Elisabeth Kastenholz
Introdução
O Marketing constitui uma  abordagem de gestão que prossegue os objectivos de uma empresa ou organização  através da satisfação do seu respectivo público ou mercado-alvo, recorrendo  para o efeito a estratégias e técnicas, como a segmentação do mercado, o  posicionamento, bem como ao denominado “Marketing Mix”. Tendo sido originalmente  utilizado apenas no âmbito de produtos e serviços, pode ser perfeitamente  aplicado a lugares e a espaços geográficos (Kotler et al., 1993), e  em particular a destinos turísticos (Heath &  Wall, 1992). Efectivamente, de um modo geral todos os destinos aplicam,  de uma forma ou outra, e nem sempre de modo estrategicamente fundamentado,  algumas ferramentas de marketing, mesmo se apenas ao nível da promoção  turística, visando a atracção de turistas. Contudo, o marketing apresenta um  conjunto de abordagens bem mais amplo e rico que permite ganhar vantagens  competitivas importantes e uma posição de mercado capaz de contribuir para o  desenvolvimento sustentável do destino (Kastenholz,  2004a, 2004b).
  Neste âmbito, importa  compreender a especificidade e a complexidade do produto turístico global (Middleton, 1988), tanto na perspectiva do  marketing do destino como na dos empreendimentos turísticos singulares que o  compõem, no sentido de criar uma oferta efectivamente apelativa e uma  experiencia turística satisfatória e memorável. Importa ainda considerar, nesta  abordagem, as relações entre oferta e mercado que sejam benéficas para todos os  envolvidos, no longo prazo. Este princípio, subjacente ao conceito de  “marketing integrado e sustentável do destino turístico” (Kastenholz, 2004b), será explicado em pormenor  neste capítulo, sobretudo na sua aplicação a destinos turísticos religiosos.  Sugere-se que os princípios e processos de marketing, adaptados ao “produto”  particular em questão, podem contribuir para um planeamento e uma gestão mais  eficazes, eficientes e sustentáveis dos respectivos destinos, o que é ainda  mais relevante quando os recursos disponíveis são escassos e sensíveis, que  requerem um grande esforço de integração, bem como a conciliação de interesses,  preocupações e sensibilidades diversas.
  Centramos a nossa atenção  no turismo religioso, que apresenta uma forma de turismo, vivida de modo  complexo, tanto por parte dos turistas como pelas comunidades locais, e que  está baseada num património cultural com significado particular, cuja  preservação é fundamental para a qualidade da experiência turística  e para a sustentabilidade do desenvolvimento do destino. A integração da  actividade turística, num contexto de religiosidade e identidade cultural,  vivida por turistas e residentes, mas igualmente numa dimensão ambiental,  económica e social, promotora do desenvolvimento das comunidades em que o  fenómeno ocorre, coloca-se como desafio particular aos destinos turísticos  religiosos. Torna-se assim necessário apostar numa estratégia de turismo  sustentável desses destinos, assente numa abordagem de marketing societal,  aplicada ao território (Kastenholz  & Paul, 2004).
  Este capítulo debate, em  primeiro lugar, o conceito do marketing, a sua evolução e a sua aplicabilidade  no âmbito específico dos produtos/ serviços e destinos turísticos. Numa segunda  parte, reflectir-se-á sobre a especificidade do turismo religioso, tanto ao  nível do sistema de oferta como no que à própria experiência turística diz  respeito, dando particular atenção à heterogeneidade do mercado em questão (Finney et al.,  2009; Smith, 1992). Finalmente,  apresentar-se-á uma abordagem de marketing integrado e sustentável de  empreendimentos e destinos turísticos religiosos, com potencial para contribuir  favoravelmente para o seu desenvolvimento sustentável.
Marketing turístico –  filosofia e ferramenta de gestão de empresas e destinos turísticos 
  O Marketing pode ser visto  como uma orientação ou filosofia de gestão que prossegue os objectivos de uma  organização através da satisfação do seu mercado-alvo (Rodrigues et al., 2000). Kotler et al. (1999) sugeriram  uma definição lata que deixa entender a vasta aplicabilidade deste conceito,  reportando-se a “... um processo social  e de gestão, através do qual indivíduos e grupos obtêm o que precisam e desejam  por via da criação, oferta e do intercâmbio de produtos...”. Enquanto perspectiva de planeamento e gestão  empresarial/ organizacional, guia-se assim pelo princípio da obtenção do êxito  através da satisfação das necessidades do mercado, visando alcançar benefícios  para ambas as partes. Apresenta-se, por isso, como central para desenhar as  estratégias e acções de marketing, para identificar correctamente qual o  mercado-alvo que a empresa/ organização tem vontade e capacidade de servir, e  quais as suas necessidades, características e comportamentos, recorrendo à  pesquisa de mercado. Trata-se, consequentemente, de um “... processo de gestão  com vista a desenvolver e manter uma adequação viável entre os objectivos, as  competências e os recursos de uma organização e as suas oportunidades de  mercado…” (Kotler, 1997, p. 63).  Pretende-se sempre a obtenção de um balanço  viável e benéfico entre recursos e competências da organização, por um lado, e  necessidades e oportunidades de mercado, por outro, no sentido de alcançar o  sucesso perante um mercado cada vez mais exigente, com base naquilo que a  organização sabe fazer melhor e, na medida do possível, de forma distinta, face  ao contexto concorrencial. 
