Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO: O PERFIL DA AMÉRICA LATINA*

Autores e infomación del artículo

Millena Biff**

Julio Cesar Zilli***

Adriana Carvalho Pinto Vieira****

Junior Ruiz Garcia*****

millenabiff@outlook.com

RESUMO
As economias que registram baixa competitividade devem buscar formas para o fortalecimento, crescimento e aperfeiçoamento de seus produtos e serviços perante o mercado mundial. Neste sentido, o empreendedorismo pode ser um importante vetor do aumento da competitividade. O objetivo principal deste estudo é analisar o papel do empreendedorismo e da inovação no desenvolvimento da América Latina. A pesquisa foi realizada com base na revisão da literatura, bibliográfica e documental, e em bases de dados. Os resultados apontam que a porcentagem de empreendedores na população da América Latina é maior que em outros países e regiões comparadas, bem como a porcentagem de empresas formais também é elevada. Destaca-se a presença de um número elevado de empresários, mas com ênfase para o gênero masculino. Esses empresários investem mais em negócios informais do que países desenvolvidos, porém, os valores investidos são menores.  Quanto ao perfil de inovação, observou-se que as empresas latinas introduzem produtos novos com menos frequência que as empresas de outras economias similares, a gestão dos empreendedores de alta qualidade é deficitária, as empresas investem pouco em P&D e o investimento em patentes está abaixo do nível de referência.

Palavras-chave: Desenvolvimento Econômico, Crescimento Econômico, Empreendedor, Empresário Schumpeteriano.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Millena Biff, Julio Cesar Zilli, Adriana Carvalho Pinto Vieira y Junior Ruiz Garcia (2017): “Empreendedorismo e inovação: o perfil da América Latina”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (abril-junio 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/02/empreendedorismo-america.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1702empreendedorismo-america


Introdução

No contexto do mundo globalizado, observa-se que algumas economias se sobressaem a outras em termos da sua competitividade. As economias que registram baixa competitividade devem buscar formas para o fortalecimento, crescimento e aperfeiçoamento de seus produtos e serviços perante o mercado mundial. Neste sentido, o empreendedorismo pode ser um importante vetor do aumento da competitividade, a qual pode contribuir para a geração de emprego e para a melhoria da qualidade dos produtos e serviços para a sociedade. A inovação pode amplificar esse processo, até porque empresas que não inovam e nem mudam o que oferecem correm o risco de serem superadas no mercado (BESSANT; TIDD, 2009).
Segundo Schumpeter (1985), o empreendedorismo está associado ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades. A ação empreendedora apoiada na inovação pode destruir a ordem econômica existente a partir da introdução de novos bens no mercado, criação de novas formas organizacionais ou uso de novos materiais – novos processos de produção. Assim, tal processo foi definido como “destruição criativa”. Esta dinâmica tem sido amplificada com a globalização, acentuando o papel da inovação e do perfil empreendedor no aumento da competitividade das empresas.
A América Latina (AL) é uma região muito rica em recursos naturais, mas seus países não estão entre os mais desenvolvidos do mundo (GWYNNE; CRISTOBAL, 2014). Embora a região tenha registrado um importante crescimento econômico acompanhado com melhoria social a partir dos anos 2000, os ganhos em competitividade não apresentaram a mesma dinâmica. Além disso, os ganhos desse processo recente de desenvolvimento talvez estejam sendo perdidos pela queda no dinamismo econômico registrado nos últimos anos (LEDERMAN et al, 2014). Para que as economias latino-americanas, em sua maioria exportadoras de commodities minerais e agropecuárias e de produtos agroindustriais, voltem a promover o desenvolvimento da sociedade, se faz necessário ampliar o investimento em inovação e produtividade. Cabe desatcar que os empreendedores estão ligados direta e indiretamente a esse processo, uma vez que que são eles que percebem e podem aproveitar as oportunidades criadas pela dinâmica socioeconômica. Assim, analisar o perfil dos empreendedores latino-americanos se mostra importante para que se detectem as mudanças que devem ser realizadas na mentalidade empreendedora. Desta forma, o objetivo principal do estudo é analisar o papel do empreendedorismo e da inovação no desenvolvimento da AL.
O estudo considera os seguintes países, nominada AL: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Os países que compõem a AL são heterogêneos quanto ao tamanho da população, estrutura e distribuição etária, apresentam significativas diferenças na renda média e na sua distribuição na sociedade (UIS, 2001), além de apresentarem estruturas econômicas bem distintas. Observa-se ainda a presença de diferentes heranças culturais e linguísticas, variadas etnias e cultura rica e diversificada, porém, em contrapartida, “são, em geral, países com uma dívida social imensa, com déficit democrático, déficit de direitos e com problemas na economia muito mais graves do que os do primeiro mundo” (D’ARAUJO, 2006, p.1).
O estudo adota uma abordagem de pesquisa descritiva e analítica, baseada no uso de dados e informações secundárias, que compreende também a realização de bibliográfica e documental (ANDRADE, 2002; GIL, 2007). A pesquisa bibliográfica e documental envolveu a consulta de livros, artigos, publicações e estudos em geral, com destaque para o trabalho de Lederman et al (2014) do World Bank, intitulado “Latin American Entrepreneurs: Many Firms but Little Innovation”. A coleta dos dados secundários foi realizada nas bases do World Bank, da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), em publicações da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Os dados tratam das características dos empreendedores latino-americanos, bem como suas peculiaridades, além de dados econômicos e sobre investimento em inovação.
O artigo foi estruturado em quatro seções, incluso a introdução. A segunda apresenta um panorama econômico da AL. A terceira apresenta e discute os resultados da investigação, abordando o papel do empreendedorismo e da inovação no desenvolvimento da AL. Por fim, na última seção são apresentadas as considerações finais.

