O inquérito por questionário foi  estruturado em duas partes, precedidas pela justificação e âmbito desta  investigação e por uma análise inicial introdutória referente ao enquadramento  da estância termal e perfil de cada inquirido. 
  Relativamente a este último, a  análise revela um equilíbrio entre ambos os sexos, uma idade média próxima dos  40 anos e com grau académico superior (Licenciatura) nas mais diversas áreas de  formação. Estes ocupam cargos como director operacional e termal,  administrador, gestor, coordenador e presidência, e permanecem nas actuais  funções, em média, há cerca de 6 anos (quadro 1).
  A parte I deste questionário  estava organizada em torno de um conjunto de questões essenciais à compreensão  da dinâmica da actividade e espaços termais: 1) A realidade actual do  termalismo e estâncias termais em Portugal; 2) Motivos do estado actual de  funcionamento das estâncias termais; 3) O carácter urgente e os motivos da  reestruturação do sector termal; 4) A reestruturação da actividade termal e  espaços termais – 4.1) Outros serviços e actividades que deveriam oferecer para  uma optimização dos equipamentos, património, espaço e dinamização das  estâncias termais; 5) As principais dificuldades e obstáculos à reestruturação  das estâncias termais; 6) Os principais pontos fortes e oportunidades à  reestruturação das estâncias termais.
Quadro 1: Perfil dos inquiridos
Termas  | 
      Sexo  | 
      Idade  | 
      Habilitações Literárias  | 
      Área de Formação  | 
      Função desempenhada  | 
      Duração da função  | 
    
Monfortinho  | 
      Masculino  | 
      37  | 
      Licenciatura  | 
      Gestão/Adm. de empresas  | 
      Director termal  | 
      2 anos  | 
    
Ladeira de Envendos  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
    
Luso  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
    
Curia  | 
      Feminino  | 
      38  | 
      Bacharelato  | 
      Turismo  | 
      Assistente de Direcção  | 
      9 anos  | 
    
Vale da Mó  | 
      Masculino  | 
      68  | 
      Licenciatura  | 
      Ensino Básico  | 
      Gestor de Concessão  | 
      7 anos  | 
    
Alcafache  | 
      Masculino  | 
      55  | 
      Licenciatura  | 
      Engenharia Mecânica  | 
      Presidente Conselho Administração  | 
      11 anos  | 
    
Carvalhal  | 
      Feminino  | 
      31  | 
      Licenciatura  | 
      Relações Públicas  | 
      Directora Operacional  | 
      6 anos  | 
    
Cavaca  | 
      Masculino  | 
      30  | 
      Mestrado  | 
      Turismo e Gestão  | 
      Gestor Financeiro/  | 
      1,5 anos  | 
    
Felgueira  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
      -  | 
    
Sangemil  | 
      Feminino  | 
      36  | 
      Mestrado  | 
      Marketing  | 
      Coordenadora de Marketing  | 
      1 ano  | 
    
S. Pedro do Sul  | 
      Masculino  | 
      38  | 
      Licenciatura  | 
      Direito  | 
      Administrador Delegado  | 
      6 anos  | 
    
