Cíntia Cristina Neto Do Nascimento 
            cintiacristinanetto@yahoo.com.br
           
           
                                 
		      
			
			
			 
			
            
RESUMO
              
 A presente pesquisa consiste em uma  revisão bibliográfica sobre os aspectos sociais e emocionais que envolvem as  crianças durante o processo de hospitalização, a inserção da família, a  importância e a reação desta durante o processo, bem como o relacionamento com  a equipe de enfermagem. Estudar esta temática faz-se importante no sentido de  obter conhecimentos que são úteis no cotidiano da prática de enfermagem  pediátrica. Evidencia-se a importância de divulgar os conhecimentos sobre o  assunto, visto que desta forma a atuação de enfermagem poderá refletir de forma  significativa no desenvolvimento social e emocional da criança   hospitalizada. Entretanto, apesar da relevante importância do tema, poucos  trabalhos científicos na área de enfermagem foram publicados. Fato este que  implica tal investigação numa perspectiva interdisciplinar.
PALAVRAS- CHAVE: Criança hospitalizada, Aspectos sociais e emocionais, Inserção  do acompanhante, Apoio à família.
THE HOSPITALIZED CHILD: DECURRENT  SOCIAL AND EMOTIONAL INFLUENCES OF THE ILLNESS AND HOSPITALIZATION
ABSTRACT
              This paper consists of a bibliographical  revision on the social and emotional aspects involve the children during  hospitalization process, the insert of family, the importance and reaction  during this process, as well as the relationship with the nursing group. To study  this theme is important in the sense of obtaining knowledge that is useful in  the daily pediatric nursing practice. The importance of publishing is evidence  the knowledge on this theme, because this way the nursing performance can indicate  a significant way in the social and emotional development of hospitalized child.  However, in spite of relevant importance of subject, few scientific labors in  the nursing area were published. This facts implicate such investigation in an  interdisciplinary perspective.
      
      Esta pesquisa visa compreender os aspectos sociais e emocionais  das crianças no seu período de hospitalização; refletir sobre a inserção do  acompanhante no hospital; conscientizar sobre o apoio da família no processo de  recuperação da criança e ressaltar a relação enfermeiro-pais como necessária  para assistência da criança no hospital.
      Sabe-se que o adoecer é um processo difícil de ser  encarado principalmente porque traz à tona diversas fantasias que podem  angustiar a criança, além de limitá-la na sua liberdade para entregar-se às  diversas atividades do cotidiano.
      Alguns autores como Chiattone (1988), têm refletido sobre  as reações das crianças quando hospitalizadas, chamando a atenção dos  profissionais para a necessidade de sintonizar-se com os sentimentos das mesmas  a fim de amenizá-lo, proporcionando- lhes uma melhor  assistência. Por  isso é preciso que a equipe valorize a inserção do acompanhante e a colaboração  familiar, pois o vínculo social e afetivo entre eles favorece a recuperação da  criança.
                Para  a organização do trabalho da enfermagem, conta-se com o apoio do acompanhante e  ou da família. Aceitá-los e orientá-los torna-se essencial para que a presença  destas pessoas durante a hospitalização da criança não a prejudique e ajude o  enfermeiro em tarefas que a própria família possa desempenhar.
      Um entrosamento entre a criança/família/equipe de  enfermagem faz-se necessário para se obter um clima social e emocional  desejável, um melhor entendimento e consequentemente, o favorecimento da  recuperação da criança e do enfrentamento de problemas no cotidiano da  hospitalização infantil.
      A infância é um período marcado pela intensa energia,  curiosidade e grande atividade corporal, intelectual e afetiva. Adoecer é  sentir-se tolhido de todas estas possiblidades. Os profissionais de saúde devem  ter em mente que a doença é um ataque à criança como um todo, afetando a sua  integridade e o seu desenvolvimento emocional.
              A  Hospitalização representa uma forte ameaça à integridade psíquica da criança  podendo levar distúrbios emocionais. Para minimizar as consequências causadas  pela hospitalização é necessário que haja uma atenção integral a mesma buscando  entender as necessidades específicas de cada criança que se dará através da  escuta  e respeito aos seus direitos.            
      Dentre os direitos da criança, ressalta-se o respeito a  privacidade e a confidencialidade sendo considerados um dever prima facie que  todo profissional de enfermagem deva cumprir. Para ética o dever prima facie  não pode deixar de ser cumprido, é um dever que não poderá ser substituído por  qualquer outro do mesmo nível de exigência. Logo a privacidade e a liberdade da  criança não devem ser observadas sem sua autorização. Esta liberdade se torna  importante durante o período de sua internação onde tem a sua vida invadida por  pessoas que nunca teve contato (OLIVEIRA, 1991). 
