Contribuciones a las Ciencias Sociales
Junio 2009

 

RESENHA: A PEDAGOGIA FREIREANA E SUAS BASES FILOSÓFICAS
Texto: ZITKOSKI, Jaime. A Pedagogia freireana e suas bases filosóficas. In: Ghiggi, Gomercindo; SILVEIRA, Fabiane; PITANO, Sandro. Leituras de Paulo Freire: contribuições para o debate pedagógico contemporâneo. Pelotas, Seiva: 2007. p. 229-248.


César Augusto Soares da Costa (*)
csc193@hotmail.com 

 

Qual a relevância do pensamento de Paulo Freire para o debate pedagógico contemporâneo? Há indícios de atualidade na sua reflexão? Certamente, o texto de Jaime Zitkoski, fruto do 1º Seminário: Diálogos com Paulo Freire, ocorrido em novembro de 2007 na cidade de Pelotas, retoma em ensaio crítico a importância do educador para o contexto educacional brasileiro. Zitkoski busca desenvolver em seu artigo, o significado da obra freireana no pensamento pedagógico latino-americano, onde sua proposta se constitui; humanística e libertadora. Entre as características de Freire está a busca de superar as formas hegemônicas de pensar a educação, frente os modelos impostos pela modernidade européia e na maneira criativa em conceber a sociedade democrática e libertadora. Sua originalidade destaca-se na busca de elaborar uma nova concepção epistêmica a partir da produção do conhecimento de modo dialógico, intersubjetivo e dialeticamente aberto ao dinamismo do cotidiano. A partir desta perspectiva é que podemos entender a proposta de Freire da revolução cultural enquanto caminho para humanização do mundo. Pois Freire compreende uma natureza humana que vai sendo gestada no processo histórico. Para ele, os seres humanos são seres inacabados que, conscientes de sua inconclusão, buscam “ser mais” se humanizando. Ou seja, nos vocacionamos historicamente enquanto seres que buscam de modo esperançoso e crítico construir uma sociedade mais justa e livre.
 



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Soares da Costa, C.A.: Resenha: A Pedagogia freireana e suas bases filosóficas, en Contribuciones a las Ciencias Sociales, junio 2009, www.eumed.net/rev/cccss/04/casc3.htm


O que impulsiona o ser humano para o “ser mais” é a sua capacidade de tornar consciente de si mesmo e do mundo que o constitui. Por entender-se incompleto e inacabado, que o ser humano luta para superar a sua atual condição, o qual impulsiona constantemente para o futuro. E o que podemos dizer da sua concepção ética? A proposta freireana tem como fundamentação última a defesa da ética humana. Daí, que a denúncia dos sistemas políticos e sociais que impõem a desumanização a milhões de seres humanos tem a preocupação ética com a defesa de uma vida humana mais digna. Para isso, o educador brasileiro insiste na intervenção política no mundo para transformá-lo, impondo a coerência ético-política do diálogo verdadeiro. Assim, a sua intervenção dialética sobre a vida humana que se gestando na história, é o fundamento para conceber uma ética universal. A busca de humanização do mundo, que faz da natureza humana uma constante busca do “ser mais”, revela em nós, seres em construção uma existência radicalmente ética.

Segundo Freire, essa busca de humanização do mundo é a marca da natureza humana. Pois a negação desta proposta, do “ser mais” enquanto vocação ontológica do ser humano também é possível, tanto que é um fato concreto visto na história. No entender de Zitkoski, o pensamento freireano assume uma posição comprometida com a realização de um projeto de sociedade vida, humanística, libertadora e acima de tudo, ética. Logo, o sentido de uma educação libertadora converge para afirmação da vida em sua totalidade. Em Freire, a vida humana só tem sentido a partir da busca incessante da libertação de tudo que nos desumaniza e proíbe de sermos mais humanos.

Nesta perspectiva, a atualidade da reflexão de Paulo Freire está em inovar as formas de conceber e fundamentar a existência humana em seu processo histórico para uma vida em sociedade diante dos desafios da realidade vivida no Terceiro Mundo. Desafios de uma humanização que passam por uma educação radicalmente dialógica.

* Sociólogo e Pesquisador. Mestre em Teologia Sistemática/PUCRS, Bacharel em Ciências Sociais/UFPEL e em Teologia/UCPEL. Professor convidado no Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina/CESUSC na área de Pós-Graduação em Educação na cidade de Pelotas/RS.

 


Editor:
Juan Carlos M. Coll (CV)
ISSN: 1988-7833
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