Fonte: Silva (2010)
A análise deste conjunto de  pontos permitiu sintetizar os principais resultados e apresentar as principais  conclusões e tendências (Silva, 2010).
  Assim sendo, a primeira abordagem  aos inquiridos no sentido de conhecer a sua “Percepção da realidade actual do  termalismo e estâncias termais em Portugal”, permitiu, através dos resultados  obtidos, concluir que estes posicionam a situação do termalismo português num  nível intermédio (média de 3,3), em direcção a uma perspectiva positiva,  transparecendo a vontade de mudança, mas que coloca a descoberto preocupações  estruturantes que afectam a actividade e os espaços, já que os elementos  caracterizadores da realidade actual apresentados abarcam mais opções de cariz  positivo do que negativo (quadro 2).
  Este conjunto de responsáveis  reconhece assim que as estâncias que têm apostado na diversificação e  qualificação de serviços têm beneficiado em termos de atractividade, opção que  alcançou um valor médio de 4,3 (concordo), que a vertente se saúde e bem-estar  já ocupa um lugar de destaque nas termas, e na sua opinião, o termalismo em  Portugal presta um serviço de qualidade, mas cuja progressão está bastante  condicionada pelo carácter sazonal, intrinsecamente relacionado com a  actividade termal, apontando ainda a falta de investigação científica completa  e moderna sobre as águas mineromedicinais e sua aplicação, como elementos  justificativos da presente situação.
  Em sentido oposto, para os  inquiridos, o que menos se coaduna com a realidade é a opção “todas as  estâncias termais portuguesas têm condições para se tornarem destinos  turísticos de massa” e a opção “o serviço termal reflecte o facilitismo dos  concessionários na aquisição de recursos não qualificados”, que reuniu consenso  nas respostas ao fixarem-se no nível 2, discordo, constituindo elementos que,  na voz dos responsáveis termais, não reflectem de todo o momento termal actual. 
Quadro 2: A realidade actual do termalismo e estâncias termais em Portugal
Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    |||||
Item  | 
      Méd.  | 
      Mo  | 
      Mín.  | 
      Máx  | 
      DP  | 
    
As estâncias que têm apostado na diversificação e qualificação de serviços têm sido casos de sucesso em termos de atractividade  | 
      4,3  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,46  | 
    
A vertente de saúde e bem-estar está a ganhar expressão nas termas portuguesas  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,35  | 
    
O termalismo em Portugal presta um serviço de qualidade  | 
      4,1  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,64  | 
    
O carácter sazonal da actividade tem prejudicado o progresso das estâncias  | 
      4,1  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,64  | 
    
As estâncias termais portuguesas têm contribuído para o desenvolvimento dos territórios locais  | 
      4,1  | 
      4/5  | 
      3  | 
      5  | 
      0,83  | 
    
Há falta de investigação científica completa e moderna sobre as águas e sua aplicação  | 
      4,1  | 
      4  | 
      2  | 
      5  | 
      0,99  | 
    
A maior parte do alojamento nas imediações das termas sofre com as oscilações sazonais da actividade termal  | 
      4,1  | 
      4  | 
      2  | 
      5  | 
      0,99  | 
    
Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    |||||
Todas as estâncias termais portuguesas têm condições para se tornarem destinos turísticos de massa  | 
      2,0  | 
      2  | 
      1  | 
      3  | 
      0,76  | 
    
O serviço termal reflecte o facilitismo dos concessionários na aquisição de recursos não qualificados  | 
      2,1  | 
      2  | 
      1  | 
      3  | 
      0,83  | 
    
Todas as estâncias portuguesas têm condições para se manterem em actividade todo o ano  | 
      2,3  | 
      2  | 
      1  | 
      4  | 
      1,04  | 
    
As estâncias de gestão pública estão associadas aos apoios sociais, à terapêutica e por consequência a uma maior especialização da clientela  | 
      2,4  | 
      3  | 
      1  | 
      4  | 
      1,06  | 
    
As estâncias termais portuguesas ocupam lugar de destaque nos circuitos turísticos globais  | 
      2,4  | 
      3  | 
      1  | 
      3  | 
      0,74  | 
    
Resultados globais da questão 1  | 
      3,3  | 
      4  | 
      1  | 
      5  | 
      0,87  | 
    
