Nádia Batista de Carvalho*
Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Brasil
nadiiabc@hotmail.comRESUMO:
A Previdência Social Brasileira, enquanto provedora de benefícios, é instrumento de política pública de distribuição de renda. O papel da previdência é referência nos rendimentos dos idosos e os benefícios previdenciários influenciam na economia dos brasileiros. O Estado, enquanto principal financiador dos programas está em crise. Diante disso, tornou-se relevante verificar como o Sistema Previdência Social no Brasil tem sido um gerador de renda para a população de modo que seja um fator de desenvolvimento socioeconômico no país? Atualmente a Seguridade Social brasileira vem desempenhando papel fundamental na manutenção da estabilidade social do país, garantindo aos trabalhadores renda para sua subsistência e de sua família, nas ocorrências de idade avançada, invalidez, doença, maternidade, reclusão, entre outras, que não permitem sua permanência na atividade. O objetivo deste artigo é verificar em que medida a Previdência Social Brasileira, enquanto provedora de benefícios e instrumento de política pública de distribuição de renda tem contribuído para o desenvolvimento socioeconômico do país. Observou-se que fatores econômicos e demográficos interagem e determinam fluxos financeiros da Previdência Social e dessa forma foi possível identificar a previdência social como instrumento na ampliação da renda dos brasileiros.
PALAVRAS-CHAVE: Previdência Social, Renda, Desenvolvimento, Economia.
SUMMARY:
The Brazilian Social Welfare, as provider of benefits, is public policy instrument of income distribution. The role of security is a reference in the income of the elderly and pension benefits influence the economy of Brazil. The state, as the main financier of programs is in crisis. Therefore, it became important to see how the Social Security System in Brazil has been an income generator for the population so that it is a socio-economic development factor in the country? Currently the Brazilian Social Security has played a fundamental role in maintaining social stability in the country, ensuring that workers income for their livelihood and his family, the elderly occurrences, disability, sickness, maternity, imprisonment, among others, that do not allow your stay in the activity. The purpose of this article is to verify to what extent the Brazilian Social Welfare, as provider of benefits and public policy instrument of income distribution has contributed to the socioeconomic development of the country. It was observed that economic and demographic factors interact to determine financial flows of Social Security and thus it was possible to identify the social security as a tool in increasing the income of Brazilians.
KEYWORDS: Social Security Income, Development, Economics
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
 Nádia Batista de Carvalho (2016): “A previdência social brasileira como política pública de renda no Brasil”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (julio-septiembre 2016). En línea: 
http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/03/previdencia.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/CCCSS-2016-03-previdencia
INTRODUÇÃO
Na história da  humanidade é relativamente recente o estabelecimento em nível normativo da  proteção aos direitos sociais. O surgimento da Previdência Social vinculou-se  não somente à luta dos trabalhadores e sindicatos por melhores condições de  vida, mas, também, se tornou uma preocupação estatal de seus cidadãos o que fez  parte integrante da grande evolução ocorrida no século XX (Giambiagi e Além,  2000). 
  Na história mundial, convencionou-se  como marco de origem da Previdência Social a Alemanha, na figura do chanceler  Otto Von Bismarck, em resposta às greves e pressões dos trabalhadores. Final do  século XXI, instituiu-se o seguro social para os casos de doença, invalidez e  velhice, espalhando-se por todos os continentes (SANDRONI, 2007). Esta foi a  gênese da proteção garantida pelo Estado como arrecadador de contribuições  exigidas compulsoriamente dos participantes do sistema securitário. 
  Embora  consciente das limitações dessa pesquisa, buscou-se fazer uma analise do papel  da Previdência Social a partir da verificação de dados que podem ser  considerados determinantes para classificar a previdência como principal  instrumento de políticas públicas no Brasil.
            A  Previdência Social nasceu da necessidade de assegurar os bens materiais  essenciais para o futuro dos indivíduos, e resulta de um sentimento de  solidariedade que se manifesta na assistência à população vulnerável. Diante  disso, tornou-se relevante verificar como o Sistema de Previdência Social no  Brasil tem contribuido para melhor distribuição de renda para a população, de  modo que seja um fator de desenvolvimento socioeconomico no país?
            O objetivo  deste artigo  é verificar se a  Previdência Social Brasileira, enquanto provedora de benefícios, pois é  instrumento de políticas pública de distribuição de renda. 
