Luiza Mazuim Cauduro*
Gilmar Luiz Colombelli**
Adriana Porto***
David Lorenzi Júnior ****
Gabriela Beltrame *****
Universidade Luterana do Brasil
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Resumo: A presente pesquisa visa identificar o impacto que as exigências da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) causam no processo de gestão de uma organização do setor metal mecânico. A FEPAM é o órgão competente pela aplicação da legislação ambiental e fiscalização das atividades poluidoras no Estado do Rio Grande do Sul e também é responsável pelo licenciamento ambiental. Para atingir o objetivo proposto, o trabalho possuiu uma abordagem qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, o método utilizado foi o estudo de caso e a técnica de coleta de dados se deu por meio de entrevista semiestruturada. Como resultado, identificaram-se todas as exigências da FEPAM para a Metalúrgica, dentre elas, monitoramento contínuo, reciclo dos efluentes líquidos e resíduos sólidos, controle de ruídos, atualização periódica do alvará de combate à incêndios e seguir integralmente os padrões de emissão estabelecidos pela legislação. O impacto causado por essas exigências é visto e sentido na adequação dos seus processos e procedimentos diários, demandando um alto custo e tempo. Esses aspectos visam a adequação a legislação ambiental e a preservação do meio ambiente. Conclui-se que a Metalúrgica Brião está em busca da minimização ou redução dos impactos ambientais que possam afetar o meio ambiente, seguindo as exigências estabelecidas pela FEPAM. A empresa se mantêm atenta às mudanças nas leis ambientais e está ciente dos riscos que pode causar ao meio ambiente.
Palavras-chave: Gestão Ambiental, Exigências legais, Indústria metal mecânica.
AS FEPAM REQUIREMENTS: A CASE STUDY OF THE IMPACTS ON A METALLURGICAL OF SOUTHERN BRAZIL
Abstract: This research aims to identify the impact that the requirements of the State Environmental Protection Foundation (FEPAM) cause in the management process of an organization of the mechanical metal sector. The FEPAM is the competent agency for the implementation of environmental legislation and inspection of polluting activities in the Rio Grande do Sul State and is responsible for environmental licensing. To achieve this purpose, the work has a qualitative approach, exploratory and descriptive; the method used was the case study and data collection technique was through semi-structured interviews. As a result, It was identified all the requirements of FEPAM for Metallurgy, among them, continuous monitoring, recycling of liquid effluents and solid waste, noise control, periodic updating of fighting the fire permit and fully meet the emission standards set by law. The impact of these requirements is seen and felt in the adequacy of its processes and daily procedures require a high cost and time. These aspects are aimed at adaptation to environmental legislation and environmental preservation. We conclude that the Metallurgical Brião Ltda is seeking minimization or reduction of environmental impacts that could affect the environment following the requirements established by FEPAM. The company will remain attentive to changes in environmental laws and is aware of the risks that may cause the environment.
Keywords: Environmental management. Legal requirements. Metalworking industry.
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Luiza Mazuim Cauduro, Gilmar Luiz Colombelli, Adriana Porto, David Lorenzi Júnior y Gabriela Beltrame (2016): “As exigências da FEPAM: um estudo de caso sobre os impactos em uma metalúrgica do sul do Brasil”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (junio 2016). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/fepam.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-fepam
1 Introdução
            A  preocupação com o meio ambiente é um assunto que atualmente despertou a atenção  da sociedade e do Governo, uma vez que os efeitos se tornaram mais visíveis e o  aumento do desequilíbrio da natureza teve grande crescimento. Organizações, que  sempre foram consideradas símbolos de progresso e grandeza, somente diante das  pressões políticas, públicas e sociais, passaram a se preocupar em transformar  questões ambientais em práticas administrativas e operacionais. 
              O  governo tem um grande papel na implantação dessas práticas ambientais e na sua fiscalização,  sempre buscando o desenvolvimento sustentável. É responsável pela criação de  leis, normas e mecanismos de fiscalização que estabelecem critérios ambientais,  os quais devem ser seguidos por todos, em especial pelas organizações privadas,  que, nos seus processos de produção de bens e serviços, empregam recursos  naturais e acabam consequentemente produzindo resíduos poluentes. 