  O marketing visa, deste  modo, a optimização da utilização dos recursos e das competências da entidade,  que o aplica com vista à satisfação do mercado-alvo, estrategicamente  escolhido, recorrendo geralmente a estudos de segmentação de mercado (Kastenholz, 2006b). Uma vez escolhido este  mercado-alvo, procura-se desenvolver um posicionamento forte, distintivo e  apelativo perante este mercado, face aos concorrentes. Estas opções  estratégicas – definição do mercado-alvo e do posicionamento – concretizam-se  no assim chamado “Marketing-Mix” 1  (Kotler et al., 1999), i.e., na adaptação do produto, do seu preço e da sua  distribuição às necessidades e aos desejos do público-alvo, bem como numa  eficaz e apelativa comunicação com o mesmo, de modo a chamar a atenção para  esta oferta optimizada e sustentar o posicionamento definido, criando uma forte  imagem de marca.
  Numa fase inicial, o  marketing foi sobretudo utilizado no domínio dos produtos e serviços (Baker, 1991), mas actualmente aplica-se a  domínios tão diversos como a indivíduos, organizações sem fins lucrativos,  partidos políticos, territórios e cidades (Ashworth  & Voogdt, 1991; Kastenholz & Paul, 2004; Kotler et al., 1999). Ora, no âmbito do marketing turístico,  convém distinguir entre o marketing posto em prática por parte de empresas e  outras organizações que promovem serviços turísticos (como os estabelecimentos  hoteleiros, os restaurantes, os parques temáticos, as empresas de animação  turística, os museus e serviços culturais, etc.) e aquele desenvolvido por  parte de um destino turístico. 
  É consensual que a  actividade turística assenta, sobretudo, em serviços e na vivência de  experiências, sendo igualmente reconhecido que, ao nível dos serviços, a  orientação para o consumidor é crucial. Este último está, na realidade,  integrado no próprio processo de prestação de serviço, sendo por isso  caracterizado como “inseparável”, para além de intangível, variável e perecível  ou não armazenável (Fisk et al., 2000, pp. 9-11). O consumidor do serviço é, neste  sentido, também designado de “co-producer” (Fisk et al., 2000, pp. 6-7)  ou “prosumer” 2 (Schembri,  2006). Sobretudo no âmbito dos  serviços, o Marketing Relacionalé frequentemente sugerido  como abordagem adequada, uma vez que, num ambiente dinâmico, incerto e muito  competitivo, o desenvolvimento de relações de longo prazo entre organizações e  as suas clientelas resulta como benéfico para todos os implicados. As  organizações podem assim melhor adaptar as suas ofertas às necessidades dos  seus clientes, que passam de indivíduos anónimos, pertencentes de uma massa  cinzenta, designada de mercado, a pessoas conhecidas, a parceiros e até a  amigos. Esta personalização permite naturalmente níveis mais elevados de  satisfação, maior fidelidade da clientela, permitindo à empresa um negócio mais  estável e rentável (Groenroos, 2000; Rust &  Chung, 2006). 
  Sobretudo nos serviços  turísticos a interacção humana constitui uma dimensão fundamental, podendo até  ser um factor decisivo na escolha de um serviço ou destino turístico, sendo por  isso muito importante cuidar das relações com os clientes. Esta abordagem pode  resultar num maior grau de confiança por parte do cliente, na redução do risco  frequentemente associado à compra de produtos turísticos e na fidelização do  cliente. Esta fidelização reflecte-se, não apenas e não necessariamente, na  compra repetida de mesmo produto/ serviço ou no regresso repetido ao mesmo  destino (uma vez que a procura de novidade, do diferente é um factor importante  da motivação turística), mas sobretudo no passa-palavra positivo, que  tem sido identificado como o elemento porventura mais poderoso da promoção do  destino turístico (Gartner, 1993; Kastenholz,  2002; Kastenholz et al., 2006). 
  Ultimamente, o conceito de Marketing Societal3 tem suscitado interesse e adesão crescente, sendo o  objectivo não apenas a satisfação do mercado-alvo, mas igualmente a promoção de  causas sociais e ambientais mais abrangentes, numa perspectiva de consciência  sistémica, correspondente à nova responsabilidade social assumida pela empresa,  bem como à consciencialização e correspondente exigência crescente do  consumidor (Galán et al., 2006; Kastenholz & Paul, 2004; Kotler et al., 1999; Varadarajan & Menon,  1988).
  Efectivamente, pode  identificar-se, na evolução recente das abordagens do marketing, uma tendência  no sentido de contribuir para uma gestão mais ambiciosa e responsável, da  procura de situações “win-win”, isto é, de ganho para todas as partes,  assim como de uma preocupação que se desloca do curto para o longo prazo e da  relação imediata entre empresa e mercado para contextos mais abrangentes,  visando a sustentabilidade4  (Kastenholz  & Paul, 2004). 
  No âmbito do marketing  de destinos turísticos, importa compreender a especificidade e complexidade  do “produto turístico total” que Middleton (1988, pp. 78-81) define como “a experiência completa desde que  (o turista) sai de casa até que regressa” ou “um conjunto ou pacote de  componentes tangíveis e intangíveis, baseados na actividade num destino…  percebido pelo turista como uma experiência”. Esta experiência tem então uma  extensão no tempo que ultrapassa o que é vivido no próprio destino,  iniciando-se com uma antecipação desejosa e prolongando-se no tempo pelas  memórias e partilhas de impressões entre amigos (Parrinello,  1993), assumindo-se assim como um tipo de produto que não é apenas  consumido, mas vivido, sonhado, imaginado e recordado como significativo por  parte dos turistas. É por isso que alguns autores falam na “indústria dos  sonhos”, remetendo para a singular relevância que a experiência turística  assume na vida de muitas pessoas, que procuram realizar “sonhos” não  concretizados no dia-a-dia (Holloway, 1995;  Schmidhauser, 1989). 