  A Previdência Social vem se  mostrando ao longo do tempo como fonte indispensável de inclusão social  principalmente em virtude dos recursos provenientes dos aposentados de mais  baixa renda, que transformam esses rendimentos em gastos de consumo na  localidade onde recebem seus proventos. Atualmente a Previdência Social  tornou-se, no âmbito socioeconômico, uma política pública eficiente nas  distribuições de renda.   A presente pesquisa  faz referência ao papel da Previdência Social nos rendimentos  dos brasileiros e a influência dos benefícios previdenciários na distribuição  de renda no Brasil. As políticas públicas  são compostas por políticas econômicas e sociais e têm no Estado o seu  formulador e executor. No Brasil, historicamente, as políticas sociais  estiveram submetidas às necessidades da política econômica, a serviço do  processo de produção capitalista. A renda transferida pela Previdência é  utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte, quando ele perde  a capacidade de trabalho, seja pela doença, invalidez, idade avançada, morte e  desemprego involuntário, ou mesmo a maternidade e a reclusão. 
  O tema - Previdência Social no Brasil  sugere várias pesquisas e estudos, difícil seria não falar sobre aspectos  conjunturais, estruturais socioeconômicos, políticos, jurídicos e até mesmo  contábeis. Contudo, não nos aprofundaremos em tais questões. Não  cabe aqui enumerar ou detalhar as espécies de benefícios concedidos pela  Previdência Social e sim relacioná-los com a distribuição de renda resultante  de seu recebimento pela população, em especial a de mais baixa renda. 
Funções  do Governo 
  Por intermédio do orçamento  público, os governos perseguem os objetivos de satisfazer as necessidades  sociais, de induzir a uma eficiente utilização dos recursos e de corrigir a  distribuição de renda em uma sociedade (NASCIMENTO, 2006). 
  As receitas e as despesas do Estado são  utilizadas como instrumentos na dinâmica econômica. Assim, Musgrave e Musgrave  (1980) consideram que a ação do governo na economia através da política fiscal  abrange três funções básicas assim chamadas de Divisões de Alocação, de  Estabilização e de Distribuição. O primeiro deve determinar quem deve responder  pelos custos e quais as políticas de receitas e despesas necessárias para  consecução dos objetivos desejados; e o administrador da Divisão de  Estabilização deve decidir o que tem de ser feito, a fim de assegurar a  estabilização do nível de preços e o pleno emprego; o administrador da Divisão  de Distribuição deve determinar quais os passos que precisam ser dados, de modo  a estabelecer o estado desejado de distribuição. 
  A Divisão de Alocação é o  processo pelo qual o governo divide os recursos para utilização no setor  público e privado, oferecendo bens públicos, semipúblicos ou meritórios, como  rodovias, segurança, educação, saúde, entre outros aos cidadãos (NASCIMENTO,  2006). Para Giambiagi e Além (2000), Divisão de Alocação, diz respeito ao  fornecimento de bens públicos, já que estes não podem ser fornecidos de forma  compatível com as necessidades da sociedade através do sistema de mercado. É  nesse sentido que o processo político surge como substituto do mecanismo do  sistema de mercado.
  A Divisão de Estabilização  corresponde à aplicação das diversas políticas econômicas pelo governo, a fim  de promover um alto nível de emprego, o controle de níveis de preços, uma taxa  apropriada de crescimento econômico, o desenvolvimento e a estabilidade, quando  o mercado é incapaz de assegurar o alcance desses objetivos (NASCIMENTO, 2006).  Essa função busca proporcionar um crescimento equilibrado na economia, o que  significa dizer: sem crises macroeconômicas. 
  Para Giambiagi e Além (2000),  a intervenção do governo pode ser importante no sentido de proteger a economia  de flutuações bruscas, caracterizadas pelo alto nível de desemprego e/ou alto  nível de inflação. Para isso, os principais instrumentos macroeconômicos à  disposição do governo são as políticas fiscais e monetárias. 
  A Divisão de Distribuição  refere-se à distribuição, por parte do governo, de rendas e riquezas, buscando  assegurar uma adequação àquilo que a sociedade considera justo. Para isso o  governo utiliza de alguns instrumentos principais: a) as transferências (ex:  imposto de renda negativo e programas de transferência de renda); os impostos;  os subsídios. De fato, esses três instrumentos estão estreitamente  relacionados, havendo várias formas de promover uma redistribuição de renda  (GIAMBIAGI; ALÉM, 2000). 
  Para financiar essas funções,  o setor governamental utiliza-se da tributação, ou seja, de impostos cobrados  direta ou indiretamente dos agentes econômicos e cidadãos como fonte de obtenção  de receitas (NASCIMENTO, 2006).  