              Com  o avanço da globalização pode-se ver que os problemas ambientais não se  restringem a alguns países ou regiões, os seus efeitos atravessam fronteiras,  tratando-se de um problema mundial, e as organizações estão no centro desse  intenso processo. 
              Tendo  em vista a preocupação com o meio ambiente, surge a Fundação Estadual de  Proteção Ambiental - FEPAM, a qual trabalha em prol da aplicação da legislação ambiental e fiscalização das atividades  potencialmente poluidoras no Estado do Rio Grande do Sul. A FEPAM é responsável  pelo licenciamento ambiental, uma das práticas que servem para  dificultar o surgimento de empreendimentos que possam ser poluidores e causem  de alguma forma a degradação ambiental, faz também avaliação, monitoramento e divulgação de informações sobre a qualidade  do meio ambiente. Dessa forma, o presente trabalho buscou analisar e  descrever qual o impacto das exigências da FEPAM no Processo de gestão da  Metalúrgica Brião LTDA.
2 Marco Teórico
A seguir é apresentado o referencial teórico que serviu de suporte para o presente estudo.
2.1 Gestão Ambiental Empresarial        
              Entende-se  por Gestão Ambiental Empresarial a solução ou minimização dos problemas  ambientais, considerando que as organizações deixem de ser problemas e passem a  fazer parte das soluções. De acordo com Dias (2011) a gestão ambiental  empresarial tem como objetivo conseguir fazer com que os efeitos causados no  ambiente não ultrapassem a capacidade máxima de carga do meio em que se situa a  organização e consequentemente obter um desenvolvimento sustentável. 
              Segundo  Barbieri (2006), os empresários e administradores devem possuir uma nova  atitude, considerando o meio ambiente em todas as suas decisões e projetos,  adotando concepções administrativas e tecnológicas que devam contribuir para  ampliar a capacidade de suporte do planeta.   Dias (2011) ressalta que em qualquer empresa, independentemente do  tamanho ou ramo de atuação, pode-se aplicar a gestão ambiental. Em qualquer  ramo organizacional pode-se reduzir o consumo de energia elétrica, utilizar a  água da chuva para fins não potáveis, implementar a coleta seletiva de lixo,  incentivar a utilização de produtos recicláveis, além de gerenciar a emissão  dos resíduos. 
              A  preocupação ambiental ganhou destaque internacional devido a sua ligação, não somente  ao meio ambiente, como também com a qualidade de vida da população mundial.  Visto que essa tendência global vem demandando produtos e serviços que estejam  adaptados com o sistema de gestão ambiental, ajudando na preservação do meio  ambiente, construindo uma sociedade ecológica e garantindo a sua permanência no  mercado.  
2.2 A Empresa, o Meio Ambiente e a  Sociedade 
              Segundo Donaire (1999), nos últimos anos  uma grande mudança ocorreu no ambiente em que as organizações funcionam: empresas,  que sempre foram vistas como instituições econômicas e com responsabilidades quase  que exclusivamente no que produzir, como produzir e para quem produzir, agora  passam a serem responsáveis pelas alterações no ambiente em que operam. Somente  com as pressões da sociedade, políticas públicas e organizações não  governamentais, as empresas passaram a se preocupar e fazer com que todas as  questões ambientais se tornem práticas operacionais e administrativas. 
              No começo da era industrial, os  problemas referentes ao meio ambiente eram pequenos, uma vez que as  organizações estavam espalhadas e a sua escala de produção era menor. As  exigências ambientais também eram mínimas, pois a fumaça da chaminé de uma  indústria, por exemplo, era considerada símbolo de desenvolvimento. Com o  crescimento em alta, a fumaça, símbolo de desenvolvimento, agora é considerada  símbolo de poluição. 
              Hoje em dia, em quase todos os  processos industriais são utilizados recursos encontrados no meio ambiente. Além  da produção com desperdício, também são produzidos resíduos de todos os tipos  que acabam poluindo o meio ambiente. Frente a isso, Dias (2006), comenta que no  momento em que o gestor assume a conta sobre o dano ambiental que a sua empresa  causa, ele irá em busca de novos processos eficientes e inovadores, pois sabe  que o valor de sua mercadoria será afetado diretamente, podendo também  inviabilizar o seu negócio. 