O empreendedorismo e a inovação no desenvolvimento das sociedades

O desenvolvimento da sociedade capitalista tem sido explicado de várias maneiras, mas praticamente todas as teorias destacam o papel do “agente de mudanças”, como a força que inicia e implementa o progresso material e social. O empreendedor tem sido reconhecido como o agente dessas mudanças na história (KURATKO, 2016). Segundo Baggio e Baggio (2014) e Santos et al (2015), se uma nação não possui líderes empreendedores em sua base, não haverá o desenvolvimento econômico, stricto sensu, porque é o empreendedorismo que promove o crescimento de oportunidades no mercado e na sociedade, também desenvolvendo as pessoas e comportamentos que representam essas ações no dia a dia. Ao buscar a autorrealização e o desenvolvimento local, consequentemente, o empreendedor leva ao desenvolvimento de seu entorno (FROTA; BRASIL; FONTENELE, 2014) a partir de efeitos difusores.
Neste sentido, Kuratko (2016) afirma que a economia global está sendo revitalizada graças aos esforços dos empreendedores, e que o mundo tem sido contemplado com empresas como uma força significante para o desenvolvimento mundial. A partir da liderança de empreendedores, as atividades de inovação, pesquisa e desenvolvimento, com reflexos na criação de empregos, no aumento da produtividade e na formação de novas indústrias, tem sido os resultados das contribuições desses agentes para o crescimento econômico.
Ao longo do tempo, o empreendedorismo mostrou-se um importante elemento do crescimento e do desenvolvimento econômico, dando suporte à maioria das inovações que têm promovido esse processo, e gerando emprego e renda. Desta forma, quanto mais oportunidades de empreendedorismo um país oferecer a sua sociedade, muito provavelmente maior será seu desenvolvimento, que novamente resultará em mais oportunidades empreendedoras, tornando-se, assim, um processo cíclico que alimenta ainda mais a busca da inovação (DORNELAS, 2015). Essa dinâmica é muito similar à discutida por Gunnar Myrdal (1968) no processo de causação circular cumulativa a partir de mudanças primárias, em que mostra o papel dos efeitos propulsores do desenvolvimento.
Os Estados Unidos possuem um dos mais altos índices de empreendedorismo no mundo desenvolvido. De acordo com a pesquisa GEM de 2014, nos Estados Unidos, uma estimativa de 25 milhões de americanos estava começando ou gerindo novos empreendimentos e 7,7 milhões projetaram que eles iriam empregar 6 ou mais pessoas nos próximos cinco anos (KURATKO, 2016). Segundo Lemos (2012), o Massachusetts Institute of Technology (MIT), por exemplo, combina a pesquisa criativa, orientada para resolução de problemas e que se materializa em inovações, sustentada ao longo de mais de 150 anos de história, com renovação constante. Essas características fizeram com que o ecossistema empreendedor expandisse até o reconhecimento atual, ou seja, pesquisa e educação são os pilares para realização da produção do conhecimento científico e tecnológico.
Vários fatores contribuem para a criação de um novo empreendimento, afirmam Hisrich, Peters e Shepherd (2014), e o governo é um deles, pois fornece a infraestrutura que pode ajudar o novo negócio. Essas condições estruturais fornecidas pelo governo definem, por exemplo, a educação que a força de trabalho e o mercado consumidor doméstico terão, como será a estrutura de comunicações no território, a facilidade de acesso que as pessoas terão ao mercado e ao capital de risco, e a estrutura da indústria e o ambiente competitivo (OCDE, 2004). De acordo com Trott (2016), o Estado também impacta significantemente na administração estratégica de indústrias básicas e estimula o espírito empreendedor, pois é o principal financiador de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e importante comprador. Esse papel do Estado resulta de sua capacidade de criar externalidades positivas em toda a economia e a sociedade a partir de suas ações.
Neste sentido, o empreendedorismo em um país pode surgir como uma alternativa para estabilizar sua economia, uma vez que é possível promover um aumento da competitividade e redução dos custos das organizações (Dornelas, 2016). Em uma economia com baixo crescimento e desemprego, o empreendedorismo pode ser uma alternativa para a sobrevivência das pessoas, porém, o autor afirma que uma parte considerável desses negócios está direcionado ao fracasso, devido à grande inconstância econômica desses países (OLIVEIRA, 2014). Um exemplo de empreendimento que auxilia no desenvolvimento econômico é a empresa KickStart International (Dornelas; Spinelli; Adams, 2014), fundada com a missão de acabar com a pobreza na África subsaariana. Seu maior sucesso até hoje são as bombas de microirrigação, conhecidas como MoneyMaker. Esse sistema de irrigação de baixo custo tem ajudado os agricultores do Quênia a aumentarem sua produção agrícola em dez vezes, produzindo para a própria família e para a venda. Além disso, esse sistema contribuiu para a criação de empregos e renda, retirando muitas pessoas da situação de pobreza. 
Dornelas, Spinelli e Adams (2014) também afirmam que o empreendedorismo deixa o mundo mais horizontal, porque graças as inovações, o empreendedorismo e a internet estão espalhando ideias e oportunidades em todos os continentes. Em resumo, esse processo pode contribuir de maneira significativa para a redução das desigualdades sociais e regionais. As empresas investem nos meios digitais para otimizar os modelos de negócios existentes ou criar novos aproveitando as oportunidades demonstradas pelos cidadãos ao redor do mundo (SHAIKH, 2016). Shaikh (2016) apresenta um exemplo desse tipo de investimento: hotéis e restaurantes usam de diferentes meios digitais como o Instagram e o Vine para compartilhar imagens de novas decorações e pratos, afim de mostrar a seus potenciais clientes o seu ambiente, promoções e trabalho. Além disso, empresas capturam as interações geradas pelos clientes em seus sites, ajudando as companhias a se aproximar dos clientes através de suas preferências.
Dessa forma, conforme as constatações anteriores, o empreendedorismo pode ser visto como um fator crítico para o desenvolvimento socioeconômico, não se restringindo a criação de novos negócios, porque também é uma forma de sistematizar processos internos das organizações para a geração de inovações empresariais, emprego e renda. O empreendedorismo e a inovação estão intimamente relacionados e são elementos centrais para o desenvolvimento das sociedades (DORNELAS, 2015).