Fonte:  Silva (2010)
  Ao definirem e justificarem o  “Estado actual de funcionamento das estâncias termais” os inquiridos, perante  os itens apresentados, destacam numa posição cimeira, com uma média de 4,5  (aproximando-se do nível concordo totalmente), a falta de investigação  científica na área como a principal razão da situação actual (quadro 3). Nesta  linha, a legislação obsoleta que vigorou durante décadas, a falta de planos  estratégicos e de cooperação com outros agentes territoriais votando as termas  ao individualismo, tal como a falta de investimento na recuperação da imagem  turística e a débil ou mesmo ausência de animação termal são outros dos  aspectos apontados como estando na base do actual estado de funcionamento das  estâncias que, em termos médios, se situam numa posição acima do nível intermédio  (3), pendendo para um cenário funcional menos desejável e favorável, tendo em  conta que se trata de uma questão composta por itens de cariz negativo, cujas  respostas, nos níveis mais altos (4 e 5) da escala, revelam uma tendência mais  negativa.
  Pelo contrário, na sua opinião, o  quadro actual de funcionamento não se deve, nem à imagem repulsiva que a  actividade e estâncias emanam, nem à informação termal desactualizada, opções  que são rejeitadas em uníssono pelos inquiridos com uma média de respostas situada  entre os níveis 1, discordo totalmente e 2, discordo.
  Tendo em conta o cenário que  traçaram nas questões anteriores, e nesta linha de reflexão, os  gestores/administradores partilham de forma unânime a opinião da necessidade  premente de revitalização do sector termal em Portugal apontando as principais  razões para tal (quadro 4) e que se centram fundamentalmente na necessidade das  estâncias se acentuarem e consolidarem enquanto pólos de desenvolvimento local  e regional, em reactivarem o seu papel no imaginário turístico do público e em  captarem um público mais jovem, no sentido de revitalização da frequência  (média de 4,3), evocando a imagem turística e o papel de outrora de que as  mesmas eram detentoras.
Quadro 3: Motivos do estado actual de funcionamento das estâncias termais
Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    |||||
Item  | 
      Méd.  | 
      Mo  | 
      Mín.  | 
      Máx.  | 
      DP  | 
    
Falta de investigação científica na área  | 
      4,5  | 
      4/5  | 
      4  | 
      5  | 
      0,53  | 
    
Legislação obsoleta e descontextualizada que vigorou durante décadas  | 
      4,0  | 
      4  | 
      2  | 
      5  | 
      0,93  | 
    
Ausência de planos estratégicos  | 
      3,9  | 
      4  | 
      3  | 
      4  | 
      0,53  | 
    
Individualismo  | 
      3,9  | 
      4  | 
      3  | 
      4  | 
      0,35  | 
    
Ausência ou deficiente animação termal  | 
      3,9  | 
      4  | 
      2  | 
      5  | 
      0,83  | 
    
Falta de investimento na recuperação da imagem turística  | 
      3,8  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,89  | 
    
Falta de integração com os produtos turísticos locais e regionais  | 
      3,8  | 
      4  | 
      2  | 
      4  | 
      0,71  | 
    
Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    |||||
Imagem repulsiva  | 
      1,6  | 
      1  | 
      1  | 
      3  | 
      0,74  | 
    
Informação termal desactualizada  | 
      1,9  | 
      1  | 
      1  | 
      4  | 
      1,13  | 
    
Pouca ou nenhuma informação termal  | 
      2,1  | 
      1  | 
      1  | 
      4  | 
      1,13  | 
    
Fraca atractividade  | 
      2,4  | 
      3  | 
      1  | 
      3  | 
      0,74  | 
    
Perda de prestígio  | 
      2,4  | 
      3  | 
      1  | 
      4  | 
      1,06  | 
    
Resultados globais da questão 2  | 
      3,2  | 
      4  | 
      1  | 
      5  | 
      0,94  | 
    