              Rattner (2009) explica que o crescimento em grande escala da população, acompanhado de  novos padrões de produção e também de consumo, gera resultados desastrosos,  como enormes quantidades de resíduos tóxicos e poluentes e efeitos devastadores  na biodiversidade. Tachizawa (2011), defende que no final  do século XX se tornaram visíveis as primeiras preocupações com a degradação  ambiental, provocada pela ação do homem no meio ambiente. Iniciava-se então a  consciência do impacto das atividades produtivas sobre o meio ambiente e os  seres vivos. 
              De acordo com Donaire (1999), os  constantes protestos da sociedade contra os desastres ecológicos, vêm obrigando  os governos a implantarem normas cada vez mais severas contra as empresas  poluentes, para garantir a proteção e a conservação dos recursos naturais e o  meio ambiente. As empresas são consideradas as maiores causadoras dos problemas  climáticos e ambientais e precisam assumir a total responsabilidade desses  problemas, desde a degradação de áreas naturais, poluição, destinação de seus  resíduos entre tantos outros.
              Dias (2011), afirma que as  organizações de agentes ambientalistas vêm se tornando cada vez mais importantes  dentro do contexto atual, pois elas têm como finalidade esclarecer para a  sociedade, da forma mais simples, a complexidade que a questão ambiental está  envolvida. Os agentes realizam grandes ações contra as organizações que poluem  e utilizam a mídia com um meio de possíveis denúncias, com isso contribuindo  para uma sociedade de consciência protecionista.
2.3 Políticas Públicas Ambientais
              Criadas  pelo governo, as políticas públicas ambientais têm a finalidade de realizar a  gestão ambiental e tentar conter o aumento contínuo da poluição e a destruição  dos recursos naturais ainda existentes no planeta.    Barbieri (2006), afirma que gestão ambiental pública é a  intervenção ou ação do Poder Público, guiado por uma política pública  ambiental, a qual entende-se pelo conjunto de diretrizes, instrumentos e  objetivos de ação que o Poder Público utiliza para tentar minimizar o impacto  das organizações no meio ambiente. 
              Conforme os problemas ambientais  foram aparecendo, os governos forma aumentando a sua preocupação. Problemas que  eram tratados de forma corretiva, agora seguem uma abordagem preventiva. Com a  participação cada vez mais intensa do Poder Público, surgiram alguns instrumentos  de políticas públicas.
              De acordo com Barbieri (2006), esses  instrumentos são classificados como comando e controle, econômico e outros. Os  instrumentos de comando e controle ou de regulação direta, como também são  chamados, tem como principal objetivo limitar e condicionar o uso dos bens, a  realização de algumas atividades e o exercício de liberdades individuais em  benefício da sociedade como um todo. Entre os principais exemplos de comando e  controle estão: padrão de emissão, padrão de qualidade, padrão de desempenho,  proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso de produtos e  processos, licenciamento ambiental, zoneamento ambiental, entre outros.
              O instrumento econômico, visa  influenciar o comportamento das organizações e das pessoas, em relação ao meio  ambiente em que vivem utilizando de medidas que possuam benefícios ou custos.  Entre os principais exemplos de instrumento de comando estão: tributação sobre  poluição, tributação sobre uso de recursos naturais, remuneração pela conservação  de serviços ambientais, financiamentos em condições especiais, sistema de  depósito retorno, poder de compra do Estado, entre outros.
              Os outros instrumentos que devem  constar nas políticas públicas, para melhores condições das práticas empresariais  estão as inovações tecnológicas, educação ambiental e acordos voluntários. 
2.4 Estudo  dos Impactos Ambientais
              Barbieri  (2006), comenta que para que se obtenha ações sobre os impactos ambientais, é  necessário conhecê-los com profundidade, tanto os que são resultados das  atividades econômicas e também aqueles que possam vir a ocorrer no futuro, em  função de novos produtos, serviços e atividades. O estudo do impacto ambiental,  nada mais é do que um instrumento de gestão ambiental e sem ele não se poderia  promover a melhoria dos sistemas produtivos em âmbito ambiental.