  Esta relevância  extraordinária do consumo turístico implica ainda um grande risco percebido por  parte do turista na altura da escolha do destino/ produto turístico, uma vez  que a decisão de compra ocorre geralmente a uma distância temporal, espacial, e  até cultural (Kastenholz, 2010), sendo  impossível a apreciação antecipada do produto, o que torna a comunicação com o  mercado, bem como a projecção de imagens apelativas e credíveis do destino  fundamentais para o sucesso do mesmo (Kastenholz,  2002; Seitz & Meyer, 1995). Vários autores afirmam que a escolha do  destino turístico se baseia essencialmente em imagens do destino (Bigné et al.,  2001; Johnson & Thomas, 1995; Kent, 1996). 
  Outra consequência da  grande relevância associada, por parte do turista, ao “produto turístico” é  geralmente um elevado nível de envolvimento/ implicação do turista, assumindo o  produto uma centralidade especial na vida da pessoa, levando a um interesse  especial, sentimentos positivos, associações de significado elevado e um  cuidado grande na escolha, devido ao risco percebido elevado (Gross & Brown, 2006). De igual modo, o  “produtor” sente também um elevado nível de envolvimento, já que se confronta  com expectativas elevadas de um público relativamente desconhecido, em  constante flutuação, com quem entra em contactos interpessoais e  interculturais, mais ou menos próximas, dependendo da escala do empreendimento  turístico (Cederholm & Hultman, 2010).  Finalmente, a própria população anfitriã está muito implicada, uma vez que a  interacção social e o intercâmbio cultural se apresentam como característica  fundamental e até procurada na experiência turística, embora também potencialmente  causadora de impactos negativos no próprio destino (Andereck et al., 2005;  Mathieson & Wall, 1982).
  Um outro ingrediente  fundamental na experiência turística é o meio ambiente, a paisagem, a natureza  do destino, tratando-se praticamente de um “produto geográfico” ou “espacial”  (Ashworth & Voogdt, 1991),  caracterizado por um contexto natural e cultural específico, muito relevante  para a sua atractividade e valor distintivo, isto é, para o seu posicionamento  competitivo (Crouch & Ritchie, 1999). Já Leiper (1979) definiu  o turismo como sistema que integra: o turista, as componentes geográficas  (zonas de origem, de trânsito, de destino), a indústria turística e o ambiente  externo, num producto turístico integral. 
Este produto é complexo,  integra elementos da “indústria turística” (como alojamento e restauração), mas  igualmente bens e serviços principalmente desenhados para consumo local (como o  comércio local, serviços de saúde), e os assim chamados “bens livres” (como  paisagem, clima, a simpatia da população), não comercializados, mas centrais na  experiência turística, uma vez que constituem frequentemente os atractivos centrais que estão na base da deslocação do  turista (Kastenholz, 2006a). Todos  estes ingredientes fazem parte do produto experiencial, de modo mais ou menos  intenso e de forma individualmente distinta (nem todos os turistas  fazem a mesma coisa, recorrem aos mesmos espaços e serviços, necessitam do  mesmo ou desejam o mesmo). A experiência, apesar de individualmente distinta,  está condicionada por este sistema de ingredientes, recursos, pessoas,  ambientes e qualidades. 
  Focalizando a oferta de  serviços no destino turístico, Jaeger & Bieger (2003) usam o termo “empresa virtual de  serviços”, onde cada consumidor selecciona individualmente uma determinada  combinação de serviços disponíveis no local. O próprio turista combina os  serviços que pretende consumir ou, como sugere Gnoth (2003), activa uma “rede de serviços” existente no destino, independentemente  do seu grau de organização e integração. É este “produto global”, no fundo  proporcionado por um complexo sistema de oferta no destino (Gunn, 1988), que atrai e satisfaz o turista,  pois “não é o desejo de alimentação ou a necessidade de dormir que são  causais para o consumo turístico, mas a procura do destino ou então das suas  características como um todo” (Seitz & Meyer, 1995, p. 11). É fundamental  compreender esta complexidade, tentar coordená-la e geri-la de modo consistente  e de forma a contemplar os interesses legítimos de todos os envolvidos.
  Os empreendimentos  turísticos singulares devem, por isso, entender não apenas as vantagens da  aplicação do marketing para a optimização dos seus próprios serviços e para a  fidelização da sua clientela, através da sua satisfação, mas igualmente a  pertinência de uma colaboração em rede no destino. Efectivamente, a satisfação  com cada serviço singular determinará a satisfação global com o destino e  vice-versa, de modo que uma interdependência sistémica não pode ser negada e  deveria, pelo contrário, ser aproveitada através da integração em rede (Gnoth, 2003; Jaeger & Bieger, 2003). A  aposta em redes permitirá, assim, uma melhor exploração das “vantagens do  lugar”, obter sinergias, “massa crítica” para uma actuação mais eficaz perante  mercados internacionais, facilitar a transferência de conhecimento, uma  aprendizagem contínua e partilhada entre stakeholders, estimular a  inovação e criação de capital social, entre outros (Breda et al., 2006; Cai, 2002;  Gibson et al., 2005; Novelli et al., 2006; Sharpley, 2005). 