Fonte: Silva (2010)
Fazem parte também das suas  escolhas, e de forma vincada a avaliar pela média de respostas apurada, acima  da posição 4 (concordo), motivos como a rentabilização dos investimentos que  têm sido realizados em algumas estâncias, como uma oportunidade fundamental à  sua reestruturação, assim como, a necessidade em optimizar os patrimónios  termais, enquanto factores de diferenciação, em prol de um aumento da  atractividade termal. 
  Paralelamente, estes não  consideram que as técnicas e equipamentos termais obsoletos e desajustados à  realidade actual e o esgotamento do modelo actual de oferta termal constituam  argumentos plausíveis que justifiquem a reestruturação do sector, cuja média de  respostas se situa entre os níveis discordo totalmente e discordo.
  Em relação à “Reestruturação da  actividade e espaços termais” traduzidas em acções e intervenções, mais uma vez  os inquiridos são peremptórios e elegem a realização e manutenção de pesquisas  científicas actualizadas das propriedades terapêuticas das águas  mineromedicinais como uma acção primordial, obtendo uma média de 4,5 (quadro  5). 
Quadro 4: O carácter urgente e motivos da reestruturação do sector termal
Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    |||||
Item  | 
      Méd.  | 
      Mo  | 
      Mín.  | 
      Máx.  | 
      DP  | 
    
A necessidade de acentuar e consolidar o seu papel enquanto pólos de desenvolvimento local e regional  | 
      4,3  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,49  | 
    
A necessidade em reactivar o seu papel no imaginário turístico do público  | 
      4,3  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,49  | 
    
A necessidade de captar o interesse do público jovem  | 
      4,3  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,49  | 
    
A complexidade da actividade turística global e dos interesses e motivações da procura actual  | 
      4,1  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,69  | 
    
A necessidade de rentabilizar o diverso património termal  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,38  | 
    
A necessidade de rentabilizar muitos investimentos já realizados em algumas estâncias termais (quer em termos de alargamento de mercados quer em termos temporais)  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,38  | 
    
A necessidade de criar um produto atractivo, completo e integrado que responda às necessidades actuais, de médio e longo prazo  | 
      4,1  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,69  | 
    
Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    |||||
As técnicas e equipamentos termais obsoletos e desajustados à realidade actual  | 
      1,9  | 
      2  | 
      1  | 
      3  | 
      0,69  | 
    
O actual modelo de oferta termal está esgotado e deixou de ser apelativo  | 
      2,0  | 
      2  | 
      1  | 
      3  | 
      0,58  | 
    
Resultados globais da questão 3  | 
      3,6  | 
      4  | 
      1  | 
      5  | 
      0,68  | 
    
Fonte: Silva (2010)
Quadro 5: Reestruturação da actividade termal e espaços termais – principais acções
  | 
      Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    ||||||||||
Item  | 
      Méd.  | 
      Mo  | 
      Mín.  | 
      Máx.  | 
      DP  | 
      