              Qualquer  abordagem ambiental de uma empresa, requer a identificação e análise dos  impactos ambientais para que se possa assim estabelecer as medidas para agir  conforme a legislação ou política ambiental. Entende-se então como impacto  ambiental qualquer mudança decorrente de um empreendimento ou atividade no  ambiente natural e social. A palavra impacto faz referência às alterações ou  mudanças no meio ambiente físico, biótico e social em função de atividades  humanas. 
              Para Jacobi (1999), as frequentes ações dos  seres humanos sobre o meio ambiente está causando impactos cada vez mais  complexos e severos, destruindo completamente os recursos renováveis que ainda  existem no planeta. Campos (2013), defende que a perda e a degradação dos  habitats, aliadas ao desmatamento e a introdução de empreendimentos no meio  ambiente, desenham um cenário preocupante, visto que várias espécies exóticas e  ameaçadas acabam se perdendo e a biodiversidade natural fica mais próxima da  extinção.
              Barbieri  (2006) afirma que o Licenciamento Ambiental é um ato administrativo pelo qual o  órgão ambiental estabelece as condições, restrições e medidas de controle  ambiental que deverão ser obedecidas pelo administrador ou empreendedor, pessoa  física ou jurídica, para o fato de localizar, instalar, ampliar e operar  empreendimentos de atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas  como efetivas ou potencialmente poluidoras ou aquelas que possam causar  degradação ambiental.
              As  principais modalidades de licença ambiental são:
            As  três licenças possuem um prazo de validade mínimo e máximo. A licença prévia  possui um prazo mínimo determinado pelo cronograma dos planos, programas e  projetos relativos a atividade ou ao empreendimento e um prazo máximo de cinco  anos. A licença de instalação, também possui um prazo mínimo referente ao seu  cronograma e o prazo máximo de seis anos. Quanto a licença de operação, a mesma  possui um prazo mínimo de quatro anos ou um prazo considerado nos planos de  controle ambiental e o prazo máximo de dez anos.
               Para  que o empreendimento consiga atuar com efetividade em seu meio e também possua  o devido licenciamento de suas atividades, ele precisa possuir o Estudo de  Impacto Ambiental. Esses estudos deverão ser realizados por profissionais com  habilitação e as despesas desse estudo são de responsabilidade do empreendedor.  As informações apresentadas ao final do estudo, são de total responsabilidade  do empreendedor e do profissional que realizou o trabalho. Barbieri (2006),  ressalta que cabe ao profissional responsável pelo estudo do projeto, realizar  o estudo de impacto ambiental segundo as normas estabelecidas pelo órgão  ambiental competente.
               Segundo Donaire (1999), o Relatório de Impacto  Ambiental, conhecido como RIMA, deve conter as conclusões técnicas do Estudo de  Impacto Ambiental em linguagem acessível e de fácil entendimento ao público,  com ilustrações de mapas e com as devidas escalas, quadros, gráficos e outras  formas de comunicação visual, a fim de que se possa entender com perfeição os  possíveis impactos e consequências ambientas, além de suas alternativas,  comparando vantagens e desvantagens de cada uma.
               De  acordo com Velasques (2006), a fiscalização é considerada como um dos  instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, sendo exercida atualmente  pelos próprios técnicos que atuam no licenciamento, seja quando de vistorias in  loco, ou através de denúncias, as quais deverão ser averiguadas. Essas  denúncias, por sua vez, não têm obrigatoriedade de identificação do  denunciante, uma vez que a própria legislação garante o sigilo.
2.5 Fundação Estadual de Proteção  Ambiental
              A Fundação Estadual de Proteção  Ambiental Henrique Luis Roessler – conhecida como FEPAM, é a instituição  responsável pelo licenciamento ambiental no estado do Rio Grande do Sul e desde  o ano de 1999 está vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. 
              A licença ambiental é um instrumento para proteção de  todos os ecossistemas e também pela melhoria da qualidade ambiental. Ela  consiste na obrigação de prévia autorização dos órgãos ambientais para a  implantação e operação de atividades potencialmente poluidoras. De acordo com  Velasques (2006) as principais atividades econômicas e sociais do nosso Estado  dependem hoje do licenciamento ambiental. 