  De acordo com Nascimento  (2006), o gasto público é o principal instrumento para viabilização das  Políticas Públicas de distribuição de renda. Cabe ao Estado promover a melhora  na distribuição da renda usando, para isso, todos os instrumentos legais de que  dispõe. Isso significa utilizar os impostos diretos, indiretos, subsídios,  incentivos, isenções, transferências, dentre outros. 
  Para exercer o cumprimento da  finalidade do Estado é necessário o mecanismo de Finanças Públicas que é  destacado por Sandroni (2007), como o setor que controla a massa de dinheiro e  de crédito que o Governo Federal e os órgãos a ele subordinados movimenta em um  país. Nas Finanças Públicas estão incluídas a receita e a despesa pública  (SANDRONI, 2007).
  Nesse contexto pode-se  inferir que os gastos públicos estão no contexto da Divisão de Alocação,  provendo bens e serviços para os cidadãos, e os programas de transferência de  renda, na Divisão de Distribuição, em que por essa ação o governo busca  diminuir a má distribuição de renda e combater a desigualdade social.  
Políticas  Públicas 
            Políticas Públicas são ações do Estado,  que mobilizam diretamente todos aqueles envolvidos com a administração pública.  Segundo O’Donnel e Schmitter (1988), Políticas Públicas são instâncias  empíricas do Estado em ação.
            É  possível afirmar que as Políticas Públicas são uma resultante da atividade da  política quando compreendem o conjunto das decisões e ações relativas à  alocação imperativa de valores envolvendo bens públicos. E que pode também ser  entendida como políticas e que esta consiste na resolução pacífica de  conflitos, processo essencial à preservação da vida em sociedade.
            Para  Rua (2009), a implementação de Políticas Públicas compreende o conjunto de  eventos e atividades que acontecem após a definição das diretrizes de uma  política, que incluem tanto o esforço para administrá-la, como seus  substantivos impactos sobre pessoas e eventos. 
            Na  prática a implementação pode ser compreendida como o conjunto de decisões e  ações realizadas por grupos ou indivíduos, de natureza pública ou privada, as  quais são direcionadas para a consecução de objetivos estabelecidos mediante  decisões anteriores sobre uma determinada Política Pública (SOUZA, 2003). Ou  seja, a implementação consiste em fazer uma política sair do papel e funcionar  efetivamente.
            Souza  (2003) apontou a existência de três tipos de políticas públicas: as  redistributivas, as distributivas e as regulatórias. 
A  importância do papel social da Previdência Social 
  A Previdência  Social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição pública  que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A  renda transferida pela Previdência Social é utilizada para substituir a renda  do trabalhador contribuinte quando ele perde a capacidade de trabalho, seja por  doença, invalidez, idade avançada, morte e desemprego involuntário, ou mesmo a  maternidade e a reclusão.  
  São dois os tipos  de regimes previdenciários, o primeiro é o Regime de Repartição, cujas  contribuições dos trabalhadores em um determinado período são utilizadas no  mesmo período para o pagamento das aposentadorias aos inativos. Neste sistema  os benefícios pagos na velhice a cada geração são financiados pelas contribuições  das gerações seguintes, tal regime é adotado no Brasil. O segundo regime é o de  capitalização, cujas contribuições de cada indivíduo são aplicadas e  capitalizadas a cada período, visando formar um fundo que custeará sua própria  aposentadoria, quando passar para inatividade (BIDERMAN; ARVATE, 2005).
  Encontra-se  detalhado o conceito de Seguridade Social na Constituição Federal (Art. nº.  194) da seguinte forma:
                               A seguridade  social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes  Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à  saúde, à previdência e à assistência social. (grifo nosso)
  Esse direito se  origina da necessidade de gerar condições mínimas de vida num futuro incerto.
  Há diferenças  entre os regimes previdenciários no mundo, mas a idéia básica, que é de  manutenção das condições financeiras após uma vida inteira de trabalho, é igual  a todos. 
  A Previdência  Social visa assegurar níveis economicamente mais elevados de subsistência,  mediante contrapartida financeira, que se dá através das contribuições previdenciárias,  ou seja, a Previdência assume o papel de melhorar a condição de vida do  individuo.
  A Previdência Social  no Brasil tem  como estrutura básica o Ministério da Previdência Social (MPS), o Instituto  Nacional do Seguro Social (INSS), a Empresa de Tecnologia e Informações da  Previdência Social (DATAPREV) e os Órgãos Colegiados.
  Segundo Brasil  (1998) a função da Previdência é prover um seguro de renda destinado àqueles  que perderam sua capacidade de trabalho e está relacionado, essencialmente, à  velhice, dentre outros motivos. 