  | 
    |||||
  | 
      Realizar e manter pesquisas científicas actualizadas das propriedades e dos efeitos terapêuticos das águas mineromedicinais  | 
      4,5  | 
      4/5  | 
      4  | 
      5  | 
      0,53  | 
    |||||
  | 
      Captar o público mais jovem  | 
      4,4  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,52  | 
    |||||
  | 
      Qualificar o alojamento na área de influência termal  | 
      4,4  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,52  | 
    |||||
  | 
      Mais e melhor complementaridade entre as estâncias termais e as unidades de alojamento  | 
      4,4  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,52  | 
    |||||
  | 
      Embelezar os espaços exteriores  | 
      4,4  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,52  | 
    |||||
  | 
      Aumentar e/ou melhorar as acessibilidades  | 
      4,4  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,52  | 
    |||||
  | 
      Criação e afirmação da marca termas  | 
      4,4  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,52  | 
    |||||
  | 
      Optimizar o espaço envolvente para a realização de várias actividades de animação turísticas e culturais  | 
      4,4  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,52  | 
    |||||
  | 
      Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    ||||||||||
  | 
      Reduzir os preços do tratamento clássico  | 
      2,3  | 
      1  | 
      1  | 
      4  | 
      1,39  | 
    |||||
  | 
      Privatizar algumas estâncias termais  | 
      2,9  | 
      3  | 
      1  | 
      5  | 
      1,36  | 
    |||||
  | 
      Evitar dependência face ao Serviço Nacional de Saúde/Segurança Social no que diz respeito ao termalismo terapêutico especializado  | 
      3,0  | 
      3  | 
      2  | 
      4  | 
      0,76  | 
    |||||
  | 
      Apostar num mercado-alvo de classe média-alta e alta  | 
      3,4  | 
      4  | 
      2  | 
      4  | 
      0,74  | 
    |||||
  | 
      Preços acessíveis nos programas de saúde e bem-estar  | 
      3,5  | 
      3/4  | 
      3  | 
      4  | 
      0,53  | 
    |||||
  | 
      Alargamento a mercados indiferenciados  | 
      3,5  | 
      4  | 
      2  | 
      4  | 
      0,76  | 
    |||||
  | 
      Resultados globais da questão 4  | 
      4,0  | 
      4  | 
      1  | 
      5  | 
      0,55  | 
    |||||
Fonte: Silva (2010)
Na sequência, e reforçando o  nível de concordância alto dos inquiridos face às opções apresentadas (acima do  nível 4, concordo), salientam ainda a necessidade de captar públicos diversos,  nomeadamente o mais jovem, assim como uma melhor e mais eficaz ligação aos  territórios, produtos e ofertas envolventes, o planeamento do espaço termal e  intervenções ao nível urbanístico e patrimonial como essenciais à  reestruturação.
  Em sentido inverso consideram  que, na reestruturação termal, não é fulcral reduzir os preços do tratamento  clássico, privatizar estabelecimentos termais e evitar a dependência face ao  Serviço Nacional de Saúde/Segurança Social, cujas respostas se situaram ao  nível do discordo e não concordo nem discordo.
  Neste estudo quisemos ser mais  específicos e pormenorizados no que diz respeito a “Outros serviços e  actividades que se deveriam oferecer para uma optimização dos equipamentos,  património, espaço, e dinamização das estâncias termais”. Os inquiridos  destacam um conjunto que reuniu consenso nas respostas ao situarem-se no nível  concordo, com uma média de 4,1 (quadro 6), avançando que dever-se-á apostar em  programas terapêuticos para crianças com necessidades especiais, em percursos  turístico-educativos, em rotas que incluam uma oferta diversificada, em  programas de remise en forme e contra  a obesidade infantil.
  Já os Wine Bar com provas de vinho e os casinos foram os serviços menos  contemplados com níveis de respostas elevados, situando-se num nível  intermédio, não concordo nem discordo e concordo.Com uma área de 606 km2,  uma população residente de 5197 habitantes em 2001 (menos 8,6% em relação ao  valor registado em 1991) e uma densidade populacional de 8,6 habitantes/Km2,  distribuem-se pelo Concelho as 8 Freguesias que o constituem, a saber:  Alcórrego, Aldeia Velha, Avis, Benavila, Ervedal, Figueira e Barros, Maranhão e  Valongo.
Quadro 6: Outros serviços e actividades que se deveriam oferecer para uma optimização dos equipamentos, património e espaço, e dinamização das estâncias termais
Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    ||||||
Item  | 
      Méd.  | 
      Mo  | 
      Mín.  | 
      Máx.  | 
      DP  | 
    |
Programas terapêuticos para crianças com necessidades especiais  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,35  | 
    |
Percursos turístico-educativos – visitas guiadas temáticas dentro e no espaço termal adjacente  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,35  | 
    |
Rotas turísticas locais e/ou regionais que integrem outros produtos turísticos da região  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,35  | 