              O licenciamento ambiental se constitui da emissão de uma  série de documentos, como também de uma série de atividades complexas que  abrangem uma análise técnica preliminar, a abertura de certos espaços e  promoção de debates públicos e principalmente da fiscalização, após o  atendimento aos termos da licença ambiental. As  principais funções exercidas pela FEPAM são: 
3 Método do estudo
               
               Esta  pesquisa, ao considerar o seu desenvolvimento, classifica-se como de abordagem  qualitativa, quanto ao seu objetivo trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória  e descritiva. O método é o de estudo de caso e a coleta de dados se deu através  de entrevistas semiestruturadas.
               Conforme explica Lakatos e Marconi  (2010), a coleta de dados é entendida como a etapa da pesquisa em que se inicia  a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de  se efetuar a coleta dos dados previstos. A entrevista semiestruturada foi direcionada  ao gestor responsável pela Metalúrgica Brião, o Engenheiro de Produção e a  Técnica em Segurança do Trabalho e Gerente de Recursos Humanos, e visou  identificar as práticas ambientais utilizadas pela empresa e as exigências  feitas pela FEPAM.
               Quanto as variáveis da pesquisa, Lakatos  e Marconi (2010) aludem que pode ser considerada uma classificação ou medida,  uma quantidade variável, uma definição que apresenta valores, aspecto,  propriedade ou fator, discernível em um objeto de estudo e que pode ser  mensurada. O Quadro 1 mostra em detalhes as variáveis da presente pesquisa,  juntamente com os seus conceitos.
4 Descrição e Análise dos Resultados
Variável 1 – Ramo de Atividade
              Essa  variável classifica o ramo de atividade como sendo o objetivo social da  empresa, a atividade exercida por ela. Segundo o Sócio proprietário, a empresa  possui 30 anos de atuação no mercado nacional e o seu ramo de atividade é o  metal mecânico. Em sua visão, as balanças mecânicas, troncos, banheiros de  aspersão, serra-fita, moedores para carne e os reboques são seus produtos com  mais evidência no mercado, sendo considerados pelos atuais clientes de extrema  qualidade. A empresa possui profissionais com grande experiência na fabricação  desses equipamentos e atualmente está situada na zona norte de Cachoeira do  Sul. Como principais clientes destacam-se pecuaristas e frigoríficos, situados  na região nordeste, centro oeste e o sul do país.
              De  acordo com a Técnica em Segurança do Trabalho a empresa está sempre lutando  para a minimização dos impactos ambientais que possam afetar o meio ambiente e  destaca que atualmente não gera nenhum tipo de poluição, somente resíduos  poluentes que são devidamente tratados e enviados para os locais adequados.
              Barbieri  (2006), afirma que as diretrizes, atividades administrativas e operacionais,  como planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras atividades  realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente,  reduzindo ou eliminando problemas causados pela ação das empresas é considerado  como Gestão Ambiental. Ao analisar  as questões referentes ao risco que a empresa apresenta ao meio ambiente, baseado  no seu ramo de atividade, foi possível identificar que a empresa segue todos os  padrões estabelecidos pela legislação ambiental e pela FEPAM e busca pelo  desperdício zero. Devido a isso foi implementada a coleta seletiva, a qual é  praticada por todos os funcionários, através das lixeiras coletoras que foram  posicionadas em todos os setores da empresa e sendo também realizada a  separação visual.
  Variável 2 – Produtos
              Essa variável consiste no estudo do  resultado dos processos de transformação da organização. O Engenheiro de  Produção destaca que os principais produtos são as balanças mecânicas, moedores  e banheiros de aspersão. A balança mecânica é considerada por ele o produto  mais vendido pela empresa, sendo também o produto que possui menor custo de  produção, visto que algumas peças não são produzidas pela empresa, elas já  chegam prontas para a montagem, utilizando-se do processo de produção  terceirizada.
              Os equipamentos produzidos pela  empresa são devidamente embalados e enviados aos clientes com embalagens de  plástico, papelão ou madeira, que além de não poluir o meio ambiente, reduz o  custo para o cliente final. Donaire (1999), afirma que é muito importante para  as empresas, que a fabricação de seus produtos seja a partir de matérias-primas  renováveis ou recicláveis, que não agridam ao meio ambiente e que possuam baixo  consumo de energia. A empresa possui em sua totalidade a consciência que a  utilização de recursos não-renováveis prejudica o meio ambiente, porém os  únicos recursos renováveis que são utilizados é a água e a madeira. Os  principais recursos que a empresa compra, como o ferro, aço e o cobre são  considerados não-renováveis.  