Contexto Econômico e a Inserção Internacional da América Latina

A população da AL foi estimada em 618 milhões de pessoas em 2015 (CepalStat, 2017). Os países mais populosos eram: Brasil (207 milhões); México (124 mihões) e a Colombia (48 milhões). Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB), a preços constantes de 2010, da AL alcançou US$ 5,56 trilhões, representa 7,4% do PIB Mundial (CepalStat, 2017; World Bank, 2017). Entre 2000 e 2015 a taxa de crescimento médio do PIB da AL foi de 3% ao ano, enquanto a mundial foi de 2,88%. É possível observar que o desempenho econômico da AL esteve muito próximo a média mundial, o que contribui para um pequeno avanço na redução da desigualdade entre os países.

Contudo, a análise do PIB agregado não revela a profunda heterogeneidade da AL, por exemplo, o Brasil responde por 41,7% do PIB, seguido pelo México 21,7% e pela Argentina com 8,2% (gráfico 1). Isto significa que apenas três países responderam em 2015 por 71,6% do PIB da AL, embora esses países abrigassem 61% população. O Brasil responde 41,7% do PIB, mas abriga 33,6% da população, aspecto similar para o México (21,7% do PIB e 20% da população) e Argentina (8,2% do PIB e 7% da população).
A AL tem se destacado como tradicional exportadora de commodities minerais e agropecuárias. Desse modo, o setor externo tem tido um importante papel na dinâmica econômica da região, especialmente para o financiamento das importações de bens com elevado grau tecnológico. Neste sentido, o avanço da globalização (Gwynne; Cristobal, 2014) pode ter contribuído para aumentar o papel do comércio internacional de commodities agropecuárias e minerais para o desenvolvimento da AL, em especial com a entrada da China e da Índia. Entre 2000 e 2015 o valor das exportações de bens e serviços da AL saltou de US$ 409 bilhões para US$ 1,05 trilhão, 155% de aumento (CepalStat, 2017). A participação dos bens nas exportações era da ordem de 87%. No entanto, os ganhos das exportações foram usados para financiar as importações, que no mesmo período saltaram de US$ 430 bilhões para 1,15 trilhão, aumento de 169% (gráfico 2).

