do  Amazonas – UFAM que por sua vez, com Instituto de Ciências Sociais, Educação e  Zootecnia, atua desde o ano de 2007. Seus objetivos são formar cidadãos  críticos e atuantes na sociedade, qualificar os recursos humanos locais e  aplicar os conhecimentos teóricos na comunidade, através de pesquisa e  extensão.
                O CETAM -  Centro de Educação Tecnológica do Amazonas é uma autarquia vinculada à Secretaria  de Ciência e Tecnologia cuja missão é promover diretamente a Educação  Profissional no âmbito estadual, nos níveis básico, técnico e tecnológico, como  instrumento de cidadania para gerar ocupação e renda, em articulação com os  programas de governo. Está presente em Manaus e nos 61 (Sessenta e um)  municípios do Estado do Amazonas, inclusive no Município de Parintins. Sua  missão permite atuar em diversas áreas do conhecimento, tais como: Saúde,  Comunicação e Informação, Estética, Indústria, Pesca e etc., assim, procura  promover diretamente a Educação Profissional no âmbito estadual, nos níveis  básico, técnico e tecnológico, como instrumento de cidadania para gerar  ocupação e renda, em articulação com os programas de governo. Desenvolve ações  firmando parcerias com instituições de caráter público estadual e municipal,  organizações não-governamentais e outras entidades.
                Para se  manter atualizado no mercado, os estabelecimentos pesquisados na área de  A&B utilizam, de modo geral, de pesquisas próprias ou consideradas,  boca-a-boca. Isso porque costumam dialogar com seus clientes, a fim de  estreitar os laços e retirar informações de como melhorar o atendimento, os  produtos e serviços. Uns também se utilizam de revistas especializadas na área,  contatos com outras empresas e consultorias.
                Com  relação aos fatores que contribuem para que o estabelecimento permaneça no  mercado.
Assim, pode-se verificar que dos  estabelecimentos pesquisados, 30% relata que sua permanecia é devido a  qualidade do produto/servico que é oferecido. 25% afirmam que sua permanencia é  garantida pelo preço, pois é acessivel a todas as classes sociais; 20% colocam  a qualidade da mão-de-obra como fator de permanencia, pois são orientados a  atender os clientes da maneira como eles gostariam de ser atendidos, com  educacao, sendo atenciosos etc. 15% dizem que sua permanecia é devida ao nivel  de informação, pois é um instrumento a qual se utilizam para ficar atualizados;  e 10% colocam as parcerias como fator de permanencia.
                Os estabelecimentos foram questionados quanto  aos seus planos para os próximos anos. Assim, pode-se verificar de modo geral,  que os mesmos procurarão ampliar o negócio, transformar em um restaurante ou  lanchonete bem sofisticada para atender melhor sua clientela. 01 dos  estabelecimentos pesquisados relatou que futuramente, tempo capital necessário,  procurará transformar seu estabelecimento em uma cozinha industrial, pois o  mesmo já trabalha nos finais de semana com pronta-entrega de refeições e vê  nesse ramo uma grande oportunidade de crescimento. Variedades de produtos e  enfoque na agilidade da entrega a domicilio estão como planos para os próximos  anos, sendo que para isso, relatam também que procurarão direcionar seus  funcionários para a qualificacao profissional através de cursos, pois  perceberam que até o momento não haviam incentivado como deveriam e são  sabedores que tempo pessoal qualificado será mais fácil de sustentar os  negócios e sustentar os empregos gerados. 
Empreendedorismo no setor A&B
A ideia de criação dos estabelecimentos foi questionada aos proprietários.
Verificou-se que nos 80% dos  estabelecimentos, a ideia de criação partiu de uma oportunidade vista no  mercado, o que vem confirmar o empreendedorismo de oportunidade, aquele em que  o empreendedor visionário sabe aonde que chegar, cria uma empresa com  planejamento prévio, tem em mente o crescimento que quer buscar para a empresa  e visa a geração de lucros, empregos e riqueza. Já os 20% dos estabelecimentos  restantes, tiveram a idéia da criação partida de uma necessidade, o que vem  confirmar de igual modo o empreendedorismo por necessidade, aquele em que o  candidato a empreendedor se aventura na jornada empreendedora mais por falta de  opção, por estar desempregado e não ter alternativas de trabalho.
                Nos estabelecimentos pesquisados verificou-se  que os mesmos para se auto-sustentar e sustentar os empregos que por eles são  gerados, utilizam de práticas contábeis mesmo sem saberem ao certo como  fazê-lo. Ou seja, possuem um controle financeiro baseado nas suas receitas e  nas suas despesas. Alguns proprietários chegaram até afirmar que em períodos de  festas quando a demanda e muito grande, eles chegam até a perder o controle de  vendas,  ou seja, o que cada cliente está  consumindo. Isso por falta de mão-de-obra que os auxiliem nos estabelecimentos.  Para isso, perguntam do cliente o que cada um consumiu e contam  com a palavra do cliente para poder fazer a  soma dos produtos. Eles reconhecem que é um sistema falho e que precisam  administrar melhor seu fluxo de caixa pra poder não se supreenderem mais tarde  com os resultados. Em outros estabelecimentos para sustentar os empregos  exixtentes, os proprietários adotam o pagamento na diária ou semanalmente,  sendo que são feitas as anotações de cada funcionário com relação a todo o  pedido de adiantamento ou quando os mesmos utilizam produtos do  estabelecimento.