              Para o sócio proprietário, os  produtos da empresa possuem uma vida útil de longo prazo, por isso que a  orientação de pós-uso ou logística reversa não se faz necessária dentro desse  mercado. Conforme Leite (2003), esses produtos são considerados duráveis pois  apresentam duração de vida média útil, variando de alguns anos a décadas. O  mais comum que pode acontecer é o produto continuar em condições de utilização,  podendo ser destinado ao mercado de segunda mão, sendo comercializado diversas  vezes, até atingir seu fim de vida útil. Após esse processo, os produtos são  destinados ao desmanche e reciclagem e logo acabam em aterros ou são  incinerados. 
  Variável 3 – Processos
              Para Donaire (1999), os processos produtivos de uma  determinada organização nada mais são do que a combinação dos fatores para a  obtenção de um produto final. Feito o questionamento para o Engenheiro de  Produção sobre o tipo de processo produtivo que a empresa utiliza, foi  respondido que a linha de montagem é o processo que se enquadra nesse caso. A  empresa é composta por onze setores produtivos, como o corte da matéria prima  realizando o beneficiamento dos componentes, estampagem, soldagem, banho das  peças, pintura das peças, montagem, expedição, entre outros. Foi destacado  também pelo Engenheiro que cada setor possui o controle efetivo dos seus  resíduos poluentes. 
              Para  a empresa, o tratamento dos resíduos poluentes é um assunto de extrema  relevância. A Técnica em Segurança do Trabalho, juntamente com o Sócio  Proprietário, ressaltou que todos os resíduos poluentes gerados pela empresa  são tratados conforme prevê a legislação ambiental, e são enviados para os  locais ambientalmente adequados. Esses locais são de conhecimento da empresa e  devidamente licenciados para a função de receber e tratar os poluentes. A  empresa é ciente que é responsável pelo lixo que produz. 
              Para  o Engenheiro de Produção os principais procedimentos que a empresa utiliza para  redução e minimização dos resíduos poluentes são a redução na fonte de  desperdícios causados nos processos produtivos da empresa, a reciclagem, o uso, reuso ou recuperação de um determinado  componente, despejo ou matéria-prima e tratamento, que seriam as técnicas ou processos para mudar a forma física,  química ou biológica de um resíduo perigoso. É relevante citar que a empresa busca  orientar os seus funcionários para o menor desperdício possível, tentando  desenvolver uma postura de preservação ambiental.
              O  tratamento de efluentes é uma questão que desperta grande preocupação para a  empresa, como cita a Técnica em Segurança o Trabalho, os resíduos que são  resultantes do processo de banho de fosfatização,  são tratados em tanques dentro da própria empresa. Nesses tanques, são  realizados uma série de etapas e processos para a limpeza da água. O lodo que  resulta desse processo é levado para o leito de secagem, e após a secagem é  colocado em tambores devidamente identificados e logo são enviados para a Central  de Resíduos Industriais em Gravataí/RS. A água que sobra é considerada própria  para ser liberada através da rede de saneamento básico, sem prejudicar o meio  ambiente. O responsável por esse processo é a própria empresa. Para o Sócio  Proprietário da empresa o investimento nesse processo pode se tornar caro em  função dos produtos utilizados, mas se torna viável devido a preservação do planeta  e assim cumpre com a legislação ambiental, fato esse que permite legalizar o  funcionamento da empresa.
              A  Técnica em Segurança no Trabalho afirma que todos os resíduos que não são  reutilizados, reciclados, vendidos ou doados, acabam indo para aterros  industriais, como a Central de Resíduos Industriais Pró-Ambiente LTDA,  localizada em Gravataí/RS. A maioria dos resíduos ferrosos acabam sendo  vendidos para sucateiros e serralheiros ou outros compradores como a GERDAU. De  acordo com o Sócio Proprietário o lucro obtido com a venda dos resíduos  ferrosos chega a aproximadamente R$ 10.000,00 por ano. Os restos de madeiras e  tintas, que também sobram dos processos de produção, acabam sendo doados para  madeireiras e alguns catadores.