  Por fim, a “experiência”  tem sido ultimamente reconhecida como elemento central na gestão de produtos e  destinos turísticos (Ellis &  Rossman, 2008; Mossberg, 2007; Stamboulis & Skayannis, 2003).  Stamboulis & Skayannis (2003, pp. 38-40) defendem que uma “estratégia  de turismo centrada na experiência” será decisiva para o sucesso de um  destino, onde “o turista entra numa interacção multifacetada com os actores  [locais] e o meio envolvente de uma narrativa encenada por parte da comunidade  local”, proporcionando “múltiplos ambientes de experiências”. Pode  considerar-se que efectivamente, a experiência integral do destino é o objecto  do marketing de destinos turísticos, definido por Lundberg (1990) como “o esforço global de identificar  o que o destino tem para oferecer (o produto), que grupos de pessoas têm o  tempo, o dinheiro e o desejo de viajar… para o destino (mercado-alvo), e qual a  melhor forma de os contactar e convencer a viajar para o destino”. Kastenholz  (2006a) acrescenta a esta definição: “…e  qual a melhor forma de os satisfazer no sentido de os fidelizar e garantir o  passa-palavra positivo”, já que o marketing não se esgota na atracção do  mercado via comunicação eficaz, focalizando-se, ainda, na sua satisfação. 
  Importa ainda perceber que  o marketing de destinos turísticos é uma forma de marketing territorial que, de acordo com Ashworth & Voogd (1994),  pode ser definido como “processo pelo qual as actividades locais estão  relacionadas, na medida do possível, com os desejos dos consumidores-alvo. A  intenção é a maximização do funcionamento eficiente ao nível social e económico  da área em questão, de acordo com objectivos mais vastos definidos”. Deste  modo, o marketing de destinos turísticos não se limita apenas, ao benefício  económico, uma vez que se preocupa sobretudo com um bem-estar mais abrangente e  de longo prazo da comunidade residente no território e de todos os stakeholders interessados nesse destino, englobando assim tanto aspectos económicos, como  sociais, culturais e ambientais (Kastenholz  & Paul, 2004; Middleton & Hawkins, 1998). Esta abordagem visa,  então, o desenvolvimento sustentável do território que beneficia, no fundo, a  todos, inclusivamente aos turistas.
  O marketing de empresas  e destinos turísticos caracteriza-se, pelas razões apontadas anteriormente,  por uma elevada complexidade e dificuldade. É difícil garantir a qualidade,  percebida subjectivamente pelo turista e condicionada por múltiplos factores,  num particular contexto de viagem, e corresponder às expectativas elevadas e  desejos, em constante evolução. Porém, o “produto destino” não pode ser  constantemente alterado e adaptado ao sabor dos gostos e caprichos do mercado,  uma vez que existem componentes fixos por preservar,  que se apresentam como factores atractivos e distintivos do destino. Para além  disso, importa considerar que a actividade turística, se não bem planeada e  gerida, pode ter igualmente consequências negativas, como seja a degradação do  património natural e cultural, rupturas de estruturas sociais pela vinda  (excessiva) de forasteiros, degradação da qualidade de vida das populações  locais pelo efeito de congestionamento, perda ou descaracterização de tradições  e costumes, existindo ainda o perigo da inflação induzida pelo turismo, da  dependência económica excessiva do turismo e da criação de negócios sazonais,  com emprego precário e pouco qualificado, sobretudo para os trabalhadores  locais, entre outros aspectos relatados na literatura (Mathieson & Wall, 1982; Middleton & Hawkins, 1998).
  Assim, autores como Moutinho (2000), Middleton &  Hawkins (1998), Bramwell &  Lane  (1993)  defendem um planeamento integral do destino turístico, assente numa visão de  longo prazo e preconizando a acção coordenada e consistente como central para o  sucesso e sustentabilidade do mesmo. Sugere-se, mais concretamente, um  marketing de destinos turísticos que seja simultaneamente orientado pelo  produto e pelo mercado (“product-oriented”; “market-oriented”),  contrastando deste modo do marketing de outras categorias de produtos (Jenkins & McArthur, 1996; Kastenholz, 2006a;  Middleton & Hawkins, 1998). 
  Neste sentido, a acção do  marketing poderá, em primeiro lugar, contribuir para uma eficaz “gestão da  procura”, de modo a atrair, após um rigoroso estudo de segmentação de mercado (Kastenholz, 2006b), os turistas que mais  valorizam os recursos endógenos principais do destino, trazendo simultaneamente  o maior benefício. Este benefício é medido não apenas em termos económicos, mas  também considerando os custos e impactos resultantes da vinda destes turistas,  bem como o potencial e as prioridades de desenvolvimento definidos pela  comunidade (Kastenholz, 2004a). Assim  será possível visar, com base em análises e acções estratégicas e coordenadas  do marketing, a maximização da satisfação de todos envolvidos.
  Resumindo, sugere-se no  âmbito do marketing turístico o conceito de “marketing integrado e  sustentável do destino” (Kastenholz, 2006a),  em que as empresas singulares que integram o destino devem formular as  estratégias de marketing, recorrendo às ferramentas de análise e implementação  de acções concretas do marketing comuns, mas orientadas no sentido de criar  experiências turísticas apelativas, distintivas e memoráveis (Mossberg, 2007; Stamboulis & Skayannis, 2003)  e apoiar o desenvolvimento integrado e sustentável do destino, devido à  complexidade do produto e da própria experiência turística vivida no destino.