      O que se vê hoje na área de saúde são profissionais com  intensa formação teórica, mas que pouco sabem sobre as necessidades,  peculiaridades e direitos da criança enquanto paciente. Os hospitais têm  buscado tecnologia de ponta, acreditando assim estar dando uma melhor qualidade  de assistência ao paciente, esquecendo-se que a saúde não é somente o bem estar  físico, mas também envolve a busca de um bem estar social e emocional.                 
      Portanto, o tratamento à criança hospitalizada não  envolve apenas os aspectos biológicos da enfermidade, mas uma assistência  compreensiva à criança e sua família. 
               A  mesma autora OLIVEIRA (1991),  acredita que o profissional de saúde deve  estar em sintonia com o sentimento da criança pois muitas vezes esta não  expressa seus sentimentos com palavras mas sim através de gestos. Ouvir a  criança falar de sua dor, exige uma identificação não apenas com a dor em si,  mas com a própria criança. Para isso será preciso que se reviva a criança que  se foi um dia, que se use de linguagem própria e a ouça na mesma lógica,  lembrando que sempre que a doença para criança não tem um significado  propriamente médico.
               Oliveira  (1991) ressalta ainda que é de crucial importância considerar os aspectos  subjetivos da enfermidade na infância através das quais transparecem as  necessidades vitais que somente a criança apresenta. A autora, com o objetivo  de compreender a visão da criança frente à hospitalização e a enfermidade,  realizou uma pesquisa onde pôde detectar algo que na comunicação verbal e não-  verbal dos entrevistados pudesse apontar questões e propostas para avançar a  abordagem pediátrica tradicional à criança hospitalizada. A partir das falas e  relatos, Oliveira observou e agrupou as respostas das crianças em cinco  categorias: representações da doença; representações do hospital;  representações da relação profissional; representações de família e amor  parental; representações de exclusão do brincar. 
      Refletindo sobre essas representações, destaca-se que a  equipe de saúde deve procurar amenizar o sofrimento da criança hospitalizada,  promovendo-lhe a saúde, bem-estar, relações sociais amigáveis fazendo com que  esta seja um elemento ativo dentro do sue processo de  hospitalização e de  doença.                    
      Um dos maiores malefícios do processo de hospitalização  se refere à separação da criança doente de sua mãe. No entanto, existem várias  outras consequências nocivas que contribuem para o aparecimento de problemas sociais  e emocionais graves, tais como: desmame agressivo; transtorno da vida familiar;  a interrupção ou retardo da escolaridade, do ritmo de vida e desenvolvimento;  carências afetivas; agressões psicológicas e físicas e ainda várias iatrogenias  principalmente as que se referem às infecções hospitalares.
      A criança necessita de vivenciar uma relação calorosa  íntima e contínua com  a mãe na qual ambos encontrem satisfação e prazer,  sendo esta essencial a saúde mental da criança.
                 A privação materna poderá ocorrer de forma parcial ou total. A forma parcial  acontece quando a criança é afastada dos cuidados de sua mãe e passa a receber  cuidados de outro indivíduo já conhecido. A forma total ocorre quando uma  pessoa desconhecida passa a exercer os cuidados á criança. Segundo Chiattone  apud Camon (1998, p. 45-46).
      Às   crianças privadas parcialmente ou totalmente dos cuidados maternos sofrerão um  fracasso no desenvolvimento de sua personalidade na medida em que a mãe, nos  primeiros anos de vida que lhes transmitirá os dados essências para esse  desenvolvimento. Chiattone apud Camon (1998, p. 45-46).
                                       
      A criança hospitalizada apresenta uma quebra      nessa relaçao podendo então vir a  apresentar graves deformações emocionais, fisícas e intelectuais.
      A ausência da família ou da mãe no hospital levará a  criança a sentir-se abandonada. Segundo Chiattone apud Camon (1998), observa-se diferentes reações emocionais em  crianças de zero a três anos durante a privação materna no período de hospitalização.  Cada faixa etária da criança manifesta um tipo de reação decorrente da  separação e mais tarde mostram indiferença.
      Chiattone apud  Camon (1998), afirma que a ausência da mãe durante a hospitalização da criança  causará a esta muita angústia, exagerada necessidade de amor, sentimento de  vingança, culpa e depressão. A reação da criança diante dessas perturbações  poderá resultar em distúrbios sociais e emocionais de apreensão, tristeza  poderá afastar-se de tudo ao seu redor, não procurar contato e nem reagir a  ele, queda na resistência estando sujeito a infecções, regride no processo de  maturação psico-afetiva, expressando perturbações da marca, linguagem controle  dos esfíncteres, enurese terror noturno e chupar o dedo. Podendo também reagir  apaticamente ou agressivamente, dificultando assim o trabalho da equipe.