                Com relação ao mercado atendido, todos os  estabelecimentos são unânimes ao dizerem que o mercado atendido é o local. No  entanto, ressaltam que devido a grandiosidade da Festa dos Bois Garantido e  Caprichoso, assim como até mesmo o Carnaval, todos chegam atender turistas  vindo de outras cidades, estados e países; o que torna o atendimento acessível  a qualquer tipo de cliente, inclusive estrageiros, como relatam os  proprietários.
                As limitações para atender mais clientes  foram questionadas. O gráfico 08 apresenta os resultados obtidos. 
                Das  limitações destacadas acima, segundo os proprietários dos estabelecimentos, 03  foram consideradas as principais: espaço físico com 50%, pelo fato de não ser  suficiente para reorganizar e estruturar melhor o estabelecimento. O ambiente  onde a maioria se localiza – chamada Praça dos Bois – é um local com quadras  para jogos, o que dificulta o layout dos estabelecimentos que ficam a margem  das calçadas. Os estabelecimentos que ficam na parte apropriada com boxes para  vendas, concordam que o espaço físico continua sendo um dos fatores que limitam  o atendimento, pois da mesma forma não é suficiente para deixar os clientes  mais a vontade já que a estrutura também não ajuda. 30% colocam como limite  para atender mais clientes a falta de pessoal qualificado na área, já que os  proprietários dizem-se ter dificuldades no recrutamento de pessoal para atuar  no ramo, pois segundo os mesmos, pelo fato do trabalho ser noturno, há falta de  vontade por parte das pessoas de trabalhar a noite assim, como falta de  comprometimento por parte delas para com o trabalho. Os proprietários esperam  de seus colaboradores nada mais do que: agilidade no atendimento, tomada de  iniciativa, desempenho satisfatório, educação, dedicação, ou seja, de modo  geral, eles esperam que seus colaboradores sejam proativos. E 20% ressaltam que  a limitação para atender mais clientes está na falta de capital de giro, o qual  serviria para alavancar o negócio.
No quesito  escolaridade, pode-se verificar que em sua maioria, os colaboradores que atuam  no setor de A&B, possuem o Ensino Médio Completo o que corresponde a 30% do  total da amostra. 25% possuem Ensino Médio Incompleto, 15% possuem Ensino  Fundamental Completo, outros 15% possuem Ensino Superior Incompleto, 10% Ensino  Fundamental Incompleto e 5% Ensino Técnico Incompleto. Mesmo possuindo  colaboradores com esse grau de escolaridade, a falta de qualificação na área de  turismo é relativamente grande. É necessário mais interesse do colaborador no  que se refere à questão profissional, os mesmos devem ver no turismo uma  oportunidade de crescimento e aperfeiçoamento, procurando uma melhor qualidade  de vida.
                Os  colaboradores pesquisados atuam nos estabelecimento principalmente na área de  atendimento, desse modo, são os mesmo que representam o estabelecimento, pois  mantêm contanto direto com o cliente. Sobre a responsabilidade dos  colaboradores, também se encontra a atividade de serviços gerais, os quais  realizam a limpeza do local para o dia seguinte.  A administração geralmente fica a cargo do  próprio dono, assim como a área financeira.
                Como já  mencionado, poucos colaboradores realizam capacitação para exercer suas  atividades, o que vem ser uma falha do sistema de gestão. Alguns colaboradores  afirmam participar das decisões que são tomadas nos estabelecimentos, no  entanto, somente nas decisões de interesse geral, ou seja, quando envolve a  participação dos mesmos, exemplo: horário diferenciado para cada funcionário,  os dias que irão ou não abrir o estabelecimento e etc.
Verificou-se  que dos entrevistados, a faixa salarial da maioria, ou seja, dos 80% é menor  que um salário mínimo, isso pelo fato de ser o primeiro “emprego” deles e não  possuem, logo de início, conhecimento necessário para atuar no ramo. Assim, são  orientados a ficar no atendimento do estabelecimento, anotando os pedidos e  entregando os produtos aos clientes. O restante, ou seja, 20% dos  entrevistados, dizem-se receber de 01 a 03 salários mínimos, pelo fato de serem  os mais antigos colaboradores do estabelecimento e saberem como funcionam as  atividades dentro do setor. São orientados, pelos proprietários, a repassar o  conhecimento que tem na área a fim de ajudar o estabelecimento a se manter no  mercado. De igual modo, a maioria dos colaboradores diz ser satisfeito com a  faixa salarial que recebem. Afirmam que apesar da renda que recebem não dê pra  viver como queriam, com ela conseguem se sustentar a nível básico. No geral,  sentem-se satisfeito com as atividades que desempenham no estabelecimento. Os  colaboradores não possuem carteira de trabalho assinada, assim não gozam dos  direitos que a CLT os dá.