A especificidade do turismo religioso
  O turismo religioso não é um fenómeno recente,  nem uma moda passageira. Efectivamente, a busca ancestral por um sentido da  vida leva as pessoas, desde tempos remotos, a viajar por motivos religiosos. Na  actualidade, as diferentes religiões mobilizam inúmeras deslocações para locais  considerados sagrados do hinduísmo, budismo, cristianismo, islamismo, entre  outras crenças (Olsen & Timothy, 2006;  Tilson, 2005). A OMT (2011) estima  em cerca de 600 milhões as viagens com fim religioso e/ ou espiritual. Efectivamente, o turismo  religioso tem demonstrado ser resistente à pressão da recessão mundial, porque  não é visto como um luxo (Leisure Group Travel,  2009). Contudo, o turismo  religioso tem sofrido modificações ao longo do tempo, existindo uma  heterogeidade de práticas e buscas nos diversos destinos religiosos.
  Neste âmbito, importa perceber que o religioso e  o espiritual são simultaneamente mundos distintos e  interrelacionados,  verificando-se que cada vez mais as suas fronteiras se diluem. Efectivamente, Smith & Puczkó (2009) remetem para um conjunto de autores que  argumentam que a espiritualidade está  no centro do bem-estar geral dos indivíduos. Neste âmbito, a busca  espiritual (característico do turismo  espiritual) é vista como algo mais abstracto que uma busca estritamente  religiosa (típico do turismo religioso),  centrando-se no  equilíbrio entre corpo,  mente e espírito. Para Sharpely (2009) a motivação do  turismo espiritual é, parcial ou totalmente, religiosa  ou espiritual, enquanto que para Blackwell (2007), é motivado pela religião ou pelo local religioso, não sendo necessário a  viagem estar associada a uma crença religiosa. E mesmo estando  associada, a intensidade religiosa  varia, desde uma experiência espiritual ansiosamente aguardada até a uma  simples curiosidade (Blackwell, 2007). 
  Segundo Olsen e  Timothy (2006)  o objetivo  principal da viagem deve ser religioso para um turista ser considerado turista  religioso. Mas estes autores realçam que pode não ser o único motivo, na medida  em que existem várias motivações frequentemente associadas ao turismo  religioso, tais como:
Concordamos assim com Blackwell  (2007), que destaca que a motivação religiosa é complexa, multifacetada e  tem varias dimensões; é um conceito com mais que um significado e tem  diferentes níveis de intensidade, dependendo da crença individual e do contexto  social do viajante. 
  A prática da religião  tem vindo a mudar. Nas sociedades ocidentalizadas, o peso da institucionalização tem vindo a diminuir, na  medida em que o indivíduo pratica a sua religião, cada vez mais, sem a  preocupação de cumprir regras rígidas. A busca da espiritualidade, do  significado e de uma nova harmonia com o mundo apresenta-se, cada vez mais,  como uma acção individual. Resumindo, há uma mudança da prática ortodoxa da  religião para uma espiritualidade transcendente, cujo objectivo é o  desenvolvimento pessoal (Sharpley & Jepson,  2010; Smith & Puczkó, 2009). Smith e Puczkó (2009) consideram que a  busca do espiritual (característica do turismo  espiritual) é algo mais abstrato do que a busca do religioso, porque esta  última está estritamente associada ao culto religioso (característica do turismo  religioso). Segundo os mesmos autores, a procura do espiritual centra-se na  busca do equilíbrio entre o corpo, a mente e o espírito. 
O turismo religioso tem sido definido segundo diferentes  perspectivas. A tipologia apresentada por Smith (1992), frequentemente citada  na literatura especializada (Santos, 2003),  situa o turismo religioso entre dois polos opostos: o sagrado (peregrinação) e  o secular (turismo). O continuum varia segundo o grau de intensidade  da motivação religiosa que vai de um extremo essencialmente religioso até à  motivação completamente secular ou turística; ao longo deste continuum é  possível uma variedade de combinações de acordo com a intensidade sagrado/  secular. O turismo religioso é assim conceptualizado como simultaneamente, e em  distintos graus, de natureza sagrada e profana, observando-se uma diversidade  de perfis do turista religioso, dependendo da sua motivação central.
  Mais recentemente, alguns autores consideram que para  classificar um turista como turista religioso se deve ponderar a sua motivação ou/e o facto do destino visitado ser religioso (Blackwell,  2007; Finney et al., 2009).  Para Blackwell (2007) a crença em alguma  religião não é factor decisivo para se ser considerado um turista religioso;  uma vez que um turista sem crença, mas inserido num grupo que visita um local  com significado religioso, é considerado também como um turista religioso,  podendo mesmo ser considerado como tal ao visitar um local que remotamente teve  importância para uma determinada crença que na actualidade está extinta. Isto  é, pode haver motivos de ordem social ou cultural ou a mera curiosidade na  origem da deslocação de um turista considerado religioso. Compreender a motivação é por isso de suma  importância. A motivação religiosa é complexa, multifacetada e com múltiplas  camadas, variando de intensidade (Blackwell,  2007), sendo os motivos e sentimentos associados à experiência  estritamente individuais (Tilson, 2005). A heterogeneidade do  mercado de turistas religiosos, expressa em diversos tipos de actividades e  procuras distintas, tem sido percebida e investigada por vários autores (Cohen, 2003; Finney et  al., 2009; Haq & Jackson, 2006; Smith, 1992), sendo oportuno o seu reconhecimento para uma melhor  adaptação aos mercados e, deste modo, à satisfação dos diversos segmentos  existentes. 
