Contribuciones a las Ciencias Sociales
Abril 2010

A RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA: A INFLUÊNCIA DO MATERIALISMO DE FEUERBACH NO PENSAMENTO DE MARX
 

 

César Augusto Soares da Costa
Ricardo Cruz
Daniele Caldas
csc193@hotmail.com


 

Antes de tudo, convém assinalar que o período de fermentação filosófica na Alemanha gerou por volta de 1830-1840, um novo Iluminismo que vinha apregoado nas idéias de Hegel, Feuerbach e Marx (FREDERICO E SAMPAIO, 2006). Cabe em nosso breve estudo, apontar quais perspectivas do materialismo feuerbachiano tiveram influência decisiva na compreensão de natureza elaborada por Karl Marx. Mas antes de tudo, convém definirmos os principais aspectos da influência hegeliana na compreensão do conhecimento de ambos os autores.

Em relação à epistemologia hegeliana, a relação sujeito-objeto é um dos itens tratados na sua elaboração. Para Hegel, o abstrato da razão é entendido como Espírito, e subentendido como objetivação no papel do Estado alemão. Segundo ele, o sujeito é abstrato, independente do indivíduo que se encarna na razão (PLEKHÂNOV, 1989). O ser nesta acepção, é objeto, pensando fora de si mesmo.

Para Feuerbach, contrário a esta visão, o pensamento não existe fora do homem. O autor, levanta uma tendência material em sua conceituação, porque o homem é o núcleo entre o ser e o pensar. Marx vem assumir essa, embora contrapondo de certa forma, porque para ele, a transição ao materialismo inverte a relação entre o ser e o pensar, da qual constitui o cerne da filosofia marxista. Segundo Marx, o mediador do conhecimento é a práxis, diferindo de Hegel que pensa a essência. Em Feuerbach, a unidade entre ser e pensamento se dá pela forma que o homem é um ser material e que sua natureza lhe possibilita a faculdade de pensar. Ou seja, o homem é antes de tudo, um ser natural! Em síntese, podemos assinalar que em Hegel a natureza é exterior ao ser, para Feuerbach a natureza é essencial do ser. O seu pensamento provém do ser e não o ser do pensamento.
 



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Soares da Costa, Cruz y Caldas: A Relação homem-natureza: a influência do materialismo de Feuerbach no pensamento de Marx, en Contribuciones a las Ciencias Sociales, abril 2010, www.eumed.net/rev/cccss/08/ccc.htm 


Mas afinal quais seriam as bases do materialismo de Marx? Poderíamos dizer que o autor, sai das entranhas do materialismo feuerbachiano (FREDERICO E SAMPAIO, 2006). Ele assume na história uma perspectiva teórico-social, visto a partir das relações sociais de produção. Pois a essência do homem é o seu ser. Marx se utiliza de Feuerbach, onde para este, o real é sensível, é a verdade que reside na união de dois sujeitos reais em sua natureza. Essa união nasce da intuição da essência universal de ambos os sujeitos. Assim, a verdade está no homem em sua essência! Uma consciência sensível e não abstrata!

Em linhas gerais, Feuerbach desmontou o sistema Hegeliano, mas sua filosofia pecou por situar no sensível, no intuitivo, no naturalismo a essência do ser (visto como ser isolado), indicando que o ser permanece no “ser em si” de Hegel. Logo, também fez do homem um ser satisfeito com sua essência, que por ser natural, é imutável. Já o materialismo de Marx, proposto em suas Teses sobre Feuerbach (1845), situam o materialismo além do sujeito pensante. A relação dos sujeitos em condições materiais e suas necessidades os homens embora sejam sensíveis, são seres concretos-reais, fruto das relações de produção. Assim, “ser e consciência” são determinantes para o homem. Podemos afirmar que nas Teses, Marx aponta para as relações entre natureza e homem em direção à atividade prática no centro do debate. Para o autor, a atividade humana fundada na práxis é critério de transformação! Sujeito e objeto no plano do conhecimento tem que ser inscritos no plano prático, diferentemente do idealista (abstrato hegeliano). Marx tece críticas à Feuerbach por ver no objeto o “outro” como algo oposto a ele, em vez de considerar subjetivamente como produto de sua atividade. Conseqüentemente, o conhecer para Marx, é uma atividade humana integrada na relação entre o mundo (natureza) e o homem (VÁSQUEZ, 2008).

Por fim, podemos traçar que as influências feuerbachianas no pensamento de Marx se inserem: na rejeição da filosofia especulativa de Hegel; em ressaltar o caráter sensorial do materialismo; que a ciência precisa estar enraizada na natureza; que a base natural é encontrada na matéria vista como objeto da razão, pois razão e matéria andam juntas. Em suma, vale registrar a máxima do aforismo feuerbachiano que pensou demais a natureza, esquecendo a política (FOSTER, 2005) como esfera da mesma!

Referências

FREDERICO, Celso; SAMPAIO, Benedicto. Dialética e materialismo: Marx entre Hegel e Feurbach. Rio de Janeiro: UFRJ, 2006.

FOSTER, John Bellamy. A Ecologia de Marx. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

MARX, K. Teses sobre Feurbach. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1988.

PLEKHÂNOV, G. Os princípios fundamentais do marxismo. São Paulo: Hucitec, 1989.

VÁSQUEZ, Adolfo Sanchez. Filosofia da práxis. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

 


Editor:
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ISSN: 1988-7833
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