Reconhecendo  que o pedestrianismo é uma actividade com fortes perspectivas de crescimento,  assim como o turismo de passeio pedestre enquadrado no âmbito do turismo de  natureza, e que os programas de turismo de passeio pedestre, oferecidos no  mercado de viagens, privilegiam os territórios de montanha e os espaços de  grande interesse natural, estas áreas apresentam um elevado potencial para se  desenvolverem como destinos turísticos de passeio pedestre, atenuando ou  contrariando as actuais tendências de abandono, degradação e despovoamento.
  O  destino turístico Aldeias do Xisto, constituído por 24 lugares, na Cordilheira  Central (Região Centro de Portugal), é um espaço reorientado recentemente para  novas funções ligadas sobretudo ao lazer e ao turismo, onde os percursos  pedestres (caminhos do xisto) são assumidos como factor de inovação do produto  turístico e um exemplo para outras áreas com potencialidades e condicionantes  semelhantes.
Caminhar pelo puro prazer de caminhar, para  explorar, por razões de saúde e bem-estar físico e espiritual, pelo convívio,  para conhecer os próprios limites, para contemplar paisagens, para observar a  natureza, ou como forma de escapar à vida de todos os dias, utilizando caminhos  ou trilhos existentes, é a actividade a que se dá o nome de pedestrianismo,  cada vez mais popular na nossa sociedade.
  Expressões, em português, como caminhar,  andar a pé, praticar pedestrianismo, ou walking, hiking (EUA) ou rambling (Reino Unido), em inglês, encontram-se na literatura e  referem-se todas à mesma actividade de andar a pé, em trilhos sinalizados ou  promovidos para esse fim. A palavra trekking,  também associada à mesma actividade, utiliza-se para designar as deslocações a  pé, de alguns dias, em grande parte através de carreiros ou trilhos, em áreas montanhosas  sem ligação a outras vias de comunicação (Bietolini, 2007).
  As motivações dos praticantes de  pedestrianismo encontram-se frequentemente associadas à natureza, a um ambiente  considerado intacto, preservado e à contemplação de belas paisagens. A procura  do bem-estar físico também se encontra entre as motivações dos caminhantes,  principalmente nas mulheres e grupos mais idosos (Kouchner e Lyard, 2001). Em  Portugal, são as áreas de montanha e as áreas de grande interesse  natural1 as que se destacam ao analisar a oferta  de actividades de pedestrianismo oferecidas por clubes, associações, câmaras  municipais e outras entidades sem fins comerciais. Também a distribuição  geográfica de percursos pedestres homologados faz sobressair estas áreas (Tovar,  2010).
  Os percursos pedestres, ou trilhos,  constituem a principal infra-estrutura ou equipamento para a prática de  pedestrianismo. São caminhos, marcados ou não, que são promovidos e divulgados  com esse propósito. São mais ou menos informais, tal como pode ser a própria  actividade de pedestrianismo. A sua concepção não obedece a regras rígidas e  uniformes quanto, por exemplo, à localização, aos utilizadores, à forma, à  extensão, à sinalização e à manutenção.
  Os percursos pedestres podem assumir  importância como forma de complementar a experiência do turista num determinado  destino, ao constituírem mais uma oferta de actividade em que o turista pode  participar, mas também podem assumir o papel principal no produto turístico e  constituírem a razão da deslocação ao destino.
  Os produtos turísticos baseados no passeio  pedestre, disponíveis para compra on-line, não são escassos. As agências de  viagens e operadores generalistas, que vendem programas diversos, raramente  apresentam ofertas de produtos de passeio pedestre, pelo menos no nosso país.  No entanto, existem operadores especializados neste tipo de produto que  organizam programas de vários dias de caminhadas em diferentes destinos do  globo.
  Os produtos de turismo de passeio pedestre  podem assumir diferentes configurações:
  –  Férias com tudo incluído: o operador  organiza os transportes, alojamento, refeições e serviço de guia para as  caminhadas diárias;
  –  Férias auto-guiadas: o operador faz a  reserva de alojamento e fornece ao cliente mapas, guias, roteiros e toda a informação  e conselhos necessários para que este possa percorrer, de forma autónoma, um  conjunto de percursos no destino; pode haver mudança de alojamento e, neste  caso, normalmente existe serviço de transporte de bagagens;
  –  Férias itinerantes: consistem em percorrer  um itinerário, ao longo de vários dias, mudando de alojamento todas as noites.  Podem ser guiadas ou auto-guiadas. Incluem, geralmente, o transporte de  bagagens entre os alojamentos;
  –  Férias centradas num local de  alojamento, com saídas diárias para percursos diferentes, ou para pontos  diferentes de um grande itinerário. Incluem o transporte diário do alojamento  para o local de início do percurso e regresso. Normalmente são passeios  guiados, mas também podem ser auto-guiados;
  –  Serviços individuais: alguns operadores  vendem serviços avulsos, a pedido do cliente, como por exemplo reserva de  alojamento, guias locais no destino ou transporte de bagagens entre pontos de  um itinerário definido pelo cliente.
  A generalidade da oferta de produtos  turísticos que têm por base o passeio pedestre, levam os seus participantes a  conhecer áreas de paisagens de elevada qualidade, costumes e tradições das  regiões visitadas, oferecendo serviços altamente especializados e um certo grau  de exclusividade. O nível e tipo de serviços varia de programa para programa.  Por exemplo, no que diz respeito ao alojamento, todas as fórmulas e tipologias  são permitidas: o hotel, o turismo rural, o acampamento, ou os abrigos de  montanha, podendo mesmo acontecer um pacote incluir uma noite num hotel, outra  noite num abrigo de montanha e outra noite num turismo rural. No desenho do  produto de passeio pedestre, o elo central são os percursos. O alojamento e  refeições, salvaguardando a qualidade e autenticidade, são os que satisfazem  melhor as condições de usufruto dos percursos e variam muito consoante o  destino.
  Pela sua relação com o território e com o  meio natural a maioria destes programas enquadra-se no âmbito do turismo de  natureza, onde, por definição, a motivação principal é a de “viver experiências  de grande valor simbólico, interagir e usufruir da natureza” (THR, 2006).
      1  Consideraram-se áreas de grande interesse natural as  áreas pertencentes à Rede Nacional de Áreas Protegidas e Rede Natura 2000. 
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![]() 1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores)  Este  libro  es  producto del  trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER).  Libro gratis  | 
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