  Haq & Faorq (2006)  sugerem assim, a  adaptação de uma tipologia de turistas culturais proposta por McKercher (2002)  ao turismo espiritual,  distinguindo concretamente: 
  • O turista espiritual empenhado (“purposeful”): para este turista o crescimento espiritual  é a principal razão da visita do destino religioso, destacando-se por uma  profunda motivação religiosa. 
  • O turista espiritual curioso (“sightseeing”): apesar da relevância do  crescimento espiritual, este turista adepto do “sightseeing”, interessa-se  também por outros  aspectos e atracções  (mais seculares) do destino religioso visitado. 
  • O turista espiritual casual: o crescimento espiritual pessoal apresenta-se  como uma motivação mais ocasional, resultando igualmente numa experiência  espiritual relativamente menos intensa. 
  • O turista espiritual acidental: o crescimento espiritual  pessoal não constituiu motivo para a visita do destino religioso, embora  este turista acabe por ter uma experiencia espiritual, embora acidental, devido  à viagem que realiza.
  • O turista espiritual com sorte: o crescimento espiritual  pessoal não constituiu motivo para a visita do destino religioso, mas  por sorte acaba por viver uma experiência religiosa profunda devido à viagem. 
  Todos estes tipos de turistas espirituais, que  podem ser considerados também segmentos de mercado, acabam por se caracterizar  por uma experiência espiritual vivida, distinguindo-se pelo tipo de experiência  espiritual, mais ou menos conscientemente, intensamente e intencionalmente  vivida por parte do turista.
  Finney et  al. (2009), por outro lado, definem todos os  turistas que se deslocam a um destino turístico religioso como turistas  religiosos, distinguindo diferentes tipos ou segmentos de turistas religiosos,  de acordo com a sua motivação mais secular ou religiosa. Os autores propõem,  deste modo, uma tipologia de turistas religiosos tendo por base a matriz de Cohen (2003) sobre os quatro motivos  para os estudantes americanos estudarem em Israel: a religião, o turismo,  ambos, e nenhum. Os autores distinguem,  deste modo, 4 grupos de turistas religiosos, de acordo com a intenção de  visitar lugares religiosos e/ ou seculares.
Os turistas denominados de “seekers” (os que procuram) são os turistas que pretendem  visitar tanto os lugares religiosos como os seculares; os hedónicos (“lotus eaters”) são os que têm a intenção de visitar apenas  os locais seculares com o objectivo central de diversão; os peregrinos pretendem visitar só  locais religiosos; e os turistas  acidentais, como o próprio nome indica, chegam a um local (religioso ou  secular) por acaso ou devido a um propósito específico (visitar familiares,  negócios) não relacionado com um interesse em visitar/ conhecer esse local (nem  por motivos seculares, nem religiosos).
  Ao nível do destino religioso,  onde a experiência do turista religioso ocorre, Tilson (2005) aponta para a existência em  todo o mundo de muitos locais considerados sagrados, (alguns deles por várias  religiões, como Jerusalém). Brayley (2010) sugere que há dois tipos de locais sagrados: os locais turísticos  (“originalmente”) sagrados e os locais turísticos sacralizados (“tornados  sagrados”). Em ambos são necessárias instalações turísticas que podem ajudar a  fazer a experiência de um local sagrado mais agradável e significativo para o  visitante, bem como devem contribuir para fortalecer a base económica da  comunidade local (Brayley, 2010).
Marketing de destinos  turísticos religiosos
  Para um bom planeamento e uma  boa gestão de um destino religioso, importa sempre reconhecer que o mesmo lugar é visitado por pessoas  com diferentes motivações e expectativas, requerendo, numa perspectiva de marketing,  adaptações aos distintos segmentos de mercado (Blackwell, 2007), bem como uma cautelosa  gestão da procura visando um desenvolvimento sustentável do destino (Kastenholz, 2004b).
  Finney et  al. (2009) defendem que a abordagem do marketing  turístico deve adaptar-se à especificidade de cada tipo ou segmento de mercado  que se dirige aos locais religiosos, como anteriormente apresentado. Assim,  para os Seekers que se  interessam por tudo, os autores aconselham um destino muito  diversificado e atraente a vários níveis: a nível espiritual, histórico,  arquitectónico e paisagístico, destacando a variedade de actividades (seculares  e religiosas) possíveis de realizar. As campanhas promocionais deverem apelar  para a diversidade e aspectos curiosos  que o destino oferece. A estratégia sugerida para os hedónicos centra-se  na diversão, visto ser o que estes mais procuram, fazendo apelo às emoções e  aos sentidos. Também para este segmento importa destacar a variedade de  experiências disponíveis, desde a cultura, história, passando pelas compras e  enfatizando o entretenimento e a diversão proporcionados, sendo este segmento  igualmente sensível ao efeito de moda. Os turistas acidentais frequentemente  tomam as suas decisões por impulso e à última hora. Assim, inicialmente não  pretendem deslocar-se a um local religioso mas podem responder a solicitações  para experiências turísticas não planeadas, se de fácil acesso, divertidas e  com garantia de conforto. 
  Os peregrinos destacam-se de todos os outros  segmentos, requerendo uma estratégia distinta. Como têm uma forte motivação  religiosa, a promoção deve dar destaque à importância do local como religioso,  assentar na simbologia religiosa e valorizar a autencidade, sendo a vinculação  ao culto oficial e à hierarquia institucional aspectos relevantes a ter em  conta. 