    |
Programas de "remise en forme"  | 
      4,1  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,64  | 
    |
Programas contra a obesidade infantil  | 
      4,1  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,64  | 
    |
Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    ||||||
Wine Bar com provas de vinhos  | 
      3,3  | 
      3  | 
      2  | 
      5  | 
      0,89  | 
    |
Casinos  | 
      3,3  | 
      3  | 
      2  | 
      5  | 
      1,04  | 
    |
Resultados globais da questão 4.1  | 
      3,8  | 
      4  | 
      2  | 
      5  | 
      0,66  | 
    |
Fonte: Silva (2010)
Para além de caracterizarem a  realidade actual, justificarem-na e apontarem caminhos no sentido da mudança,  os inquiridos estão bem cientes das “Principais dificuldades e obstáculos à  reestruturação das estâncias termais”, ao reconhecerem, em concordância (nível  4, concordo), serem a dificuldade em captar investimento, em estabelecer  ligações com os territórios em termos de parcerias com os actores territoriais  locais e regionais e operadores turísticos e o handicap em termos de investigação científica, os principais  constrangimentos (quadro 7). 
  A vertente de doença e cura  bastante enraizada no modelo de exploração das estâncias termais difícil de  ultrapassar, a perda de propriedades terapêuticas e a inércia e apatia em  termos de gestão são encarados como o menor dos obstáculos, por parte dos  responsáveis pela actual oferta termal na região do TCP. 
  Contudo, não obstante os  obstáculos admitidos, estes responsáveis apontaram os “Principais pontos fortes  e oportunidades à reestruturação das estâncias termais”, dos quais destacaram o  papel das estâncias enquanto indutoras de desenvolvimento local através das  actividades e efeitos directos, indirectos e induzidos que lhe estão  associados, tendo obtido a média mais elevada do conjunto (4,4), a importância  das tendências actuais no que concerne à saúde e bem-estar, o aumento de  recursos qualificados nas vertentes presentes nos espaços termais, a margem de  progressão ainda grande no campo da investigação e os investimentos já  realizados (quadro 8). 
Quadro 7: Principais dificuldades e obstáculos à reestruturação das estâncias termais
Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    ||||||
Item  | 
      Méd.  | 
      Mo  | 
      Mín.  | 
      Máx.  | 
      DP  | 
    |
Dificuldades em captar investimento  | 
      4,3  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,46  | 
    |
Dificuldades em estabelecer parcerias com os actores territoriais locais e regionais e operadores turísticos  | 
      4,3  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,71  | 
    |
Handicap em informação e investigação científica para novas aplicações das águas minero-medicinais  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,35  | 
    |
O mercado frequentador ser maioritariamente português  | 
      3,9  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,64  | 
    |
Dificuldades em interagirem com o território onde se inserem  | 
      3,9  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,83  | 
    |
Dificuldades em afirmar a marca "termas" como produto turístico de qualidade em Portugal  | 
      3,9  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,83  | 
    |
Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    ||||||
  | 
      2,1  | 
      2  | 
      1  | 
      3  | 
      0,64  | 
    |
Perda de propriedades terapêuticas de algumas termas  | 
      2,4  | 
      3  | 
      1  | 
      3  | 
      0,74  | 
    |
Inércia e apatia dos gestores/administradores  | 
      2,4  | 
      2  | 
      2  | 
      3  | 
      0,52  | 
    |
Resultados globais da questão 5  | 
      3,7  | 
      4  | 
      1  | 
      5  | 
      0,93  | 
    |
Fonte: Silva (2010)
Em sentido oposto, a massificação  de alguns produtos turísticos e consequente perda de clientes é o aspecto que,  na sua opinião, menos constitui uma vantagem para o sector termal, embora se  situe no nível intermédio da escala de respostas 3 (nem concordo nem discordo).
  Em termos globais, a média das  respostas apuradas, face às questões apresentadas, situaram-se na sua maioria  perto do nível 4 da escala de respostas (concordo), o que reflecte uma  tendência positiva, sobretudo em termos de concordância dos inquiridos face às  opções de resposta apresentadas para cada questão e sua importância, e indicia  uma consciência da realidade e uma vontade geral de mudança, aproveitando-se e  maximizando-se os aspectos positivos, as potencialidades, sem deixar, contudo,  de identificar os obstáculos mas trabalhando no sentido de os minimizar assim  como os seus efeitos. 
Quadro 8: Principais pontos fortes e oportunidades à reestruturação das estâncias termais
Opções mais pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    |||||
Item  | 
      Méd.  | 
      Mo  | 
      Mín.  | 
      Máx.  | 
      DP  | 
    