Os resultados mostram que a taxa anual de crescimento das exportações foi da ordem de 6,3%, enquanto a taxa das importações foi de 6,6%. Essa diferença nas taxas de crescimento afetou negativamente o saldo comercial da região no período, que saiu de um superávit de pouco mais US$ 20 bilhões em 2000, para um déficit de mais US$ 108 bilhões (CepalStat, 2017). O resultado foi afetado não apenas pelo aumento nas importações de bens, mas também pelo aumento na contratação de serviços no exterior, com destaque para os serviços de transportes. Isto significa que o estímulo ao comércio externo aumentará os custos com serviços de transportes. Em 2000, a conta serviços registrava um déficit de US$ 16 bilhões, mas em 2015 alcançou US$ 55. Em todo o período a região registrou déficits na conta serviços. O déficit na conta transporte saltou de US$ 24,5 bilhões para US$ 47,9 bilhões.
Os bens representam a maior parcela do valor das exportações e das importações da AL no período, por volta de 87% e 83% respectivamente. Os bens primários representavam 36% da pauta exportadora em 2015, enquanto os bens manufaturados 43%. No período 2000 e 2015 a participação dos bens primários permaneceu relativamente estável em 36%, mas os bens manufaturados registraram uma queda na participação de 5%, saindo de 48% para 43%. Isto significa que a região aumentou as exportações de bens intermediários para o mercado externo. As importações estavam concentradas em bens intermediários, respondendo por 48% (CepalStat, 2017).
Cabe destacar que os dados confirmam que a AL depende das divisas geradas pelas exportações de commodities, mas também dos bens intermediários com baixo valor agregado, para financiar suas importações necessárias para o desenvolvimento. Assim, para impulsionar as economias que compõem a AL geralmente é necessário estimular um aumento na taxa de extração de recursos naturais para ampliar sua captação de divisas nos mercados internacionais (GWYNNE; CRISTOBAL, 2014). Neste sentido, apontam Gwynne e Cristobal (2014) que a AL tem servido como uma periferia de recursos para a economia mundial desde os tempos coloniais. Nessa época, explica Quijano (2005), os colonizadores extraíam minerais preciosos (ouro e a prata) e vegetais preciosos (tabaco, cacau e batata) por meio de mão-de-obra escrava, servos e de seus respectivos mestiços.
A grande disponibilidade de recursos naturais na AL poderia ter contribuído para o seu desenvolvimento, porém, não é o cenário que se apresenta. Ainda, várias iniciativas políticas apoiadas na quebra a dependência do continente como provedor de “recursos naturais”, não são totalmente bem-sucedidas. Até o momento os países da AL permanecem na periferia da economia mundial - em grande parte dependentes dos centros globais de produção de bens de consumo e consumidores de seus produtos primários (GWYNNE; CRISTOBAL, 2014).
Bárcena (2014) aponta que, com exceção do México e da América Central, a região tem pouca participação nas três cadeias de valores conhecidas como: Fábrica América do Norte, Fábrica Europa e Fábrica Ásia. A região não é um importante fornecedor de bens intermediários não primários para qualquer uma destas cadeias, nem é um grande importador de bens intermediários dos países participantes. O México é uma exceção, já que produtos de média tecnologia representam uma grande parte de suas exportações de bens intermédios aos seus parceiros do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). Apesar disso, o México ainda sofre com o baixo grau de desenvolvimento, em função da característica de sua inserção, apenas montadora ou indústria maquiladora. A integração do país na Fábrica América do Norte é principalmente na exportação de bens finais produzidos a partir de insumos importados, com pouco valor agregado no mercado interno.
Apesar da condição periférica da AL, entre 2000 e 2015 o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) alcançou o volume médio de US$ 90 bilhões por ano (CepalStat, 2017). Cabe destacar que no período recente, pós-crise internacional, entre 2010 e 2015 o volume médio de IDE saltou para US$ 136 bilhões por ano. Esse fluxo indica que os investidores internacionais ainda visualizam boas perspectivas de investimento na região, o que pode contribuir para o enfrentamento dessa nova fase do capitalismo, de baixo crescimento econômico. Neste sentido, a ação empreendedora e o estímulo a inovação local representam os elementos chave do desenvolvimento da AL, e podem contribuir para a difusão do dinamismo aportado pelo IDE, a mudança primária.

Resultados e Discussão

O papel do Empreendedorismo na América Latina

Os empreendedores prosperam em ambientes economicamente propícios (Lederman et al., 2014). Segundo os autores, nestes ambientes os empreendedores estão mais propensos a assumir riscos, a realizarem investimentos em inovação e promoverem a busca pelos ganhos de produtividade. Nesse sentido, é possível observar com base nos dados do gráfico 3 a transição do trabalho autônomo ao emprego assalariado, que também está ligado ao crescimento econômico.

É possível visualizar que o panorama do emprego muda quando o Produto Interno Bruno (PIB) aumenta ou diminui. Assim, até aproximadamente US$2.000 de PIB per capita, os trabalhadores agrícolas constituem a maioria da população ativa, seguidos dos profissionais autônomos não-agrícolas e depois pelos assalariados em atividades não-agrícolas. A partir desse valor, o emprego assalariado aumenta gradualmente e se transforma no tipo de emprego mais importante quando se alcança um nível de PIB per capita de mais ou menos US$5.000 (LEDERMAN et al., 2014). Em 2015, o PIB per capita médio da AL em valores constantes de 2010 foi de US$ 8.983, variando de US$ 738 (Haita) a US$ 14.547 (Chile) (CepalStat, 2017). A taxa de crescimento do PIB per capita entre 1990 e 2015 foi de 1,6% ao ano. Talvez a AL esteja em uma situação onde aproximadamente 60% da população é assalariada, 20% são trabalhadores agrícolas e o restante dividido entre as demais classificações (LEDERMAN et al., 2014). Dessas demais classificações, uma que merece destaque é a de “empregadores não-agrícolas”, aparecendo com pequena parcela (em verde) (gráfico 3). No entanto, há um leve crescimento conforme o PIB aumenta. Empregadores não-agrícolas são as pessoas que abrem empresas e fornecem empregos formais as pessoas e, também, na maioria das vezes, são os que tiveram mais acesso à educação (GINDLING; NEWHOUSE, 2012).
A Tabela 1 apresenta o percentual de pessoas da força de trabalho latino-americana que, em 2014, eram donos e gerentes de empresas que funcionam há pelo menos três anos e meio, bem como o percentual da força de trabalho que ainda não estaria envolvida com atividades empreendedoras, mas tem a intenção de ser empreendedores nos próximos três anos.