  Variável 4 – Licenciamento Ambiental
              Para  Barbieri (2006), o Licenciamento Ambiental é o ato pelo qual o órgão ambiental  estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão  ser obedecidas pelo administrador ou empreendedor, pessoa física ou jurídica,  para o fato de localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos de  atividades utilizadoras de recursos ambientais. 
              Frente  ao questionamento sobre o processo de Licenciamento Ambiental dentro da empresa  o Sócio Proprietário respondeu que a empresa recebeu uma licença prévia, tempo dado  para o planejamento e adequação da nova planta da fábrica, após a licença de  instalação, onde tiveram a confirmação de que estavam aptos e autorizados a  instalar a empresa na cidade e local desejados, juntamente com a licença de  operação que possui prazo de validade de 4 anos. Todas as etapas do  licenciamento ambiental da empresa foram devidamente verificadas e o  requerimento da licença ambiental foi acompanhado de documentos, projetos e  estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade.
              Relacionando  com a teoria de Velasques (2006), que defende que o Licenciamento Ambiental é  considerado uma das principais práticas para dificultar o surgimento de  empreendimentos que possam ser considerados potencialmente poluidores, e que  causem de alguma forma a degradação ambiental. O ato de licenciar uma atividade  ou empreendimento significa avaliar os processos tecnológicos em conjunto com  os parâmetros ambientais e as necessidades socioeconômicas, além de fixar  medidas de controle, levando-se em conta os objetivos, critérios e normas para  a conservação, defesa e melhoria do meio ambiente e, especialmente, as  diretrizes de planejamento e zoneamento territorial do Estado.
              Assim,  as primeiras exigências feitas pela FEPAM, órgão competente pelo processo de  licenciamento no Estado do Rio Grande do Sul, referidas pelo Sócio proprietário,  foram o monitoramento contínuo e reciclo dos efluentes líquidos, além de seguir integralmente os padrões de emissão  estabelecidos pela legislação. Essas exigências são obedecidas até hoje,  juntamente com outras, respeitando os parâmetros ambientais e as necessidades socioeconômicas. 
  Variável 5 – Fiscalização Ambiental
              Para Velasques (2006), a  fiscalização ambiental é uma atividade paralela ao licenciamento. Suas  atribuições consistem em desenvolver ações de controle e vigilância, destinadas  a impedir o estabelecimento ou a continuidade de atividades consideradas  poluentes ao meio ambiente, ou ainda, daquelas realizadas em desconformidade  com o que foi autorizado.  
              Em resposta aos  questionamentos sobre a fiscalização ambiental dentro da empresa, a Técnica em  Segurança do Trabalho respondeu que a FEPAM realiza vistorias ou fiscalizações  sem aviso prévio, sem data marcada ou agendada, simplesmente aparece. Nesse processo  são visitados todos os setores da empresa e verificado se existe algum tipo de  inconformidade ou desacordo com a legislação ambiental. O Engenheiro de  Produção ressalta que eles verificam se está tudo dentro do padrão estabelecido  na Licença de Operação e procuram sempre por novas irregularidades. 
              As principais exigências  estabelecidas na Licença de Operação são: 
            De  acordo com a visão do Sócio proprietário, o custo necessário para a adequação a  essas exigências nem sempre é considerado viável, em função do gasto ou da  modificação a ser feita, mas é julgado como necessário para estar em acordo com  a legislação ambiental e assim evitar possíveis multas.
   Variável 6 – Avaliação Ambiental
               A  variável Avaliação Ambiental, é classificada por  Velasques (2006), como sendo a identificação e avaliação das questões efetivas  ou potencialmente poluidoras, consideradas de interesse ambiental, visto que as  substâncias ou os resíduos gerados podem prejudicar a saúde humana e o meio  ambiente.
               Ao questionar a Técnica em Segurança  do trabalho sobre a Avaliação Ambiental e seus procedimentos, ela ressaltou que  esse processo ocorre diariamente dentro da fábrica, são  identificadas as ameaças ambientais e após são avaliadas e discutidas ações  para minimizar ou eliminá-las. Porém nem sempre é de fácil e rápida conclusão  ou solução, demandando muito trabalho e atenção.