  O papel da  Constituição de 1998 foi fundamental ao universalizar os benefícios urbanos  para o setor rural, proporcionando a incorporação de milhares de pessoas que de  outra forma não teriam acesso ao sistema.
            De acordo com Ibrahim (2008) a  Previdência Social é o seguro sui generis, pois é de filiação compulsória para os regimes básicos Regime Geral de  Previdência Social (RGPS) e Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), além  de coletivo, contributivo e de organização estatal, amparando seus  beneficiários contra os chamados riscos sociais1 .  Já o regime complementar tem como características a autonomia frente aos  regimes básicos e a facultatividade de ingresso, sendo igualmente contributivo,  coletivo ou individual. O ingresso também poderá ser voluntário no RGPS para  aqueles que não exercem atividade remunerada, ou seja, os chamados autônomos.
   No Brasil é utilizado o regime de  repartição simples, ou seja, a previdência social como um sistema solidário, por meio do qual há uma estrutura de  transferências de uma parte da sociedade para outra, particularmente dos  adultos para os idosos e dos indivíduos com boa saúde para os inválidos, sendo  o atendimento dos grupos sociais necessitados uma função do Estado, custeada  pelos demais grupos da sociedade (GIAMBIAGI; ALÉM, 2000).
  O  sistema previdenciário deve ser auto-sustentável, isto é, deve financiar-se a  partir das contribuições de seus participantes, evitando-se uma dependência  indevida de recursos estatais, o que naturalmente poderia comprometer o sistema  protetivo.
  A  Previdência Social, por sua vez, tem por fim na Constituição Federal, art. 201:
  Assegurar aos seus  beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade,  idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família  e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente (BRASIL, 2011, p.  72).
  Os regimes  básicos da previdência brasileira são necessariamente mantidos pelo Poder  Público, sendo o RGPS responsabilidade da União, como determina a Constituição.  A entidade gestora do RGPS é o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social,  autarquia federal vinculada ao Ministério da Previdência Social.
  Além  de contribuir de forma eficaz para a melhoria do bem estar social, a  Previdência Social adquire uma inesperada importância econômica para a maioria  dos municípios brasileiros, pelo efeito multiplicador dos recursos injetados na  economia através do pagamento dos benefícios previdenciários (IBRAHIM, 2008).
A contribuição da Previdência Social Brasileira para o  desenvolvimento socioeconômico do país.
  O Regime Geral de  Previdência Social é, sem dúvida, um dos mecanismos mais efetivos de proteção  social no Brasil, beneficiando direta e indiretamente parcela significativa da  população brasileira. Podemos melhor perceber a proteção social, considerando o  número de segurados do RGPS em relação ao total de trabalhadores ocupados  (Tabela 1). O Regime Geral é o regime de previdência que protege a maior parte  dos trabalhadores do País. O RGPS cobre os trabalhadores assalariados urbanos,  autônomos, domésticos e rurais, ou seja, é a previdência dos trabalhadores da iniciativa  privada e dos funcionários públicos celetistas. Atualmente, são quase 36,4 milhões  de contribuintes (MPS, 2007).
  Em 2007, segundo  a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), cerca de 65,1% da  população ocupada no setor privado do país era protegida (na condição de  contribuintes e/ou beneficiários) pelo Regime Geral de Previdência Social. Este  indicador de cobertura da população ocupada, em declínio na década de 1990, tem  dado sinais fortes de recuperação nos últimos anos (Tabela 1). Essa recuperação  tem contribuído para aumentar o impacto da Previdência Social como mecanismo de  proteção social. 
Um dos principais  impactos sociais da Previdência Social é a redução da pobreza no País. Em 2007,  56,87 milhões de pessoas em situação de pobreza considerando rendas de todas as  fontes, número que chegou a 79,10 milhões quando excluídos todos os rendimentos  oriundos da Previdência Social. Isso significa que as transferências  previdenciárias foram responsáveis pela retirada de aproximadamente 22,23  milhões de pessoas, de todas as faixas etárias, da condição de pobreza 2.  A Tabela 2, a seguir, mostra inclusive que a expansão da cobertura social nos  últimos anos tem intensificado este efeito. 
  Vale ressaltar, que  o custeio da Previdência Social ocorre mediante recursos provenientes dos  orçamentos da União, do Distrito Federal, e dos Municípios e das contribuições  sociais do empregador, do trabalhador e sobre receitas de concursos de  prognósticos, dessa forma fica evidente o financiamento da distribuição de  renda exprimindo a participação da sociedade no processo.