Observa-se que, em 2014, a porcentagem de donos e gerentes de empresas está entre 2,5% e 17,7%, esse último alcançado pelo Equador. Com exceção deste índice e o do Brasil, os demais países têm percentuais inferiores a 15%. A taxa média de propriedade da região é de 8,62%. Ao contrário do esperado pelo PIB per capita (CepalStat, 2017), a AL tem sido considerada uma região de empreendedores, havendo um elevado número de empresários em comparação com outros países (LEDERMAN et al, 2014). Além disso, os autores afirmam que o grande número de empreendedores não é um simples reflexo de um grande setor informal, porque o percentual de empresários com empresas registradas formalmente também é alto.
A partir da análise dos dados, verifica-se que cerca de 30% das pessoas que compõem a força de trabalho e que ainda não estão envolvidas com o empreendedorismo pretendem abrir um negócio nos próximos três anos. Nesse sentido, conforme constatações anteriores, a taxa de Atividade Empreendedora Total (Total Entrepreneurship Activity - TEA), que representa o percentual dos componentes da força de trabalho que estão envolvidos na criação e desenvolvimento de novos negócios é importante (MEZA et al, 2008) (gráfico 4).

Segundo Meza et al (2008), a média da TEA no mundo é de 9,5% e a AL é a região mais empreendedora (gráfico 4), possui percentuais acima de 10% na maioria dos países e períodos analisados. Desses novos negócios, também é possível perceber o percentual de homens e de mulheres componentes da força de trabalho que fazem parte da TEA. O Quadro 1 demonstra essa relação de alguns países da AL.

Em todo o período analisado, o homem foi aquele que mais esteve presente como empreendedor, seguindo a maioria dos países do mundo (GEM, 2010). Porém, o percentual de mulheres empreendedoras na região aumentou significantemente em 2014. Também é possível visualizar, por meio do gráfico 5, qual o percentual desses empreendedores, homens e mulheres, que esperam crescer nos próximos cinco anos, empregando pelo menos mais cinco novos funcionários.

Analisando os dados, infere-se que a Colômbia é o país onde os empreendedores mais esperam crescer e fazer novas contratações e, a partir de 2009, esse índice aumentou. No geral, os percentuais latino-americanos estão entre 10 e 40%, o que indica uma taxa não tão diferente dos países desenvolvidos, pois nesses o percentual compreende entre 20 e 40%. Isso significa que a perspectiva de crescimento dos países latino-americanos é similar a dos países mais desenvolvidos.
Apesar de existirem indivíduos abrindo negócios formais, ainda há muitas pessoas que investem informalmente em empreendimentos, ou seja, disponibilizam recursos para negócios iniciados por outras pessoas, como familiares próximos, parentes, amigos e vizinhos, colegas de trabalho, entre outros; mas não com a compra de ações ou a participação em fundos de investimento (GEM, 2004; ANDREASSI et al, 2012).
A Tabela 3 demonstra o percentual da força de trabalho que, em 2012, foram investidores informais, investindo em negócios iniciados por outras pessoas nos últimos três anos, bem como demonstra o valor médio que essas pessoas despenderam.