      Em estudo realizado por Robertson apud Camon (1998, p. 48), com crianças de um a quatro anos em  situação de separação das mães observou-se os efeitos causados por esta ruptura  em três fases:
Com a separação da mãe a crianças poderá reagir de forma  hostil ao encontrá-la novamente recusando reconhecê-la sendo esta uma forma de  punição a mãe e aos seus familiares. Diante desta situação a compreensão da  família se faz necessária para que a situação se contornada. Em geral, as mães  não conseguem compreender as reações e passam a agredi-la, colocando em risco o  estado social e emocional da criança.
      Além dos aspectos inerentes a hospitalização da criança  descritos anteriormente, percebe-se que a separação da criança do seu mundo  exterior faz com que ocorram perturbações no seu desenvolvimento.
      Chiattone apud Camon  (1998) atenta para o fato de que a equipe de enfermagem pediátrica deve  observar as reações apáticas apresentadas pelas crianças não devendo achar que  são “bons pacientes” e que não dão trabalho, pois dificilmente estas crianças  irão reagir desta forma no momento da hospitalização. As crianças apáticas  quietas mostram deterioração no seu equilíbrio interno podendo apresentar  graves sequelas muitas vezes irreversíveis causadas pela hostilização. As  expressões consideradas saudáveis são o choro, desespero, o medo e a ansiedade.
  É preciso desconfiar sempre de rações como obediência,  crianças fáceis de lidar, comportadas e que nunca reclamam de nada, pois estas  podem estar ocultando o desenvolvimento real de sua personalidade. E quando  retornam para casa podem tornar-se desajustadas ficando claro o comprometimento  do seu desenvolvimento social e emocional causado pela situação de  hospitalização e doença. Por isto é imprescindível que a criança seja reparada  para sua hospitalização da mesma forma que deve também conhecer as causas da  internação, ter noção de sua doença, enfim, participar ativamente do processo.
A presença do acompanhante (pais ou responsável) no  hospital ajudará a diminuir as dificuldades de adaptação da criança e manter o  vinculo familiar.
      Desde o século XIX, com o surgimento da pediatria como  uma especialidade, a separação dos pais há era vista como obstáculo a  internação. A partir de 1920, diversos autores passaram descrever as graves  consequências da separação da mãe-filho. O hospitalismo foi definido por Spitz apud Camon (1998, p. 45), como sendo:
      Um conjunto  de regressões graves que se podem observar quando as crianças são colocadas, no  segundo semestre de vidam em creches ou hospitais, regressões essas que se  instalam devido a ausência da mãe  ou de  um substituto efetivo da mãe apesar das boas condições materiais, de higiene e  cuidados.
      A permanência do acompanhante no hospital surgiu da  necessidade da colaboração dos pais no processo de recuperação da criança, por  meio do apoio social e emocional e segurança sentida pela mesma por ter ao seu  lado alguém de sua confiança.
      Além disso, a internação conjunta permite maior interação  entre equipe e os pais facilitando a obtenção de informações segura sobre o  paciente. Possibilita que a equipe de enfermagem assista a criança hospitalizada  educando os pais na terapêutica correta após a alta da criança.
      Graças a estudos psicológicos e a medidas de proteção ao  aleitamento materno, o alojamento conjunto nas maternidades passa a ser  recomendado pela Organização Mundial de Saúde- OMS, pela UNICEF e depois em  nosso pais pelo Ministério da Saúde (PEDROSO, 2006).
      Com a constituição de 1998, o Brasil avançou na  humanização no conceito de criança desta forma a presença da família na  hospitalização da mesma tornou-se mais efetiva com a promulgação da lei 8069,  de 13 de julho de 1990, que regulamenta o Estatuto da Criança e do Adolescente  (ECA). Onde em seu art. 12 estabelece “(...) a permanência em tempo integral de  um dos pais ou responsável, nos casos de internação da criança ou adolescente”.
      Posteriormente, visando nortear a conduta dos  professionais de saúde do ambiente hospitalar a Sociedade Brasileira de  Pediatria apresentou ao CONANDA – Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da  Criança e do Adolescente – o documento “direitos da criança e do adolescente  hospitalizado”, que foi aprovado e se transformou na resolução número 41, de 17  de outubro de 1995. Este documento reconhece, entre outros, o direito a ser  acompanhado por mãe, pai ou responsável durante todo período de sua  hospitalização, bem como receber visitas.