                Para a  maioria dos colaboradores, o principal valor que a atividade turística agrega a  sua vida profissional é apenas o conhecimento no ramo em que atuam. Segundo  eles, a atividade turística no município apresenta oportunidade para a criação  de novos empregos, no entanto, eles são sabedores que para ocupar esses novos  empregos precisa-se de pessoal treinado, qualificado, de modo geral, com um  currículo cheio de cursos profissionalizantes. Os colaboradores sabem que  precisam constantemente buscar a qualificação profissional visando melhor qualidade  de vida.
                Foi  questionado como era o relacionamento de um colaborador para com o outro dentro  do ambiente de trabalho, a fim de saber até que ponto o relacionamento entre  eles interferia na vida pessoal do colaborador.   A resposta esse questionamento foi considera satisfatória, pois segundo  os entrevistados no ambiente de trabalho todos os participantes trabalham por  um bem comum: a satisfação do cliente, a melhoria da imagem do estabelecimento  perante o cliente, a sustentabilidade do negócio e, por conseqüência, a  sustentabilidade dos próprios empregos. Assim, há uma maior segurança no  ambiente de trabalho.
                Em tempos  de grande movimentação turística na cidade, para alguns colaboradores a jornada  de trabalho aumenta, para outros não. Isso pelo fato, de um estabelecimento não  funcionar na mesma quantidade de horas que o outro. A exemplo, um dos  estabelecimentos pesquisados, iniciava sua jornada de trabalho as 18:00 horas e  finalizava normalmente às 00:00 horas; enquanto o outro iniciava sua jornada as  18:00 horas e finalizava às 04:30 ou até mesmo às 06:00 horas, dependendo da  demanda. Vale ressaltar que, a jornada de trabalho aumenta de acordo com as  festas que acontecem na cidade, principalmente Carnaval e Festa dos Bois  Garantido e Caprichoso, tudo depende também do Calendário de Eventos do  Município. O salário normalmente segue a tendência do aumento da movimentação  turística, ou seja, pode aumentar nesse período.
                Assim,  discutimos nos resultados da pesquisa a sustentabilidade dos empregos gerados  pelo Turismo na cidade de Parintins/AM, numa perspectiva empreendedora, tomando  como objetos de estudo os empreendimentos de A&B – Alimentos e Bebidas.  Caracterizamos o Turismo na cidade de Parintins/AM, tomando como base a geração  de emprego no setor de A&B, analisamos como a prática empreendedora nesse  setor pode contribuir para uma melhor geração de emprego e renda da população  local e verificamos a competitividade dos empregos gerados por esse setor na  cidade de Parintins/AM.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
                Parintins  caracteriza-se como a segunda maior cidade do Estado do Amazonas e com  atrativos turísticos relevantes para a Amazônia, eventos culturais como o  Festival Folclórico dos bois-bumbás e suas  belezas naturais conferem a região um aspecto único que é demandado por  turistas de todo o mundo. 
                Por meio  da pesquisa pode-se evidenciar que o desenvolvimento da Indústria Turística em  Parintins está em ascendência.  Entretanto, para que o fluxo turístico no  município possa fluir, é necessário que a demanda, atrativos turísticos,  recursos turísticos, produtos turísticos, serviços turísticos, infra-estrutura  básica e serviços urbanos de apoio ao turista se desenvolvam de maneira  constante.
                A pesquisa  realizada apresentou a importância do turismo como fator econômico local, nele  o setor de Alimentos e Bebidas tipicamente desenvolvido por empreendedores  locais, tem relevante potencial para geração de emprego e renda em virtude de  suas características e da expressiva demanda turística na região.
                Tomando  como base o perfil dos empreendedores do setor A&B identificou-se que sua  entrada em permanência na atividade se deu, na maioria dos casos, em virtude da  poucas barreiras a entrada do que de uma oportunidade identificada pelo  empreendedor. 
                A presença  do empreendedorismo em empresas, sociedades e grupos é um importante fator que  fomenta inovações, tornando os seus atores mais aptos para competir num mercado  com mudanças tão rápidas e contínuas. Pode-se verificar, por meio das  pesquisas, que a prática empreendedora em muitos estabelecimentos é incipiente,  nos estabelecimentos a figura do proprietário gerente é mais forte que a do  empreendedor do negócio. Não há um foco para inovações no setor e não há uma  visão de como o empreendedorismo pode contribuir para uma melhor geração de emprego  e renda da população local. 
                Frente a  este cenário, programas de qualificação e treinamento em instituições de  fomento presentes na região (Universidades, Instituições de Treinamento, SEBRAE)  e politicas de incentivo desenvolvidas pelo Estado poderiam auxiliar no  desenvolvimento do setor, dada sua relevante importância para geração de  emprego e renda.
                Algumas  dificuldades foram encontradas para a realização deste estudo, principalmente  no que diz respeito à fontes de dados ligadas ao setor A&B e não existência  de bases de dados regionais ligadas com foco na microempreendedores  individuais. 
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Recibido: 27/3/2013
Aeptado: 6/5/2013
Publicado: Junio 2013
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