A Previdência tem  uma importante função social – o subsistema rural da Previdência devido às suas  especificidades. Observa-se na Tabela 3 o aumento gradual da quantidade de  benefícios da Previdência Rural durante o período em destaque, o que leva a  concluir uma maior participação dos beneficiários na renda total da família. Há  um efeito benéfico do ponto de vista distributivo no crescimento da  participação da renda dos inativos rurais na renda domiciliar verificado nos  intervalos do ano de 2008 – 2011. 
  Entre dezembro de  2002 e Janeiro de 2011, a quantidade de benefícios previdenciários e  acidentários emitidos pela Previdência aumentou 29,5%, passando de 18,9 milhões  para 24,4 milhões. 
O impacto das  transferências previdenciárias sobre a pobreza se concentra na população idosa  (Gráfico 1), tendo em vista o foco da Previdência Social na garantia de renda  para o trabalhador ao final de sua vida economicamente ativa. Em que pese este  maior peso da renda previdenciária para aqueles com idade superior aos 60 anos  — idade a partir da qual nota-se uma significativa expansão da diferença entre  o percentual de pobres com e sem as transferências previdenciárias, a expansão  da cobertura previdenciária produz efeitos positivos em todas as faixas  etárias, beneficiando indiretamente outros grupos populacionais.
  As aposentadorias  e pensões, no ano de 2006, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios  - PNAD, beneficiaram um grande número de pessoas idosas. 
A Previdência  Social tem se consolidado como a maior distribuidora de renda do Brasil. Em  2008, os benefícios pagos pela Previdência superaram os repasses do Fundo de  Participação dos Municípios (FPM) em mais de 60% dos 5.564 municípios  brasileiros. Em 3.449 cidades brasileiras, o total de pagamentos relativos a  benefícios previdenciários ficou acima do que os municípios receberam do FPM  (Tabela 4), que para grande parte das pequenas localidades é a principal fonte  de receita.
  Os dados da  Tabela 4 mostram o importante papel da Previdência na distribuição de renda  entre as regiões. Os recursos provenientes dos benefícios previdenciários  garantem a segurança social de milhões de famílias e também têm impacto  significativo para o desenvolvimento econômico.
A Tabela 4 mostra que os benefícios previdenciários vêm superando a arrecadação e o valor do FPM na maioria dos municípios, o que demonstra a importância dos benefícios para a movimentação econômica dos mesmos.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
            As Políticas Públicas de natureza social repercutem no  processo de envelhecimento, revelando os níveis e as distinções de cidadania  atingidos pela sociedade, ou seja, a vida protegida implica políticas de  segurança do nascimento à velhice, não somente, de responsabilidade do Governo  e da sociedade em conjunto. Este componente é o princípio ético-social  securitário.
  A Previdência  Social no Brasil é uma Política Pública de distribuição de rendas que cumpre o  princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.
  A questão social é razão suficiente  para a defesa da Previdência Social. A grande maioria dos benefícios  previdenciários possui a capacidade de dinamizar a economia em nível nacional.
  A Previdência tem  uma função social extremamente relevante como instrumento de combate à pobreza,  e de proteção à perda da capacidade laboral, ou seja, a partir do momento em  que o individuo perde a condição de ocupado faz uso da renda previdenciária  para contribuir em parte na renda familiar.
  Os dados mostram  que a presença dessa fonte de renda para inúmeras famílias brasileiras, que a  partir da Constituição de 1988, dentro do conceito de Seguridade Social, passou  a ser universal para todos os trabalhadores, dinamizando a distribuição de  renda e amenizando a questão da pobreza no país.
  A Previdência  Social no Brasil, enquanto provedora de benefícios, é sim, instrumento de  Políticas Públicas de distribuição de renda no Brasil.  
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* Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Santa Cruz (2009), especialização em Controladoria e Finanças pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (2011) e especialização em Gestão Pública pela Universidade do Estado da Bahia (2013). Atualmente é professora na área de Gestão e Negócios na Secretaria de Educação do Estado da Bahia e atua como gerente administrativa no comércio varejista de artigos ópticos na cidade de Itabuna – Ótica Globo. Tem experiência na área de Economia e Administração. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4056883852455023
1 Riscos sociais - Entendemos como as adversidades da vida a que qualquer pessoa está submetida, como risco de doença ou acidente, tanto quanto eventos previsíveis, como idade avançada – geradores de impedimento para o segurado providenciar sua manutenção.
2 A estimativa deste impacto foi elaborada tomando-se em conta a quantidade de pessoas com renda domiciliar per capita abaixo de meio salário mínimo – valor definido para a “linha de pobreza”, conforme se inclui ou exclui a renda previdenciária (MPS, 2007).
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