      A inserção e o envolvimento do acompanhante no cuidado e  no processo terapêutico trazem alterações nas relações de trabalho estabelecido  no ambiente hospitalar. É importante perpetuar as novas necessidades que vão  sendo criadas nesse espaço e que envolvem as unidades pediátricas como um todo,  principalmente as atitudes da equipe de enfermagem perante os pais envolvidos  nos cuidados, a relação que estes estabelecem com os pais a qualidade da  assistência. 
      Apesar do grande numero de evidências favoráveis a  permanecia dos acompanhantes, constatou-se grande resistência a sua implantação  nos hospitais públicos e mesmo e hospitais-escola. A família foi encarada como  inimiga do hospital e da criança e foram detectados alguns obstáculos, dentre  eles: o receio de problemas infecciosos, a necessidade de controlar o repouso e  a dieta das crianças, as dificuldades na realização de procedimentos mais  dolorosos e problema com alimentação das mães.
      Segundo Cypriano e Fisberg apud Pedroso (2006), afirmam que:
  “(...) a  aceitação do acompanhante durante a hospitalização da criança esta  consequentemente condicionada a rotina da assistência, diminuindo assim a  carga horária de trabalho, ou a aceitação  passiva das regras impostas pela equipe, além disso, as criticas das mães são  recebidas com dificuldade”.
      Portanto, os hospitais devem buscar a compreensão do  fenômeno “relacionamento pais-filho”, apoiando, protegendo e fortalecendo o  relacionamento dos paus com a criança durante a internação, uma vez que a sua  presença concorrerá para a efetivação do clima emocional desejável.
      Desta forma, a permanência da família em período integral  facilita a criação de habilidades de convivência com a família em situação de  doença. Isso acarretará uma mudança na organização do trabalho da enfermagem,  onde o acompanhante, passa a realizar muitos cuidados a criança, que antes eram  de competência da equipe, principalmente aqueles relacionados à higiene e apoio  emocional.
      Quando o direito a acompanhar e assistir a criança passa  a ser encarado pela equipe como dever da mãe, sem que esta tenha oportunidade  de conhecer a importância de sua presença ou dispor suas necessidades suas  dificuldades como o trabalho ou a necessidade de cuidar de outros filhos, observa-se  um comportamento impositivo do profissional que nada  mais é do que uma versão da politica que  permeia as instituições de saúde, onde a equipe de enfermagem e outros  funcionários interagem com a população reproduzindo uma atitude paternalista e  tutelar de quem é melhor para o paciente, não reconhecendo que a família é  capaz d opinar e decidir sobre o tratamento.
      Em  pesquisa feia por Collet e Rocha (2004), em uma unidade de alojamento conjunto  pediátrico de um hospital publico do interior do estado do Paraná, onde os  sujeitos da pesquisa foram mais que vivenciaram a experiência de acompanhar a hospitalização  do filho, constatou-se que a negociação dos cuidados compartilhados entre mãe e  equipe de enfermagem não era feita de odo claro, percebendo-se a confusão de  papeis entre o fazer de enfermagem e o fazer das mães e o desconhecimento  destas quanto ao cuidado da criança no hospital.
      Ao negociar os cuidados que a criança precisa receber, a  equipe deve explicar quais funções as famílias podem exercer e assim as mães  sentem-se mais seguras e colaboradoras para com a equipe uma vez que, no  momento que a mãe adentra no hospital, na é claro para ela qual é a natureza ou  a extensão de sua participação no cuidado.
      Defende-se que para haver a promoção do cuidado  compartilhado se faz necessária uma interação entre a equipe de enfermagem e o  acompanhante são levados para dentro do estresse da criança hospitalizada  através de sua presença, pois o vinculo afetivo é muito importante para a  recuperação da mesma.
A participação dos pais nos cuidados a criança  hospitalizada, a permanência destes no hospital e a sua relação com os  profissionais tem desencadeado novas formas de organização da assistência, com  isto, o foco da assistência se amplia e torna-se necessário dirigir o olhar  também para a família.
      A família é o levantamento fundamental para o  desenvolvimento infantil, devendo participar ativamente do processo de  hospitalização. Com isto esta também necessitará de apoio para garantir sua  inserção de forma compartilhada no cuidado à criança hospitalizada.
