ENERGIA, ECONOMIA, ROTAS TECNOLÓGICAS. TEXTOS SELECIONADOS
Yolanda Vieira de Abreu y otros
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Evandro Reina
Fábio Josias Farias Monteiro1
Thiago Magalhães de Lázari1
Yolanda Vieira de Abreu
RESUMO
Tecnologia apropriada caracteriza-se pelo uso de técnicas acessíveis à agricultura familiar. Sua transferência é realizada utilizando insumos, matérias primas e mão-de-obra local, respeitando o tamanho da terra, a cultura e o conhecimento intrínseco do agricultor. A construção de instrumentos, equipamentos, maquinários e outros produtos são de baixo custo e direcionados para solução de problemas dos agricultores familiares. Como resultado, além do aumento da produtividade das lavouras, formação de excedente e incremento da renda, tem-se a conversão da situação de subsistência do agricultor familiar, para uma condição de sustentabilidade. Este estudo tem como objetivo apresentar a tecnologia apropriada e sua importância para o crescimento e desenvolvimento da agricultura familiar e das pequenas comunidades rurais. Será apresentado um estudo de caso do Projeto Quintal Verde utilizando-se o Sistema Mandala, e uma análise sobre a viabilidade de implantação de biodigestores para geração de energia alternativa e produção de adubo orgânico.
Palavras-chave: Tecnologia Apropriada; Agricultura Familiar; Sustentabilidade.
1.1 INTRODUÇÃO
Os mecanismos de implantação de tecnologias modernas, principalmente em relação à aplicabilidade em condições diversas, sem levar em consideração o clima, cultura e a necessidade das comunidades nas quais estavam sendo aplicadas, são na maioria das vezes políticas de concentração da propriedade da terra, de renda e de produtos destinados a exportação. A utilização contínua e crescente de um paradigma agrícola que é dependente de tecnologia moderna, energia, grande extensão de terras e água, que são bens escassos, não apenas tendem a elevar os custos de produção dos alimentos, como também propicia a formação de latifúndios, desmatamento e o aumento de conflitos no campo (RIGBY & BROWN, 2007).
No Brasil, o processo de modernização tecnológica da agricultura, principalmente nas décadas de 1960 e 1970 que participaram da Revolução Verde da época, não teve resultados diferentes dos outros países que se submeteram ao mesmo processo. Tal “revolução” promoveu juntamente com o aumento da produção agrícola para exportação, um modelo de política excludente, altamente poluente e concentradora (PASSINI, 1999).
A abordagem da pesquisa realizada foi do tipo exploratório, descritivo, bibliográfico e estudo de caso. Os dados primários quanto ao estudo de caso, foram obtidos através da participação direta dos autores do artigo nas fases de implantação e condução de algumas etapas do Projeto Quintal Verde. Para o estudo da viabilidade de implantação de biodigestores foram utilizados dados secundários sistematizados através de consulta a livros, internet e órgãos governamentais, objetivando definir conceitos e organizar informações que possibilitem a elaboração de uma proposta simples, econômica, viável e que leve em consideração as características da agricultura familiar. Para coletar os dados para o desenvolvimento dos estudos propostos foram realizadas entrevistas com técnicos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (RURALTINS) e consultados endereços eletrônicos da Secretaria de Agricultura do Estado do Tocantins (SEAGRO), Secretaria de Planejamento (SEPLAN) entre outros. Posteriormente, os dados obtidos foram analisados e sistematizados de forma a fundamentar os resultados obtidos e transferir de modo fiel a experiência do estudo de caso e a viabilidade da implantação de biodigestores, com a finalidade de que o leitor possa reproduzí-los, caso necessário.
Este estudo apresenta a implantação de tecnologias apropriadas como solução para os problemas dos agricultores familiares ou comunidades. Para tanto, foi detalhado o estudo de caso do projeto Quintal Verde utilizando Sistema Mandala implantado na comunidade Quilombola Lagoa da Pedra, localizada no município de Arraias (TO) e um estudo, simulado, sobre a viabilidade de implantação de biodigestores para geração de energia alternativa e produção de biofertilizante para a agricultura familiar e pequenas comunidades rurais. Estes modelos tecnológicos são desenvolvidos de acordo com o tamanho da propriedade e condição social do agricultor familiar. Justifica-se este trabalho, porque 84,4% dos empreendimentos agrícolas no Brasil são classificados como familiar e empregam 74,4% da população rural (MDA, 2005).