CAMINHOS DO JEQUITINHONHA: ANÁLISE DO PROJETO DE COMBATE Á POBREZA RURAL

Marcela de Oliveira Pessôa

3.2.5 – A Comunidade de Paredão

A comunidade de Paredão situa-se no Município de Virgem da Lapa, que há aproximadamente 14 mil habitantes, sendo cerca de 7 mil da zona rural. Município que desmembrado de Araçuaí há pouco mais de 50 anos, embora tenha melhorado a oferta de bens e serviços, não se diferencia ao largo da condição dos demais municípios do Vale.
A cerca de 25 Km antes da cidade pelo acesso da BR 367, entra-se na comunidade após poucos quilômetros de distância da rodovia e conta apenas carro próprio ou o ônibus escolar como meio transporte, sendo que o último pertence a um dos moradores da comunidade, terceirizado da prefeitura. Permeada por clima quente e mata seca, a comunidade também foi formada a partir da herança familiar sobre terras compradas há muito tempo, mas não há muito conhecimento sobre como se procedeu:

“Os antigos moradores... […] que é da região... trabalhou como vaqueiro. Adquiriu um pedacinho de terra e... aqui tinha um outro pessoal, essa terra foi comprada por eles. Eles foram embora ficaram famosos na região porque eram valentes... E aí, no Paredão, não tenho conhecimento de onde os antigos vieram não. Aí foram adquirindo a terra, adquirindo família e foram crescendo. […] Já era uma comunidade, mas quando você oficializa isto... na Igreja isto foi em... na década de 70. Aí já começou a ter o culto... vai ter o culto na comunidade de Paredão... vai ter o culto na comunidade de Campinho... Aí a gente reunia lá no... até embaixo de uma árvore, aí tinha o cruzeiro […] vinha, não era padre não, vinha aqueles [seminaristas], rezava, tal e tal... E aí depois veio oficializar isto através de associação para que você tenha direitos a... às verbas públicas. À pleitear alguma coisa. Isto já foi lá na década de 90 mais ou menos, que começou a associação” (E.X)

As casas na comunidade de Paredão ficam razoavelmente esparsas, e embora haja serviço de energia elétrica seus moradores não desfrutam de outros recursos, tais como o abastecimento de água, esgoto ou coleta de lixo. A comunidade se autoabastece mediante poços artesianos em que brotam água salobra e algumas valas que os pequenos proprietários fazem para segurar águas das chuvas para saciar suas reses.

Além da pequena produção de gado a comunidade conta com a produção de pequena lavoura para consumo próprio. Pessoas da comunidade tem tradição na produção de rapadura para venda nos mercados municipais e, segundo alguns dos seus moradores os recursos financeiros advindos dos “auxílios” governamentais, tais como pensões, aposentadorias e o sistema de bolsas ajudam na comunidade:

Aqui moça depois destes últimos governos tem ajudado a gente em alguma coisa. Ajudado assim, faz alguma coisa que beneficiar a gente um pouco, um empréstimo, um mínimo de taxa... e assim, né! […] Tem muitas pessoas, família que recebe bolsa família, que também é uma ajuda, e assim vamos levando.

Assim como ocorrera em Itaobim, percebe-se também no discurso dos entrevistados a grande importância atribuída à Prefeitura Municipal em atender as dificuldades das suas comunidades rurais, e Queimadão em particular não detém nenhuma parceria com instituições externas.
Para chegar à comunidade tive de contar com o auxílio do IDENE. Assim, dois agentes deixaram-me na comunidade e seguiram para resolver suas atribuições em outro município. Todavia, quando retornaram ainda não tinha terminado a última entrevista, de modo a ter conseguido fazer apenas quatro diante do tempo que me fora disponível. Duas delas foram realizadas na igrejinha da comunidade sem nenhuma outra pessoa no local e as demais na casa dos próprios entrevistados, mas também sem quaisquer conturbações.

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