  Haq et al. (2008) sugerem ainda a aplicação da  matriz de Ansoff (1987) para orientar as  oportunidades de crescimento do mercado de turistas espirituais, baseando-se no  conhecimento das diferenças entre os segmentos de mercado. 
  Este estudo empírico qualitativo, dirigido a 35  turistas e operadores turísticos do mercado de turismo espiritual, permitiu  identificar oportunidades de crescimento distintas para os turistas com motivações  mais religiosas e para os outros turistas, com interesses mais variados e  também seculares. Assim, os primeiros poderiam ser incentivados a visitar os  destinos religiosos mais vezes via estratégias de penetração de mercado (por  exemplo baixando o preço, enfatizando a comunicação de mercado, ...) ou de  desenvolvimento do produto (tornando o mesmo produto mais apelativo através da  integração de novos serviços, do aumento de qualidade da viagem, etc.). Os  turistas tendencialmente mais seculares poderão ser incentivados via  estratégias de desenvolvimento do mercado (divulgando e comercializando o  destino religioso junto de novos mercados, por exemplo, em outras regiões  geográficas, enfatizando os atributos de atractividade geral do destino) ou via  estratégias de diversificação (criando novos produtos para novos mercados, por  exemplo, atraindo novos segmentos com interesse claramente histórico para  destinos religiosos com atributos históricos relevantes).
  Efectivamente, os destinos religiosos, tal como  a maior parte de destinos turísticos, integra uma multiplicidade de recursos e  (potenciais) atracções que, independentemente da relevância da dimensão  espiritual do local, podem ser aproveitados para o desenvolvimento de produtos  que vão de encontro a uma variedade de motivações de turistas que se deslocam a  esse destino, apresentando assim oportunidades de desenvolvimento do turismo no  destino. Neste contexto, é fundamental conhecer bem, tanto o mercado e a sua  heterogeneidade, como a variedade e qualidade dos recursos existentes no  destino que podem ser considerados elementos fundamentais para a  competitividade do destino, se bem integrados, geridos e adaptados aos  potenciais mercados, estrategicamente escolhidos (Kastenholz, 2004a). No contexto do  destino religioso, importa que os responsáveis do marketing do destino assumam  uma grande sensibilidade perante o significado religioso e identitário do  lugar, tanto para alguns visitantes (peregrinos) como para a comunidade  residente, que poderá não aceitar da melhor forma alguns tipos de turismo,  excessivamente hedónicos, uma comercialização excessiva do religioso,  implicando alguma alienação e distorção e até destruição de algo considerado  sagrado. É, deste modo, fundamental, não saber gerir apenas a oferta, mas também  a procura, tentando atrair os segmentos que mais se interessam e mais valorizam  a oferta do destino, enquadrando-se simultaneamente nas perspectivas de  desenvolvimento sustentável do destino, que deve levar sempre em conta os  interesses legítimos da comunidade local (De  Kadt, 1979; Kastenholz, 2004a). 
  Por outro lado, importa planear e gerir de modo  adequado os destinos religiosos e os seus empreendimentos individuais, no  sentido de optimizar o potencial da actividade de contribuir para um  desenvolvimento sustentável dos territórios e comunidades (Heath &  Wall, 1992; Kastenholz, 2006a). Sobretudo em áreas rurais, onde alguns lugares de  peregrinação se situam, que são áreas marcadas por recursos naturais e  culturais mais frágeis, recursos financeiros e humanos escassos e uma oferta  turística e de lazer, modesta e fragmentada, deve proceder-se de modo muito  cauteloso quando se opta por uma estratégia de desenvolvimento assente no  turismo (Kastenholz, 2004b). O  anteriormente referido marketing integrado e sustentável do destinopode  efectivamente apoiar este esforço, se prosseguido de modo sistemático, orientado  tanto pelo mercado como pelo “produto” (destino).  
  A estratégia deve ser desenvolvida,  tendo como base os recursos endógenos e envolvendo todos os actores locais e  regionais para criar o melhor produto turístico integrado possível, visando  tanto o desenvolvimento sustentável do destino como a criação de uma  experiência satisfatória, enriquecedora, significativa e memorável para os  visitantes que assim garantirão um passa-palavra positivo (Ballantyne et  al., 2011; Kastenholz, 2006a; Mossberg, 2007).
  Importa, neste âmbito, identificar e  desenvolver “massa crítica” de atracções, serviços e equipamentos no destino, adaptada ao mercado-alvo em que se pretende apostar, sendo  igualmente fundamental a capacidade de o destino se organizar (em  redes), integrar e gerir todos estes recursos numa oferta global  consistente e atractiva (Gnoth, 2003;  Kastenholz, 2010; Sharpley, 2005). Finalmente,  importa saber promover e comercializar este produto global junto dos  segmentos de mercado mais atractivos (Cai,  2002; Kastenholz, 2006a, 2006b).
Conclusão
  O marketing é uma  abordagem de gestão que orienta a sua açcão no sentido da satisfação de um  mercado-alvo. Contudo, no âmbito de um  destino turístico, o “mercado” é tipicamente heterogéneo e  dinâmico, integrando segmentos  porventura pouco compatíveis pelas suas atitudes e comportamentos. Por outro  lado, o “produto” não pode nem deve ser modificado ao sabor dos gostos de um  mercado global. Pelo contrário, no contexto do marketing de destinos  turísticos, uma óptica de “gestão da procura” através do marketing parece  apropriada, procurando atrair aquele mercado-alvo, que será simultaneamente  mais fácil de atrair e satisfazer, mais compatível com o sentido identitário da  comunidade local, e que globalmente trará mais benefícios ao destino (Kastenholz, 2004b,  2006a). Isto é, o marketing turístico deve ser orientado tanto pelo  mercado como pelo produto complexo que é o destino, enquanto base da  experiência turística religiosa que este mercado procura.