Países mais desenvolvidos têm taxas menores de investidores informais que os países da AL, em torno de 2,60%. Mas os países latino-americanos gastam menos nesses tipos de investimentos. Conforme a Tabela 6, a média da região é de US$4.059,73, já países com um nível de desenvolvimento mais elevado, investem em torno de US$40.000,00 (ANDREASSI et al, 2012). Em suma, isso significa que, apesar de os latino-americanos investirem mais em negócios informais que países os desenvolvidos, os valores investidos são menores. Nesse sentido, GEM (2004) afirma que, quando os valores investidos são baixos, os empreendedores, formuladores de políticas e programas, educadores e pesquisadores precisam dedicar mais atenção aos investidores informais, pois sem estes a dinâmica empreendedora sofre significativo desgaste, visto que é graças a eles que muitos negócios conseguem ser iniciados. Desta forma, é importante mostrar o panorama das razões que levam as pessoas a se arriscar no mundo dos negócios na AL.
Nesse cenário, conforme apontado por GEM (2015), as pessoas criam empreendimentos por diversas razões e uma delas pode ser a necessidade, ou seja, montar um negócio quando não há melhores opções de trabalho e há a necessidade em se ter renda. Em contraste, empreendimentos podem ser iniciados pelo desejo de manter ou melhorar a renda e independência, e não por não ter outra opção de trabalho. Esta atitude é denominada de empreendedorismo por oportunidade, onde o indivíduo identifica uma oportunidade de negócio e a persegue.
Na AL, a maioria das pessoas abre um negócio por avistar uma oportunidade (50,46%), porém, os percentuais de empreendimentos iniciados por necessidade também são representativos (25,5%), principalmente na Guatemala, onde o empreendedorismo por necessidade é maior que o por oportunidade, com taxas de 41% e 39%, respectivamente (GEM, 2015).  Segundo o GEM (2004, p.27), “quanto mais alto for o nível de escolaridade de um país, maior será a proporção de empreendedorismo por oportunidade”.  Ainda com relação à criação de empreendimentos, também é possível perceber o percentual das pessoas componentes da força de trabalho que acham que o empreendedorismo é uma boa opção de carreira, ou seja, algo que as pessoas desejam ser. Segundo Andreassi et al (2012), a atividade empreendedora como carreira é fundamental para o desenvolvimento do empreendedorismo. Porém, é importante que ela esteja relacionada ao empreendedorismo por oportunidade e não por necessidade.
Os percentuais latino-americanos de pessoas que pensam que o empreendedorismo é uma boa opção de carreira se encontra entre 60% e 95%, o que indica que mais da metade das pessoas acham que começar um negócio é uma opção de carreira desejável.  “Status, respeito, atenção da mídia, aceitação social, oportunidade de desenvolvimento pessoal e enriquecimento certamente são estímulos que motivam os indivíduos a perseguir uma carreira empreendedora” (ANDREASSI et al, 2012, p.32). Assim, conforme exposto, pode-se analisar alguns itens que estimulam as pessoas a ter uma carreira empreendedora.
A Tabela 4 demonstra os percentuais da força de trabalho que acreditam que um empreendedor de sucesso, em seu país, possui elevado status perante a sociedade; e que afirmam que verão casos de empreendedorismo de sucesso na mídia.

Em suma, cerca de 70% das pessoas trabalhadoras concordam que empreendedores de sucesso possuem alto status em seu país, sendo o Brasil o país latino-americano que mais afirmou isso. Quanto à atenção da mídia, Brasil, Peru, Equador e Costa Rica foram os países onde o percentual de pessoas que afirmam que observam casos de empreendedorismo de sucesso na mídia foi maior. Ambas médias dos itens analisados foram similares, por volta de 67%, verificando assim a importância que as pessoas dão a esses itens. Com o exposto, percebe-se que a mídia é uma grande divulgadora do empreendedorismo e adquirir alto status é algo que os empreendedores conseguem.
As pessoas podem iniciar novos negócios por perceber boas oportunidades e ter as habilidades necessárias e conhecimento para iniciá-los, ou seja, possuir capacidade. Capacidades seriam conhecimentos, habilidades e atitudes que foram desenvolvidas em diversas situações (como a formação superior, a experiência prática) e podem ser utilizadas em situações específicas no trabalho (RUAS, 2005).
A Tabela 5 demonstra o percentual de pessoas componentes da força de trabalho que afirmam identificar oportunidades de iniciar novos negócios na cidade onde vivem, bem como o percentual das que afirmam ter as habilidades necessárias para iniciar um empreendimento. Também demonstra as pessoas que apesar de perceber oportunidades, afirmam que o medo de fracassar as impediria de criar uma empresa.

Observa-se que mais da metade da força de trabalho da AL percebe oportunidades, e afirmam ter as capacidades necessárias para iniciá-las. Porém, o medo de fracassar pode ser um dos fatores que impedem esses indivíduos de colocarem essas oportunidades em prática, visto que esse percentual é alto, cerca de 30,31%. Mas, ainda assim, em países desenvolvidos os percentuais de medo de fracasso costumam ser maiores, entre 25 e 55%. Embora se suponha que em países mais desenvolvidos o medo do fracasso seja menor graças a todo o suporte neles existentes para as atividades empreendedoras, o que acontece não é isso. Em virtude de os projetos de empreendedorismo nesses países serem mais inovadores e envolverem maior investimento, o risco tende a ser relativamente mais elevado (ANDREASSI et al, 2012).

O papel da Inovação na América Latina

As empresas da AL introduzem novos produtos com menos frequência que as empresas de economias parecidas, e também o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e os registros de patentes estão abaixo dos níveis de referência (LEDERMAN et al, 2014). A porcentagem de empresas que se envolvem em atividades inovadoras, por meio da inserção de novos produtos foi mais baixa em países latino-americanos que em outros países durante o período de 2006 a 2010, e a Argentina foi o país latino-americano que apresentou maior percentual, com cerca de 70% das empresas introduzindo novos produtos no mercado.
A figura 6 apresenta a percepção da introdução de novos produtos do ponto de vista dos empreendedores latino-americanos, apresentando o percentual dos componentes da TEA que indicam que o seu produto ou serviço é novo para, pelo menos, alguns clientes e afirmam não haver muitos concorrentes oferecendo o mesmo produto ou serviço na localidade onde atuam.