               De  acordo com o Sócio Proprietário, o processo de avaliação ambiental também  ocorre juntamente com a fiscalização da FEPAM. Durante a vistoria são revisados  e avaliados os pontos de visitas anteriores para verificar as devidas correções  e são avaliados todos os impactos causados pela empresa.
               Os  principais resíduos poluentes gerados pela empresa, foram verificados e citados  pelo Engenheiro de Produção, dentre eles estão: Embalagens vazias contaminadas;  Equipamento de proteção individual - EPI; lâmpadas fluorescentes (vapor de  mercúrio ou sódio); lodo perigoso resultante do processo de tratamento de efluentes;  resíduo de papel e papelão; resíduo de lodo de tinta (cabine de pintura);  resíduo têxtil contaminado, panos e estopas; solventes contaminados e sucata de  metais ferrosos. Os poluentes líquidos são tratados na própria empresa através  dos sistemas de tratamento de efluentes, os sólidos e pastosos são enviados para  empresas especializadas no tratamento e o resto possui um destino adequado no  aterro industrial. Foi evidenciado pela Técnica em Segurança do Trabalho que a  empresa não possui um engenheiro ambiental, pois o custo desse profissional é  muito elevado e no momento não existe viabilidade de contratação, por ser uma  empresa de pequeno porte é viável o investimento em outros recursos e outras  formas de controle para estar em acordo com a legislação ambiental. 
   Além da Técnica em Segurança do  Trabalho, a Metalúrgica Brião possui contrato com uma empresa de Engenharia  Química, que visa o cuidado com o ambiente e os agentes poluentes. O Engenheiro  Químico contratado, faz visitas periódicas à empresa.
               Variável 7 – Monitoramento Ambiental
               A  variável Monitoramento Ambiental, para Velasques (2006), é o processo de coleta  de dados, estudo e acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis  ambientais ou atividades que foram consideradas efetivas ou potencialmente  poluidoras.
               Para  o Sócio proprietário, somente a avaliação e análise mensal, fazem parte das  práticas ambientais exercidas pela empresa. O Monitoramento Ambiental no  momento não é viável para a empresa, uma vez que é considerada de pequeno porte  e porque nunca foi detectado indícios graves em suas questões práticas  ambientais. É entendido pelo gestor que a empresa de Engenharia Química  contratada e o zelo da Técnica em Segurança do Trabalho, atendem  suficientemente toda parte ambiental da empresa e seus processos.
               Foi  citado pela Técnica em Segurança no Trabalho que todos os setores passam por  uma análise mensal de suas atividades e como a empresa é pequena, suas  atividades não são consideradas de forte impacto ambiental. Constatou-se que a  empresa é ciente de que essa análise ajuda a reduzir os impactos ambientais e como  consequência, um dia por mês é dedicado as questões ambientais relacionadas à  empresa.
5 Considerações finais
            De modo  geral, a presente pesquisa possibilitou concluir que a empresa Metalúrgica  Brião LTDA possui as práticas ambientais corretas, relacionando-se diretamente  com o referencial teórico estudado. A empresa também busca pela minimização de  seus resíduos poluentes e os destina de maneira correta. Apresenta  desenvolvimento em seus processos industrias com a finalidade de não poluir o  meio ambiente. Seus funcionários são treinados a fim de desenvolver uma  mentalidade ambiental de preservação. A empresa segue as exigências da FEPAM à  risca, modificando seus processos para cada adequação que se faz necessária. 
              Recomenda-se  para curto prazo que a empresa qualifique seus gestores para o desenvolvimento  de funções voltadas para área ambiental, tendo assim maior sucesso e  comprometimento de suas atividades, sem gerar futuros danos ao meio ambiente.  Investir em tecnologias mais limpas trará a empresa maior eficiência em seus  processos e maior qualidade em seus produtos, mostrando para os clientes e a  comunidade local que a empresa visa a preocupação ambiental e possui em suas  práticas ações para a minimização dos impactos no meio ambiente.
Referências
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** Professor da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), campus Cachoeira do Sul. gilmarcolombelli@gmail.com
*** Professora Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), campus Cachoeira do Sul. adrianaporto2005@gmail.com
**** Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). davilorenzi@yahoo.com.br
***** Mestranda em Administração do PPGA da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). gabibeltrame@hotmail.com
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