  Efectivamente, alguns destinos  religiosos “estão na moda”, atraindo um crescente fluxo de visitantes, turistas  tanto domésticos como internacionais, sendo estes muito variados, e nem sempre  à procura de (apenas) experiências religiosas ou espirituais. Esta procura  dirige-se, geralmente, não apenas a um determinado tipo de alojamento ou  empreendimento particular, nem apenas ao próprio lugar sagrado, mas resulta de  um interesse mais amplo em viver uma experiência global num destino com  particularidades geográficas, naturais, sociais e culturais, que têm  potencialmente significados distintos para diferentes tipos de visitantes, bem  como para os diversos agentes envolvidos no, e afectados pelo, desenvolvimento  turístico do destino. Deve-se, naturalmente, ter em conta os recursos endógenos  que constituem frequentemente o principal elemento atractivo e diferenciador do  destino religioso e que devem ser preservados, não apenas por um princípio de  conservação de património, mas porque também permite o sucesso de longo prazo  do destino, e assim também dos empreendimentos individuais que nele actuam. 
  Combinam-se e devem conciliar-se,  neste âmbito, os interesses económicos com os interesses sociais, culturais,  mais especificamente religiosos e espirituais, na prossecução de um ideal  de desenvolvimento sustentável do destino. O aqui sugerido “marketing  integrado e sustentável do destino” procura utilizar os instrumentos do  marketing (estratégico e operacional), no sentido de atrair e satisfazer um  mercado-alvo (ou combinações de segmentos de mercado compatíveis),  cuidadosamente escolhido, visando o desenvolvimento sustentável do destino, no  seu todo. Entende-se como sendo uma abordagem com potencial para dinamizar  também destinos turísticos frágeis e estruturalmente em desvantagem, como é o  caso de alguns destinos religiosos em áreas rurais. Importa saber aproveitar  todos os recursos endógenos disponíveis e juntar forças entre parceiros para  acções de marketing integradas e coordenadas, não apenas no sentido de reduzir o isolamento dos pequenos empreendimentos turísticos e criar “massa crítica” nas suas acções face ao mercado, mas também para,  conjuntamente, conseguir criar uma oferta de turismo religioso integral,  mais consistente, variada e apelativa e assim igualmente mais competitiva.
  Neste sentido, o marketing  de um destino religioso deve basear-se tanto num profundo conhecimento dos seus recursos como do seu mercado (efectivo e potencial).  Este deve ser um processo participativo de definição de objectivos de  desenvolvimento e num esforço constante de integração dos stakeholders do destino na criação de ofertas adaptadas a um mercado-alvo, estrategicamente  escolhido. Embora o turismo não deva ser entendido como a panaceia que  resolve todos os problemas dos locais com  atractividade turística, ele pode, realmente, ser um motor de desenvolvimento,  se o destino apostar num planeamento estratégico, assente em  estudos rigorosos, numa boa organização, coordenação e gestão do destino e das  suas acções de marketing. No âmbito do turismo religioso, importa ainda assumir  uma postura de grande sensibilidade social e cultural, considerando os significados dos valores  sagrados em questão, que devem ser acautelados, não apenas para permitir experiências ricas e  memoráveis aos visitantes religiosos, mas igualmente respeitando a identidade e  os valores centrais da população local.
  Deste modo, apoiando-se num marketing  integrado do destino e dos empreendimentos turísticos que nele operam, o  turismo religioso pode contribuir para um desenvolvimento sustentável dos  respectivos territórios, garantindo experiências satisfatórias, memoráveis e  porventura até transformadoras aos seus visitantes, bem como a qualidade de  vida das comunidades residentes, pelas oportunidades económicas criadas, pela  preservação e valorização do ambiente e dos recursos patrimoniais e ainda pelo  reforço do sentido de identidade e desenvolvimento de capital social da própria  comunidade local.
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1 Também conhecido por “4 Ps”, do inglês: product, price, place (distribuição), promotion.
2 Junção das palavras “producer” e “consumer”.
3 Na literatura anglo-saxónica distingue-se entre “marketing societal” e “marketing social”: em que o primeiro conceito está associado a uma aplicação do marketing, com preocupação societal, por parte de empresas, mantendo um fim lucrativo; enquanto que o marketing social é visto como “a aplicação do….marketing…. a programas que visam influenciar o comportamento voluntário dos públicos-alvo, com o objectivo principal de melhorar o bem-estar dos públicos-alvo e/ou da sociedade, da qual fazem parte” (Andreasen, 1994), i.e., um marketing geralmente realizado por parte de organizações sem fins lucrativos.
4 O Relatório Brundtland (WCED, 1987, p. 54) define desenvolvimento sustentável como “o desenvolvimento que responde às necessidades das gerações presentes sem comprometer a possibilidade de satisfazer essas mesmas necessidades às gerações futuras”. Parte do princípio que o progresso económico, a coesão social e a protecção do ambiente são interdependentes e indissociáveis e têm ganho crescente adesão como novo paradigma de desenvolvimento, tanto na esfera académica como política, face aos actuais e crescentes problemas que a humanidade enfrenta, em vários domínios, com destaque para a poluição, as alterações climáticas e a contínua acentuação da pobreza a nível mundial.
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