Oportunidades enquanto indutores de desenvolvimento local através da criação de postos de trabalho e indução de outras actividades  | 
      4,4  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,52  | 
    
A importância actual da saúde e bem-estar  | 
      4,3  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,46  | 
    
O aumento de recursos qualificados tanto na área da saúde e bem-estar como na turística, de recreio e lazer  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,35  | 
    
Campo aberto a novas investigações para potenciais aplicações preventivas e terapêuticas  | 
      4,1  | 
      4  | 
      4  | 
      5  | 
      0,35  | 
    
A diversificação de gostos e interesses da sociedade actual  | 
      4,1  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,64  | 
    
Os investimentos já realizados em algumas estâncias termais  | 
      4,1  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,64  | 
    
Opções menos pertinentes à resposta à questão apresentada, segundo os inquiridos  | 
    |||||
  | 
      3,1  | 
      3  | 
      2  | 
      4  | 
      0,64  | 
    
Possibilidade de integração com o produto TER  | 
      3,5  | 
      3/4  | 
      3  | 
      4  | 
      0,53  | 
    
Resultados globais da questão 6  | 
      3,9  | 
      4  | 
      3  | 
      5  | 
      0,47  | 
    
Fonte: Silva (2010)
Na segunda parte do questionário,  onde a maioria das questões eram de selecção dicotómica entre duas afirmações  (Sim/Não) e de resposta aberta na sua justificação, pretendeu-se recolher  opiniões mais concretas e conclusivas, quanto ao termalismo português, e mais  especificamente em relação às próprias estâncias de que este conjunto de  gestores/administradores são responsáveis, sobre as vertentes das estâncias e o  seu papel na sua revitalização, a qualificação e especialização de mercados, os  modelos de gestão, a importância do ordenamento e planeamento do território, a  promoção e as relações de complementaridade como factores intervenientes na  dinamização e atractividade das estâncias, assim como os principais  constrangimentos e oportunidades do sector e das estâncias termais que gerem  culminando na opinião quanto ao futuro que perspectivam para as estâncias e a  actividade termal. 
  No cômputo geral, todos os  gestores/administradores concordam com o desenvolvimento da vertente turística,  lúdica e de recreio nas estâncias termais através de uma necessária  complementaridade entre esta e a vertente curativa clássica, inclusive nas  próprias estâncias que gerem justificando esta posição pela crescente  necessidade de dinamizar as estâncias, de captar novos mercados e de dar  resposta a clientes cada vez mais diversificados e exigentes nas experiências  que procuram, que não se esgotam no mero tratamento termal, o que os faz  rejeitar em uníssono a especialização num só mercado assim como a selecção de  mercados, especialmente um mercado de elite (classe média-alta). Contudo, a  maioria (75% das respostas obtidas) admite que nem todas as estâncias  portuguesas têm condições de base para desenvolver a vertente turística  justificado pelo facto de algumas constituírem unidades de pequena dimensão e  não possuírem condições e infra-estruturas básicas no que concerne à actividade  turística, nomeadamente de alojamento e restauração na zona envolvente, muito  embora, haja quem avance que muitas possuem boas condições infra-estruturais e  equipamentos, localizadas em envolventes naturais e territoriais históricas e  ricas bastando que trabalhem no sentido da complementação da oferta.
  Todavia, na opinião dos  inquiridos a abertura das estâncias termais a um público mais vasto (em termos  de motivações) deverá ser pautada por algumas exigências consideradas  essenciais ao seu desenvolvimento sustentável como a complementaridade da  oferta, a existência de recursos humanos qualificados e de uma estrutura física  do estabelecimento termal confortável, atractiva e adaptada aos diversos tipos  de clientes e valências, exigências que, segundo estes responsáveis, deverão  ser pautadas por um parâmetro transversal, a qualidade. Neste âmbito, a maior  parte (75%) é favorável à categorização qualitativa das estâncias termais (5,  4, 3 estrelas), como forma de diferenciar serviços, promovendo altos patamares  de qualidade e uma melhor base de informação à decisão do cliente, já que para  62,5% dos inquiridos, existem estâncias termais de má qualidade a operar em  Portugal sendo necessário, na sua opinião, que haja um controlo mais rigoroso  no que concerne à qualidade das mesmas e dos seus serviços. E é neste sentido  que metade dos inquiridos (50%) defende um modelo de gestão de natureza  privada, argumento que permitiria elevarem-se os padrões de qualidade e que a  concorrência fosse uma realidade em igualdade de circunstâncias.