      Quando a criança adoece, a família vivencia um sentimento  de culpa por acreditar ser a causadora da doença, este sentimento de culpa  muitas vezes faz com que estes pais superprotejam esta criança, podendo causar  um desequilíbrio em seu grupo familiar. Este mesmo sentimento poderá fazer com  que a família se afaste da criança, trazendo grandes consequências sociais e emocionais  e juntamente com isso prejuízo para o tratamento da mesma.
      A família também pode reagir a hostilização com intensa  hostilidade que pode ser dirigida a criança ou a equipe de enfermagem como  forma de externar sua raiva devido aos seus sentimentos de culpa, desespero e  incredulidade diante do tratamento e cura.
      Visando amenizar os conflitos da família, foi criado o  Programa de Apoio a Família – PAF, desenvolvido por enfermeiros do serviço de  enfermagem pediátrico do Hospital das Clinicas de Porto Alegre. Este programa  tem como objetivo a capacitação da família no cuidado com a criança  hospitalizada, no processo de enfrentamento de dor e dificuldades  representeadas pela doença e a hospitalização dando apoio integral à família.
      Uma outra pesquisa realizada no hospital público  pediátrico (2205), situado na grande São Paulo, tenta compreender a  vivência da família nos diversos contextos e  propuseram intervenções que auxiliem a   lidar com as necessidades advindas da hospitalização infantil.
      O modelo evidencia a influência da criança hospitalizada  na desestruturação familiar no ambiente doméstico, no sofrimento gerado pela  convivência limitada enfim, o outro membro familiar se sente rejeitado pelo  fato da atenção se direcionar a criança hospitalizada. O modelo ainda demostra  que a agressão e o afastamento refletem o medo da família e muitos  profissionais não compreendem essa situação.
      Por outro lado, o modelo aponta-se para a expectativa da  família na melhora da criança, isso faz com que a mesma perceba-se capaz superar  dificuldades, tornando-se confiante em sua capacidade de lidar com problema.
      Para que haja apoio integral a família, é necessário que  o acompanhante seja capaz de participar da assistência ao paciente. Para isso,  deve-se certificar que este esta em condições de fazer o que pressupõe a sua  própria segurança e estabilidade, se não expuser de uma equipe que os ajude  poderão não ser capazes de dar a assistência que a criança precisa.
      Para Nascimento e Martins apud Andraus et al  (2004), a maioria das ações dirigidas as famílias se restringe em atender  questionamentos sobre rotinas, normas ou estado do paciente, com nenhuma  preocupação sobre as condições sociais e emocionais em que estas famílias se  encontram. Esta atitude se deve entre outros motivos, ao conhecimento em que  estas famílias se encontram. Esta atitude se deve entre outros motivos, ao  conhecimento limitado dos profissionais no que se refere às necessidades da  família, do individuo hospitalizado e a importância que a família tem na sua  recuperação.
      Portanto, para Issi (1989) trabalhar com a criança requer  tempo, disponibilidade, preparo e capacitação da equipe. A assistência a  criança torna-se mais eficaz com a presença dos pais e ou familiares a medida  que este recebem uma orientação técnica que se fundamenta também no  conhecimento da experiência existência de ter filho doente e hospitalizado,  estabelecendo um clima sadio, humano, profundamente inserido num contexto de  valorização da pessoa e sua totalidade.
O enfermeiro está preparado, pela sua formação para lidar  com os mais diversos tipos de enfermidades. Cuida e convive com pessoas de  personalidades diferentes, adquirindo experiência com o passar dos anos. Cuidar  de uma criança hospitalizada, que sente falta da família, privada dos prazeres  infantis e que enfrenta o olhar apreensivo ao seu redor, requer muita calma e  compreensão da equipe de enfermagem. Por isso é primordial que o enfermeiro  adquira uma postura acolhedora para com as crianças, com extrema empatia,  participando do seu problema.
  É importante estar em comunhão com o sentimento dos  familiares e apoiá-los para cooperar com o tratamento e ajudar no controle social  e emocional da criança. O enfermeiro, assumindo o seu papel, entra e contato  direto com a acompanhante e a família, o que pode ocasionar conflitos. Assim, a  equipe de saúde precisa extinguir a resistência à inserção do acompanhante na  hospitalização, uma vez que é comprovada a importância dos familiares na  recuperação da criança.
      Num sentido mais amplo é indispensável que se forme nos  hospitais um núcleo de apoio as famílias no intuito de orientar, apoiar e  determinar a divisão de tarefas, priorizando um clima harmônico.
      O enfermeiro deve estabelecer um diálogo contínuo com os  familiares, valorizando a presença de cada um, afim de que participem da  hospitalização da criança superando as dificuldades cotidianas decorrentes  deste processo.
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