Denota-se uma grande disparidade na região no quesito de introduzir novos produtos, sendo o Chile o país onde os empreendedores mais indicam que seus produtos são novos, contrastando com o Brasil, país onde há menos produtos novos introduzidos ao longo dos anos. Isso pode indicar também que há poucos concorrentes para as empresas que inserem novos produtos no Chile e mais concorrentes conforme os percentuais vão diminuindo.
Segundo Lederman et al (2014), a qualidade da educação na AL também pode explicar a falta de inovação na região. A região carece de engenheiros e cientistas, considerados como um capital humano importante para a inovação, visto que são eles que normalmente fazem pesquisas e projetam novos produtos. Com exceção de Cuba, o restante dos países latino-americanos investiu percentuais abaixo de 7% de seu PIB em educação em 2013, sendo que o Haiti é o país que menos investe, utilizando menos de 2%. Apesar de vários países investirem o mesmo que países desenvolvidos, o retorno esperado por esse investimento não acontece.
Quanto ao capital humano, a quantidade que um país possui desse é medida por meio da média de anos de escolarização da população ativa e a qualidade da educação, que por sua vez é medida pelos resultados obtidos em provas acadêmicas padronizadas (LEDERMAN et al, 2014). Ambas as médias, segundo Ferreira et al (2013) são menores na AL que em outros países comparados. A quantidade de engenheiros nos países latino-americanos está abaixo do esperado pelo seu desenvolvimento econômico atual. O número de engenheiros é baixo, inclusive, nos dois países latino-americanos que mais intercambiam bens com o mundo: Brasil e México (LEDERMAN et al, 2014). Ainda segundo Lederman et al (2014), por razões históricas, as universidades da AL sempre enfatizaram os cursos de humanas, direito e disciplinas sociais, econômicas e políticas, o que pode ter restringido sua capacidade de formar engenheiros e cientistas.
Pode ser que os jovens se sintam mais atraídos às disciplinas relevantes para os problemas que passam suas sociedades, o que explicaria porque há tantos sociólogos se formando na AL, assim como mais macroeconomistas que microeconomistas. Na Figura 7 fica perceptível essa diferença na área de formação dos pesquisadores.

Desta forma, percebe-se que os pesquisadores em economias mais desenvolvidas são, em sua maioria, da área de engenharia e tecnologia, contrastando com os países latino-americanos, que investem mais em ciências sociais e ciências agrícolas, esta última quase não aparecendo nos países com economias desenvolvidas. A proporção dos pesquisadores que se dedicam a engenharia e tecnologia oscila entre 10% e 30% na AL, enquanto que países como Japão e Coreia do Sul registram taxas por volta de 60% (BID, 2011). Lederman et al (2014) ainda afirma que as empresas latino-americanas investem pouco em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a atividade de registro de patentes está abaixo dos níveis de referência.
A Figura 8 demonstra os gastos com P&D que os países latino-americanos e outros países tiveram em 1998 e 2008.

Enquanto que a participação dos gastos com P&D no PIB cresceu nas economias mais avançadas entre 1998 e 2008, nos países da AL as melhoras foram modestas (BID, 2011). Ao contrário de economias desenvolvidas, onde a maioria dos países continua a aumentar esse investimento, na AL os esforços para melhorar o investimento em P&D estão concentrados em poucos países. Em 2007, 60% das despesas em P&D da região foram do Brasil (BID, 2011). O BID (2011) ainda afirma que outra característica da AL é a falta de participação do setor privado na inovação. O financiamento de P&D continua altamente concentrado em instituições públicas (agências governamentais e universidades) e constitui 59% do investimento total, enquanto na OCDE o número é de 35%.
A Figura 9 apresenta os gastos de alguns países da AL por fonte de financiamento, bem como os gastos de outros países para que se possa comparar.

Percebe-se que nenhum país latino-americano tem financiamento maior que 50% advindo de empresas, enquanto que nos outros países, em sua maioria, predominam esse tipo de financiamento. Dessa forma, fica vísivel como é importante as empresas se conscientizarem acerca da importância do investimento em P&D para a sua competitividade. A região ainda é muito dependente de outras fontes para investir em P&D, necessitando ser mais independente. A AL é muito empreendedora, mas se esses empreendedores não buscarem formas de se fortalecer e se diferenciar, não poderão competir em mercados internacionais e, possilvelmente, suas empresas não durarão muito tempo no mercado.
Sobre os registros de patentes, também se faz necessário analisá-los para que se tenha entendimento de como está a criação de novos produtos e tecnologias na AL. Não há nenhum país na AL que o número de patentes se aproxima do nível de países de alta renda; além disso, a maioria dos países latino-americanos registraram menos patentes que países com renda similar. O Brasil, por exemplo, registrou apenas cinco patentes por milhão de pessoas entre 2006 e 2010, metade do valor per capita da China (10) e pouco menos de um quarto do nível per capita da Bulgária (22) (LEDERMAN et al, 2014).
Pode-se dizer que o acesso a novos mercados através do comércio também é um dos sintomas do empreendedorismo transformador. Em mercados de exportação prosperam apenas as empresas com o melhor desempenho, tanto é que a maioria das empresas que entram nos mercados de exportação não sobrevive mais de um ano (LEDERMAN et al, 2014). A partir deste cenário, no âmbito das exportações de tecnologia, a Figura 10 apresenta os percentuais de exportação desses produtos manufaturados nos países latino-americanos e outros países.