  A influência da falta ou  incipiente ordenamento e planeamento dos territórios termais na atractividade e  dinâmica das estâncias parece ser um tema de parco interesse para os inquiridos  a avaliar pelas não-respostas (50%), porém, as quatro respostas obtidas  sublinham o carácter negativo deste factor, tendo em conta que há uma afectação  ao nível da imagem, da acessibilidade, dos estilos de vida, da própria  sociabilização assim como uma diminuição da qualidade de vida. A outra escala,  75% dos inquiridos concorda que é necessária a elaboração de um plano de acção  para as estâncias termais nomeadamente ao nível da coordenação dos  investimentos, da aplicação de objectivos a cumprir, constituindo um meio para  a criação de linhas orientadoras que sirvam de base para a actividade termal e  serviços relacionados localizados nestes territórios.
  Relativamente às estâncias  termais que gerem/administram, e avaliando a sua própria actuação e postura,  todos os inquiridos revelam utilizar quatro ou mais meios de promoção das  estâncias, dos quais se destaca as páginas na internet, panfletos, feiras e  certames que são transversais a todas mas, apenas dois afirmaram participar em  eventos internacionais (Carvalhal e S. Pedro do Sul). 
  Segundo a maior parte destes  responsáveis as estâncias que gerem/administram não estão integrados em nenhum  circuito ou rota turística regional, e apenas dois referem a respectiva região  turística em que se inserem, no caso a Região de Turismo do Dão-Lafões,  revelando um desconhecimento no que à pertença a um grupo diz respeito. Contudo,  grande parte da amostra, 6 inquiridos, admitiu manter algum tipo de relação de  complementaridade e troca mútua de sinergias com outros elementos do cluster  termal indicando como principais parceiros o sector da hotelaria e restauração.
  Os vários  constrangimentos apontados tanto ao sector como à estância que  gerem/administram, ao nível da falta de divulgação e promoção, de investimento,  de mão-de-obra qualificada, de alojamento qualificado, de actividades e  serviços complementares, da envolvente desqualificada e estruturas físicas dos  balneários desactualizas, levam os inquiridos a encararem o futuro do  termalismo português com algumas reservas apesar das capacidades que lhe  reconhecem, mostrando-se bem mais optimistas em relação à respectiva estância  da qual são responsáveis.
  No término do questionário, os  inquiridos referiram que a regulamentação, a organização, a fiscalização, a  requalificação das infra-estruturas e a aposta na mão-de-obra qualificada, a  construção de uma proposta com valor, a promoção associada a fortes campanhas  de marketing e publicidade e a captação de investimento constituem os  principais factores necessários às estâncias termais portuguesas para  alcançarem o estatuto e dinâmica de muitas estâncias europeias.
  Em linhas gerais, os resultados  desta auscultação aos gestores/administradores por via de questionário, vêm  corroborar o modelo de desenvolvimento para as estâncias termais que se  defendeu ao longo da investigação mais alargada que efectuámos, um modelo que  não é de todo uma novidade, pois outros estudos já o demonstraram, muito embora  tarde a sua aplicação em moldes sustentáveis e sustentados, pelo que se tentou  de certa forma perceber porquê através de determinadas questões. Trata-se de um  modelo assente na complementaridade e articulação entre duas vertentes, a  terapêutica clássica e a de saúde e bem-estar aliada à componente de turismo e  lazer (Silva, 2010).
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