A maioria dos países latino-americanos exporta menos tecnologias que outros países. Apesar da Costa Rica ter uma porcentagem de 30% de exportação desses produtos no ano de 2008, em 1998 ela exportou quase 45%, o que indica que suas exportações de tecnologia decaíram. No geral, a AL exportou menos de 15% durante os dois anos analisados, enquanto que países como a China e a Irlanda e os participantes da OCDE exportaram mais de 15%.  Conforme já destacado, a AL é uma grande exportadora de bens primários, não se sobressaindo nas exportações de bens manufaturados, principalmente de alta tecnologia. Ainda sobre as exportações, na percepção dos próprios empreendedores, a Figura 11 demonstra o percentual da TEA que indica que pelo menos 25% dos seus clientes são de outros países, independente do tipo de produto exportado, promovendo a visualização dos negócios novos ou em desenvolvimento que possuem clientes internacionais.

Percebe-se que, quando os negócios são novos ou estão em recente desenvolvimento, menos de 20% dos clientes da região são internacionais. O Brasil foi o país que, durante o período exposto, teve percentuais mais baixos, chegando a praticamente 0% em 2009 e 2010. Os percentuais da AL, com exceção dos abaixo de 5%, segundo os dados da pesquisa GEM (2015), podem ser considerados dentro do normal, se comparados com países como Alemanha, Estados Unidos e Japão.

Considerações Finais

Na atualidade, com a globalização e a inter-relação que a mesma proporciona, os países estão constantemente se comunicando e mantendo relações comerciais. O mundo se transformou em uma economia do conhecimento onde o grau e a velocidade com que uma sociedade absorve novas tecnologias, obtém e compartilha informação em escala mundial e cria e dissemina novos conhecimentos determina a sua capacidade para operar e competir (BID, 2011).
Para se manter nesse ambiente e não sofrer danos, os países precisam se adequar as exigências do ambiente competitivo, melhorando a forma como empreendem e utilizando a inovação como um recurso-chave para o desenvolvimento de suas economias. A AL, região que engloba vários países, incluindo o Brasil, ao longo dos anos teve crescimentos e desacelerações econômicas, essas últimas prejudiciais e que podem afetar ganhos que a população latino-americana já adquiriu na área social. Nesse contexto, o estudo objetivou compreender o perfil do empreendedorismo e inovação na AL.
Uma síntese dos principais resultados da pesquisa é apresentada no Quadro 2.

Como proposta, sugere-se que o governo crie programas ou melhore os já existentes para aumentar a consciência dos empresários a respeito do papel da inovação tecnológica no aumento da eficiência e da lucratividade das empresas. Nesse sentido, se faz relevante também educar as pessoas para que entendam a importância de outras áreas de estudo, bem como o registro de patentes para assegurar suas invenções e inovações. Também é importante que fiquem atentos aos empreendedores por necessidade, pois índices elevados sugerem que há algo de errado com a economia, visto que esses só estão criando negócios por que não têm outra opção.
A pesquisa limitou-se a alguns países selecionados pela autora como AL, portanto percebe-se a viabilidade de estudo em outras regiões ou países. Como proposta para estudos futuros a partir do tema desse estudo, recomenda-se uma pesquisa com outras regiões, ou um aprofundamento maior sobre a AL, visto que muitos outros fatores podem influenciar o empreendedorismo além da inovação. 
Assim, conclui-se que o tema é bastante relevante para profissionais de administração, sociologia e economia, assim como para acadêmicos que buscam mais informações a respeito. Nesse sentido, também pode ser importante para os governos, visto que são eles que podem estar buscando soluções para os itens em que a AL não se sobressai.

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* Parte deste artigo foi apresentado no XVI Congresso Latino-Iberoamericano da Gestão da Tecnologia ALTEC, em 2015.

** Graduada em Administração com ênfase em Comércio Exterior/Unesc. Email: millenabiff@outlook.com

*** Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico PPGDS/UNESC. Professor curso Administração/COMEX/UNESC Email: zilli42@hotmail.com

**** Doutora em Desenvolvimento Econômico / UNICAMP, professora doutora Programa Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico PPGDS/UNESC, professora colaboradora INCT/PPED/UFRJ. Email: dricpvieira@gmail.com

***** Doutor em Desenvolvimento Econômico / UNICAMP, Professor do Curso em Ciências Econômicas, do Mestrado Profissional em Desenvolvimento Econômico e do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Econômico do Departamento de Economia da UFPR. Email: jrgarcia1989@gmail.com


Recibido: 14/06/2017 Aceptado: 20/06/2017 Publicado: Junio de 2017

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